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Entrevista exclusiva com esta importante banda da cena underground paranaense |
Necropsya já tem mais de dez anos na estrada com três EPs “Destroy” (2005), “SkullCrusher” (2006), “Bandas Fora da Garagem” (2010) e dois CDs, “Roars (2007) e “Distorted” (2011) do mais violento e poderoso Thrash Metal.
A banda é dona de uma carreira que se consolida a cada ano e sempre inova em seus álbuns, mas sem fugir de sua raiz musical. E isso pode ser verificado no single “
Isolation”, que a banda divulgou no início do mês de agosto e que fará parte do novo álbum que está em fase de pré-produção.
Neste bate-papo com o Road To Metal pelos virtuosos integrantes da banda, podemos conferir toda batalha e dedicação desses músicos para nos oferecer o melhor do Thrash Metal Underground.
Diretamente do Paraná para a Road To Metal: Henrique Vivi (baixo e vocal), Henrique Bertol (guitarra) e Celso Costa (bateria).
Com vocês: Necropsya!
RtM: Vocês começaram tocando covers de bandas de Heavy, Thrash e Death Metal. A banda tinha outro nome? E por que Necropsya?
Henrique Bertol: Opa Luiz! No começo, criamos um nome provisório de Evil Child, até vir algo melhor, que achávamos que tínhamos conseguido como “Necrotery”. Quando fomos agendar o nosso primeiro show, percebemos já problemas, não fazia sentido manter aquele nome com uma grande banda como o “Necroterio” por aqui. Queríamos sempre um nome que soasse bem em português, e de certa maneira ser fácil de falar por quem for. O Necropsya foi um nome que veio bem a calhar, o “Y” na escrita veio inicialmente para dar um ar diferente sem mudar a prosódia... mas no final das contas foi até bom para diferenciar de outras bandas que usam o “i”.
RtM: Henrique Bertol e o Henrique Vivi já se conheciam desde pequenos. O Celso Costa entrou na banda em 2004. Como conheceram Celso Costa?
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Henrique Bertol (guitarra) |
Henrique Vivi: Bom, temos uma amiga em comum que é da cidade do Celso (Guarapuava) – um show nosso com o antigo baterista ela o levou para assistir, acabamos nos apresentando aquela noite - alguns meses depois ele veio morar em Curitiba e ficou sabendo que estávamos sem batera... dois ensaios e ele já estava à vontade!
RtM: No início a banda contava com dois guitarristas. Em 2005 sum deles saiu e desde então a banda ficou só com três integrantes. Qual foi o fator determinante para vocês permanecerem como trio?
Henrique Bertol: Quando o nosso segundo guitarrista saiu até pensamos em procurar um substituto, mas as vantagens como trio para tocar esse som são imensas, como a facilidade de timbrar, liberdade melódica e a cozinha fica muito mais presente. Quando a gente voltou a subir no palco com essa formação, mais enxuta, percebemos que a coisa certa a fazer era permanecer assim, tudo soou muito bem.
RtM: Em 2011 vocês ganharam o 1º Prêmio Ivo Rodrigues na categoria de melhor banda de Rock/Metal de Curitiba de 2010, devido ao EP “Bandas Fora da Garagem”. Vocês ficaram sabendo que haviam sido premiados através de um amigo do Celso Costa, pois na noite da premiação vocês estavam tocando em Santa Catarina, no Otacílio Rock Fest. Não como Necropsya, mas estavam tocando na outra banda que o Henrique Vivi tinha ou tem. Os integrantes do Necropsya têm projetos paralelos?
Henrique Vivi: Somos um tanto nômades! Com a nossa formação acadêmica e trabalhando com música, já nos enveredamos por uns projetos que, por mais que sejam diferentes entre si, nos deram um baita chão, além de pagar as contas! Então já tocamos em tudo quanto é coisa, no momento estamos fazendo free-lances, mas nada a longo prazo.
RtM: Durante o período de produção do primeiro CD, vocês além de serem entrevistados, tiveram suas músicas divulgadas na rádio "Hard Rock Radio Live", de Nashville – EUA. E também tiveram a publicação de um review do “Roars” numa webzine italiana. Desde essa época para cá, como tem sido a repercussão das músicas de vocês em âmbito internacional?
Celso Costa: Olha, melhorou com certeza – as redes sociais hoje em dia também quebram um galho muito grande em manter o contato e feedback com bandas e produtores daqui e de fora. As músicas do EP, no entanto, foram determinantes para abrir essa porta – e esperamos que isso melhore, pois o trabalho está longe de acabar!
