O risco de um sujeito não aceitar certas culturas dentro do Rock/Heavy Metal é quase que 90%. No final dos anos 80 em diante, vimos diversos tipos de etnias musicais se casando com o gênero, promovendo variados "casamentos" com o Metal (todo mundo lembra da parceria Aerosmith e Public Enemy). Eu (Gabriel), no papel de ouvinte, costumo dizer que ainda estou na fase de aprendizado, e ouvindo “Bloodlust”, 6º disco dos americanos do Body Count, aprendi um pouco mais.
A gangue, de 6 pessoas,ampara expressões generalizadas, destacando a visão anti-política e de menções sobre a vida dentro crime, prostituição e drogas, assuntos que geralmente são abordados em grupos de Rap e Hip Hop, já que o vocalista e líder do grupo, Ice-T, vem dessa ideologia musical e traz tais argumentos nas suas letras. Mas a musicalidade é algo a ser evidenciado aos intolerantes, pois o álbum nos põe a dar socos na parede, tal a adrenalina provocada pela forte dose de Thrash Metal e Crossover.
Produzido novamente por Will Putney, a sonoridade do disco é carregada de peso, marcada por uma produção madura e versátil, apresentando um instrumental punhado de agressividade com poucos traços de melodia e timbres limpos. A capa é modesta, baseada em afrontantes tons, deixando bem claro o que se passa durante o álbum.
É difícil apontar qual música é melhor, trazendo um encaixe perfeito de riffs pesados entre a base rítmica, que esbanja precisão e energia, além das rimas que são interpretadas por Ice-T e o reforço de alguns samples, deixando o trabalho abrasivo e reto. Vale o voto de confiança, porque “Bloodlust” é um verdadeiro murro na cara! E bem dado!
Toda a atenção já é voltada pra amarga “Civil War”, ousando com boas viradas de bateria e solos de guitarra. E a faixa conta com a participação de Dave Mustaine (Megadeth), preludiando a música com uma narrativa; “The Ski Mask Way” carregada de um andamento mensurável, fundindo os tons de Rap e Hip Hop; “This Is Why We Ride” vem com ondas mais melódicas, mas não perde a densidade com o peso das guitarras; “All Love Is Lost” derruba tudo com total gravidade, contando com Max Cavelera nos backing vocals.
Antes de iniciar a 5º música, Ice-T faz um rápido depoimento abordando as suas influências, entre elas Black Sabbath, Suicidal Tendencies e Slayer, e essa última que ele faz a homenagem com uma releitura brutal e moderna de “Raining In Blood/Postmortem 2017”; “God, Please Believe Me...” passa uma mensagem comovente, guiada de boas melodias e transmitindo todo o sentimento presente nela de forma curta; a porrada é alastrada em “Walk With Me...”, abrangendo bastante elementos de Thrash e Death Metal, onde Randy Blythe (Lamb OfGod) rouba a cena em algumas linhas vocais.
“Here I Go Again” (não, não cover do Whitesnake, haha) marca módulos temíveis e amedrontadores, levando a sonoridade por caminhos mais arrastados; “No Lives Matter” é outra que engaja nuances de Rap e Hip Hop, apresentando boa quebra de ritmos e de refrão pulsante; a cerca é fechada com a dobra entre “Bloodlust” e “Black Hoodie”, encerrando o disco de maneira rigorosa e abrasiva.
Certamente tem tudo pra ser um dos principais álbuns do estilo, e que com certeza vai calar a boca dos ‘mimizentos’ de plantão.
A era de ouro do Rock, sem dúvida, se deu na velha Inglaterra, por volta da década de 60 e metade dos 70, onde grupos como The Shadows, The Beatles, Rolling Stones, Animals, Yardbirds entre outros, moldaram grandes hits que continuam vivos e atuais. Mas isso não seria viável se os americanos, na 50º aurora, não compartilhassem o segredo do sucesso, passado de geração pra geração. E neste presente tempo, em meio à nova política americana, o Adrenaline Mob, que representa uma nova geração, segue o jogo, e chega ao seu terceiro disco, “We The People”, lançado no Brasil pela Hellion Records.
O grupo, liderada pelo vocalista Russel Allen e o guitarrista Mike Orlando, únicos membros a permanecerem desde o inicio, continuam exibindo a nova tendência no que contemplamos hoje dentro do Heavy Metal: sinais mais modernos, onde o peso e o groove se evidenciam com vitalidade e supremacia, descolando uma boa quantia de melodia e técnica, experimentando um pouco de tudo da antiga escola americana com alguns traços do Metal tradicional e Hard Rock, mas com traços de originalidade.
No ambiente sonoro, a produção do álbum prima por uma sonoridade carregada e banhada a peso, sem deixar de ecoar fases mais claras e flexíveis. O peso é perceptível do começo ao fim, claro, mas as melodias abrangem uma tonalidade nítida e de fácil aproximação, que só os artistas da terra do Tio Sam conseguem por em prática. A capa, mais uma vez disposta por Mark Sasso, expõem novamente a figura do esqueleto em pose presidencial, com o bem e o mal ao seu lado, sendo protegido pelos seus seguranças ao fundo.
Poderia apenas dizer que o disco é simplesmente moderno e pesado. Mas vai muito além, pois a banda consegue enquadrar vários caminhos musicais, volvido de uma postura orgânica e fascinante. E pra lembrar a banda já teve, no comando das baquetas, Mike Portnoy (ex-Dream Theater) e AJ Pero (Twisted Sister, falecido há dois anos vitima de ataque cardíaco), encontrou em Jordan Cannata um substituto que assegura a qualidade atrás do kit de bateria.
O disco abre com a grooveada “King Of The Ring”, que no começo faz um apanhado das músicas que a banda gravou nos primeiros dois álbuns, partindo pros riffs agressivos e ácidos, apresentando também solos bem técnicos; “We The People” funde uma pegada mais swingada e ganchuda, mostrando variação entre peso e melodia. E o Russel Allen explora linhas vocais que vão do mais ríspido ao limpo; “The Killer’s Inside” possui nivelados andamentos, cursado de diferentes tempos e de uma dinâmica entrosada na parte rítmica;
“Chasing Dragons” arranca primorosas melodias, não afetando o peso e a energia da banda, detonando com andamentos precisos e rápidos; a banda senta mão novamente em “What You’re Made Of”, imprimindo nuances rítmicas (ótima estreia do baixista Erik Leonhardt e do baterista Jordan Cannata) e riffs bem elaborados, incluindo um refrão celestial; “Raise ‘Em Up” é construída por elementos compactos e bruscos, cadeada por um equilíbrio harmônico e técnico.
