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terça-feira, 29 de abril de 2025

Cobertura de Show: Monsters Of Rock – 19/04/2025 – Allianz Parque/SP

No dia 19 de abril, sábado, o Allianz Parque recebeu mais uma edição do Monsters Of Rock, festival considerado um dos maiores quando o assunto é Rock e Heavy Metal no Brasil. Ao longo de seus 30 anos de história, o evento já trouxe nomes de peso como Kiss, Black Sabbath, Slayer, Suicidal Tendencies e Ratt, além de representantes nacionais consagrados como Angra, Viper e Raimundos.

Mantendo a tradição e fazendo jus ao nome, a edição comemorativa de três décadas reuniu gigantes do Hard Rock, Heavy Metal, Power Metal e Prog Metal, com um line-up formado por Scorpions, Judas Priest, Europe, Savatage, Queensrÿche, Opeth e Stratovarius. Cada banda fez a alegria dos milhares que lotaram a arena com shows impecáveis, som de altíssima qualidade e uma pontualidade britânica que surpreendeu até os mais céticos.


Stratovarius

Quem se incumbiu de iniciar os trabalhos do dia foram os finlandeses do Stratovarius. Considerado um dos nomes mais respeitados do Power Metal – o ou Metal Melódico, como os brasileiros costumam dizer –, a banda conseguiu arrastar um bom público logo cedo. Nada surpreendente, já que o grupo possui uma legião de fãs no Brasil.

Depois de dois anos sem pisar no país, dava pra perceber que a maioria estava ansiosa para ver Timo Kotipelto – que continua dispensando comentários – e companhia, prontos para entregar os clássicos que marcaram o final da década de 90, como “Forever Free”, “World on Fire”, “Paradise” (a mais festejada desse começo de set) e “Eternity”, que fizeram os falantes vibrarem.

Além dos hits do passado, o repertório incluiu músicas do mais recente trabalho, entre elas “World on Fire” e a faixa-título “Survive”, que ao vivo ganharam ainda mais peso, mostrando que a atual formação – com Matias Kupiainen (guitarra), Lauri Porra (baixo), Rolf Pilve (bateria) e Jens Johansson (teclados) – está entrosada e encaixa perfeitamente no momento atual da banda. Os melhores momentos ficaram para o final, com a execução de “Black Diamond” e “Hunting High and Low”, antecedida por “Unbreakable”, na qual Timo pediu que todos cantassem o refrão com força, e foi exatamente o que aconteceu.

Um show excelente, que mostrou por que o Stratovarius segue sendo um dos pilares do gênero.




Opeth

Na sequência, os suecos do Opeth subiram ao palco com seu som dinâmico e cheio de nuances, flertando principalmente com o Death Metal e o Progressivo No entanto, entre as sete bandas escaladas, foi a que mais destoou das demais, o que rendeu até comentários bem-humorados de amigos próximos, como “o Oasis do Heavy Metal”. Nesse momento, muitos aproveitaram para se alimentar e recarregar as energias para as atrações seguintes.

Apesar das controvérsias, o público não deixou de reconhecer o empenho e a entrega da banda no palco. O vocalista e guitarrista Mikael Åkerfeldt, com um humor inigualável, chegou a notar a distração de parte da plateia em alguns momentos, brincando e se desculpando pelas músicas serem muito longas. Ainda assim, deixou claro o quanto estava feliz por dividir o palco com tantas lendas.

O setlist, enxuto e com apenas sete músicas, trouxe duas faixas do novo trabalho, The Last Will and Testament, lançado no ano passado: “§1”, que abriu o show, e “§3”, não empolgaram tanto quanto as famosas “Master’s Apprentices”, “In My Time of Need” e “Deliverance”, esta última considerada, segundo Mikael, o maior hit da carreira da banda. 

No fim das contas, foi um show primoroso em técnica, que talvez, por seu estilo mais introspectivo, não tenha empolgado tanto quanto os demais. Isso, no entanto, está longe de significar que foi uma apresentação ruim, muito pelo contrário.






