quinta-feira, 10 de julho de 2025

Cobertura de Show: Best Of Blues And Rock – 15/06/2025 – Parque Ibirapuera/SP

Assim como no dia anterior, e durante toda a semana, a temperatura continuava em queda, trazendo um daqueles frios que nos obriga a nos enfurnar em camadas de roupa para ficar minimamente aquecidos. Mesmo assim, os fãs de classic rock seguiram firmes rumo ao Parque Ibirapuera para o quarto e último dia do Best of Blues and Rock, que teve como headliner o Deep Purple junto com a Judith Hill e os brasileiros do Hurricanes. Em comparação aos dias anteriores, este dia teve menos atrações – todas de excelente qualidade – proporcionando ótimas experiências para quem esteve presente.

O início das apresentações, diferente do dia anterior, aconteceu mais tarde, com os trabalhos começando pontualmente às 17h20. Formados em 2016 e com dois discos lançados, os gaúchos do Hurricanes carregam em seu caldeirão musical as influências do rock das décadas de 60 e 70. Mesmo diante de um público relativamente pequeno, a banda entregou um show enérgico e, ao mesmo tempo, emocionante – especialmente por parte do vocalista Rodrigo Cezimbra, que se destacou durante toda a uma hora que esteve em cima do palco.

O repertório foi uma mescla de faixas dos dois discos lançados pela banda, todas executadas com instrumentos característicos da época, como o baixo Rickenbacker, a guitarra Gibson SG e o órgão Hammond, além de duas vocalistas de apoio que deram ainda mais força às canções. Músicas como “Weary Hearted Blue”, com seu andamento climático, combinaram perfeitamente com o pôr do sol que surgia ao fundo; a bluesy “Through the Lights” e a melódica “Flower” – escrita em homenagem ao filho de Rodrigo Cezimbra – também se destacaram e conquistaram rapidamente o público. “Devil’s Deal” foi a mais aplaudida entre as 11 músicas selecionadas, apesar de um imprevisto com Leo Mayer, que teve uma corda da guitarra arrebentada logo no início da execução. Ainda a tempo, com o instrumento trocado, a banda fez questão de retomar a música do começo. “With a Little Help from My Friends”, cover dos Beatles, trouxe um clima de despedida afetiva, deixando todos com um sorriso no rosto.

Igual a Larissa Liveir, muitos também não tinham feito a lição de casa em relação a Judith Hill, onde ela e sua banda se apresentarem pela primeira vez no Brasil. No entanto, com uma pesquisa rápida, é possível descobrir que se trata de uma cantora com bastante experiência, com o nome ligado a trabalhos com Michael Jackson, Prince, Stevie Wonder, entre outros. Desde 2015, a cantora americana segue em carreira solo, sendo Letters from a Black Widow seu trabalho mais recente.

Com sua impressionante voz, Judith presenteou a plateia – que a essa altura já era bastante volumosa – com uma apresentação intensa e vibrante. Cada música, transitando entre o soul, funk e blues, deixou até os fãs mais roqueiros do Deep Purple boquiabertos, não só pelo talento da americana, mas também pela competência da banda que a acompanhava, demonstrando eficiência e entrosamento do início ao fim. Além de sua potência vocal, Judith também se destacou como guitarrista, mantendo o instrumento em mãos durante todo o show e mostrando grande habilidade.

Mais um ponto para o time do Best Of Blues And Rock por ter trazido um nome que ainda não é tão conhecido por aqui, despertando em nós, brasileiros, a curiosidade de descobrir talentos que raramente ganham espaço na mídia nacional. Em resumo foi um excelente show, daqueles que merecem aplausos a cada música.

O Deep Purple é uma daquelas bandas que sempre demonstrou um carinho especial pelo Brasil. A cada nova turnê promovida, o país entra na rota obrigatoriamente – somando, com o show realizado no Best Of Blues And Rock, nada menos que 15 visitas. É bem provável que, em uma dessas passagens, você, caro leitor, já tenha tido a chance de vê-los ao vivo. E sim, fui assistir aos ingleses por dois motivos. O primeiro é óbvio: trata-se de uma banda formadora de caráter, um verdadeiro pilar da "santíssima trindade" do rock, ao lado do Black Sabbath e do Iron Maiden. O segundo é o fato de ser a única banda no mundo que se apresenta de forma totalmente autêntica: sem overdubs, sem playback, sem bases pré-gravadas ou qualquer artifício técnico. Só músicos, instrumentos e verdade no palco.

Quem foi ao show acabou se deparando com o mesmo repertório do ano passado. Muitos esperavam novidades, especialmente a inclusão de “Perfect Strangers”, aguardada por grande parte do público. Mas, mais uma vez, ela ficou de fora. Como não vieram de uma sequência intensa de shows, a banda teve mais tempo para se preparar, o que resultou em uma apresentação superior à do ano anterior. A abertura com “Highway Star”, seguida de “A Bit On The Side”, já mostrou toda a excelência dos músicos, com destaque para o baterista Ian Paice e o baixista Roger Glover, que seguem formando uma das melhores bases rítmicas do mundo.