“Blind Leading The Blind” é dirigida de belas melodias, numa canção menos densa e de arranjos sofisticados, resultando numa bonita ‘powerballad’; “Lords Of Thunder” é criada de timbres triunfais em seu começo, que logo flui com riffs destrutivos e claras melodias; o disco, como de costume, encerra com um cover, dessa vez pra “Rebel Yell”, do Billy Idol, com uma versão mais pesada sem alterar o ar Pop dos anos 80.
Justamente quando escrevia esta resenha, soube do trágico acidente envolvendo a van que transportava a banda (14 de julho), a qual estava à beira da estrada para reparo de um pneu, e sofreu uma colisão, causada por um caminhão. Do acidente, resultou a morte do baixista David Zablidowsky e da tour manager Jane Train. Nós da equipe do Road To Metal desejamos conforto aos familiares dos falecidos e uma boa recuperação aos demais sobreviventes.
Um projeto diferente e que tinha
tudo para ser interessante se não fosse pelos excessos que o mesmo apresenta.
Vou explicar melhor, o novo
projeto do guitarrista italiano Gabriele Bellini (um dos maiores da Itália em
seu instrumento e também um dos principais apoiadores do underground em seu
país), o JMP - Jam Movie Project (2017), formado por ele na guitarra, Claire
Nesti nos vocais e Agostini na bateria traz a ideia de uma jam com a trilha
sonora de diversos filmes e suas vertentes, indo do Halloween à clássicos como
Titanic e 007.
O EP é composto por cinco faixas,
mas que transitam por momentos diferentes, sendo que cada faixa chega a quase
vinte minutos de duração. Os excessos a que me refiro nem são aos temas
escolhidos, mas como eles se desenvolvem ao decorrer do trabalho, Claire tem
uma bela voz, e também uma boa versatilidade para a parte lírica, porém os
exageros líricos impostos fazem você não querer ouvir o trabalho novamente, não
que a moça não tenha talento, mas querer transformar cada trilha sonora em algo
operístico soa desnecessário e enjoativo.
Bellini esta mais contido e não
demonstra toda sua técnica e precisão, deixando algo mais climático e sendo
guiado pelas trilhas. O legal é que ao decorrer da audição você vai
reconhecendo certas trilhas sonoras como a do filme O Exorcista e Titanic, que
de longe ficaram as melhores versões, mas que pecam pelo exagero lírico. “High
Way To Hell” do AC/DC também dá as caras (já que serviu muitas vezes como pano
de fundo de muitos filmes) e soa bem legal, com Claire não usando o seu poder lírico
e sim a sua voz normal, pena que esta é apenas um pequeno trecho.
No mais é possível encontrar
trilhas de filmes como Matrix, Halloween, Star Wars dentre outros. Um projeto
diferente, mas que deixa a desejar pelo caminho que resolveu seguir.
A figuraça, podemos dizer lendária, o "Evil Elvis" Glenn Danzig, que traz em seu currículo bandas como o Misfits (com que voltou a se reunir para alguns shows) e Samhain, chega ao 11° álbum, intitulado "Black Laden Crown", com sua banda solo.
Os quatro primeiros álbuns merecem a alcunha de excelentes, no mínimo muito bons, porém, desde "Danzig 4" Glenn não conseguia fazer eu me empolgar com um novo trabalho, e confesso que até pensei que ele poderia apresentar algo novo com os Misfits, mas não foi o que ocorreu. Danzig retorna com este "Black Laden Crown", álbum que, se não pode ser colocado ao lado dos 4 primeiros, é sem dúvida o melhor desde então.
Por que não pode ser colocado entre os 4 primeiros? Bom, é um álbum que traz grandes momentos, que remetem àqueles primeiros álbuns, por isso cravo com certeza que é o melhor trabalho desde "Danzig 4". Porém, há algumas faixas menos inspiradas, momentos em que Glenn soa como uma auto-paródia, mas que não comprometem o saldo final.
A arte de capa também está muito legal, naquele estética HQ, outra forma de arte a qual Glenn também é aficcionado, tendo sua própria editora (Verotik). Cinema também é outra paixão do vocalista, tendo já atuado e dirigido. Glenn Danzig também chegou a se oferecer e fazer audições para o papel de Wolverine, quando começaram a produzir o primeiro filme da franquia X-Men.
A sonoridade traz aquele Heavy Blues soturno, pesado e com andamento mais moderado, como a faixa título, mas também momentos mais "rockers' e mais acelerados, como em "Devil on Hwy 9". A produção sonora também soa mais suja, com a bateria um pouco abafada, acredito que propositalmente, para dar um ar mais cru e old school na gravação. Lembremo-nos que Glenn é afeito a equipamentos analógicos e old school. O álbum foi produzido pro Glenn, que também tocou vários instrumentos, sendo que o destaque (ou curiosidade) fica por conta dos vários bateristas que participaram do disco.
Entre os destaques, as citadas acima, a própria faixa título, "Black Laden Crown", que vem nessa linha Blues soturna. Com guitarra estridente e andamento arrastadão, ela dá uma acelerada no final; "Devil on Hwy 9" é mais acelerada, com riffs pesados e carregados de harmônicos. Faixa que remete aos melhores momentos do baixinho invocado. Temos que registrar que, mesmo que a voz de barítono já apresente as sequelas do tempo, Danzig está cantando bem, no alto dos seus 62 anos.
Seguindo com mais destaques, a minha preferida, "Last Ride", que também me traz ótimas recordações da época do primeiro álbum e do "How the Gods Kill". Um Heavy Blues com andamento meio tempo, aquele jeitão soturno; O peso dos riffs marcantes, graves e também carregados de harmônicos de "But a Nightmare" me cativou. Cozinha pesada e bem marcada neta faixa pesada e de andamento moderado, mas que vai aumentando gradativamente a velocidade, terminando em pancadaria.
Seguindo o destaque de minhas preferidas, "Pull the Sun", que vem com um ar menos soturno e mais melodioso, com linhas de vocais marcantes de Danzig. No restante das 9 faixas, canções preponderantemente soturnas, com andamentos mais meio tempo e arrastadas, soando grave, por vezes abafado, como em "Skulls & Daisies" e "The Witching Hour".