Queensrÿche

Na opinião deste que vos escreve, os shows seguintes foram os grandes destaques do festival, não apenas pela saudade que essas bandas deixaram durante os anos longe dos palcos brasileiros, mas principalmente por mostrarem, com maestria, como se faz um verdadeiro espetaculo: resgatando o legado, a essência e o melhor de suas respectivas carreiras.

Com quatro décadas na ativa, os americanos de Seattle, Queensrÿche, estrearam sua atual formação no Brasil após 12 anos desde a última passagem pelo país. Naquela ocasião, a banda enfrentava situações lamentáveis, incluindo uma suposta agressão entre os antigos membros. Agora, com uma nova formação consolidada há 10 anos – contando com o competente Todd La Torre nos vocais – , o grupo vive um momento muito diferente do turbulento cenário da década passada.

O setlist reuniu músicas do primeiro e homônimo disco, The Warning, Rage for Order, Operation: Mindcrime e Empire, considerados os trabalhos mais importantes da carreira. Os destaques ficaram por conta das faixas da fase inicial da banda, como “Queen of the Reich” e “Warning”, que se juntaram às clássicas “Operation: Mindcrime”, “Walk the Shadows” e “I Don’t Believe in Love”, levando os fãs à euforia a cada execução.

Todd La Torre atraiu a atenção de todos não apenas pelo seu talento vocal – substituindo à altura o lendário Geoff Tate –, mas também por sua presença de palco magnética e carisma. Ele demonstrou estar visivelmente feliz por ver a banda de volta ao Brasil depois de tanto tempo e agradeceu pela receptividade calorosa do público.

Os demais integrantes também receberam seus merecidos aplausos. Casey Grillo deu uma nova dinâmica à bateria da banda. Já os veteranos Eddie Jackson (baixo) e Michael Wilton entregou riffs e solos afiados ao lado de Mike Stone, mantendo vivo o legado do Queensrÿche desde os primórdios.

O show do Queensrÿche se resume a três adjetivos: pesado, energético e animal, onde tem que ter no currículo de qualquer fã de Heavy Metal que se prece. Muitos esperavam, para o final, a execução de “Silent Lucidity” e “Jet City Woman”, mas a ausência dessas faixas não desanimou o público, que ainda teve o privilégio de ouvir obras-primas como “Empire”, “Screaming in Digital” e “Eyes of a Stranger”.





Savatage

A quarta atração da tarde deixou o público empolgado desde o momento do anúncio: Savatage. Após dez anos afastados dos palcos e atendendo a incansáveis pedidos dos fãs, a banda escolheu o Brasil como ponto de partida para essa tão aguardada volta. Muitos dos presentes vestiam camisetas da banda, o que só reforça a ansiedade e a devoção dos fãs por esse retorno histórico.

A única baixa desse retorno foi a ausência do vocalista e pianista Jon Oliva, que não pôde estar presente devido a problemas de saúde. No mais, a formação seguiu praticamente a mesma de sempre, com Zack Stevens (vocal), Chris Caffery e Al Pitrelli (guitarras), Jeff Plate (bateria), além de dois tecladistas cuja identidade não consegui confirmar até o fechamento deste texto.

O repertório foi um verdadeiro greatest hits, com direito a algumas surpresas, como a inclusão de “The Ocean” e “Welcome”, acompanhadas de “Jesus Saves” – que caiu muito bem com o clima pascoal – , e “The Wake of Magellan”, que não era tocada ao vivo há bastante tempo. Já nesse início, o público se entregou completamente, criando uma conexão imediata com a banda, que mostrou não ter perdido a força. Em “Handful Of Rain” contou com a presença de uma leve garoa para combinar com o clima da música. 

Caso fosse possível, a banda teria passado todo o tempo do show executando seus maiores clássicos. No entanto, por se tratar de um festival e haver um tempo estipulado para cada apresentação, o grupo precisou selecionar cuidadosamente o repertório. Entre os destaques, estiveram as icônicas “Gutter Ballet” e “Edge of Thorns”, acompanhadas por momentos de interação com Zak jogando bolas de futebol para a plateia e até a invasão de uma fã no palco. Contudo, foi durante a execução da balada “Believe” que o momento mais emocionante da tarde se deu: um vídeo com Jon Oliva cantando e tocando piano foi exibido, acompanhado de imagens de seu irmão, o saudoso Criss Oliva – falecido em 1993. Criss também foi homenageado pouco antes do início do show, com sua guitarra sendo mostrada nos telões, coberta por rosas. O encerramento ficou por conta de “Sirens” e “Hall of the Mountain King”, deixando no ar a expectativa por um retorno em breve. 





