segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Cobertura de Show – Angra – 03/11/23 – Tokio Marine Hall/SP

A última semana de outubro foi repleta de shows internacionais pela capital paulista – Machine Head, Primal Fear e Marduk estremeceu a cidade com ótimos shows. E não foi diferente para esse começo de novembro, que quem preferiu ficar por aqui do que viajar no feriado prolongado, pode curtir desde o Rock Alternativo do Maneskin, Metal extremo do Vader e o Power/Prog Metal do Angra. Ambos os shows aconteceram no dia 3 de novembro (sexta feira).

Na ocasião, este que vos escreve foi prestigiar o show da banda brasileira, que, no mesmo dia, lançou o seu décimo álbum de estúdio, “Cycles Of Pain”, que recebeu muitas críticas positivas em tão poucas horas de lançado. Muitos só conseguiram chegar no Tokio Marine Hall (local do show) entre o final do show do Luiz Toffoli e o começo do Allen Key devido ao temporal que surgiu no final da tarde. Infelizmente, não foi possível pegar toda apresentação do guitarrista curitibano por conta do caos natural que atingiu a cidade.

Após quinze minutos de atraso, os paulistas do Allen Key subiu ao palco, às 21hrs. Fundada em 2018 e revelada durante o tempo da pandemia, a banda vem conquistando cada vez mais seu espaço graças a oportunidade de abrir shows de nomes consagrados do Metal nacional e internacional – o sexteto, ano passado, abriu para Tarja Turunen, Shaman e, inclusive, o Angra. E eles, mais uma vez, causaram uma boa impressão e elogios para quem viu e não viu um show da banda (eu me incluo nessa).

Seguros e compenetrados, Pedro Fornari e Victor Anselmo (guitarras), Willian Moura (baixo) e Felipe Bonomo (bateria) entregaram o melhor de si com extrema eficiência. Os riffs e melodias emanados por eles foi sentido no bom som da casa e do inflamado público, que não parava de crescer durante o show. Mas quem roubou mesmo os holofotes foi a belíssima Karina Menasce. Dona de um talento vocal invejável – que vai do melódico até o mais agressivo –, a cantora deu um show de carisma, empatia e presença de palco. Não à toa que ela vem sendo uma das melhores vocalistas de Rock e Heavy Metal do país na atualidade.

O reportório abrangeu músicas do até então único álbum, “The Last Rhino” (2021). “Straw House” e a melódica “Illusionism” foram os destaques de início antes de anunciarem “Sleepless”, que foi tocada com exclusividade na noite. Com muita influência do Within Temptation, a música foi muito bem recepcionada, deixando todos ansiosos para ouvir a versão gravada em estúdio, que será lançada em breve.

A emotiva “Goodbye” teve problemas técnicos no teclado da Karina. Sem perda de tempo, a vocalista deu andamento cantando a capela sob o reforço das palmas, ideia para lá de genial para poder contornar a inesperada falha.

O show prosseguiu com a visceral (e também nova) “Apathy” e da versão brutal de “Judas”, que originalmente é cantada pela cantora pop Lady Gaga. Karina até brincou, antes de anuncia-la, que os metaleiros barbudos (e tinham muitos) que não gostam de pop iriam gostar bastante da versão feita pela banda. Dito e feito!

O encerramento veio com as pesadas “Mr. Whiny” e a faixa título que dá nome a primeiro disco com direito a balões gigantes e um turbilhão de papeis picados. O fim também mostrou o jeito Roberto Carlos de ser da Karina, que distribuiu rosas brancas para os que estavam colados na grade.

O ponto negativo da noite foram os atrasos, motivo explicado logo acima. O Angra levou um pouquinho mais de tempo, cerca de meia hora para subir ao palco. Os fãs, soberbamente presentes, pouco ligou para demora, afinal era dia de celebrar mais um grande momento da carreira de uma das grandes instituições no Heavy Metal Brasileiro, que mesmo que alguns tenha a sua preferência e restrição por determinada fase, não há como se render com a atual formação, que a cada dia vem mostrando ser a mais harmoniosa de toda história.

Sobre Rafael Bittencourt (guitarra), Felipe Andreoli (baixo), Marcelo Barbosa (guitarra), Bruno Valverde (bateria) e o ‘mago’ Fabio Lione (vocal) – que desde que assumiu o microfone da banda vem ganhando cada vez mais protagonismo pelo seu talento – estão no auge não só como músicos, mas também como pessoas cada vez mais amadurecidas e se dando bem com um com o outro. Mas antes de emplacar as músicas do “Cycles Of Pain”, o quinteto trouxe o passado e o presente com uma dobradinha de “Nothing To Say” e “Final Light”.