A sequência de “Hard Lovin’ Man” e “Into the Fire” fez muitos se perguntarem, de imediato: como Ian Gillan lidaria com o desafio vocal dessas músicas? Com quase 80 anos, é natural que ele já não tenha a mesma potência de antes, mas ainda consegue sustentar um bom alcance dentro do que é possível, continuando sendo, até hoje, um dos vocalistas mais influentes da história do rock. Em vários momentos, demonstrou seu carisma agradecendo e interagindo com o público. 

Simon McBride, que vem substituindo o grande Steve Morse com maestria, teve o seu momento com um solo maravilhoso de guitarra, que abriu caminho para a majestosa “Uncommon Man”, tirada do álbum Now What?! e dedicada ao antigo e saudoso tecladista Jon Lord, conforme mencionou Gillan após o encerramento.

“Lazy Sod” é a prova de que a banda continua com sua criatividade aflorada. Ela, assim como “A Bit On The Side” e “Bleeding Obvious” – executada mais adiante – faz parte do trabalho mais recente, =1, lançado no ano passado. Além disso, a faixa também abriu caminho para um dos momentos mais hilários da noite com “Lazy”, outra pérola da carreira da banda, que levou um casal próximo deste repórter a dançar freneticamente. Nessa música, Don Airey, sempre bem-humorado, antecedeu a execução com um breve solo de teclado e brindou a plateia com uma cerveja – diferente das outras vezes, em que fazia o brinde com uma taça de vinho. Esse solo se estendeu após a calma “When a Blind Man Cries” – acompanhada por uma iluminação toda azulada – e “Anya”, que, para mim, foi o melhor momento do set. No segundo solo da noite, Don Airey homenageou o Brasil com “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, e ainda surpreendeu ao incluir a famosa introdução de “Mr. Crowley”, composta pelo próprio para o Ozzy Osbourne.

Antes de encerrar a primeira parte, veio uma dobradinha de sucessos do Machine Head, começando com “Space Truckin’” e finalizada com “Smoke on the Water”. Por mais que muitos já estejam cansados de ouvi-la, não tem jeito... É impossível não se render ao maior riff da história e ao refrão, que fez todo mundo cantar impulsivamente. O desfecho dessa apresentação marcante veio com “Hush”, antecedida pela instrumental “Green Onions”, e “Black Night”, que, como de costume, contou com os tradicionais “ô, ô, ô” acompanhando os riffs. Um final perfeito!

Usando as mesmas palavras da resenha do show do ano passado, o Deep Purple é uma daquelas bandas que você sempre quer ver de novo assim que o show termina. Apesar da idade avançada da maioria dos integrantes – com exceção de Simon, que é mais jovem – os músicos ainda demonstram um vigor jovial impressionante, que promete se manter por bastante tempo, tanto em futuros álbuns quanto em apresentações ao redor do mundo.


Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Mariana Dantas (Hurricanes, Judith Hill) / Bárbara Matos (Deep Purple)


Realização: Dançar Marketing 

Press: Marra Comunicação 


Hurricanes – setlist

Penny In My Pocket

Over The Moon

Waiting

Come To The River

Weary Hearted Blues

The Bird’s Gone

Flowers

Devil’s Deal

Thunder in the Storm

Through The Lights

With a Little Help From My Friends


Judith Hill – setlist

I Can Only Love You by Fire

Fire (Ohio Players cover)

Gypsy Lover

Runaway Train

Burn It All

Give Your Love to Someone Else

Dame De La Lumière

Flame

You Got It Kid

Cry, Cry, Cry


Deep Purple – setlist

Highway Star

A Bit on the Side

Hard Lovin' Man

Into the Fire

Uncommon Man

Lazy Sod

Lazy

When a Blind Man Cries

Anya

Bleeding Obvious

Space Truckin'

Smoke on the Water

Bis

Green Onions (Booker T. & the MG’s cover)

Hush (Joe South cover)

Black Night

terça-feira, 8 de julho de 2025

Cobertura de Show: Possessed– 19/06/2025 – Burning House/SP

Ano passado quando o Possessed se apresentou no Vip Station em SP, o vocalista lendário Jeff Becerra publicou nas suas redes sociais nossa matéria que fizemos aqui na Road to Metal, espalhando a consideração e o respeito que temos pelo maior representante vivo e criador do death metal do século XX. Esse peso histórico que a banda possui quando está em território brasileiro não passa só por uma atração do “feriado com a banda certa”, mas por serem criadores de uma técnica e jeito de tocar com letras hostilizantes que fez do Possessed uma lenda entre bandas, fãs e seguidores de todo mundo. Fizeram um show histórico! Nesse nessa única apresentação no Brasil, o clássíco disco da capa mais consagrada da história do death metal na carreira do Possessed foi tocado na íntegra: Seven Churches que completou 40 anos agora em 2025.