Europe 

A participação do Europe no festival foi um verdadeiro presente para os fãs de Hard Rock. Com quatro décadas de estrada, os suecos mostraram que, mesmo com o passar dos anos, continua relevante e poderosa ao vivo. Desde o começo com “On Broken Wings”, seguida de “Rock The Night” – primeiro hit do começo da noite – ficou claro que o grupo estava ali para entregar um show memorável.

O setlist trouxe uma boa seleção de tudo que a banda fez nos anos 80 e nos últimos anos desde que retornou a ativa em 2003, incluindo “Walk the Earth”, a rápida e pesada “Scream of Anger” e “Sign of the Times”, mas foi na clássica “Carrie” que o público entrou êxtase com um mar de celulares acessos e um coro cheio de emoção. Um público de todas as idades, emocionado, cantando esse hino atemporal – ver e sentir milhares de pessoas conectadas pelo mesmo sentimento foi surreal. Perceber que, mesmo depois de décadas, as bandas que fizeram nossos pais e avós vibrarem ainda despertam o mesmo entusiasmo na geração atual, trazendo uma sensação nostálgica e poderosa de que o rock, além de vivo, continua pulsando com força.

Com uma performance segura e carismática, o vocalista Joey Tempest conduziu o público com maestria, interagindo com os fãs e mostrando toda sua energia e domínio de palco. Os músicos demonstraram entrosamento e técnica, com destaque para os solos de guitarra de John Norum e os teclados marcantes de Mic Michaeli.

Cada canção foi recebida com entusiasmo pelo público. Antes do ápice, a banda ainda despojou “Ready or Not” e “Superstitious”, que teve um pequeno de trecho de “No Woman No Cry” do Bob Marley. Como era de se esperar, “The Final Countdown”, antecedida por “Cheroke”, transformou o Allianz Parque em um mar de vozes, encerrando o show de forma emocionante e com a certeza de que eles vão retornar, conforme dize Joey antes de deixar o palco.






Judas Priest

O Judas Priest, uma das maiores bandas de Heavy Metal da história, entregou mais do que um show, mas sim uma verdadeira aula. Desde 1991 que a banda visita o Brasil, e o que vimos nessa última passagem é mais uma lembrança histórica que ficara guardada na memória dos fãs brasileiros, principalmente dos paulistanos.

A formação atual traz o inconfundível Rob Halford nos vocais, Ritchie Faulkner e Andy Sneap nas guitarras, Ian Hill no baixo e Scott Travis na bateria. E a verdade é que eles já entraram com o jogo ganho. A conexão com o público, a entrega no palco e o peso do som mostraram que o Priest está mais vivo do que nunca.

Halford, com suas barbas brancas e marcas do tempo, provou que idade é apenas um número. Ele continua cantando como nunca, e sua presença de palco é simplesmente hipnotizante. Já a dupla de guitarristas mostrou que o peso de substituir K.K. Downing e Glenn Tipton é grande, mas Faulkner e Sneap fazem jus ao legado.

O repertório foi de tirar o fôlego. A abertura com "Panic Attack", do mais recente álbum Invincible Shield, já mostrou o que viria pela frente. Mas foi na sequência oitentista com "You’ve Got Another Thing Comin’", "Rapid Fire", "Breaking the Law", "Riding on the Wind", "Love Bites" e "Devil’s Child" – recebidas com gritos e punhos erguidos – que tudo explodiu. 