RtM: O segundo álbum, “Distorted”, rendeu, para a banda, uma turnê na Argentina. Conte um pouco dessa experiência.
Henrique Vivi: Animal! A primeira vez tocando fora nós nunca esqueceremos, foi uma experiência e tanto. O que fez esta viagem ser muito foda foi a hospitalidade de todos, sem exceção. Nas cidades que tocamos, a cena underground no geral é muito parecido com aqui, então nos sentimos em casa mesmo. A cultura portenha tem algo de patriótico que eu nunca tinha visto tão de perto, na música então, isso é o tempo todo! No mais, conhecemos muita gente boa, bebemos muita Quilmes, nos empanturramos de comida típica e curtimos três noitadas de sonzeira. Não há como falar mal!
RtM: Uma diferença que sinto entre o “Roars” e” Distorted” e no single “Isolation”, que vocês divulgaram até o momento, e que fará parte do tracklist do próximo CD, é que o som da banda está mais abrangente. O que, a meu ver, fica estranho colocar um “rótulo” em vocês como Thrash Metal. Quero dizer que, embora seja uma banda de Thrash, vocês não têm clichês de bandas desse estilo. O que vocês têm a dizer sobre essa abrangência musical do Necropsya?
Henrique Bertol: Ficamos felizes de saber que isso é perceptível. Uma vez que estamos tocando há certo tempo, e participando de outros projetos, acabamos determinando um norte para nossas composições como Necropsya. Um pé no thrash metal é inevitável para o nosso som e conseguirmos ter este senso para flertar com outros estilos. Acredito que o termo não sirva para nos rotular, mas sim para dar uma noção, especialmente para quem tá conhecendo a banda.
RtM: Devido a essa abrangência musical, os álbuns de vocês não são cansativos, bem ao contrário, é uma surpresa atrás da outra, mantendo a identidade da banda e demonstrando muita técnica sem perder o “feeling”. Como é o processo de composição de vocês?
Celso Costa: Obrigado Luiz! O legal de trabalhar com o Necropsya é que raramente algo é descartado. Normalmente, o esqueleto de alguma música, ou trecho de música, um de nós mostra em ensaio ou grava em casa para mostrar depois. Após mostrado, revisado, e cada um montar seu arranjo, juntamos tudo em estúdio e a partir daí começamos a afunilar até virar algo apresentável. Quem diz se o som tá bom ou não é a resposta da galera no show!
RtM: Outra diferença perceptível no Necropsya são as artes de capa. A arte de capa do disco “Roars” foi feita pelo Henrique Bertol, Danusa Araújo e Allan DeAngeles. Essa capa é mais intimista, tons mais escuros. Porém na capa do disco “Distorted”, que foi feita pelo Allan DeAngeles, ela é, digamos, mais enigmática, mais instigante... Como vocês interpretam essa diferença?
Celso Costa: Os dois envolveram trabalhos com muito empenho! No primeiro álbum, a Danusa e o Bertol tiraram leite de pedra – os dois tinham pouca experiência e fizeram uma grande arte! O Allan ajudou muito, mas depois do Roars lançado...vimos que a próxima arte deveria ser o contraste daquilo, no lance visual e na apresentação também. O Allan é amigo de longa data e conhece muito sobre música. Ele captou exatamente o que queríamos, tanto que no Distorted, passamos estas idéias junto com as músicas e as letras para ele ouvir e se inspirar... quando ele veio com o resultado final, ficamos de queixo caído!
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Capa do mais recente single "Isolation" |
RtM: As letras do “Roars” são mais políticas. Já as do “Distorted” me soam mais pessoais, mais psicológicas... Essa mudança foi programada ou não?
Henrique Vivi: Confessamos que não. Quando nós lançamos o Roars, já havia algumas das músicas do Distorted feitas. Após uma pequena triagem das músicas que escolheríamos para o próximo álbum, vimos que o conteúdo lírico delas poderia funcionar melhor como unidade. A letra da música “Distorted” explica estas letras ainda mais na cara, então acabou virando o nome do CD.
Henrique Bertol: A maior mudança é que amadurecemos como letristas. Quando você não tem muita experiência, falar de temas pessoais são complicados, é fácil soar pedante ou piegas. Hoje em dia conseguimos nos expressar de forma mais honesta e direta, é por isso que tudo soa um pouco mais pessoal.