"Black Laden Crown" mostra que Glenn ainda tem capacidade de meter o pé na porta, e traz excelentes momentos, os quais carregam tranquilamente os de menor brilho. Com certeza seu melhor trabalho desde "Danzig 4".
Conforme as gerações vão passando,
grandes revelações tentam entrar em cena para dar continuidade no que foi
começado numa determinada época. Do finalzinho dos anos 90 e de 2000 em diante,
populares nomes como Therion, Within Temptation, Epica, Nightwish e entre
outros, definiram bem a índole do Symphonic Metal, gênero que ainda é seguido por muitos nos dias de hoje, tendo representas fortes e tradicionais. Seguindo essa nova leva, vindo de Boston
(EUA), eis que o Seven Spires apresenta o álbum “Solveig”, lançado
nacionalmente pela Hellion Records Brasil.
Neste ‘debut’, o quarteto
obedece bem às regras no Symphonic Metal, como a influência da música clássica e melodias graciosas, mas a banda vai muito além desses "clichês" já tradicionais, conseguindo fazer interagir o requinte clássico com boa dose de peso e
vocais agressivos (Adrienne Cowen, também vocalista do Light and Shade, foge dos tradicionais vocais líricos do estilo, apresentando variações interessantes), trazendo algo de inovador e moderno. Buscando essa originalidade e fuga do lugar comum, mostra personalidade e um jeito único de compor.
Em questão de sonoridade, o álbum
imposta equilíbrio, tangendo uma qualidade imprescindível ao estilo, a qual também soa orgânica, difundido
bem os pontos mais radiantes e pesados, chegando à soma final com a mixagem e
masterização dos conceituados produtores Sascha Paeth e Miro, que deram o toque
final para que tudo soe bonito e apurado. A capa exibe o aspecto teatral,
transparecendo detalhes decorados e elegantes.
O vasto repertório, fechado com 15
músicas, nos coloca em abundantes experiências, com canções altamente
energizadas e precisas, digerido por autênticos arranjos de guitarra, vocais
que vão do limpo ao mais violento. A parte rítmica soa precisa, e o
teclado faz papel magistral nas composições da banda. Sei que pode ser exagero da
minha parte, mas aqui tudo soa bem e perfeito.
Não é tarefa fácil escolher quais
são os principais destaques desde disco, mas já começo com a “Encounter”, que
possui um andamento duro e carregado, onde as partes sinfônicas da os sinais de
grandiosidade; “The Cabaret Of Dreams” gaba ações teatrais, explorando raízes
clássicas com ricas harmonias e orquestrações bem encaixadas; “Choices”
evidencia o peso das guitarras com riffs intricados e solos virtuosos, além do
baixo e a bateria exibirem concordância no quesito rítmico; “Closure” abrange
seu poder de fogo, mas que ganha tonalidades polidas com os arranjos de piano e
os vocais melodiosos no refrão.
“100 Days” introduz um clima mais
suave, trabalhado nos pianos, teclados e vocais limpos, não demorando muito pra
guitarra e o baixo entrarem de forma explosiva; “Paradox” chega destruindo
tudo, detido de passagens extremas e linhas vocais agonizantes, seguindo a
mesma textura para “Serenity”, assimilando com maestria vocais ríspidos e
limpos no refrão; “Distant Lights” é guiada de energia, impulsionada por um
andamento mais Power e rápido; “Burn” é caracterizada pela técnica e dinamismo,
como se fosse um resumo do disco inteiro em longos 8 minutos, o qual encerra com a
bombástica “Ashes”;
Que discaço! Aqui o Seven Spires
passou da prova do primeiro disco, e merece notas altas pelo trabalho bem feito!
Fundada na Catânia (Sicília, Itália), em 1997, inicialmente batizado Metafora, em seguida mudando para Metatrone (cujo nome significa "O Trono Metafísico de Deus"), esta talentosa banda de Progressive/Power Metal, onde se ressaltam as melodias elaboradas, belos timbres e técnica apurada, foi evoluindo em todos os termos, sejam musicais, como líricos, desenvolvendo uma forte identidade. Logo após o tecladista David Brown tornar-se sacerdote, uma nova fase se iniciou, tomando a banda de forma natural, e buscando inspiração em temas espirituais e cristãos, além de tocar em temas sociais fortes, tornando-se uma das mais populares dentre as bandas deste segmento, mas que possui admiradores e seguidores na cena Metal em geral. (English Version HERE) Ano passado a banda lançou seu terceiro full-lenght, "Eucharismetal" (Rockshots Records), aclamado como o melhor e mais completo do grupo até agora, atraindo ainda mais atenção, e abrindo mais portas para o Metatrone, que elevam a bandeira do Progressive Power Metal, com sua sonoridade técnica, carregada de sentimento e grandes melodias. Conversamos com o guitarrista Stefano Ghigas Calvagno, que nos contou um pouco da história da banda, comentando sobre o mais recente álbum e os demais trabalho, além de assuntos ligados a cena Metal e ao delicado tema do preconceito de algumas pessoas a estilos e ideologias diferentes dos seus, quando devemos mesmo é repeitar ao próximo e nos ater ao amor à música.
"Como artista, se queremos ser chamados de artistas, todos nós temos a responsabilidade de evitar a criação de paredes nas comunicações, e a música é a maneira mais forte de comunicação."
RtM: Olá Stefano, antes de tudo, obrigado pela oportunidade de falar sobre a banda. Gostaria que começasse nos contando um pouco do início do grupo, e porque vocês começaram a se interessar em formar uma banda de Metal.
Stefano Ghigas: Obrigado a você, Carlos! Bem, acho que a razão mais importante foi a nossa paixão natural pela música. Por de volta em 97, ainda nos chamávamos Metafora, e já costumávamos compor Metal com letras em italiano. Nossa primeira Demo foi lançada no final de 1997, intitulada "Reazioni e Memorie". Sim, nós definitivamente adoramos a música, e a Metal Music ainda mais, com certeza.
Cada um de nós, no Metatrone, estava de alguma forma envolvido no mundo da música, mesmo antes de nos aproximarmos de uma banda. É mais do que um simples sonho tornado realidade.