Antes do massacre sonoro, a abertura ficou por conta da banda Throw Me to the Wolves. Aparentemente novos na cena, mas com músicos experientes, o quinteto formado por Diogo Nunes (vocal), Gui Calegari (guitarra), Lucas Oliveira (guitarra), Rodrigo Gagliardi (baixo) e Maycon Avelino (bateria) flertavam entre a linha mais melódica do death metal e metalcore durante seu set, que incluiu “Fragment”, “Gates of Oblivion” e “Gaia”. Não foi uma banda que acompanhou o estilo clássico da banda principal, mas fizeram uma apresentação pontual e muito honesta. Vale destacar para som ao vivo, que usaram plugins de guitarra e baixo transmitidos direto nas caixas sem usar os amplificadores - o que não tirou o peso da banda.

Com um pouco de atraso mas casa lotada, Jeff Becerra é ovacionado ao entrar no palco e fez um show com voz 100% afiada para o repertório da noite - visto que ano passado seu vocal estava prejudicado pela extensa turnê sul americana e mudanças no clima - porém, desta vez e de forma exclusiva, conseguimos ouvir a intensidade, potência e o carisma com a energia de 17 anos de quando gravou seu primeiro disco. Abriram com “The Eyes of Horror” seguida de “Tribulation” e “Demon”, do espetacular último álbum disco de estúdio, Revelations of Oblivion (2019).

A sequencia mais esperada estava pronto pra começar: “The Exorcist”, “Pentagram”, “Burning in Hell” e “Evil Warriors”, seguidas por “Seven Churches”, “Holy Hell”, “Satan’s Curse” e, pra fechar sem tempo pra respirar, “Death Metal”. É quase inexplicável sentir a banda tocar esse disco na sua frente de forma fiel, alinhado e com uma execução impressionante em todos os sentidos. Não havia nada de volume sobrando ou notas fora do tempo ou fora do compasso no contratempo. Todos os timbres de guitarra vindos do Marshall, solos de guitarra, a bateria muito bem equalizada, baixo pesado na cara e a ótima estrutura de som da casa deixou uma sensação de um show intimista onde a banda estava muito a vontade para tocar. Ainda tiveram gás para tocar “Graven” e “Swing of the Axe” do Revelations of Oblivion (2019). A sintonia com o público e a simpatia de Jeff Becerra, Daniel Gonzalez, Claudeous Creamer (que encontramos do lado de fora horas antes do show tirando fotos, conversando e bebendo com os fãs), Robert Cardenas e Chris Aguirre fazem do Possessed um patrimônio cultural histórico do metal.

Após o final do show, Jeff Becerra atendeu autógrafos e fotos com o público, totalmente agradecido pela noite que estivem em São Paulo. Mesmo com a data trocada do show, a sensação de sair do lugar é de sentir que algo está mais vivo do que nunca e pode-se começar tudo de novo. Esse é um exemplo de legado que o Possessed deixa para cena mostrando o quanto um clássico pode ser vivido, desafiado ao vivo e continuar emocionando o antigo e o novo público desse século e do século passado.


Texto: Roberto Bertz


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Dark Dimensions

Press: JZ Press


Possessed – setlist:

The Eyes of Horror

Tribulation

Demon

Seven Churches

The Exorcist

Pentagram

Burning in Hell

Evil Warriors

Seven Churches

Satan's Curse

Holy Hell

Twisted Minds

Fallen Angel

Death Metal

Bis

Graven

Swing of the Axe

sábado, 5 de julho de 2025

Wacken Open Air 2025 Promete Ser Uma Das Edições Mais Memoráveis Da História Do Festival


Por Gabriel Arruda 

O Wacken Open Air, considerado o maior e mais importante festival de Heavy Metal do mundo, chega à sua 34ª edição prometendo ser uma das mais inesquecíveis de sua história – como, aliás, todas as anteriores.

Programado para acontecer no próximo dia 30 de julho até o dia 2 de agosto e com ingressos já completamente esgotados, o festival transformará a pequena vila de Wacken, no estado de Schleswig-Holstein, na Alemanha, em um verdadeiro ponto de encontro para headbangers do mundo inteiro.

O festvial reúne uma gama diversificada de bandas dentro do universo do Heavy Metal, abrangendo subgêneros como Thrash Metal, Black Metal, Power Metal, entre muitos outros. Mais de 200 atrações se apresentarão em 10 palcos. Entre os principais nomes desta edição estão Guns N' Roses, Machine Head, Papa Roach, Gojira, Dimmu Borgir, King Diamond, entre outros grandes nomes do gênero.

Muito além da música, o público também poderá conferir workshops, batalhas medievais, feiras temáticas e até uma igreja dedicada ao metal. Para acomodar tudo isso, o local conta com uma estrutura impressionante de milhares metros quadrados, destinado para abrigar áreas de camping, alimentação, lojas e postos médicos – tudo para receber os headbangers da forma mais completa possível.

