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terça-feira, 29 de julho de 2025

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 05/07/2025 – Tokio Marine Hall/SP

Em clima de muita nostalgia, Edu Falaschi trouxe novamente a São Paulo, no último dia 5 de julho, o show da Temple of Shadows In Concert, celebrando 20 anos do aclamado Temple of Shadows, do Angra. Junto com ele, o renomado vocalista norueguês Roy Khan relembrou sua bem-sucedida passagem pelo Kamelot, tocando boa parte do incrível The Black Halo. 

O clima nostálgico estava no ar, pois seriam executados 2 dos grandes álbuns que estavam completando seus 20 anos, ano em que o Heavy Metal Progressivo estava em alta entre os fãs do estilo. Se notava isso pela enorme quantidade de faz usando camisetas do Angra e do Kamelot, antigas bandas dos dois vocalistas principais da noite. 

A abertura dessa noite mágica ficou por conta da banda baiana de metal Auro Control. O primeiro trabalho da banda, The Harp, foi lançado em maio de 2024 e contou com participações de peso, como Aquiles Priester e Jeff Scott Soto. A banda fez uma apresentação curta, com apenas cinco músicas, que foram muito bem executadas, apesar de algumas falhas técnicas, que voltariam a se repetir no show seguinte. 

Mesmo com o público ainda chegando ao Tokio Marine, eles conseguiram esquentar a galera para o que ainda estava por vir. Um show curto, direto ao ponto, que com certeza rendeu novos fãs para a banda.

Logo em seguida, tivemos o show da Noturnall, que já nos primeiros momentos demonstrou muita personalidade e experiência de palco. Infelizmente, a banda enfrentou sérios problemas técnicos, que voltaram a acontecer com mais intensidade. Logo no início, o vocalista Thiago Bianchi teve dificuldades com o microfone, chegando a precisar trocar o equipamento em alguns momentos.

Esses contratempos acabaram impactando diretamente o setlist, que precisou ser reduzido e adaptado com improvisos. Ainda assim, a banda se manteve firme, contando com o carisma e a bagagem de Thiago para manter o público conectado.

Vale também destacar o guitarrista Guilherme Torres, novo integrante da banda, que mesmo sendo jovem demonstrou grande maturidade ao lidar com os problemas que, infelizmente, recaíram sobre ele.

No final, a banda mostrou carisma e bom humor para lidar com a situação, e o público reconheceu o esforço com muitos aplausos e gritos de apoio. Apesar das dificuldades, foi uma apresentação marcante, que deixou a galera ainda mais animada para o que viria nessa noite especial em São Paulo.

Quando os músicos da ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE ARTUR NOGUEIRA começaram a se posicionar no palco, já era possível perceber que estávamos prestes a presenciar uma noite muito especial.

Eis que surge Roy Khan, abrindo o show com a poderosa “When the Lights Are Down”. Já nas primeiras estrofes, ficou claro o quanto sua voz continua impactante e como o tempo longe dos palcos parece ter feito bem ao vocalista. Vale lembrar que Edu Falaschi foi o principal responsável por essa nova fase da carreira de Roy - incentivando-o a lançar-se em carreira solo -, e São Paulo foi a cidade escolhida para esse recomeço.

Roy esteve impecável nas sete músicas escolhidas para compor o setlist, todas retiradas do aclamado álbum The Black Halo. O mais impressionante foi ouvi-las ao vivo com acompanhamento orquestral, o que deu um peso e uma grandiosidade ainda maiores ao show. A orquestra, regida pelo maestro Adriano Machado, teve papel fundamental nessa atmosfera épica. Também é preciso destacar a excelente performance da banda brasileira Maestrick, que acompanhou Roy durante todo o espetáculo, executando com maestria - fazendo jus ao nome da banda - cada canção do Kamelot. Mencionamos aqui os vocais de apoio de Juliana Rossi e do vocalista do Maestrick, Fabio Caldeira, que brilharam especialmente em diversos momentos da apresentação. 

Os arranjos orquestrais para “Moonlight”, “Soul Society” e “The Haunting (Somewhere in Time)” foram de tirar o fôlego – com destaque para essa última, que contou com a participação da versátil vocalista Adrienne Cowan, que também se apresentaria mais tarde com Edu Falaschi. Adrienne interpretou com perfeição as partes originalmente cantadas por Simone Simons (Epica).

O show seguiu com os belíssimos duetos de Adrienne e Roy em “Abandoned”, “Memento Mori” e, para fechar com chave de ouro, “March of Mephisto”. Essa última evidenciou por que Adrienne é considerada uma das vocalistas mais versáteis do heavy metal atual, executando com maestria os vocais guturais originalmente gravados por Shagrath, da banda de black metal sinfônico Dimmu Borgir. Nessa música, tivemos ainda a participação especial do guitarrista brasileiro Bill Hudson.

Roy Khan prometeu e cumpriu. Escolheu a dedo o repertório para entregar exatamente aquilo que os fãs desejavam ouvir. O show só reforçou que ele é um artista completo, pronto para desbravar sua carreira solo, assim como Edu fez em 2017 ao revisitar seu legado no Angra. Que Roy não se esqueça de nós, fãs brasileiros, nas próximas turnês que certamente virão.


22h30 em ponto, a Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, juntamente com seu maestro Adriano Machado, volta ao palco e se posiciona. As luzes se apagam e a introdução "Deus le Volt" anuncia o início do show e do disco Temple of Shadows.