Afortunado pelo bom som e produção de palco (com vídeos que fazem referência as letras de cada música do set sendo exibidos no telão ao fundo do palco), Felipe Andreoli – que nos últimos anos consolidou ainda mais seu nome no hall de melhores baixista da atualidade – introduziu as melodias iniciais de “Tide Of Changes” para os que estavam ansiosos para ouvi-la ao vivo, sendo um dos momentos mais celebrados da noite ao ver todos cantando o refrão junto com o Lione.

Coincidentemente, no mesmo dia do show e do lançamento do novo álbum, a banda estava comemorando os trinta anos de lançamento do primeiro álbum, “Angels Cry” (1993). O guitarrista Rafael Bittencourt, que estava presente naquela fase, relembrou do frio da barriga que sentiu na época e que ainda sente quando lança um novo trabalho. E o show não poderia seguir de outra maneira a não ser com a faixa que dá nome a este clássico.

Tirando a já citada “Tide Of Changes” e “Ride Into The Storm” (executada mais para o fina e com o som embrulhado), faltou um pouquinho mais de agitação por parte do púbico nas músicas do novo trabalho, que ao todo foram seis: “Vida Seca” (com o Rafael cantando a parte do Lenine e a favorita deste autor), “Here In The Now” e “Dead Man on Display” são as demais que foram tocadas. Talvez, por conta de ter sido recém lançado, alguns fãs ainda não tiveram o tempo necessário de ouvir para estar bem familiarizado com as músicas. Mas, o mais importante, é que todos tiveram uma boa impressão delas ao vivo.

O set também contou com músicas de todos os álbuns, exceto do “Aqua” (2010). Na metade do show, o quinteto aproveitou para revisitar um pouco a fase anterior com “Ego Painted Grey”, do “Aurora Consurgens” (2006), “Wainting Silence” e “Morning Star”, ambos do aclamado “Temple Of Shadows” (2004), que ano que vem completara vinte anos. No meio dessa trinca, teve “Rebirth”, que contou com a participação da Vanessa Moreno, que cantou maravilhosamente bem este que é um dos grandes clássicos da segunda fase do Angra. A cantora, que foi bastante ovacionada, não deixou de cantar a música na qual faz participação do novo álbum, “Here In The Now”, fazendo a primeira voz igual ao do bônus track disponível exclusivamente para o mercado brasileiro.

Enquanto Felipe, Marcelo, Bruno e o Lione tiravam um rápido descanso, Rafael ficou no palco, sentado num banquinho com um violão – que já é de costume nos shows –, para mandar fazer um rápido tributo ao saudso Andre Matos com “Lullaby For Lucifer”. A recepção que o guitarrista recebeu durante esse momento foi algo absurdo, chegando até a receber elogios inusitados que deve ser censurado para menores de 18 anos. Brincadeiras à parte, ele merece todo carinho e respeito, pois se o Angra é o que é hoje é por causa dele. Para não ficar sozinho nessa, o capiroto (carinhoso apelido que ganhou dos fãs) chamou o ‘mago’ para cantar “Gentle Change”.

“Silence And Distance” e “OMNI – Silence Inside”, do álbum antecessor, “OMNI” (2018), foram as surpresas antes do encerrar a noite. Quem esteve presente na gravação do DVD “OMNI Live”, assim como eu, deve ter relembrado da catástrofe que aconteceu quando tocaram na época. Rafael, dessa vez, a introduziu na guitarra ao invés no violão. Por que será, hein? (N.T.: na época, inesperadamente, o violão do Rafael foi destroçado após ter sofrido uma queda enquanto a executava).

De praxe, “Carry On” e “Nova Era” encadeou mais um show que ficará marcado na história! Por ser na capital paulista, onde a banda se sente mais à vontade de tocar, não poderia ser diferente. O esforço por ter enfrentado os obstáculos causado pela rígida chuva foi recompensado pelos fãs, que eram desde dos mais antigos aos mais novos. E para não esquecer, antes dessa sequência, “Bleeding Heart” abrilhantou a noite e essa promissora turnê, que está apenas no começo.


Texto: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)

Fotos: André Tedim (@andretedimphotography)

 

Realização: Top Link Music (@toplinkmusic)

 

Luiz Toffoli

Human

I’m Alive

Both Worlds

The Place I Want to Be (Wish You)

As I Am (Dream Theater cover)

Frenetic Freak

 

Allen Key

Granted

Straw House

Illusionism

Sleepless

Goodbye

Apathy

Judas (Lady Gaga cover)

Mr. Whiny

The Last Rhino

 

Angra

Nothing To Say

Final Light

Tides Of Changes Part I e II

Angels Cry

Vida Seca

Ego Painted Grey

Waiting Silence

Rebirth (feat. Vanessa Moreno)

Here In The Now (feat. Vanessa Moreno)

Morning Star

Ride Into The Storm

Lullaby for Lucifer

Gentle Change

Cycles Of Pain

OMNI – Silence Inside

Silent and Distance

Bleeding Heart

Dead Man on Display

Carry On / Nova Era

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