O Wacken Open Air não é apenas um festival de música, e sim um verdadeiro encontro de tribos, onde fãs de diferentes nacionalidades e idades se reúnem para celebrar a paixão pelo metal. 

domingo, 29 de junho de 2025

Cobertura de Show: Best Of Blues And Rock – 14/06/2025 – Parque Ibirapuera/SP

Listar todas as bandas mais influentes da história do rock não é tarefa das mais fáceis. Ainda em 2025, algumas lendas continuam por aí, lançando discos e fazendo shows ao vivo. Uma dessas lendas é Vincent Damon Furnier, mais conhecido como Alice Cooper, que voltou ao Brasil após sete anos no último dia 14 de junho, sábado, como parte do segundo fim de semana de Best of Blues and Rock – festival que vem ganhando cada vez mais destaque no calendário cultural, não só de São Paulo, mas de todo o país.

Com uma carreira que se estende por décadas, Alice é um dos pioneiros do chamado shock rock. Seus shows oferecem uma verdadeira experiência teatral, com guilhotinas, cobras e referências a filmes de terror – tudo isso para garantir um espetáculo completo. Aos 77 anos, ele ainda mantém o alto nível de suas apresentações. Quem esteve no festival, realizado no Parque Ibirapuera, viveu um momento de pura energia, aplausos, gritos e diversão.

No terceiro dia de festival, além de Alice Cooper, tivemos a participação de três nomes importantes da cena nacional. Às 16h, os guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho – ao lado dos bateristas André “Pinguim” Ruas e Bruno Graveto, o baixista Denis “Mascote” Rodrigues e o vocalista Rafael Carleto –, que fizeram parte do Charlie Brown Jr., abriram o evento. A trupe animou o público que chegou cedo, matando a saudade dos grandes hits como “Me Encontra”, “Céu Azul”, “Te Levar Daqui”, “Hoje Eu Acordei Feliz”, “Luta Pelo Que É Meu” e “Zóio de Lula”, sucessos absolutos dos anos 90 e 2000.

Marcão e Thiago foram o centro das atenções com seus riffs e solos marcantes. Além de demonstrarem toda a habilidade na guitarra, os dois interagiram com o público, demonstrando alegria e gratidão por participarem do festival. Antes de “Só Os Loucos Sabem”, Thiago falou sobre a importância da trajetória do Charlie Brown Jr., que já soma 30 anos, com 10 discos lançados e diversos singles executados nas principais rádios do país. Ele pediu respeito a essa história, valorização do que é nosso e que nunca esqueçamos das bandas nacionais. O repertório ainda incluiu “Como Tudo Deve Ser”, dedicada a Chorão e Champignon, e “Tamo Aí na Atividade”. A apresentação terminou com chave de ouro ao som de “Proibida Pra Mim”.

Muitas pessoas, assim como eu, se perguntaram quem era Larissa Liveir minutos antes de ela subir ao palco. A segunda atração do dia é uma das grandes revelações da guitarra atualmente. Seus vídeos viralizaram no TikTok e no YouTube, o que ajuda a entender seu rápido sucesso. Aqueles que a acompanham nessas plataformas tranquilizaram os que não a conheciam com elogios – que logo se confirmaram quando ela começou o show com “Whole Lotta Love” (Led Zeppelin), seguida por “Sad But True” (Metallica) e “War Pigs” (Black Sabbath).

O repertório foi uma homenagem aos ícones do rock, mas o mais interessante foi ver como Larissa conseguiu imprimir sua própria personalidade em cada um dos clássicos. A seleção ainda incluiu “Johnny B. Goode” (Chuck Berry). 

Além de talentosa, Larissa mostrou ser carismática e não escondeu a emoção de estar no festival ao lado de grandes nomes. Um dos momentos mais especiais foi quando Nita Strauss – usando uma camiseta do Sepultura e que mais tarde tocaria com Alice Cooper – surgiu de surpresa para toca “The Trooper” (Iron Maiden) ao lado da novata. Sem dúvida, o ponto alto da apresentação.

Essa estreia ao vivo no Best of Blues and Rock mostrou que um futuro promissor aguarda Larissa. Com tanto talento e empatia, ela certamente atrairá a atenção de patrocinadores, bandas e artistas de renome.

O Black Pantera, terceira atração do dia, elevou o nível da noite com sua mistura de hardcore, punk e metal. Um mês após participarem do festival Bangers Open Air, Charles e Chaene Gama (vocal, guitarra e baixo, respectivamente), junto com Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria), mostraram mais uma vez por que são uma das bandas que mais crescem no cenário brasileiro. Mesmo diante de um público que não costuma ser associado ao estilo da banda, o trio conquistou novos fãs por meio de faixas como “Candeia” – que abriu o show com muita vibração – , “Provérbios”, “Padrão É o Caralho”, “Mosha” e “Perpétuo”.

Mais adiante, a clássica “Fogo Nos Racistas” marcou o momento de maior interação com o público: todos se ajoelharam a pedido da banda e pularam durante o refrão, o que já é de costume toda vez que ela é executada ao vivo. “Tradução” trouxe uma sensação de calmaria, enquanto “Fudeu” misturou elementos de funk – extraídos dar cordas pesadas do baixo de Chaene – com punk. “Só As Minas”, como o próprio nome indica, promoveu o tradicional mosh feminino.