RtM: E quais fatos especificamente os fizeram mudar o nome para o Metatrone e também a direção temática e musical?
SG: É um trabalho árduo, estamos focados no desafio de fazer a nossa música chegar ao mainstream, e como uma das mais populares do mundo cristão/católico e do Power/Prog na cena atual, é uma questão de nossa identidade e mensagem. O ponto de virada para se tornar a banda que somos agora deve ser encontrado na decisão de David Brown (nosso tecladista e growler), o qual entrou no caminho para o sacerdócio. Ele abriu uma nova e mais definida identidade para banda, que inspirou tudo em nossa composição, mesmo que seja preciso dizer que todos nós não sentimos nenhuma constrição. Foi gratuito e compartilhado por todos os membros da banda (na época, tivemos vários bateristas e baixistas). E mesmo agora que David não é mais um sacerdote (como você deve saber, ele lançou um comunicado oficial em abril deste ano, através da nossa assessoria sobre isso!) A inspiração e a identidade da banda não mudaram.
RtM: Você sente que há alguma resistência à direção cristã da banda? Vocês já tiveram algum problema? Visto o preconceito, não só com bandas que abordem temática cristão, mas isto existe até entre bandas e fãs de estilos diferentes de Metal.
SG: Bem, não é tão fácil ser o Metatrone, você sabe, porque é realmente difícil fazer pessoas cristãs gostarem de Metal e perceberem que é simplesmente e definitivamente um gênero musical, além de permitir que pessoas não religiosas ou ateias compreendam que o Metal e o cristianismo podem viver na mesma concepção artística. Existe uma abordagem defensiva quase invencível a uma comunhão tão nova e inesperada, em ambas as posições culturais, na verdade.
Nós tentamos todo tempo mostrar com uma mente aberta e genuína, que isso é possível. Nós sempre tentamos demonstrar por esse lado crítico todas as vezes que temos a chance. Nós não somos pregadores, nunca fomos; Nós não agimos como pregadores, e a banda não nasceu assim, quero dizer, para evangelizar as pessoas e fazê-las encontrar a conversão. Além disso, escolhemos tocar Heavy Metal para contrariar a ideia histórica corrompida de que o Metal (bem como o Rock em geral) é naturalmente preenchido com negatividade, violência e todas essas besteiras.
"Não Somos Pregadores; Não agimos como....Não somos uma banda cristã ... somos cristãos headbangers que tocam numa banda de Metal, porque adoramos!"
RtM: Ainda vemos muitos casos de discriminação por parte de produtores e até outras bandas.Em um mundo atual em que se prega o respeito à diversidade, temos muito que evoluir ainda.
SG: Acreditamos que nestes tempos precisamos ser suficientemente maduros para quebrar esses malditos estereótipos e expulsá-los da própria vida. No final, depois de mais de dez anos de atividade musical, até a igreja católica de que pertencemos ainda não está preparada para uma banda, e para uma ideia como a do Metatrone, ser plenamente reconhecida. É somente pela mente aberta de alguns sacerdotes que sempre agradecemos que fomos aclamados pela instituição religiosa oficial. Apesar de todas essas dificuldades, podemos realmente dizer que, de qualquer forma, há uma infinidade de pessoas que nos amam e nos apoiam desde o início, muitos fãs de todo o mundo que concordam conosco e acreditam em nossas músicas, que gostam da música e das letras.
Recebemos e continuamos recebendo o apoio total de muitos segmentos protestantes, talvez porque costumam unir mais a Fé e Rock/Metal do que os católicos. Nós obtivemos respeito e reconhecimento por parte da imprensa laical e religiosa do Rock e Metal. Nós tivemos apoio de muitos selos de Metal importantes em todo o mundo também. Então, não vamos desistir, cara. Ainda estamos agora dizendo ao mundo: não somos uma banda cristã ... somos cristãos headbangers que tocam numa banda de Metal, porque adoramos! É a declaração mais simples, mas mais correta que já dissemos até agora!
RtM: Eu acho que qualquer tipo de discriminação é algo estúpido, e o que importa é a música, vale tanto para uma banda de Black Metal que se recusa a tocar com bandas de White Metal como o oposto. Por exemplo, não sei se você lembra do que aconteceu com Dave Mustaine, que se recusou a subir no palco por discordar da temática de uma banda que estaria no mesmo festival.
SG: Não Carlos, eu não sei o que aconteceu exatamente com Dave Mustaine (que é um dos meus guitarristas favoritos, aliás), mas acho que basicamente não é apenas um problema das bandas. Temos um grande amigo querido que toca numa banda não-religiosa ou Black metal, então, o que há? Nós não teríamos problemas em compartilhar o mesmo palco com todos eles, e eles fariam o mesmo. Um problema são os fãs, pelo menos as pessoas. O outro problema são os músicos. Como artista, se queremos ser chamados de artistas, todos nós temos a responsabilidade de evitar a criação de paredes nas comunicações, e a música é a maneira mais forte de comunicação, é claro. Se você lê entre as linhas da nossa música, nós nunca, e eu repito, nunca dissemos nada denegrindo o Extreme Metal e Black Metal também. Se não concordarmos com a mensagem, devemos respeitar a pessoa que está por trás disso, devemos fazê-lo. É tão difícil de conseguir isso?
"Se não concordarmos com a mensagem, devemos respeitar a pessoa que está por trás disso, devemos fazê-lo. É tão difícil de conseguir isso?"
RtM: Sábias palavras!
SG: Faço um exemplo. Eu acho que você conhece Schizo, uma das mais importantes bandas italianas de metal extremo de todos os tempos. Eles são bons amigos de todos os membros do Metatrone, com certeza. Bem, pense nisso: Metatrone e Schizo vão tocar no mesmo festival de Metal, talvez próximos de outras bandas também de estilos diferentes. Os fãs estarão realmente prontos para isso? Se eu fosse o promotor do festival, começaria a suar e perguntar a mim mesmo: "Eu venderei bilhetes do festival suficientes para cobrir todas as despesas ou obter algum ganho com isso? Haveria problemas de ordem pública durante o show?". E assim por diante ... Então, os fãs do dia poderão respeitar o ponto de vista de todos os artistas, música e mensagem, e os músicos param de construir paredes de uma incompreensão defensiva. Bom, vemos bandas de Black e White Metal tocando em nome do Metal e liberdade.
RtM: Lembro-me de uma frase de Michael Sweet (Stryper), que disse que não queria que os rotulassem White Metal, que eles são realmente uma banda de cristãos que tocam Heavy Metal. O que você diria sobre o Metatrone? Você já temeu que a banda seria relegada ou limitada a qualquer nicho?
SG: Ha ha ha! Eu não conhecia essa frase de Michael até agora! Mas o Metatrone segue por esse mesmo caminho. Como eu disse, nós éramos, somos e seremos Metalheads cristãos que amam a música Heavy Metal e vamos tocá-la até que nossos braços, pernas e vozes resistam, não importa em qual rótulo que as pessoas nos coloquem!
RtM: Falando um pouco sobre os seus álbuns, começand com o full-lenght de estreia "La Mano Potente", que ganhou uma versão em inglês, "The Powerful Hand". Você percebeu que já havia um público para a banda fora da Itália e então investiram nessa versão alternativa?
SG: Não, não foi uma decisão comercial. Quando gravamos as músicas de "La Mano Potente", já gravamos as versões para The Powerful Hand, que apresenta algumas faixas que por outro lado, você não encontra na versão italiana. Não foi uma simples tradução. É uma característica típica do Metatrone. Responde a uma necessidade comunicativa. O italiano, o inglês, o espanhol e o latim são algumas das línguas que usamos para escrever nossas músicas. Portanto, não os consideramos como "versões alternativas" da maneira clássica em que você possa pensar.
"Éramos, somos e seremos Metalheads cristãos que amam a música Heavy Metal e vamos tocá-la até que nossos braços, pernas e vozes resistam, não importa qual o rótulo nos coloquem!"
RtM: E como você descreveria em termos sonoros e direção musical desse álbum (The Powerful Hand)?
SG: TPH é um álbum muito mais orientado para o AOR, nossa primeira experiência em fundir algumas inspirações clássicas do AOR com esses elementos típicos de bateria e riffing power metal. Tudo bem "limpo" nesse álbum, com todas as coisas colocadas em ordem. Já fazem 10 anos ... Uau ... Estamos ficando mais velhos ...(risos)! Sim, é um álbum muito melódico. Como qualquer um de nossos trabalhos, fala tudo sobre nós, sobre o que éramos naquela época e sobre as coisas e acontecimentos que estávamos passando, incluindo o ingresso de David no caminho do sacerdócio, o que descrevemos na música "Mirror City Train", a rainha de velocidade do álbum.
RtM: Em "Paradigma", parece-me que a banda incorporou mais elementos do Prog Metal, além de trazer músicas em diferentes idiomas, como italiano, espanhol, inglês e latino. Conte-nos um pouco sobre esse álbum.
SG: Sim, o "Paradigma" é um desses álbuns que você pode colocar como um ponto de mudança. Nós o preenchemos com nuances mais progressivas. Soa mais Dark, penso eu, provavelmente por causa dos tons mais baixos de guitarra e um som de alta intensidade da sessão rítmica. É um álbum mais maduro, é claro. É o álbum que mostra a identidade da banda, tanto na música como nas letras. Paradigma é uma declaração católica cristã completa, desde o título do álbum até cada significado das músicas. Mas é também um concentrado de energia. É um álbum de Metal em sua natureza mais profunda.
RtM: Ele traz também esta característica, de ter músicas em vários idiomas.
SG: Como você sabe, contém música em todas as linguagens que usamos, apenas para aumentar nossa ressonância artística. Em particular, a música chamada "Hombre" foi a nossa primeira tentativa com a língua espanhola. Como o Metatrone ganhamos muitos fãs de todos os países latinos da América do Sul e Central, que achamos que seria justo ter uma música espanhola no track-list. "Sanctus 3" (bem como Ave Maria em "La Mano Potente" e Regina Coeli em nosso último álbum novo), é uma música com letras latinas. Este é outra característica típica em nossos álbuns. É definitivamente um tributo à nossa origem e tradições latino-romanicas, às quais às vezes somos inspirados.
RtM: Após seis anos, vocês apresentaram um novo álbum, "Eucharismetal", que, além das mudanças no line-up, vem sendo saudado como o melhor trabalho da banda.
SG: "Eucharismetal" trouxe o Metatrone para um nível superior. Ele representa a banda em seu melhor neste momento. Como você pode ver novamente, escrevemos músicas em inglês e na língua italiana. Algumas músicas são mais explícitas, em outras elas se mantêm mais enigmáticas, mas todas as músicas são escritas com espírito e ponto de vista católico. Estamos realmente orgulhosos deste álbum! O álbum foi composto nos últimos 2 anos, e foi gravado no Castel Rock Studios em Mascalucia (CT) por Ignazio Schirone e eu, e depois mixado e masterizado na TRP Music Studios (Tremestieri Etneo, CT) por Riccardo Samperi, nosso Engenheiro de som tradicional já. Ótimos tempos!
"'Eucharismetal' trouxe o Metatrone para um nível superior. Ele representa a banda em seu melhor neste momento."
RtM: Gostaria que você falasse sobre as principais diferenças de "Eucharismetal" em relação os álbuns anteriores e como os resultados estão até agora.
SG: O novo álbum é mais pesado, mais rápido e mais Metal do que os nossos anteriores. "Eucharismetal" é o estado da arte na composição do Metatrone, e traz definitivamente o melhor line-up da banda até agora. Todas as músicas estão mais agressivas e melódicas ao mesmo tempo. Todos soam melhores e mais próximos dos ouvidos do ouvinte, como queríamos que fosse. Os rosnados de David tornaram-se fundamentais para a identidade do Metatrone, e mais partes de vocais guturais foram usadas como você perceberá, mais do que em "Paradigma". "Eucharismetal" saiu após a mudança de line-up. O baixista Dino Fiorenza e o baterista Salvo "T-Metal" Grasso entraram juntos e realmente foram importantes para dar à banda um novo horizonte, trazendo uma nova onda deslumbrante de energia e entusiasmo. O papel deles nas composições foi crucial. A abordagem virtuosa do Dino no baixo deu uma nova vida à seção rítmica. Salvo, que não é apenas um grande baterista, foi muito importante na composição geral e até mesmo na definição dos vocais finais, sendo que ele é um cantor muito bom também.
RtM: "Eucharismetal" também foi elogiado por temas fortes, como os abordados em "Molokai" e "Alef Dalet Mem", então eu gostaria que você nos contasse um pouco mais sobre essas faixas.
SG: "Molokai" é talvez uma das canções mais pesadas do álbum inteiro, e foi escrito em oposição a fanáticos religiosos, mas especialmente a quem se encontra no mundo cristão e católico. Assim como Saint Damien, que cuidava de pessoas com lepra na ilha de Molokai, nós condenamos a lepra espiritual dos fanáticos. "Alef Dalet Mem", que representa a antiga palavra hebraica AD (A) M ("homem"), é uma música que fala sobre abuso infantil. É um tópico cruel, você sabe, e sentimos que tínhamos que escrever uma música sobre essa vergonha humana. Como músicos de Metal e cristãos, sentimos que devemos falar sobre a vida real, que é feita de alegrias, lágrimas, raiva, esperança, misericórdia e humanidade no final.
RtM: Algo que chamou minha atenção quando ouvi a banda, é que, apesar de um instrumental muito técnico, vocês nunca negligenciam as melodias, muito impressionantes.
SG: Esta é uma das características mais importantes do Metatrone. Melodia no vocal é o acorde final de qualquer música. É o primeiro elemento em que trabalhamos. É o caminho principal para o trabalho completo. Sempre foi e sempre será. A melhor música que você pode criar é a que você sempre pode cantar em voz alta. A melodia é a testemunha de toda a nossa história musical.
"É bastante incomum ter um padre em uma banda de Metal que toca teclados de forma virtuosa e faz vocais guturais!"
RtM: Outro elemento interessante é o vocal gutural, algo não muito comum em bandas de Prog e Power Metal.
SG: Os growl vocals lentamente tornaram-se outra característica típica da banda. Depois de "In Spe Resurrectionis", que contém esses vocais guturais em língua italiana na parte central da música, escolhemos usar em outras duas músicas, "Passion" e "Heavenly Field", que foram adicionadas como faixa-bônus na edição de Paradigma 2017. Agora, David é definitivamente um tecladista e um "growler" no Metatrone. Esta mistura de vozes melódicas com partes raivosas de guturais funciona bem, e representa o que realmente somos e o que queremos ser como banda Prog/Power Metal em 2017.
RtM: Lembrando sobre o sacerdócio de Bruno, um fato que atraiu a atenção foi que a banda tinha um sacerdote católico em sua formação. Como foi para conciliar esta questão? As pessoas ficaram surpresas ao descobrir que Bruno tocava em uma banda de Metal, e vice versa (uma banmda de Metal com um padre?
SG: O sacerdócio de David começou quando entrou nos estudos teológicos dentro do seminário principal. Ele tomou as ordens sagradas em 2010. Mas ele era, de qualquer forma, um músico de Metal e metalhead, e ele continuava tocando Metal durante sua formação dentro do seminário, e foi assim que nasceu La Mano Potente. Nunca encontramos oposição dos anciãos no sacerdócio e até mesmo o Papa Bento XVI foi informado sobre a existência do Metatrone. Bem, é bastante incomum ter um padre em uma banda de Metal que toca teclados de forma virtuosa e faz vocais guturais! De qualquer jeito, como eu lhe disse antes, David deixou o sacerdócio em abril de 2017, depois de um longo período de reflexão, com uma comunicação oficial que postamos nas redes sociais. Era muito difícil continuar tocando na banda e liderar um sacerdócio, então ele tomou sua decisão e agora ele continua sua missão artística com o Metatrone na forma laical, como músico cristão.
RtM: E qual é a grande missão do Metatrone neste universo da música e do Heavy Metal?
SG: Queremos ser nós mesmos e tocar a música que adoramos cumprindo com a nossa própria vida e agradecemos ao nosso Senhor pelo presente incrível da música. A música é vida, Metal é música, então Metal é vida!
RtM: Stefano, obrigado pela oportunidade de conversamos sobre todos esses assuntos e sobre a história da banda. Reservo o espaço para sua mensagem final.
SG: Bem, nós realmente agradecemos Carlos, por esta ótima oportunidade, por esta boa entrevista. Desejamos agradecer do fundo dos nossos corações a todos os nossos fãs na América do Sul e Central por serem tão legais e por apoiar a banda até agora! Estamos trabalhando para organizar alguns eventos e algumas datas ao vivo nesse maravilhoso país, então mantenha a fé viva e fique conectado às redes sociais da banda para as próximas novidades!
Ame a vida, as pessoas e ame a música Metal! Que o Senhor abençoe cada um de vocês! Vejo-os em breve.
Founded in Catania (Sicily, Italy) in 1997, initially baptized Metafora, then changing to Metatrone (whose name means "Metaphysical Throne of God"), this talented Progressive/Power Metal band, where the melodies elaborated, beautiful timbres and accurate technique, has evolved in all terms, musical and lyrical, developing a strong identity. Shortly after keyboardist David Brown became a priest, a new phase began, taking the band in a natural way, seeking inspiration in spiritual and Christian themes, as well as playing on strong social themes, making it one of the most popular among bands of this segment, but that has admirers and followers in the Metal scene in general. (Leia aqui a versão em português)
Last year the band released their third full-lenght, "Eucharismetal"(Rockshots Records), acclaimed as the group's best and most complete album so far, drawing even more attention, and opening more doors for Metatrone, which raise the flag of Progressive Power Metal, with their technical sonority, loaded with feeling and great melodies. We talked with the guitarist Stefano Ghigas Calvagno, who told us a bit of the history of the band, commenting on the latest album and previous ones, as well as subjects related to the Metal scene, and themes like the delicate subject of prejudice of some people with styles, ideologies and thoughts different of yours, when what really matters is the respect for all people and love for the music.
"As artist, if we want to be called artist, we all have the responsibility to avoid creating walls in communications, and music is one the strongest way of communication."
RtM: Hello, first of all, thanks for the opportunity to talk about the band. I would like you to start by telling us how the band came about
Stefano Ghigas: Thanks to you, Carlos! Well, I think the more important reason we went out it was our innate passion for music. It was back in ’97 when we used to be named as Metafora. We already used to write and sing metal music with Italian lyrics at that time. Our first demo was released in the end of 1997, entitled “Reazioni e Memorie”. Yes, we definitely love music, and Metal music even more, that’s for sure.