A chuva resolveu dar o ar da graça quando veio "Crown of Horns". Alguns se assustaram, outros nem ligaram, mas o que importa é que o show continuou firme. São Pedro só deu uma trégua em "Turbo Lover", que é minha favorita do Judas e, ao vivo, soa ainda mais grandiosa. Já "Victim of Changes" trouxe um momento especial: uma homenagem emocionante ao guitarrista Glenn Tipton, afastado dos palcos devido ao Parkinson. E o fechamento da primeira parte veio com a explosiva "Painkiller", que com a introdução arrebatadora de Scott Travis, levou todos ao delírio.

Mas não parou por aí. O bis veio com tudo: "Electric Eye", precedida pela clássica intro "The Hellion", abriu os trabalhos. Na sequência, "Hell Bent for Leather" marcou a entrada triunfal de Halford montado em uma Harley-Davidson, e o grand finale veio com "Living After Midnight", encerrando a noite de forma festiva, com um coro uníssono da plateia.






Scorpions

Encerrando o Monsters of Rock, o Scorpions transformou o Allianz Parque numa verdadeira celebração, vide o vídeo retrospectivo no começo relembrando os 60 anos de estrada de um dos maiores nomes do Hard Rock mundial. “Coming Home” tomou conta do palco e dos corações, abrindo o set com intensidade. “Gas in the Tank”, a única do mais recente álbum Rock Believer, veio logo depois, mostrando que o gás da banda está longe de acabar. “The Zoo” trouxe aquele peso característico, com solos estendidos e clima denso. 

Klaus Meine não tem mais o mesmo alcance vocal de décadas atrás, mas compensa com uma entrega sólida e um domínio de palco que só o tempo proporciona. Quem roubou a cena instrumentalmente foi a dupla de guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs com uma performance afiadíssima: riffs certeiros, solos bem desenhados e muita presença. Mikkey Dee brilhou com um solo de bateria pesado, relembrando seu legado com o Motörhead e mostrando que se encaixou perfeitamente na engrenagem do Scorpions. 

O set foi estrategicamente construído para equilibrar hits incontestáveis com momentos de surpresa. Um dos mais celebrados foi o medley matador reunindo “Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train”, uma verdadeira viagem à fase setentista que incendiou os fãs das antigas.

A sequência emocional veio logo depois de “Bad Boys Running Wild” com “Send Me an Angel” e “Wind of Change”. O estádio inteiro virou um coral iluminado, num dos momentos mais bonitos da noite. A partir daí, foi só pancada: “Loving You Sunday Morning”, que retornou ao set após anos, “Tease Me Please Me” e “Big City Nights” foram executadas com precisão e empolgação, mantendo o público em transe.

“Still Loving You” trouxe um ar de romantismo, preparando o terreno para um dos clímax visuais da noite: “Blackout”, que veio acompanhada pela aparição de um enorme escorpião inflável atrás do palco, arrancou arrepios. Para fechar, “Rock You Like a Hurricane” veio como uma tempestade, colocando um ponto de exclamação numa noite histórica, ou melhor, dia histórico. 

Com um line-up de respeito, estrutura impecável e público apaixonado, o Monsters of Rock de 2025 entrou para a história como uma edição emblemática. Mais do que uma simples reunião de grandes bandas, foi uma celebração de gerações, estilos e memórias. Na hora de ir embora, ficou a certeza de que, enquanto houver fãs de Rock, Heavy Metal e seus variados gêneros, o Monsters seguirá mais vivo do que nunca.








Texto: Gabriel Arruda


Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts



Stratovarius – setlist: 

Forever Free

Eagleheart

World on Fire

Speed of Light

Paradise

Survive

Eternity

Black Diamond

Unbreakable

Hunting High and Low


Opeth – setlist: 

§1

Master's Apprentices

§3

In My Time of Need

Ghost of Perdition

Sorceress

Deliverance


Queensrÿche – setlist:

Queen of the Reich

Operation: Mindcrime

Walk in the Shadows

I Don't Believe in Love

Warning

The Needle Lies

The Mission

Nightrider

Take Hold of the Flame

Empire

Screaming in Digital

Eyes of a Stranger


Savatage – setlist:

The Ocean

Welcome

Jesus Saves

The Wake of Magellan

Dead Winter Dead

Handful of Rain

Chance

Gutter Ballet

Edge of Thorns

Believe

Sirens

Hall of the Mountain King


Europe – setlist:

On Broken Wings

Rock the Night

Walk the Earth

Scream of Anger

Sign of the Times

Hold Your Head Up

Carrie

Prelude

Last Look at Eden

Ready or Not

Superstitious

Cherokee

The Final Countdown


Judas Priest – setlist:

Panic Attack

You've Got Another Thing Comin'

Rapid Fire

Breaking the Law

Riding on the Wind

Love Bites

Devil's Child

Crown of Horns

Sinner

Turbo Lover

Invincible Shield

Victim of Changes

The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover) 

Painkiller

Bis

The Hellion

Electric Eye

Hell Bent for Leather

Living After Midnight


Scorpions – setlist:

Coming Home

Gas in the Tank

Make It Real

The Zoo

Coast to Coast

Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train

Bad Boys Running Wild

Send Me an Angel

Wind of Change

Loving You Sunday Morning

I'm Leaving You

New Vision

Tease Me Please Me

Big City Nights

Still Loving You

Bis

Blackout

Rock You Like a Hurricane

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Rock Ao Vivo: edição porto-alegrense de alto nível com grandes nomes da música pesada mundial

Cobertura por: Renato Sanson
Fotos: Diogo Nunes



O Rio Grande do Sul continua sendo a rota dos grandes shows e também de grandes festivais. Como foi o caso do Festival Rock Ao Vivo que ocorreu no dia 01/10/19 no já conhecido Ginásio do Gigantinho (que já recebeu nomes do porte de: Iron Maiden, Ozzy, Kiss e etc...), em um super cast com Helloween, Whitesnake e Scorpions.

Vale ressaltar que inicialmente o evento contaria com Megadeth, mas devido a um problema de saúde do vocalista/guitarrista Dave Mustaine (câncer de garganta) os americanos foram substituídos pelos alemães do Helloween.

Mesmo sendo em uma terça-feira tivemos um ótimo público para o Festival (um pouco mais de 8 mil pessoas), mas também não era para menos, estaríamos diante de três lendas do Heavy Metal mundial em uma única noite, com toda a estrutura e aparato necessário para que o espetáculo fosse grandioso.

As 16h os portões começaram a abrir e a acomodação ao local foi tranquila, assim como o acesso da Imprensa que foi tratada com muita cordialidade pelos responsáveis. Ao adentrar ao local (que sim estava muito quente hehehe) já era possível ver o contraste entre os públicos, pois cada banda que estaria no palco está noite, são grandes em gerações diferentes, o que deixou o clima ainda mais festivo.

Perto das 17h30min era hora da a atração local abrir os trabalhos, e para esta tarefa foram recrutados os diabos porto-alegrenses do Cartel da Cevada, que mostram uma musicalidade consistente que transita entre o Heavy Metal tradicional mais old school com a pura malícia do Rock n’ Roll, com sua temática em volta do regionalismo rio-grandense e cantado em português. Onde a parte lírica é extremamente bem-humorada e acida.


Vale destacar a caracterização dos membros que estavam com coletes estilo dos generais da Guerra dos Farrapos e do mascote da banda, que é o próprio Diabo, que interage durante o show, fazendo declamações em algumas músicas. Deixando tudo muito divertido e original.


Após o bom show do Cartel da Cevada, era hora de um dos maiores nomes do Power Metal mundial, os alemães do Helloween que continuam a bem-sucedida tour “Pumpkins United”, que traz a adição dos lendários Michael Kiske (vocal) e Kai Hansen (guitarra/vocal). Em uma formação bem pouco convencional, já que a tour em questão mantém os membros anteriores, tendo em palco três vocalistas e três guitarristas!

Depois da bela montagem de palco com um kit de bateria monstruoso de Daniel Loeble, as luzes se apagam os telões tomam forma e o clássico “I'm Alive” chega para estontear os desavisados, com Kiske mostrando o porquê ser um dos vocalistas mais cultuados do mundo, além de manter um belo dueto com Andi Deris.