Logo em seguida, com a empolgante "Spread Your Fire", Edu surge no palco e o Tokio Marine Hall vem abaixo. "Glorious" é cantada em uníssono por todos os fãs no refrão, como se estivessem lavando a alma. "Angels and Demons" dá sequência à catarse nostálgica e mostra que Edu está na sua melhor fase vocal – muitas críticas negativas e problemas com a voz no passado cairam por terra.


Em "Waiting Silence", Edu coloca o lugar inteiro para pular. Os excelentes arranjos para orquestra, executados sob a regência de Adriano Machado, caíram perfeitos na balada "Wishing Well".

O primeiro convidado – e um dos mais esperados da noite – sobe ao palco na apoteótica "Temple of Hate": Mr. Kai Hansen, o "inventor do Power Metal", como o próprio Edu o apresentou.


O que incomodou parte do público foi o fato de Kai ter ficado preso a um canto do palco, lendo a letra em quase toda a música. Alguns comentaram que parecia um karaokê. Como sua participação foi curta, muitos acharam que ele poderia, ao menos, ter decorado a letra. Puxões de orelha à parte, a presença de um ícone como ele numa noite tão emblemática foi a cereja do bolo.


A apresentação seguiu com a maravilhosa "Shadow Hunter", em que se notou certa dificuldade do guitarrista Victor Franco nas partes de violão: muitas notas não saíram e os dedilhados soaram atravessados e fora do tempo. Talvez pela falta de experiência com violão, nervosismo (ele está na banda há apenas quatro meses), ou ambos. Ainda assim, Edu brilha, mostrando uma voz poderosa e empolgante aos 53 anos.

"No Pain for the Dead", uma das músicas mais bonitas de toda a carreira de Edu e do Angra, contou com a participação de Adrienne Cowan, que interpretou as partes originalmente gravadas por Sabine Edelsbacher. Foi um dos momentos mais emocionantes da noite. Adrienne colocou sentimento e técnica nas partes solo, mostrando 100% de profissionalismo com toda a letra decorada. Ela permaneceu no palco para cantar as partes de Hansi Kürsch em "Winds of Destination".


Mais uma vez, "Sprouts of Time" teve problemas técnicos nas partes de violão, com notas que insistiam em não sair, mas isso não tirou o brilho dessa música incrível. A sequência continuou com "Morning Star", que teve pequenos desencontros de andamento entre os músicos, prontamente corrigidos pela competência da banda.

O disco se encerra com a emocionante "Late Redemption", em que Edu convida o público a cantar as partes originalmente gravadas por Milton Nascimento. Um lindo coro tomou conta do Tokio Marine, um grande acerto de Edu.

Temple of Shadows finalizado, Edu apresenta sua nova era com “The Ancestry”, do excelente disco solo Vera Cruz. Infelizmente, a música ainda é pouco conhecida entre os presentes, que estavam lá principalmente para celebrar o álbum lançado há 20 anos.

Um dos momentos mais surpreendentes do show foi a execução de "Bleeding Heart", música originalmente composta para o Angra, que foi regravada em português pela banda de forró Calcinha Preta. Edu cantou alguns trechos da versão nordestina em português, que foi entoada em alto e bom som pelo público.

Durante uma pausa no show, Edu agradeceu aos fãs que vieram de várias partes do mundo para assistir à apresentação – Japão, Guatemala, Chile, Estados Unidos, Argentina e Peru –, mostrando que esse foi realmente um show lendário.

Na hora de apresentar Pegasus Fantasy, Edu fez uma pegadinha com o público: “Vamos tocar uma música nova para vocês. Sempre bom tocar música nova ao vivo.” Quando a introdução começou, o público veio abaixo. Para quem não sabe, essa é a música de abertura do anime japonês Cavaleiros do Zodíaco, na qual Edu é a voz da versão brasileira.

Perto do final, não poderiam faltar os clássicos "Rebirth" e "Nova Era", hinos absolutos da fase de Edu no Angra.


A maior surpresa ficou para o encerramento: Edu chamou todos os convidados para tocar um clássico do Heavy Metal mundial: "I Want Out", do Helloween. Subiram ao palco Kai Hansen, Adrienne Cowan, Roy Khan e o próprio Edu nos vocais. Bill Hudson também retornou para dividir as guitarras com Kai, Diogo Mafra e Victor Franco.

Edu Falaschi levou o Tokio Marine Hall de volta à era de ouro do Power Metal no Brasil. Uma noite que ficará para sempre na memória dos fãs. Foi uma verdadeira viagem no tempo até 2005, com certeza.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Live Stage / Agência Artistica 

Press: TRM Press


Edu Falaschi – setlist: 

Spread Your Fire

Angels and Demons

Waiting Silence

Wishing Well

The Temple of Hate (com Kai Hansen)

The Shadow Hunter

No Pain for the Dead (com Adrienne Cowan)

Winds of Destination (com Adrienne Cowan)

Sprouts of Time

Morning Star

Late Redemption

The Ancestry

Bleeding Heart

Pegasus Fantasy

Bis

Rebirth

Nova Era

I Want Out (com Roy Khan, Kai Hansen, Adrienne Cowan, Bill Hudson)

domingo, 29 de junho de 2025

Entrevista: Roy Khan – Redescobrindo O Seu Amor Pelo Metal

Por Amanda Vasconcelos

Fotos: Amanda Vasconcelos (Roy Khan) e Caike Scheffer (Roy Khan e Edu Falaschi)

Roy Khan é um daqueles vocalistas que merecem uma posição de destaque no cenário do Metal – e de forma mais do que merecida –, sendo capaz de conquistar até os menos sensíveis com seu timbre angelical e elegante.