Each of us, in Metatrone, was somehow involved in music world even before we came togheter as a band. It’s more than a simple dream come true.
RtM: And what facts specifically made them change the name to Metatrone and also the thematic and musical direction? SG: It’s hard work, it’s focusing the challenge to make our music out in the mainstream and as one of the most popular Christian/Catholic power/prog metal band in the present scene, it’s a matter of our identity and message. The turning point to become the band we are now must be found in David Brown’s (our keyboards player and growler) decision to enter the way for the priesthood. It opened a new and more defined identity of the band that inspired all in our songwriting, even if it must be said that we all did not feel any constriction. It was a free and shared by all band members (at that time we had different drummer and bass player). And even now that David is a priest no more (as you might know he released an official press communication past on April this year, through our management about that!) band’s inspiration and identity didn’t change at all.
RtM: Do you feel that there is some resistance to the Christian direction of the band? Have you ever had any problems?
SG: Well, it’s not so easy to be Metatrone, you know, because it’s really hard to make Christian people like Metal music and let see it’s simply and definitely a musical genre, as well as to let non religious or atheist people understand the metal and Christianity can live togheter in the same artistic conception. There’s an almost invincible defensive approach to such a new and unexpected communion, by both cultural positions, really.
We tried all times to show with an opened and genuine mind that it is possibile instead. We always tried to demonstrate this critical matter all the times we hand the chance to do that. We are not preachers, we never were; we do not act as preachers and we weren’t born as band, I mean, to evangelise people and make them find conversion. Furthermore we did choose to play heavy metal to epurate it from the historical corrupted idea that metal (as well rock music) is naturally filled with negativity, violence and all those bullshits.
"We are not preachers, we never were; we do not act as preachers...we aren’t a Christian band… we are Christians metalhead who play in metal band, because we love it!"
RtM: Because we still seeing many cases of discrimination on the part of producers and even other bands. In today's world where respect for diversity is preached, we still have a lot to evolve.
SG: We think times should be enough mature now to break these fucking stereotypes and throw them out from life itself. In the end, after more that ten years of musical activity, even Catholic church we belong to is still not prepared for a band and for an idea like the one in Metatrone, to be fully recognised. It’s only by the opening mind of some priests we always be grateful to that we have been acclaimed by official religious institution. Despite all these difficulties, we can truly say that there are anyway myriad of persons who love us and support us since the beginning, a lot of fans from around the world that agree with us and believe in our songs, who like the music and lyrics.
We received and still receive full support from many Protestant confessions, maybe because they used to merge faith and rock/metal music more than Catholics. We got respect and acknowledgement from both laical and religious rock and metal press. We got favour of many important metal labels all around the world too. So, we won’t give up, man. We are still now to say to the world: we aren’t a Christian band… we are Christians metalhead who play in metal band, because we love it! It’s the more simple but correct statement we ever said up to now!
RtM: I think that any kind of discrimination is something stupid, And what matters is the music, because both some Black Metal band that refuse to play with bands of White Metal, and the opposite, as happened with Dave Mustaine, who refused to go on stage for disagreeing with the theme of a band Which would be in the same festival.
SG: No Carlos, I don’t know what happened exactly with Dave Mustaine (which is one of my favourite guitar player, by the way) but I think it’s basically not only a problem of the bands. We have a lot of dear friend who play in non-religious and/or Black metal band, so what’s up? We would not have any problems to share the same stage with them all, and they would do the the same to us. One problem are the fans, people at least. The other problem are the musicians. As artist, if we want to be called artist, we all have the responsibility to avoid creating walls in communications, and music is one the strongest way of communication, of course. If you read between the lines in our music, we never, and I repeat, never said something denigrating about Extreme Metal and Black Metal as well. If we do not agree with the message, we must respect the person who’s behind it, we have to. Is it so difficult to arrange?
"If we do not agree with the message, we must respect the person who’s behind it, we have to. Is it so difficult to arrange?"
RtM: Wise Words! SG: I make an example. I think you know Schizo, one of the most important Italian extreme metal band ever. They are good friend of all Metatrone members, that’s sure. Well, think this: Metatrone and Schizo are gonna playing in the same metal festival, maybe close each others in the band list. Would be fans really ready for that? If I was this festival promoter I’d start sweating and asking to myself: “Would I sell enough festival tickets to cover all the expenses or get some gain from it? Would be there public order problems during the show?” And so on… So the day fans will be able to respect all artists’ point of view, music and message, and musicians stop building walls of a defensive-oriented incomprehension, well we’ll see black and white metal bands play togheter in the name of metal and freedom.
RtM: I remember a phrase from Michael Sweet (Stryper), who said he did not want them to be called White Metal, that they are actually a heavy metal Christian band. What would you say about Metatrone? Did you ever fear that the band would be relegated or limited to any niche?
SG: Ha ha ha! I did not know this Michael’s phrase up to now! But Metatrone are pretty on the same way. I said, we were, are and will be Christian metalheads who love metal music and play it until our arms and legs and voices will resist, no matter what label people prepared for us!
RtM: Speaking a little bit about the albums, the full-length debut "La Mano Potente", which won an English version, "The Powerful Hand". Did you realize that there was audience for the band outside of Italy and then invested in this alternative version?
SG: No, it was not a commercial decision. When we recorded the songs of La Mano Potente, we had already recorded the English ones for The Powerful Hand, which features some tracks on the other hand you don’t find in the Italian version. It’s not a translation. It’s a typical Metatrone feature. It responds to a communicative need. Italian, English, Spanish and Latin are some of the languages we used to write our songs. So we do not consider them as “alternative versions” in the classic way you might think of.
"Music is life, Metal is music, so Metal is life!"
RtM: And how would you describe in sonorous terms and musical direction the album "The Powerful Hand"?
SG: TPH is pretty a more AOR oriented album, our first strike to merge some classical AOR inspirations with those typical drumming and riffing power metal elements in it. It’s all quite “clean” in that album, with all things placed in order. It’s been 10 years ago… Wow… We’re getting older.. Eh eh! Yes it’s a very melodic album. As any of our works, it speaks all about us, it sounds about what we were at that time and the things and happenings we were getting through, including David’s entering the priesthood way, as we sing in "Mirror City Train", the queen speed track of the album.
RtM: In "Paradigma", it seems to me that the band incorporated more elements of Prog Metal, besides also bringing songs in different languages, like Italian, Spanish, English and Latin. Tell us a little about this album.
SG: Yes, "Paradigma" is one of that album the you can lead as a changing point. We filled it with an overall more progressive inspired mood. It sounds quite more dark, I think, probably for a fully d-tuned solution for guitar riffing and a raging higain sound of the rhythmic session. It’s a more mature album, of course. It’s the album that set forth band’s identity, both in music both in lyrics. Paradigma it’s a complete Christian Catholic statement from album title to each main significant in the songs. But is is also a concentrate of energy. It’s a metal album in its deepest nature.
RtM: It also have this feature, of having songs in several languages. SG: As you know it contains song in all the languages we had used, just to increase our artistic resonance. In particular the song called “Hombre” was our first try with Spanish language. As Metatrone we gained so many fans from all Latin Countries of Center and South America, that we thought it would be righteous to have a Spanish song in the final track list. Sanctus 3 (as well as "Ave Maria" on "La Mano Potente" and "Regina Coeli" in our last new album), is a song with Latin lyrics. This is another typical issue in our album. It’s definitely a tribute to our Latin and Romanic origin and traditions, which we are sometimes inspired too.
RtM: After six years, you have presented a new album, "Eucharismetal", which, in addition to the changes in the line-up, has been hailed as the best work of the band.
SG: "Eucharismetal" brings Metatrone to a higher level. It represent the band as its best way at this moment. As you can see again we wrote songs in English and Italian language. Some songs are more explicit some others they keep themselves more cryptic, but all songs are written with a Catholic spirit and point of view. We are really proud of this album! The album have been written along the past 2 years, and it was recorded at Castel Rock Studios in Mascalucia (CT) by Ignazio Schirone and me, and then mixed and mastered at TRP Music Studios (Tremestieri Etneo, CT) by Riccardo Samperi, our hystorical sound engineer. Great times!
"'Eucharismetal' brings Metatrone to a higher level. It represent the band as its best way at this moment."
RtM: I would like you to talk about the main differences of "Eucharismetal" in relation to the previous ones and how the results are so far.
SG: The new record is heavier, faster and more metal than our previous ones. “Eucharismetal” is the state of the art in Metatrone songwriting, and it’s definitely due to the awesome line up the band went to. All the songs sound more aggressive and melodic at the same time. All sound bigger and closer to the listener’s ears, as we wanted it to be. David’s growls have become fundamental for Metatrone news metal identity and more growling parts have been recorded as you can hear, more than in Paradigma. “Eucharismetal” comes out after the change in line up. Bassist Dino Fiorenza and drummer Salvo “T-Metal” Grasso entered togheter and there were really important the give the band a new horizon, bringing a stunning new wave of energy and enthusiasm. Their role in the songwriting was crucial. Dino’s virtuoso approach on bass gave a new life to the rhythmic section. Salvo, who is not only a great drummer, was very important in the overall songwriting and even for the definition of the final vocals, being himself a very cool singer.
RtM: "Eucharismetal" has also been praised for strong themes, such as those covered in "Molokai" and "Alef Dalet Mem", so I would like you to tell us a little more about them.
SG: "Molokai" is maybe one of the heaviest songs of the whole album, and it was written in opposition to any religious fanatics, but especially those who lies inside Christian and Catholic world. Just like Saint Damien, who took care of people with leprosy in Molokai island, we betray the spiritual leprosy of fanatics. "Alef Dalet Mem", that stands for the ancient Hebrew word AD(A)M ("man"), is a song who speaks about child abuses. It's a raw topic, you know, and we feel we have to write a song about this human shame. As metal musicians and Christians we feel we have to talk about real life, which is made of joys, tears, rage, hope, mercy and humanity in the end.
RtM: Something that caught my attention when I heard the band, is that, despite the very technical instrumental parts, you never neglect the melodies,always striking.
SG: This is one of the most important characteristics of Metatrone. Melody in vocals is the final chord of any song. It’s the first element that we work on. It’s the leading path to the complete work. Is alway was and always will be. The best song you can create is the one you can always sing aloud. Melody states as the heartbeat of all our musical history.
"Well, it’s quite uncommon to have a priest in a metal band who play keys in a virtuoso way and who sing in growls!"
RtM: Another interesting element is the guttural vocals, something not very common in bands of Prog and Power Metal. I'd like you to comment about that.
SG: Growl slowly became another typical feature in band’s way. After "In Spe Resurrectionis", which contains an Italian language growl in the middle part of the song, we choose to record growls in another two songs, “Passion” and “Heavenly Field”, that have been added as bonus track in Paradigma 2017 reissue. Now David is definitely a keyboard player and a growler in Metatrone. This mix of melodic vocals with raging growling parts works great and it represents what we really are and what we want to be as a prog/power metal band in 2017.
RtM: A fact that attracted attention was that the band had a Catholic priest in your line-up. How was it to reconcile this question? Were people surprised to discover that Bruno played in a Metal band?
SG: David’ priesthood began when he entered the theological studies inside the main seminary. He took the sacred orders in 2010. But he was anyway a musical and a metalhead and he kept playing metal during his formation inside the seminary, and that’s how "La Mano Potente" was born. We never found opposition by the ancients in the priesthood and even Pope Benedictus XVI has been informed about Metatrone existence. Well, it’s quite uncommon to have a priest in a metal band who play keys in a virtuoso way and who sing in growls! Any way as I told you before, David left the priesthood on April 2017, after a long period of thought, with an official communication the we delivered on socials. It was too much difficult to keep playing in the band and lead a Parrish, so he made his decision and now he continues his artistic mission with Metatrone in the laical form, as a Christian musician.
RtM: And what is Metatrone's great mission in this universe of music and Heavy Metal?
SG: We want to be ourselves and play the music we love fulfilling it with our own life and thanks our Lord for the awesome gift of music. Music is life, Metal is music, so Metal is life!
RtM: Stefano, thank you for the opportunity of this conversation. I let the space for your final message.
SG: Well, we really thank you Carlos, for this great opportunity, for this nice interview. We wish to say thanks from the depth of our hearts to all our fans in Center and South America to be so cool and for supporting the band so far! We are working to arrange some promotion and some live dates in this wonderful country, so keep the faith alive and stay connected to the band on socials for upcoming news about!
Love life, people, and love metal music! May the Lord bless each one of you! See ya soon.