A chuva de clássicos não para e “Dr. Stein” abre caminho e mostra toda a interação da banda com seu público, onde Deris é o carro chefe das interações e Kai Hansen não economiza energia e transita por todo o palco, que diga-se de passagem era belíssimo, com uma base embaixo da bateria que permitia que os músicos subissem ao seu lado, onde Kai fez questão de subir várias vezes e pular de cima sem aviso prévio com sua Flying V em mãos.

“Eagle Fly Free” chega para deixar todos boquiabertos com o poder vocal de Kiske, já que essa o vocalista mandou sozinho e impressiona tanto pela técnica quanto pela potência de sua voz, onde você fechava os olhos e parecia que estava ouvindo o disco em casa. Seguimos com “Perfect Gentleman” com Deris cantando a mesma praticamente sozinha e Kai nas guitarras, tendo ao seu final a volta de Kiske ao palco. Era então a vez de Kai Hansen brindar a sua época como vocalista do Helloween e “Ride the Sky” chega para os fãs mais old school. Mas não teria como não mencionar os duetos de vozes entre Kiske e Deris, onde mostram que encontraram o equilíbrio perfeito para este novo momento, e ter Kai Hansen junto nestes duelos só engrandecem ainda mais a banda como um todo, como podemos perceber na antológica “How Many Tears” onde os três vocalistas se dividiam e mostravam grande interatividade.


O final com a mais que clássica “I Want Out” trouxe os balões gigantes preto e laranja que foram jogados ao público que se pareciam com aboboras, e deixaram o clima ainda mais descontraído e divertido em seu show.

Interação, presença de palco e um setlist na medida para a proposta do Festival, o Helloween encerra mais uma passagem pela capital gaúcha em grande estilo e nos brinda com toda a sua genialidade.

Setlist:
I'm Alive
Dr. Stein
Eagle Fly Free
Perfect Gentleman
Ride the Sky
A Tale That Wasn't Right
Power
How Many Tears
Future World
I Want Out


Em uma rápida troca de palco, já era possível ver a belíssima bateria do extraterrestre Tommy Aldridge e a bela produção que acompanharia os britânicos do Whitesnake em mais uma apresentação em solo gaúcho. Mas desta vez com a tour do mais recente lançamento, “Flesh and Blood” (19).

O Gigantinho já se encontrava praticamente lotado quando Coverdale e sua trupe entram em cena para o delírio do público, e “Bad Boys”, “Slide It In” e “Love Ain’t No Stranger” dão o cartão de visitas com os presentes cantando os clássicos a plenos pulmões.

Muitos reclamariam da voz de Coverdale, mas temos que levar em consideração a sua idade (68 anos), e mesmo assim, o coroa não “arrega” e mantém as notas lá em cima, ainda que conte com o suporte dos backing vocals (com destaque ao tecladista que é o grande vocalista Michele Luppi, mais conhecido pelos seus trabalhos com a banda Vision Divine) David mostra quem manda e sua voz rouca e aveludada encanta e embala grandes clássicos da história do Rock.


Houve espaço para o novo álbum, e “Hey You (You Make Me Rock)” e “Trouble Is Your Middle Name” fizeram bem o seu papel, já que dividiam o set com clássicos inquestionáveis. Antes do final da primeira parte do show tivemos o duelo de guitarras entre Reb Beach e Joel Hoekstra, que em minha opinião poderia ter sido substituído por uma ou duas músicas. Não me entendam mal, mas ambos solam na banda e temos que concordar que já são solos complexos, um duelo entre ambos ao meio do show ficou um pouco desconexo dando uma certa amornada no clima.


Mas que voltou a esquentar com “Shut Up & Kiss Me” e ferveu de vez com o  solo de bateria de Aldridge. Que tirou mais do que aplausos, a técnica e a desenvoltura deste senhor de 69 anos é invejável, e quando continuou seu solo sem baquetas (sim o mesmo seguiu esmurrando o kit com as mãos) o ginásio veio abaixo e muitos olhavam não acreditando no que estavam presenciando. “Is This Love” chegava para deixar todos sem folego e emocionados, com Coverdale dominando o palco e tendo o público ao seus pés.