Perto do final, o trio estreou ao vivo o novo single em inglês, “Unfuck This” – uma excelente tentativa de conquistar espaço no mercado internacional, especialmente após o convite para se apresentarem no Hellfest, na França. “Dreadpool”, “Revolução É o Caos” e “Boto Pra Fuder” encerraram o set com intensidade, deixando o público pronto para a grande atração da noite.

De forma direta e ao ar livre, quase sem rodeios, o palco foi decorado com duas escadas nas laterais, um telão interativo, duas criaturas e uma cortina vertical em formato de jornal, estampando os olhos de Alice Cooper com a frase: “Banned In Brazil! Trial set: for deeds against humanity”, que em tradução livre significa “Proibido no Brasil! Julgamento marcado: por atos contra a humanidade”. Logo após, a cortina foi rasgada ao meio pelo Alice para que, junto com a banda começassem a noite com “Lock Me Up” e “Welcome to the Show”, esta última do álbum mais recente, Road (2023), que fez parte do setlist de 23 músicas. 

Embora continue lançando novidades com certa frequência, Alice decidiu focar nos clássicos, especialmente os da década de 70: hits como “No More Mr. Nice Guy”, “I’m Eighteen” e “Under My Wheels” fizeram o público cantar junto com entusiasmo, hipnotizados pela energia de Alice e pela performance da banda, que atualmente conta com Ryan Roxie, Tommy Henriksen e Nita Strauss nas guitarras, Chuck Garric no baixo e Glen Sobel na bateria.

O início nostálgico também trouxe surpresas. Com som claro e equilibrado, músicas como “Bed of Nails”, “Snakebite” e “Lost in America”, intercaladas com as famosas “Billion Dollar Babies” e “Be My Lover”, deram peso e intensidade à noite. “He’s Back (The Man Behind the Mask)” e a radiofônica “Hey Stoopid” encerraram essa primeira parte do show, com dois momentos inusitados: uma fã empolgada que tentou tirar uma foto com Alice, mas que logo foi esfaqueada pelo Jason (sim, aquele mesmo!), e uma entrada de Kyler Clark, fotógrafo e assistente de Alice, que também não teve um final feliz, sendo apunhalado pelo patrão.

Já nesse ponto, Alice havia conquistado todo o público. E, conforme o show avançava, seu impacto só crescia. “Welcome to My Nightmare” abriu caminho para os momentos mais cênicos da apresentação, com Alice assumindo a pose de uma boneca – como se estivesse torturando em “Cold Ethyl”. Essa cena serviu de introdução para a entrada de Sheryl Goddard, esposa de Alice, que protagonizou uma atuação provocante em “Go to Hell”. A performance preparou o terreno para a clássica “Poison”, cantada a plenos pulmões pelas milhares de pessoas presentes.

É impressionante vê-lo com a mesma disposição de sempre, sem sinais de cansaço, mesmo após tantos anos. Os três guitarristas demonstraram sinergia o tempo todo, trocando sorrisos e criando uma atmosfera contagiante. Ainda assim, Nita Strauss acaba roubando a cena – afinal, é considerada uma das melhores guitarristas da atualidade.

Voltando ao show, o telão atrás do palco exibiu uma antiga cena de Alice com o saudoso Vincent Price – ator e dublador que marcou época e conhecido pela sua narração em “Thriller", do Michael Jackson – anunciando o próximo ato com “The Black Widow”. A música começou com um solo arrebatador de Nita Strauss, enquanto apenas a banda estava no palco fazendo toda a base instrumental como se estivesse fazendo uma 'jam session'. 

Em seguida, Alice retornou amarrado em uma camisa de força para a climática “Ballad of Dwight Fry”, antes de ter sua cabeça cortada na guilhotina durante “Killer”. Nesta parte, Sheryl Goddard voltou ao palco, desta vez caracterizada como Maria Antonieta, dando um beijo em Alice antes de sua decapitação. Ela permaneceu em cena durante “I Love the Dead”, lamentando enquanto segurava a cabeça de seu marido.

“School’s Out” veio em clima festivo, com balões gigantes sendo lançados sobre a plateia e estourando quando se aproximavam de Alice. A performance contou ainda com uma breve palinha de “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, e a apresentação de toda a banda por Alice. Sem dúvida, foi o momento mais animado da noite – mas também o indício de que o fim estava próximo. Antes do encerramento definitivo, ele mandou um “one more” e voltou para o bis, encerrando o show com “Feed My Frankenstein”, que contou com a presença de um Frankenstein gigante no palco.

O Best of Blues and Rock acertou em cheio ao escalar Alice Cooper para abrir o segundo fim de semana do festival. Por se tratar de um artista que não vem com frequência ao Brasil, a espera sempre é angustiante, mas totalmente recompensadora quando, de repente, ele retorna e entrega uma experiência para levarmos conosco pelo resto da vida, que foi caso do show redigido nesta resenha. Mantendo esse nível de energia e entrega, Alice ainda tem muito chão pela frente, pois saúde e disposição ele certamente tem para continuar encantando plateias de antigas e novas gerações pelo mundo afora.





Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Dançar Marketing



Alice Cooper – setlist:

Lock Me Up/Welcome to the Show

No More Mr. Nice Guy

I'm Eighteen

Under My Wheels

Bed of Nails

Billion Dollar Babies

Snakebite

Be My Lover

Lost in America

He's Back (The Man Behind the Mask)

Hey Stoopid

Welcome to My Nightmare

Cold Ethyl

Go to Hell

Poison

The Black Widow

Ballad of Dwight Fry

Killer

I Love the Dead

School's Out

Bis

Feed My Frankenstein

Entrevista: Roy Khan – Redescobrindo O Seu Amor Pelo Metal

Por Amanda Vasconcelos

Fotos: Amanda Vasconcelos (Roy Khan) e Caike Scheffer (Roy Khan e Edu Falaschi)

Roy Khan é um daqueles vocalistas que merecem uma posição de destaque no cenário do Metal – e de forma mais do que merecida –, sendo capaz de conquistar até os menos sensíveis com seu timbre angelical e elegante.

Afastado dos holofotes desde sua saída do Kamelot, em 2011, o norueguês vem reconquistando espaço desde que se reuniu novamente com o Conception. No entanto, foi após sua participação no show de Edu Falaschi, em janeiro do ano passado, em São Paulo, que Khan percebeu o quanto ainda pode ir além. A partir dessa experiência, decidiu investir em uma promissora carreira solo.

Essa nova fase começa oficialmente no próximo dia 5 de julho, com um show imperdível em que ele apresentará o clássico The Black Halo na íntegra, acompanhado por uma orquestra sinfônica.

Em meio aos ensaios, o vocalista conversou com o Road to Metal sobre esse novo momento da carreira. Confira a entrevista!


O que te levou a voltar a compor e cantar? Foi mais como um insight, um chamado interno ou você sentia falta da música no geral?  

RK: Bom, mesmo durante a minha pausa, eu ainda tocava um pouco de piano e compunha algumas músicas. Mas só quando me reconectei com o pessoal do Conception, em 2016, que realmente senti que era algo que eu queria muito fazer de novo, que é voltar à cena do metal.

Acho que foi uma combinação de um chamado interior e de sentir falta disso tudo. Ainda sou muito apaixonado por isso. Eu sou um pouco como um cavalo de circo. No fim das contas, eu meio que sabia que isso acabaria me puxando de volta. Então, aqui estou eu.

A sua forma de cantar através dos anos se transformou, e hoje além de transmitir mais leveza, é tão pessoal que dá a sensação de que você está conversando diretamente com quem te ouve. Esta transformação foi intencional considerando quem você é hoje ou ocorreu naturalmente com o tempo?

RK: Obrigado! Eu realmente aprecio o fato de que as pessoas percebam o meu canto e a minha performance como algo pessoal. Sempre foi importante para mim que tudo o que eu canto e escrevo seja algo que tenha um significado para mim. Acho que isso torna muito mais fácil interpretar de forma convincente. E, claro, minha voz muda com o tempo, minha mente também muda com o tempo – e tudo isso se reflete na forma como eu canto e me apresento.

Em relação ao seu processo criativo, há algum contexto que o favoreça a inspiração (momento, hora do dia, ambiente, humor)? Ele passou por mudanças ao longo de cada projeto?

RK: Ah, boa pergunta. Às vezes, as ideias simplesmente surgem do nada enquanto estou fazendo algo totalmente diferente, aí eu preciso tomar cuidado para anotar ou gravar. Mas quando marcamos uma sessão de composição, sempre tentamos nos afastar da vida cotidiana. A gente se isola numa cabana nas montanhas para garantirmos que não haja distrações e que estejamos em um ambiente que proporcione espaço para a criatividade. E isso sempre foi assim, basicamente.

Suas composições de forma geral, são com base em coisas que você acredita, vivências pessoais, histórias que te marcaram ou apenas é conduzido pela sua inspiração momentânea?

RK: Como eu disse, tudo o que eu escrevo e canto é muito mais fácil de interpretar de forma convincente se eu realmente acreditar naquilo ou tiver algum tipo de conexão pessoal com o tema. Ao mesmo tempo, a inspiração do momento é importante, mas isso não é algo com o qual se possa contar sempre. Então, o ideal é estar em um ambiente, em uma situação, que seja inspiradora de alguma forma.

Tem algo muito bonito na forma como suas músicas acolhem. Você pensa nisso – em quem vai ouvir – quando compõe? Já ouviu algum relato de fã que te emocionou?

RK: Obrigado! É, eu realmente penso em como tudo que eu escrevo pode ser percebido pelo ouvinte. E eu tenho várias experiências de fãs que ouviram minhas músicas e elas realmente significaram algo em suas vidas. Tenho várias cartas em casa de pessoas dizendo que minhas músicas salvaram suas vidas e que também significaram algo em relacionamentos com outras pessoas. E isso, realmente, faz todo esse trabalho duro valer muito a pena.

Como você enxerga sua relação com os palcos? Sentiu que houve mudança de significado em relação à sua performance e entrega emocional?

RK: Sim, como em tudo na vida, acho que a idade e a experiência realmente te deixam mais confiante no que você está fazendo. E isso também se aplica a mim. Eu não sinto que o significado de se apresentar ou a entrega emocional – que sempre foram importantes para mim – tenham mudado. Tudo gira em torno de estar totalmente presente no momento e criar uma conexão especial com o público.

Como você sente o público neste retorno? Os fãs antigos conseguiram caminhar com você até aqui ou você acha que está trazendo um novo público nessa nova fase?

RK: O público é realmente o fator X, ele significa tudo quando se trata de fazer um show de sucesso. Se você não tem o público com você é meio difícil estar lá em cima, embora eu seja profissional e tudo mais, mas isso me afeta de alguma forma. Eu encontro muitas pessoas que me acompanham durante toda a minha carreira – ou pelo menos há muito tempo. E algumas delas trazem amigos, filhos… E é muito legal ver pessoas novas e jovens na plateia. Talvez a coisa mais legal seja ver todas as pessoas que descobriram o Kamelot depois que eu saí e achavam que nunca teriam a chance de me ver ao vivo. Ver que elas tiveram essa chance de me ver no palco me deixa feliz.

Sua parceria com artistas brasileiros como o Edu Falaschi e a banda Maestrick foi algo pontual ou você sente que pode ser o início de algo maior? Podemos esperar mais colaborações suas com músicos daqui?

RK: Sim, é meio engraçado eu ter essa conexão com o Brasil agora. Depois do show no Tokio Marine Hall no ano passado com o Edu Falaschi, a gente começou a conversar sobre fazer algo assim de novo em conexão com o 20º aniversário do The Black Halo.

O Edu é um cara incrível, um grande músico, um excelente compositor e uma pessoa super bacana e gentil. O mesmo vale para o pessoal do Maestrick. Na verdade, neste momento, estou em São José do Rio Preto ensaiando com o Maestrick, porque eles vão ser a minha banda nesse show do dia 5 de julho.

E sim, acho que vem mais coisa por aí. Talvez a gente componha algumas músicas juntos, talvez façamos mais shows juntos. Já tem alguns marcados para este outono. Então, sim, as coisas estão indo muito bem.

Sobre a sua carreira solo, tem algo que você gostaria que a gente, como fãs, soubéssemos desde já sobre esse projeto? E o que podemos esperar do que vem por aí?

RK: Esses primeiros shows em que estou apresentando músicas do Kamelot são, de certa forma, o pontapé inicial da minha carreira solo. E vem mais por aí! Haverá material novo, mais colaborações e... bom, quem sabe o que mais? Estou muito empolgado com tudo isso, e o meu conselho é: fiquem ligados, porque tem mais vindo aí.

O que você gostaria de dizer para quem vai estar na plateia te esperando no dia 05/07, ansiosos por esse reencontro – não só como o artista, mas como o Roy Khan em essência?

RK: Eu, pessoalmente, estou extremamente empolgado com isso. Estou muito feliz por ter essa chance de subir ao palco e cantar essas músicas que significam tanto para mim. Também sei que isso significa muito para muitos fãs, e sou muito grato ao Edu Falaschi por me dar essa oportunidade de tocar para um público como esse. Agora, espero que a gente grite junto, ria junto, chore junto e se divirta o máximo possível. Com certeza vou dar o meu melhor! E espero ver vocês lá no dia 5 de julho, no Tokio Marine Hall, em São Paulo. Aí vou eu!


sábado, 28 de junho de 2025

Cobertura de Show: Best Of Blues And Rock – 08/06/2025 – Parque Ibirapuera/SP

O domingo, 8 de junho, amanheceu com céu limpo e uma expectativa vibrante no ar. Foi ao som de soul, funk e brasilidade que o segundo dia do Best of Blues and Rock 2025 deu início a mais uma jornada musical no Parque Ibirapuera.

Quem teve a honra (e a responsabilidade) de abrir os trabalhos foi a poderosa Paula Lima, em um show especial com o projeto batizado de Soul Lee  uma homenagem vibrante, cheia de afeto e atitude à lendária Rita Lee. Com sua voz potente, presença cativante e um repertório que celebrou o legado de Rita com alma e personalidade, Paula transformou a tarde em um ritual de amor à música brasileira.

O setlist trouxe versões cheias de suingue e sofisticação de clássicos como "Agora Só Falta Você" e "Mania de Você", tudo com o tempero próprio de Paula, que costurou cada música com histórias, reverência e energia. Acompanhada por uma banda afiada e dançante, ela deu novo corpo às canções de Rita, sem perder a essência original, a ousadia e a liberdade. Foi uma abertura afetiva e poderosa dessas que já chegam dizendo a que vieram. O festival começou o segundo dia não só celebrando o rock, mas também reconhecendo suas raízes múltiplas, fortes, femininas e cheias de cor.

Quando o céu escureceu, o Barão Vermelho subiu ao palco  e, em segundos, transformou o festival numa máquina do tempo, onde cada riff parecia abrir uma janela para a história do rock brasileiro. Sem cerimônia, a banda chegou com o peso de quem carrega décadas de estrada e a leveza de quem ainda tem muito a dizer. Foi um show que misturou memória e uma energia crua que só o Barão sabe entregar. O público, que já lotava a área diante do palco, respondeu à altura: braços erguidos, olhos brilhando e vozes entregues em cada refrão de "De Puro Êxtase" e "Pro Dia Nascer Feliz".

Como grande fã da banda em todas as suas formações, não poderia estar mais satisfeita: um show vibrante, enérgico e completo. Todos da banda estavam completamente entregues e felizes por estarem ali. Ao final, o Barão provou mais uma vez por que continua relevante mesmo depois de quatro décadas de estrada. Não é só pela história  é pela presença, pela entrega e pela verdade que colocam em cada acorde.

Richard Ashcroft, ex-líder do The Verve, veio para a penúltima apresentação do dia com sua camiseta amarela da Seleção Brasileira de Futebol. A atmosfera do parque mudou assim que os primeiros acordes de "Sonnet" ecoaram. O público, que já havia cantado e dançado o dia inteiro, mergulhou em um estado quase hipnótico, embalado pelas melodias melancólicas e pelas letras carregadas de sentimento.

Entre as faixas de sua carreira solo, como "A Song for the Lovers" e "Break the Night with Colour", e os aguardados clássicos do The Verve, Richard mostrou por que é uma das vozes mais singulares da música alternativa.

Sempre muito carinhoso, Richard parecia mais à vontade no segundo dia: dançava pelo palco, corria, interagia mais com a banda. Sempre segurando o símbolo da camisa com a bandeira do Brasil, beijava, mordia, sempre entusiasmado. Ashcroft encerrou seu show com classe, reverência e alma  sem exageros, sem pressa. Apenas deixando a música falar por si  e ela falou alto.

O segundo dia do Best of Blues and Rock 2025 foi encerrado com uma verdadeira aula de musicalidade e conexão ao vivo. A Dave Matthews Band, um dos nomes mais aguardados do festival, subiu ao palco quando a noite já tomava conta do Parque Ibirapuera  e entregou um show hipnótico, vibrante e emocionalmente expansivo. Logo nos primeiros minutos, ficou claro: não seria apenas uma apresentação, mas uma experiência sonora completa. Com sua formação plural  que une rock, jazz, folk e improvisos virtuosos , a banda guiou o público por um repertório repleto de surpresas, transições inesperadas e momentos de pura contemplação.

Clássicos como "Don’t Drink the Water" surgiram em versões estendidas, com solos criativos e interações espontâneas entre os músicos. O palco virou um organismo vivo, em constante transformação, com cada integrante trazendo sua identidade para o coletivo  do violino ao saxofone, da percussão ao groove do baixo.

Dave Matthews, sempre carismático em sua simplicidade, falou com o público com o sotaque arrastado e o sorriso tímido que o tornaram um ícone. Fez piadas, interagiu com o público, e suas expressões faciais marcaram o show do começo ao fim.

Em algumas músicas, as pessoas dançavam de olhos fechados, como se estivessem em outro tempo. Em outras, batiam palmas em uníssono, criando momentos coletivos de arrepiar. Houve até um cover de "Just Breathe", do Pearl Jam – e, na minha opinião, eles podiam gravar e lançar essa versão. Ficou incrível e emocionante!

A Dave Matthews Band encerrou o primeiro final de semana do festival não com uma explosão, mas com uma elevação. Um final que não gritou  sussurrou alto. Um encerramento à altura de dois dias intensos de música e emoção. Um lembrete de que, no fim das contas, o que fica é aquilo que toca fundo  como só a música ao vivo consegue fazer

Texto: Mayara Dantas

Fotos: Mariana Dantas 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Dançar Marketing 

Press: Marra Comunicação


Barão Vermelho – setlist:

Maior Abandonado

Por que A Gente é Assim?

Bete Balanço

Tente Outra Vez (Raul Seixas cover)

Pense e Dance

O Tempo Não Para (Cazuza cover)

Meus Bons Amigos

Down em Mim (Cazuza cover)

Por Você

Codinome Beija-Flor (Cazuza cover)

Malandragem Dá Um Tempo (Bezerra da Silva cover) 

Puro Êxtase

Amor pra Recomeçar (Frejat cover ) 

Pro Dia Nascer Feliz


Richard Ashcroft - setlist:

Weeping Willow

Music Is Power

Lover

Sonnet

Break the Night With Colour

The Drugs Don't Work

Lucky Man

Bitter Sweet Symphony


Dave Matthews Band - setlist: 

Warehouse

Dancing Nancies

The Best of What's Around

Why I Am

Lie in Our Graves (com "Wonderful Tonight")

Pantala Naga Pampa

Pig

Rapunzel

Lover Lay Down

Idea of You

#41 (feat Gabriel Grossi)

Say Goodbye

The Space Between

Madman's Eyes

Crush

Grey Street

All Along the Watchtower (Bob Dylan cover) (com "Stairway to Heaven" )

Bis

Just Breathe (Pearl Jam cover)

Two Step