Afastado dos holofotes desde sua saída do Kamelot, em 2011, o norueguês vem reconquistando espaço desde que se reuniu novamente com o Conception. No entanto, foi após sua participação no show de Edu Falaschi, em janeiro do ano passado, em São Paulo, que Khan percebeu o quanto ainda pode ir além. A partir dessa experiência, decidiu investir em uma promissora carreira solo.

Essa nova fase começa oficialmente no próximo dia 5 de julho, com um show imperdível em que ele apresentará o clássico The Black Halo na íntegra, acompanhado por uma orquestra sinfônica.

Em meio aos ensaios, o vocalista conversou com o Road to Metal sobre esse novo momento da carreira. Confira a entrevista!


O que te levou a voltar a compor e cantar? Foi mais como um insight, um chamado interno ou você sentia falta da música no geral?  

RK: Bom, mesmo durante a minha pausa, eu ainda tocava um pouco de piano e compunha algumas músicas. Mas só quando me reconectei com o pessoal do Conception, em 2016, que realmente senti que era algo que eu queria muito fazer de novo, que é voltar à cena do metal.

Acho que foi uma combinação de um chamado interior e de sentir falta disso tudo. Ainda sou muito apaixonado por isso. Eu sou um pouco como um cavalo de circo. No fim das contas, eu meio que sabia que isso acabaria me puxando de volta. Então, aqui estou eu.

A sua forma de cantar através dos anos se transformou, e hoje além de transmitir mais leveza, é tão pessoal que dá a sensação de que você está conversando diretamente com quem te ouve. Esta transformação foi intencional considerando quem você é hoje ou ocorreu naturalmente com o tempo?

RK: Obrigado! Eu realmente aprecio o fato de que as pessoas percebam o meu canto e a minha performance como algo pessoal. Sempre foi importante para mim que tudo o que eu canto e escrevo seja algo que tenha um significado para mim. Acho que isso torna muito mais fácil interpretar de forma convincente. E, claro, minha voz muda com o tempo, minha mente também muda com o tempo – e tudo isso se reflete na forma como eu canto e me apresento.

Em relação ao seu processo criativo, há algum contexto que o favoreça a inspiração (momento, hora do dia, ambiente, humor)? Ele passou por mudanças ao longo de cada projeto?

RK: Ah, boa pergunta. Às vezes, as ideias simplesmente surgem do nada enquanto estou fazendo algo totalmente diferente, aí eu preciso tomar cuidado para anotar ou gravar. Mas quando marcamos uma sessão de composição, sempre tentamos nos afastar da vida cotidiana. A gente se isola numa cabana nas montanhas para garantirmos que não haja distrações e que estejamos em um ambiente que proporcione espaço para a criatividade. E isso sempre foi assim, basicamente.

Suas composições de forma geral, são com base em coisas que você acredita, vivências pessoais, histórias que te marcaram ou apenas é conduzido pela sua inspiração momentânea?

RK: Como eu disse, tudo o que eu escrevo e canto é muito mais fácil de interpretar de forma convincente se eu realmente acreditar naquilo ou tiver algum tipo de conexão pessoal com o tema. Ao mesmo tempo, a inspiração do momento é importante, mas isso não é algo com o qual se possa contar sempre. Então, o ideal é estar em um ambiente, em uma situação, que seja inspiradora de alguma forma.

Tem algo muito bonito na forma como suas músicas acolhem. Você pensa nisso – em quem vai ouvir – quando compõe? Já ouviu algum relato de fã que te emocionou?

RK: Obrigado! É, eu realmente penso em como tudo que eu escrevo pode ser percebido pelo ouvinte. E eu tenho várias experiências de fãs que ouviram minhas músicas e elas realmente significaram algo em suas vidas. Tenho várias cartas em casa de pessoas dizendo que minhas músicas salvaram suas vidas e que também significaram algo em relacionamentos com outras pessoas. E isso, realmente, faz todo esse trabalho duro valer muito a pena.

Como você enxerga sua relação com os palcos? Sentiu que houve mudança de significado em relação à sua performance e entrega emocional?

RK: Sim, como em tudo na vida, acho que a idade e a experiência realmente te deixam mais confiante no que você está fazendo. E isso também se aplica a mim. Eu não sinto que o significado de se apresentar ou a entrega emocional – que sempre foram importantes para mim – tenham mudado. Tudo gira em torno de estar totalmente presente no momento e criar uma conexão especial com o público.

Como você sente o público neste retorno? Os fãs antigos conseguiram caminhar com você até aqui ou você acha que está trazendo um novo público nessa nova fase?

RK: O público é realmente o fator X, ele significa tudo quando se trata de fazer um show de sucesso. Se você não tem o público com você é meio difícil estar lá em cima, embora eu seja profissional e tudo mais, mas isso me afeta de alguma forma. Eu encontro muitas pessoas que me acompanham durante toda a minha carreira – ou pelo menos há muito tempo. E algumas delas trazem amigos, filhos… E é muito legal ver pessoas novas e jovens na plateia. Talvez a coisa mais legal seja ver todas as pessoas que descobriram o Kamelot depois que eu saí e achavam que nunca teriam a chance de me ver ao vivo. Ver que elas tiveram essa chance de me ver no palco me deixa feliz.

Sua parceria com artistas brasileiros como o Edu Falaschi e a banda Maestrick foi algo pontual ou você sente que pode ser o início de algo maior? Podemos esperar mais colaborações suas com músicos daqui?

RK: Sim, é meio engraçado eu ter essa conexão com o Brasil agora. Depois do show no Tokio Marine Hall no ano passado com o Edu Falaschi, a gente começou a conversar sobre fazer algo assim de novo em conexão com o 20º aniversário do The Black Halo.