A chuva de clássicos para a reta final do show foi de tirar lagrima de muitos marmanjos, pois a sequência: “Give Me All Your Love”, “Here I Go Again”, “Still of the Night” e “Burn” (referenciando a época de Coverdale no Deep Purple) encerram com chave de ouro!

O Whitesnake mostra que ainda tem muita lenha para queimar. Um show grandioso e repleto de clássicos históricos.

Setlist:
Bad Boys
Slide It In
Love Ain't No Stranger
Hey You (You Make Me Rock)
Slow an' Easy
Trouble Is Your Middle Name
*Duelo de guitarras
Shut Up & Kiss Me
*Solo de bateria
Is This Love
Give Me All Your Love
Here I Go Again
Still of the Night
Burn


Por volta das 22h era hora de um dos maiores nomes da história do Rock/Heavy Metal mundial entrar em cena, os dinossauros do Scorpions que vinha dando continuidade na Crazy World Tour. As expectativas dos fãs eram grandes, pois essa era a segunda vez que o Scorpions passava por Porto Alegre, já que a primeira vinda foi há 19 anos no Festival Live'n'Louder (também realizado no Gigantinho).

Com um belo pano da turnê que escondia o palco as luzes se apagam por completo, a intro ecoa nos PA’s e já podíamos ver a animação computadorizada nos belos telões onde Mikkey Dee subia em seu kit de bateria com a banda entrando em ação em “Going Out With a Bang” (do último lançamento “Return to Forever” – 15) que abriu espaço para os clássicos “Make It Real” e “The Zoo”, com todos os presentes cantando junto.


É inegável que Mathias Jabs é um guitarrista mais habilidoso e técnico que Rudolf, mas é na simplicidade que Rudolf se destaca e em “Coast to Coast” podemos perceber todo o seu brilhantismo. Com a entrada de Mikkey Dee na banda é notável que ao vivo ganharam mais força, ainda que a suavidade em suas composições sejam sua marca registrada. Em termos técnicos o Scorpions sempre manteve um ótimo nível ao vivo, mas é a precisão e o perfeccionismo que fizeram dos germânicos o que são hoje, pois o show em si é como se fosse um relógio suíço, sem falhas e preciso. Klaus Meine continua com sua voz cristalina e característica, não exagerando nos tons altos e tendo boa presença de palco.

O carisma de Mathias e Rudolf são o show à parte, pois ambos interagem o tempo todo com os fãs e não se poupam, além de usarem diversas guitarras diferenciadas durante a apresentação. “Send Me an Angel” ganhou uma bela versão acústica com o público cantando cada nota, onde Dee deixou o seu grande kit nas alturas e desceu para o palco para embalar o clássico em uma mini bateria acústica. Em seguida um dos maiores clássicos do Rock mundial: “Wind Of Change” com Meine reproduzindo ao vivo o belo assobio na introdução, mostrando que folego não é problema e que não precisam do samplers para reproduzir esta parte marcante e lindíssima da música.


Posterior ao solo de bateria de Dee o show se encaminhava para o final e os maiores clássicos do Scorpions chegam para encerrar a noite e deixar cada presente mais do que satisfeito, pois como não sair com um sorriso de ponta a ponta com “Blackout”, “Big City Nights”, “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”? Pois é, praticamente impossível!

Setlist:
Going Out With a Bang
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train
We Built This House
Delicate Dance
Send Me an Angel (Acoustic)
Wind Of Change
Tease Me Please Me
*Solo de bateria
Blackout
Big City Nights
Still Loving You
Rock You Like a Hurricane

O Rock Ao Vivo mostra que esta modalidade de Festival funciona e pode sim ter diversas edições em nossa capital, já que o público comprou a ideia e o evento foi extremamente bem produzido e planejado. Seja no som, iluminação ou palco, pois era visível o profissionalismo das equipes e a preocupação em entregar o melhor aos presentes.