RtM: Analisando as letras, capas de arte e o som de vocês, parece que uma das propostas da banda é fazer novas experimentações e variar nos álbuns. Kreator é uma banda que tem esse costume, como por exemplo, no álbum “Renewal” (1992) e que gerou certas controvérsias. E vocês, têm esse receio? Qual é o cuidado de vocês em relação a isso?
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Henrique Vivi (baixo e vocal) |
Celso Costa: Pela nossa prática musical isso nunca foi um impeditivo. O que não podemos esquecer é quem somos e de onde viemos.
Henrique Vivi: Depende da intenção de cada banda, talvez. Acreditamos, no nosso caso, que é necessário estabelecer um limite, senão você perde seu chão. Nós não temos interesse em experimentar algo sem ter certeza absoluta de saber em que isso vai realmente soar bem de fato. Não temos receio de gerar controvérsias neste sentido por dois motivos: não temos medo de criar e ainda temos que “comer muito feijão” pra chegar ao naipe do Kreator!
RtM: Ainda falando em variações e experimentações... Mikael Åkerfeldt (Opeth), tem álbuns em que ele alterna o canto gutural com o limpo. No Necropsya, já foi cogitada essa possibilidade? É algo que podemos esperar de vocês num disco futuro?
Henrique Vivi: Nem a pau! (risos) Complementando a pergunta anterior... se um dia a gente inventa de colocar uma voz minha limpa cantando melodias, morre boa parte da nossa identidade sonora. Não que isso seja totalmente impossível, mas ainda não houve alguma situação nas nossas músicas em que o vocal não precisasse ser agressivo.
RtM: Após terem aberto shows para bandas como Master, Overkill, Krisiun, Holocausto, Torture Squad entre tantas outras, mais uma turnê na Argentina e uma mini tour aqui no Brasil com a banda argentina Traxxion Etilica, o que mais marcou vocês e o que trouxeram dessas experiências?
Henrique Vivi: Em poucas palavras – coletividade, respeito, admiração. Todas as bandas que você mencionou nos fizeram crescer de alguma maneira e somos muito agradecidos em tocar com estes caras. Fazer um excelente show com estas bandas já garante o sorriso de qualquer um, então imagine poder tirar um tempo para conversar com eles nos bastidores, ter dicas, saber onde melhorar e ainda tomar umas geladas. Isso marca demais!
RtM: Hoje em dia como vocês avaliam a cena underground do Paraná?
Henrique Bertol: É uma pergunta complicada, pois sei que avaliar no geral é perigoso. Mas certas coisas já vimos que estão começando a mudar, que anos atrás eram coisas certas. Tem muito mais fatores envolvidos nos sucesso ou não de um evento hoje em dia, não é mais como no passado. Felizmente, as casas tem melhorado, e o nível das bandas tem se mantido em alta. Aí tudo facilita pra organizar boas noitadas e promover uma boa interação entre todos envolvidos.
RtM: Necropsya tem mais de dez anos e dois CD’s bem elogiados por revistas de Heavy Metal. Quero saber qual é a avaliação de vocês para a banda.
Henrique Vivi: Estamos começando! É bom saber que evoluímos do começo pra cá, e essa busca não nos deixará no comodismo, sentimos que estamos acertando a mão cada vez mais e agora é lapidar em cima disso para fazer, cada vez mais e melhor. Claro, temos muito a melhorar como banda, mas... estamos começando!
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Celso Costa (bateria) |
Henrique Bertol: Melhoramos na identidade sonora que a gente vem criando, estamos conseguindo moldar a nossa identidade dentro de um gênero e isso é ótimo.
Celso Costa: Estamos tranquilos e felizes com o que fazemos. Garanto que ainda tem muita coisa por vir!
RtM: Agora vamos falar sobre o próximo CD. Como esta sendo o processo de criação?
Henrique Bertol: No momento, estamos no meio da pré-produção das músicas novas, ensaiando elas bastante, e também tocamos algumas nos shows. O Distorted ainda é o nosso material de promoção, então não estamos com pressa... por enquanto!
RtM: Numa entrevista, Mille Petrozza(Kreator), afirmou que os riffs pavimentam o caminho que o álbum irá tomar. Vocês concordam? Os riffs têm essa importância na elaboração dos álbuns de vocês ou isso é secundário?
Henrique Vivi: Não concordo totalmente. É verdade que o rock, sem a guitarra, seria algo diferente. Mas pensar assim na música feita atualmente é complicado, pensamos que um álbum toma um caminho de acordo com a sonoridade de todos os instrumentos envolvidos, não só a guitarra como guia em todas elas. Mas entendo o Petrozza, talvez para o Kreator funcione assim... ainda bem! Mas me parece que é algo que depende de cada um.
RtM: Em termos de letras, o que o público pode esperar dessa vez?
Celso Costa: Durante um fim de semana compondo, demos uma de Metallica na terapia de grupo e saímos escrevendo letras ou idéias para letras, descobrimos que todos tinham ideias boas.
Henrique Bertol: Não está tudo 100% ainda, então nos pergunte novamente ano que vem!
RtM: Vocês tem alguma previsão de quando esse álbum será lançado?
Henrique Bertol: Muita água ainda vai rolar, é muito cedo pra prever uma data de lançamento. Se tudo correr certo, daqui um ano já estaríamos em estúdio, mas hoje, isso é hipotético.
RtM: Vocês no EP “Bandas fora de garagem” tem a música “Determinação” e no segundo disco as músicas “Utopia” e “Stress” estão em português. Nesse novo álbum vai ter alguma música em português?
Henrique Vivi: Certeza que sim! Sempre há a vontade de experimentar letras que soem bem em português sem perder as características do metal, do gutural, etc. Esse é um trampo nem sempre fácil, e será com certeza um desafio para o próximo trabalho.
RtM: Tem bandas de heavy metal que cantam em seu idioma de origem. Como por exemplo, Rata Blanca (Arg) e Midnight Priest (Pt). Vocês têm o intuito de gravar algum álbum ou EP com músicas cantadas somente em português?
Henrique Vivi: Difícil dizer. Hoje é algo que sabemos que não aconteceria, mas quem sabe em um lançamento futuro? Até pensar assim hoje em dia é difícil, só o faremos se tivermos certeza que não passaremos vergonha perto do trabalho destas bandas!
Henrique Bertol: Mas não tenham dúvida que a gente tem vontade, todo mundo aqui ficou boquiaberto com o “Peste” do Claustrofobia. Os caras deram um importante passo nesse sentido, é um belo parâmetro de referência.
RtM: Como foi a recepção do público após a divulgação do single “Isolation”?
Celso Costa: Até o momento está sendo positiva! Para receber uma pergunta exclusiva, não há como ser ruim! (risos). O Dennys Rocha (responsável pelo vídeo) fez um vídeo e tanto para a música, então só contribuiu para o bom retorno de quem já ouviu. No youtube.com/necropsyabr o pessoal pode conferir o clipe e também o making of da música!
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Banda toca em Rio Negrinho/SC durante o Zoombie Ritual Fest em dezembro |
RtM: Como está a agenda de shows de vocês? Conte-nos sobre o convite que vocês receberam para tocar no Zoombie Ritual que ocorrerá em dezembro deste ano.
Henrique Vivi: Temos show no Hangar Bar, aqui em Curitiba, no comecinho do feriado, dia 06/09. Além disso, tocaremos no fim de semana do dia 14/09 em Pato Branco no Metal Massacre Fest IV, Curitibanos/SC dia 22/09, Blumenau/SC dia 20/10, e sim, o Zoombie foi recentemente confirmado, ficamos honrados de dividir esse cast violento! Estamos igualmente ansiosos com esta agenda do segundo semestre.
Celso Costa: Temos algumas propostas de shows, assim que confirmadas serão devidamente divulgadas, então quem quiser ficar atento, no nosso site www.necropsya.net a agenda está disponível na página principal.
RtM: Queria agradecer à vocês pela entrevista e também pela atenção. Boa sorte para vocês com esse novo álbum. Sintam-se a vontade e deixem um recado.
Celso Costa: Agradecemos demais pela oportunidade Luiz, valeu mesmo! Convidamos a todos a conhecerem o trabalho da banda no site oficial – todo nosso material envolvendo músicas do Distorted e do EP Bandas para ouvir de graça, informações, fotos, vídeos, compra de material, notícias e agenda, além de acesso rápido ao facebook, canal de youtube e contato via e-mail está lá. Um abraço a todos e agradecemos demais.
Um grande abraço a todas as pessoas e empresas que nos apoiam: Dennys Rocha (nosso quarto integrante praticamente), KR Drums, Escola de Música Edi Tolotti, Audionose Estúdio de Ensaios e Metal Media Management. Um alô especial á todos que tem nos acompanhado via internet, ido aos shows e dado uma força adquirindo nossos materiais. Apoie o independente, tem muita banda séria no meio que procura seu espaço. Nos vemos na estrada e até breve!
Entrevista:
Luiz Edmundo
Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
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