O Edu é um cara incrível, um grande músico, um excelente compositor e uma pessoa super bacana e gentil. O mesmo vale para o pessoal do Maestrick. Na verdade, neste momento, estou em São José do Rio Preto ensaiando com o Maestrick, porque eles vão ser a minha banda nesse show do dia 5 de julho.

E sim, acho que vem mais coisa por aí. Talvez a gente componha algumas músicas juntos, talvez façamos mais shows juntos. Já tem alguns marcados para este outono. Então, sim, as coisas estão indo muito bem.

Sobre a sua carreira solo, tem algo que você gostaria que a gente, como fãs, soubéssemos desde já sobre esse projeto? E o que podemos esperar do que vem por aí?

RK: Esses primeiros shows em que estou apresentando músicas do Kamelot são, de certa forma, o pontapé inicial da minha carreira solo. E vem mais por aí! Haverá material novo, mais colaborações e... bom, quem sabe o que mais? Estou muito empolgado com tudo isso, e o meu conselho é: fiquem ligados, porque tem mais vindo aí.

O que você gostaria de dizer para quem vai estar na plateia te esperando no dia 05/07, ansiosos por esse reencontro – não só como o artista, mas como o Roy Khan em essência?

RK: Eu, pessoalmente, estou extremamente empolgado com isso. Estou muito feliz por ter essa chance de subir ao palco e cantar essas músicas que significam tanto para mim. Também sei que isso significa muito para muitos fãs, e sou muito grato ao Edu Falaschi por me dar essa oportunidade de tocar para um público como esse. Agora, espero que a gente grite junto, ria junto, chore junto e se divirta o máximo possível. Com certeza vou dar o meu melhor! E espero ver vocês lá no dia 5 de julho, no Tokio Marine Hall, em São Paulo. Aí vou eu!


quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 03/08/2024 – Tokio Marine Hall/SP

Noite Nostálgica em São Paulo faz fãs “voltarem” no tempo com Edu Falaschi

Na noite do dia 03 de agosto de 2024, o Tokio Marine Hall se transformou numa máquina do tempo para todos os fãs que compareceram em peso (lotando a casa) para prestigiarem uma grande comemoração na carreira de Edu Falaschi, que entregou um verdadeiro espetáculo para que fã nenhum colocasse defeito. A noite contou ainda com as bandas Storia e Noturnall, cada uma com seu estilo e energia, criando a atmosfera perfeita para uma grande noite. 


Abertura com Storia

A abertura dos trabalhos ficou a cargo da jovem e promissora banda Storia, formada por jovens e talentosos músicos que estão despontando no cenário nacional. Eles estiveram presentes em todos os shows da tour comemorativa do Edu Falaschi, sendo destaque também na 35ª do Mariutti Team Zine.

A Storia subiu ao palco às 21h em ponto, neste momento o público já tomava boa parte da pista premium, visando garantir os melhores lugares à frente do palco e foram presenteados com um bom show de abertura. A banda entrou no palco com grande empolgação apresentando um vocal (Pedro Torchetti) ao melhor estilo Power Metal,passeando entre melodias bem acentuadas, limpas e agudas. 

O instrumental muito bem executado pelos músicos, apresentou ao público seu primeiro EP “Revenant - The Silver Age” (produzido pelo Thiago Bianchi) na integra, onde evidencia suas influências de Power Metal e ProgMetal. 

A cozinha da banda formada por Thiago Caeiro (bateria) e Pablo Guillarducci (baixo) mostrou um ótimo entrosamento, com linhas de destaque no baixo e principalmente na bateria. O guitarrista Gabriel Veloso segurou muito bem as linhas de guitarra, apresentando riffs, solos bem executados e boa técnica.

Entre os momentos mais marcantes, destaco a segunda música executada, “Rise of the Silver Knights”, que arrancou calorosos aplausos. Outro destaque foi “It’s Treason Then”, onde a banda conseguiu realmente envolver o público, que, já em maior número, clamava em uníssono pelo nome da banda, demonstrando assim a sua aprovação e confiança no futuro promissor que se avizinha.


Storia

The Grey Twilight

Rise of the Silver Knights

It’s Treason Then

Revenant


Noturnall: Intensidade e Virtuosismo

A banda Noturnall, liderada pelo vocalista Thiago Bianchi, subiu ao palco às 21h37 com os dois pés no peito após serem apresentados por Sergio Sacani, o querido ‘Serjão dos Foguetes’. Com uma energia incrível, a banda levantou o público (que a esta altura já lotava a casa) com seu Metal Progressivo extremamente virtuoso, visceral, pesado e técnico, aliado a versatilidade e potência vocal de Thiago. As suas linhas vocais, que se alternam entre agudos, drives e guturais, estremeceram as estruturas do Tokio Marine Hall. 

A banda mandou uma pedrada atrás da outra com um repertório técnico, rápido e pesado, executado com maestria pelos músicos Victor Franco (guitarra) – carinhosamente chamado de ‘Kikinho’ em alusão a sua similaridade com o guitarrista Kiko Loureiro –, Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria). 

O show da banda foi repleto de momentos incríveis que valem cada menção a seguir. Após um início avassalador com as faixas “Try Harder” e “No Turn at All”, chegou a vez da poderosa “Fight the System”, que conta com linhas vocais em português de trechos de músicas dos Racionais MCs, algo que funciona muito bem ao vivo e contagia o público, principalmente aliada a ótima presença de palco do Bianchi, que já na terceira música, estava coberto de suor, mostrando sua entrega durante o show, que não parava um instante se quer. 

A única música que quebrou o ritmo nos encheu de emoção. Relembrando seus tempos de Shaman e mais recentemente ShamAngra (projeto liderado pelo baixista Luis Mariutti), Thiago anuncia em homenagem ao saudoso Andre Matos o hino “Fairy Tale”, pedindo para que o publico acendesse as luzes do celular logo nas primeiras notas. A emoção tomou conta do local, um dos grandes momentos da noite, com uma performance linda de toda a banda e principalmente do Thiago, que cantou a musica maravilhosamente bem. Para abrilhantar ainda mais aquele momento, Thiago anuncia que o piano sendo ouvido por todos era a gravação do próprio Andre tocando. O público, por sua vez, cantou em coro cada linha da música, com muitas pessoas visivelmente emocionadas, criando o ambiente perfeito para tal homenagem. Ao final, o público entoou o nome do eterno Maestro, completando então a homenagem prestada por toda a banda. É muito bom ver todo esse carinho e respeito do Thiago, dos músicos e do público ao legado do Andre num país que facilmente esquece de seus ídolos. Atitudes como essa mantém a chama acesa sempre. 

Dando sequência ao show, a música “Cosmic Redemption” fora executada no lugar da versão de “O Tempo Não Para”, que vinha fazendo parte do set list em datas anteriores, colocando a energia do show no ponto alto mais uma vez. Em “Scream! For!! Me!!!”, o publico tomou conta e literalmente gritou junto com a banda, mostrando mais uma vez como a presença de palco da banda consegue contagiar e trazer o publico para dentro da apresentação, principalmente quando Thiago Bianchi se joga nos braços da galera fazendo o famoso ‘Stage Diving’. 

A esta altura, a apresentação da Noturnall já se encaminhava para o grande final com a música que, ao meu ver, representa a essência da banda, “Nocturnal Human Side”, que demonstra tudo o que o grupo se propõe a fazer musicalmente desde sua trajetória: possui peso, técnica, velocidade, riffs poderosos e um refrão repleto de melodias marcantes. E desta vez não foi diferente, todos esses elementos estavam ali presentes, ao vivo para serem vistos e ouvidos durante o excelente solo da música. 


Thiago mais uma vez deu uma aula de presença de palco, erguendo o guitarrista Victor em seus ombros para o patamar mais alto da casa e realizando um solo nas alturas. Antes de finalizar, chegou o momento em que o público foi convidado a participar ativamente do show, quando Thiago passou o seu próprio microfone para um fã cantar e mostrar toda sua habilidade durante o refrão da música. 

Logo em seguida, a Noturnall encerrou sua apresentação de forma enérgica, virtuosa, interativa e demonstrando o porquê é uma das principais bandas do nosso cenário musical. Posso afirmar que a Noturnall é uma banda que sempre vale muito pena assistir ao vivo, tive várias oportunidades e em todos os shows eles entregam a mesma qualidade e energia no palco. 


Noturnall

Try Harder

No Turn at All

Fight the System

Fairy Tale (Shaman)

Cosmic Redemption

Shallow Grave

Reset the Game

Scream! For!! Me!!!

Nocturnal Human Side


Edu Falaschi: a nostalgia em um presente grandioso

Às 23h em ponto, Segio Sacani volta ao palco para anunciar o momento tão esperado: a chance de reviver ou realizar o sonho de sentir o que foi o DVD “Rebirth World Tour: Live in São Paulo”. No entanto, ainda faltavam cerca de 15 minutos para as cortinas se abrirem e ouvir as primeiras notas ressoarem. A espera, posso dizer, valeu muito a pena. Às 23h15, o publico pôde contemplar o grandioso palco preparado para esta turnê, com os cavaleiros de seis metros de altura em cada lado do palco, cenários que refletiam os temas do primeiro e segundo álbum solo do Edu Falaschi (Vera Cruz e Eldorado) ao fundo e uma bela imagem em alusão ao anjo do disco Rebirth. Como grande surpresa, dois anjos foram posicionados um em cada lado do palco, com a bateria ao centro. A princípio, pareciam estátuas no melhor estilo “Angels Cry”, mas para minha grata surpresa, elas se mexiam. Foram introduzidas no palco as famosas “estátuas vivas”, que interagiam com as músicas ao longo do show, complementando a grandiosidade e perfeição do palco. Além disso, houve um show de pirotecnia em momentos específicos, elevando ainda mais a experiência visual e sonora. Edu, ao longo de sua carreira solo, tem demonstrado habilidade em produções de grande porte, dignas de grandes bandas internacionais. Este era o palco de uma viagem musical no tempo, enquanto a introdução “In Excelsis” ecoava no ar.

Com as primeiras notas de “Nova Era” e a entrada do Edu Falaschi no palco, a casa veio abaixo, dando início a uma grande celebração e uma viagem no tempo tão esperada pelo público. O set list foi exatamente o mesmo do famoso DVD, com Edu relembrando cada momento e todas as falas já conhecidas pelos fãs, que aguardavam ansiosamente para cantar junto com o vocalista. 

“Nova Era” sempre é ótima para abertura de shows, foi assim no rememorado DVD e não seria diferente desta vez, oportunidade ímpar para logo de cara mostrar a potencia sonora que o publico teria durante todo o show. A qualidade dos instrumentos, o volume e o som em geral definiram o ritmo da jornada musical da banda de carreira solo de Edu. Além de Fábio Laguna nos teclados, Raphael Dafras no baixo, Jean Gardinalli na bateria (substituindo Aquiles Priester) e os guitarristas Diogo Mafra e Roberto Barros completaram o time com execuções excelentes. O cenário estava montado para uma noite que deixaria o público em êxtase.

Algo que pegou o público de surpresa durante o anuncio da turnê foi a decisão de Edu voltar a cantar as músicas da fase Andre Matos, que não as cantava desde sua saída do Angra. Essas musicas despertaram a curiosidade de todos, que questionaram como Edu se sairia. Conhecidos os problemas de saúde vocal que enfrentou ao longo de sua carreira, Edu sempre foi muito honesto com seus fãs sobre essas questões, demonstrando a grandeza da sua honestidade. Hoje, compreendo o desafio de estar no palco e imagino as dificuldades que o Edu superou para retornar à sua carreira. Com perseverança, resiliência e grandeza, ele venceu as adversidades, mostrando-se feliz em suas apresentações, irradiando sorrisos e um carisma único, demonstrando segurança e leveza, dignos de alguém que deixou sua marca na história. O publico ali presente estava com o jovem Edu, da época do DVD, com o Edu maduro em sua voz e trajetória, recebendo aplausos e a plateia vibrando e cantando junto como uma torcida. Ao final, a satisfação de ver seu grande ídolo desempenhando o que sempre fez de melhor, e acima de tudo, feliz.


Após a execução de “Acid Rain”, tivemos a clássica “Angels Cry”. E sabe o que acabei de descrever no parágrafo acima? Então, foi exatamente assim. O publico estava imerso numa atmosfera contagiante. O ambiente estava eletrizante, com o público envolvido em cada nota, riff e solo, lotando todos os cantos do local. Em um show repleto de acertos, momentos grandiosos e um set list impecável, fica difícil escolher os destaques, mas seguindo minha linha de resenhas, farei isso, evitando assim uma extensão desnecessária do texto.

Em “Heroes of Sand” e “Millennium Sun” o publico foi presenteado com um dos timbres vocais mais belos do metal, momento verdadeiramente especial que destacou a razão pela qual o Edu é um dos maiores nomes do nosso estilo. Novamente, tivemos uma atmosfera sem igual com o público catando em alto e bom som. “Make Believe” se revelou como um dos grandes momentos da noite com uma interpretação maravilhosa feita pelo Edu, que demonstrou toda sua personalidade e habilidade vocal, com seu timbre e características em uma música tão marcante, que certamente agradou a todos que lá estavam. Os vocalizes no final da música ficaram lindos em sua voz. Assim como no DVD, tivemos o famoso solo de bateria, desta vez tocado por Jean Gardinalli, empolgando a galera mais uma vez.

Durante uma pequena pausa, Edu aproveitou para falar sobre a Vakinha online que fez em prol do Rio Grande do Sul, revelando o vencedor do sorteio dentre os que contribuíram. Logo em seguida, ele apresentou seus companheiros de banda, destacando Roberto Barros (guitarra), como seu parceiro de composição na atual fase de sua carreira solo. 

Com os primeiros dedilhados de violão, Edu reuniu o público para entoar as melodias de "Rebirth", um clássico de sua carreira que marcou uma geração de fãs. Em “Running Alone”, a emoção, mais uma vez, tomo conta deste que escreve, pois já havia assistido a um show da turnê anteriormente, em Santos. Comparado ao show anterior, a apresentação no Tokio Marine Hall foi ainda mais grandiosa. A introdução, a presença dos músicos, os anjos no palco e a performance do Edu tornou a música ainda mais especial. “Nothing to Say”, com o seu groove e riff icônico, foi extremamente bem executado por Roberto Barros.  A energia foi lá em cima, contando com a clássica “dancinha” do DVD com Edu e o trio de cordas performando juntamente com o público. Na sequencia, a musica que se tornou um hino, “Carry on”, mais uma vez levou o público ao delírio, sendo tocada na integra com tudo que tem direito. Nós, fãs, agradecemos. Finalizando o set list do icônico DVD, a clássica “The Number of the Beast”, cover da banda Iron Maiden, foi apresentada. 

Neste instante tivemos o famoso “bis”, onde Edu anunciou “Pegasus Fantasy The Ultimate Version”, a mais nova versão da lendária musica do anime “Cavaleiros do Zodíaco”, que o vocalista gravou a versão nacional na época. Após um momento de descontração, causado devido a uma falha no retorno dos músicos, Edu encarnou seu momento “Axl Rose”. A banda reiniciou a musica e foi absolutamente incrível, mais uma vez o local se agitou com toda a plateia cantando cada palavra da canção, algo que sempre era pedido nos shows do Edu. A versão, além de maravilhosa, ficou impecável ao vivo, digna do mais alto cosmo dos cavaleiros. Encerrando a noite ainda tivemos a poderosa “Spread Your Fire”, do álbum “Temple of Shadows” (2004), outro grande marco na trajetória do Edu. 

Antes de partir para as considerações finais, gostaria de falar sobre os grandes músicos que acompanham o Edu e que fizeram deste um show memorável.

Fábio Laguna (teclados): parceiro do Edu desde os tempos de Angra, responsável por toda a ambientação e atmosfera musical ao vivo no comando dos teclados, além de fazer os backing vocals.  

Raphael Dafras (baixo): acompanha o Edu desde os tempos do Almah, fica a cargo dos graves no trio de cordas, executou as linhas de baixo com grande destreza e capricho. 

Jean Gardinalli (bateria): substituindo Aquiles Priester com muita competência, mandou muito bem nas linhas de bateria, tudo com muita precisão, mostrando que foi a escolha certa para ocupar o posto.

Diogo Mafra (guitarra): acompanha o Edu desde os tempos de Almah, ótimo guitarrista, um dos mais extrovertidos no palco ao lado do Edu, cativando o público. Tocou muito bem as bases e solos, só faltou um pouco mais de volume em sua guitarra para abrilhantar ainda mais sua ótima performance.

Roberto Barros (guitarra): também conhecido como “Cyborg” e destacado pelo Edu no momento da apresentação da banda como seu parceiro de composição, sempre dá um show à parte. É um exímio guitarrista, muito conhecido por sua técnica apurada, velocidade e destreza. Nessa noite não foi diferente. Além de apresentar um timbre de guitarra maravilhoso – e quem toca sabe que não é fácil timbrar uma guitarra, ainda mais para grandes shows –, tocou com maestria cada nota na guitarra, esbanjando técnica e versatilidade. Ele foi responsável desde o “tapping/two hands” inicial de “Heroes of Sand” até os solos mais complexos e desafiadores da noite, executando-os com clareza e precisão, mostrando-se confiante e interagindo com o público de forma cativante, tornando tudo parecer fácil. Foi uma performance impecável, digna de destaque.

Considerações finais

O espetáculo em homenagem ao DVD "Rebirth World Tour: Live in São Paulo" de Edu Falaschi no Tokio Marine Hall, em 03 de agosto de 2024, foi uma noite memorável para os fãs presentes. Repleta de nostalgia, a celebração do passado foi feita com maestria, sem deixar de lado o presente. A produção impecável e a performance dos músicos, que combinaram técnica, emoção, entrega e interação com o público, resultaram em um show inesquecível. O DVD já era icônico o suficiente para merecer uma turnê comemorativa, e este show também se mostrou especial, revivendo lembranças, frases e músicas marcantes. 

Storia e Noturnall também brilharam com performances poderosas, cada uma com suas características únicas. Edu Falaschi, mais uma vez, demonstrou por que é um dos grandes nomes do gênero, com uma carreira repleta de "sold outs". 

Em resumo, foi uma noite de emoção e conexão entre artista e público, que certamente ficará marcada na memória de todos os presentes, que puderam "voltar" no tempo.


Texto: Kaká Campolongo

Fotos: Dener Ariani 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Agência Artística

Mídia Press: TRM Press 


Edu Falaschi

In Excelsis / Nova Era

Acid Rain

Angels Cry

Heroes of Sand

Metal Icarus

Millennium Sun

Make Believe

Unholy Wars

Rebirth

Time

Running Alone

Crossing / Nothing to Say

Unfinished Allegro / Carry On

The Number of the Beast (Iron Maiden cover)

***Encore***

Pegasus Fantasy The Ultimate Version (Os Cavaleiros do Zodíaco)

Spread Your Fire



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 27/01/2024 – Tokio Marine Hall/SP


A sombra do sucesso vem sendo o melhor amiga do Edu Falaschi. A sua carreira, com a proposta de revisitar os clássicos de sua fase com o Angra, rendeu não só shows com ingressos esgotados, mas também dois grandes álbuns (“Vera Cruz” e o novato “Eldorado”) e dois DVDs (“Temple Of Shadows In Concert” e o “Vera Cruz – Live In São Paulo”) marcados na história do Heavy Metal nacional.

Quem já teve a experiência de assisti-lo ao vivo nos últimos 2/3 anos sabe que os shows vão muito mais além do que a própria música. O vocalista, que não se contenta com o simples, traz uma produção visual que nenhum artista/banda do gênero jamais fez aqui no Brasil, e não foi diferente no último dia 27 de janeiro, proporcionando mais um mega espetáculo que ficou marcado pela nostalgia, participações especiais e gravação de vídeoclipe.

A abertura dos portões, prevista para abrir às 20hrs, teve um pequeno atraso de cinco minutos. O setor que teve grande recepção foi a pista premium, que teve os ingressos esgotados faltando poucas semanas para o show. A pista comum, que tinha poucos ingressos disponíveis, recebeu uma ótima quantidade de pessoas também.

Não bastou somente a presença massiva do público (a maioria vinda de longe) como também de grandes ícones do Rock e Metal nacional, entre eles Guilherme Isnardi, vocalista de uma das bandas que fez muito sucesso nos anos 80, Zero; Guilherme Hirose e Bill Hudson, ambos vocalista e guitarrista da NorthTale, e do Victor Emeka, atual voz do Hibria.

Assim como nas últimas vezes, Edu e seu staff não colocaram banda de abertura. Porém, no lobby da casa, a Santíssima Trindade, conhecida por tocar nos principais bares de São Paulo, fez um excelente esquenta com os clássicos do Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin e de projetos que vieram dessas bandas, como Rainbow, Whitesnake e Dio. 

A banda tem como vocalista o respeitado Nando Fernandes (Sinistra) que, como sempre, recebeu muitos elogios pelo seu timbre impressionante. Fernando Piu (guitarra, Virus), Fabio Guedes (baixo) e Ivan Scartezini (bateria) completam a formação.

Edu e banda entraram no palco, às 22h05, a todo vapor com “Live And Learn”, do EP “Hunters And Prey (2002), antecedido pelos gritos de “Edu, Edu, Edu”. Logo de começo demos de cara com duas mudanças, a primeira do Victor Franco, que cobriu a ausência do Roberto Barros no seu primeiro “grande show” da carreira. Com apenas 23 anos, o ainda moleque (ovacionado em vários momentos) tirou de letra as linhas do Kiko Loureiro e do Roberto em apenas 20 dias.

Em vídeo, exibido no telão da casa, Barros falou que teve um pequeno furúnculo no seu joelho, descoberto na virada do ano, causando uma infecção séria. O guitarrista, que está internado desde o dia 2, começou o tratamento de recuperação faltando uma semana para o show, o que descartou qualquer possibilidade dele estar presente. Mas, felizmente, o pior já passou, e vamos torcer para que ele se recupere logo.

A segunda baixa foi da cantora Raissa Ramos, que anunciou seu desligamento da função de backing-vocal faltando poucos dias para a apresentação por motivos, segundo ela, pessoais. Juliana Rossi, que fez participação no ShamAngra há pouco tempo, foi recrutada para unir forças ao lado do gênio Fabio Caldeira, do Maestrick. De resto é a mesma formação de sempre com os lendários Aquiles Priester (bateria), Fabio Laguna (teclados) e os já veteranos Diogo Mafra (guitarra) e Raphael Dafras (baixo), que sempre dispensam comentários.

O repertório focou mais nas músicas dos álbuns “Rebirth” (2001) e “Temple Of Shadows” (2004), intercalando com algumas de sua carreira solo, principalmente do mais recente “Eldorado”. “Acid Rain”, “Waiting Silence”, “Millennium Sun”, “The Temple Of Hate” e entre outras pérolas do passado deixaram os fãs enleios.

“Sacrifice”, a primeira do Eldorado, Edu jogou o sugestivo refrão para a plateia cantar com extrema força. “Land Ahoy”, a única do “Vera Cruz” e um dos ‘high-lights’ do álbum, teve como destaque a participação do renomado violinista Fábio Lima e dos jatos de faísca e de fumaça que eram ejetados na parte frontal do palco durante o épico refrão.

O palco teve os mesmos elementos da turnê passada, com os dois soldados de seis metros de altura, dois canhões em volta da bateria e outros itens que faz referência a uma caravela junto com as ilustrações referentes ao trabalho mais recente, que retrata sobre o México antigo. Tais ilustrações apareceram na rápida “Tenochtitlán”, com uma estátua asteca se inflamando atrás do Aquiles, lembrando muito ao que a Donzela faz quando o Eddie aparece na música Iron Maiden.

Antes de mandar mais duas do “Eldorado”, Edu pediu, como de costume, para ascender a lanterna dos celulares em “Bleeding Heart”, que virou hit nacional graças a releitura do Calcinha Preta (em português) e da saudosa Marilia Mendonça. Há pouco tempo, ele cantou ela para trinta mil pessoas na gravação do novo DVD da banda de forró cearense.

Em “Señores Del Mar (Wield the Sword)” contou novamente com a presença do Fabio Lima, que a introduziu da mesma forma como está no disco. O público puxou um maravilhoso ‘Oh, Oh, Oh’ após os versos cantados em espanhol. A intenção, desde que foi feito o anuncio, era ter a participação do José Andrëa, ex-Mägo de Oz, mas, infelizmente, ele anunciou que também não poderia estar presente na véspera do show em suas redes sociais.

A tão aguardada gravação do vídeoclipe, conforme mencionado no começo, veio na “Eldorado” (a música), tocada pela primeira vez ao vivo.  E para o futuro material ficar bonito, Edu, junto com o Aquiles, pediu para que todos aplaudissem durante as batidas que introduz a música, que é uma das melhores da carreira solo do Edu. O gesto, rapidamente atendido, remeteu a icônica “We Will Rock You”, do Queen.

A participação mais aguardada da noite apareceu em “Heroes Of Sand” com o Roy Khan, ex-vocalista do Kamelot, que a cantou perfeitamente bem. Assim que pisou no palco, Edu não poupou elogios ao cantor, que declarou ser uma de suas influencias nos drives. 

E ele, claro, não poderia deixar de cantar uma música da banda que popularizou seu nome para o mundo, e a escolhida (mais do que certa) foi a clássica “Center of the Universe”, a qual não cantava desde que se desligou da banda há quatorze anos. Antes dela teve uma palinha de “Cry” para galera sentir como serão os shows do Conception, que estará aqui no Brasil na primeira semana de março.

As derradeiras ficaram por conta das tradicionais “Spread Your Fire”, “Rebirth” e “Nova Era”. Mas não acabou por ai! Alguns, como este que escreve, acabou se retirando do local após a trinca. Quem ficou por mais alguns minutinhos teve a oportunidade de ver um medley acústico entre Fabio e o Edu com “Wish You Were Here” (Pink Floyd) e “Pegasus Fantasy” (Os Cavaleiros do Zodíaco).

Mais uma noite e mais um show histórico em que os fãs e o próprio Edu não vão esquecer nem tão cedo e alimentando a expectativa para a próxima turnê, onde o vocalista irá “voltar no tempo”. Vamos aguardar pelas novidades, que promete surpreender todos.


Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Caike Scheffer

 

Produção/Realização: Agência Artística

Assessoria de Imprensa: TRM Press

 

Edu Falaschi

Live and Learn

Acid Rain

Waiting Silence

Sacrifice

Millennium Sun

Land Ahoy

The Temple of Hate

Tenochtitlán

Bleeding Heart

Señores Del Mar (Wield The Sword)

Eldorado

Heroes of Sand (feat. Roy Khan)

Cry / Center of the Universe (feat. Roy Khan)

Spread Your Fire

Rebirth

Nova Era

***Encore***

Wish You Were Here (by Pink Floyd)

Pegasus Fantasy (by Cavaleiros do Zodíaco)