Algumas considerações finais são cabíveis, como o espaço destinado a pessoas com deficiência, que ficou extremamente bem centralizado, onde era possível assistir aos shows de qualquer lugar do espaço, tendo a altura certa para a visão do palco e sendo bem confortável. Nota dez para os responsáveis e por se preocuparem com está questão, já que em muitos shows essa acessibilidade (que é um direito, não um favor) passa batido.

Agradecemos também a dedicação e profissionalismo da Agência Cigana e toda a sua assistência para a Imprensa presente, dando todo o suporte necessário tanto para os fotógrafos como para os redatores.

Que mais eventos deste nível invada Porto Alegre!



terça-feira, 5 de março de 2013

Michael Schenker: Tour com outros ex-Scorpions e Mais um DVD/Blu-Ray Memorável



Um dos primeiros membros da lenda alemã Scorpions, a qual se juntou, para, ao lado do seu irmão mais velho Rudolf (fundador da banda), Michael Schenker é um guitarrista mundialmente reconhecido pelo seu talento e enorme contribuição para o Hard/Heavy, fazendo parte, além do Scorpions, de outro dinossauro, a banda inglesa UFO, e, claro, tendo uma extensa discografia solo e com a MSG. Claro, tem o outro lado, como alguns problemas com o álcool e a complicada personalidade do  guitarrista, hoje bem mais centrado, que também se notabilizou por bater de frente e arrumar confusões com membros das bandas em que passou, inclusive sua própria banda, chegando ao cúmulo de já ter deixado de subir no palco em cima da hora do show. 


É, o velho Michael  tem muitas histórias, mas ninguém é capaz de negar que é um lenda do Rock Pesado, sendo influência para inúmeros  guitarristas, além, da já comentada extensa discografia, e quando empunha sua Flying V é um monstro!

Os fãs vêm comemorando duas excelentes notícias, uma nem é tão novidade, como é o caso do lançamento em DVD/Blu-Ray/CD  de "Michael Schenker Temple of Rock -  Live In Europe", que está disponível desde dezembro de 2012, e traz Michael e banda, que conta com Doogie White (Tank, Rainbow, Malmsteen), Wayne Findlay, e mais dois ex-Scorpions, além do guitarrista, Francis  Buchholz e Herman Rarebell, que estiveram por um bom tempo no Scorpions, sendo que Hermann é autor e co-autor de diversos hits, como "Another Piece of Meat", "Blackout" e "Dynamite", num show eletrizante e recheado de clássicos de toda a carreira do axeman alemão  (leia-se clássicos do Scorpions, Ufo e Msg) como "Armed  and Ready", "Lovedrive", "On and On", "Lights Out", "Blackout" e "Doctor Doctor". 


Nos extras, podemos encontrar um bônus, com apresentação no "High Voltage Festival", cujo show contou com alguns convidados como  Rudolf Schenker e Jeff Scott  Soto.

A outra notícia, que já vem sendo veículada, é que teremos esse show aqui em terras brasileiras, passado por Porto Alegre (20/06), Belo Horizonte (21/06)  e São Paulo (22/06), e quem sabe mais algumas datas possam se confirmar.


Essa tour foi batizada de "Lovedrive Tour", e, além do trio Michael/Herman/Francis, Uli Jon Roth também estará presente, fazendo com que seja um evento ainda mais histórico. Uli foi o substituto de Schenker no Scorpions, gravando com a banda clássicos como "Fly to The Rainbow", "Virgin Killer", "In Trance", "Taken by Force" e o mais que clássico ao vivo, "Tokyo Tapes", permanecendo na banda entre 1974/78.

Dono de um estilo muito próprio, sendo um dos pioneiros no estilo neoclássico, Roth é mais uma lenda da guitarra que estará em palco, mostrando toda sua técnica e feeling, empunhando suas "Transcedental Sky Guitars", com alguns modelos que chegam a ter 35 trastes e com um captador escondido na altura do 24º traste, sendo que o guitarrista idealizou esses instrumentos para que pudesse reproduzir as notas altas que um violino pode alcançar, além de explorar uma sonoridade bem própria. Coisas que só os fora de série são capazes de criar.


Um timaço que vai proporcionar um show inesquecível para todos os presentes, um daqueles momentos únicos com certeza.  

Texto/Edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação