domingo, 25 de novembro de 2018

Christian Vidal (Therion): Ecletismo e Feeling em Segundo Álbum Solo


O argentino Christian Vidal, nascido em 1972, em Zárate (província de Buenos Aires), começou muito cedo na música, e é o típico músico que no Rock e Heavy Metal tem todas as características do que podemos chamar de “guitar hero”, pela sua técnica diferenciada, feeling e carisma.

Além de ser guitarrista do Therion desde 2010, do trabalho solo e atuar como professor de música, já excursionou e participou de shows ao lado de músicos como Eric Martin e Paul Gilbert (Mr. Big), Russel Allen (Symphony X e Adrenaline MOb), além de projetos tributo a clássicos do Rock com diversos músicos acompanhados por orquestra, como Symphonic Rhapsody of Queen e Pink Floyd Symphonic Rhapsody entre outros.

Com a oportunidade de viver por um período na Suécia, além de tocar e excursionar com diversos músicos, o que lhe trouxe ainda mais bagagem musical, tem levado sua técnica e talento a muito mais países e pessoas. É um músico que merece alcançar um reconhecimento cada vez maior. Inclusive agora em novembro, dia 29, receberá do governo argentino o diploma Governador Enrique Tomás Cresto, importante título conferido a profissionais de trajetória destacada, e que elevam o nome e cultura do país.


Vidal lançou no final do ano passado seu segundo solo, "Home" (o primeiro, "El Viaje", é de 2005)disponível nas plataformas digitais primeiramente, e agora em 2018 também em formato físico. Neste segundo álbum, como esperado, demonstra toda sua técnica e personalidade, mesclando diversos ritmos nativos argentinos e música folclórica, ao Rock e Heavy Metal, mas desta vez contando com mais tempo para a produção, além de mais recursos, além de toda a experiência que agregou nestes anos que viveu na Suécia, viajou pelo mundo com o Therion e outros projetos, convivendo com muitos artistas.

Contou também com vários colaboradores e convidados de peso, como Thomas Vikström e Nalle (Therion), George Egg (Dynazty), Pontus Egberg (King Diamond), além da produção de Waldemar Sorychta.

Em um álbum de Christian Vidal, você poderá encontrar músicas com bases pesadas, solos intrincados e melodiosos, típicos do Metal e Rock pesado, mas também vai se deparar com surpresas, como passagens de tango e outros ritmos e melodias folclóricas, por exemplo, como em “Vals Rengo” e  “Enredadera”, onde entrelaça belas melodias na guitarra, solos de pura técnica, piano, bases mais pesadas e ritmos nativos. 


É um disco mais elétrico e voltado a guitarra, porém com muitos climas e variações, e, ao contrário de alguns álbuns predominantemente instrumentais, não é daquele tipo que agradará somente a outros músicos ou ao público aficcionado à álbuns de guitarristas. Vidal valoriza a composição acima da técnica, não temos um show de exibicionismo, e sim belas melodias, criatividade e música que agrada facilmente aos ouvidos.

Não há como se cansar ouvindo o álbum, devido a esse bom gosto, variedade e melodias marcantes. Temos faixas onde os ritmos regionais surgem naturalmente, como em "Enredadera", que citei anteriormente, faixas mais Metal e com mais peso, onde Vidal mostra também sua perícia em solos carregados de técnica, como em "Campanas de Gares", e momentos de pura emoção, como as baladas "Encuentros" e "Holy Smoking Kiss", sendo que nesta Vidal mostra sua evolução como vocalista, recebendo a ajuda de Linnéa Vikström (ex-Therion) como vocal-coach.

As melodias marcantes e técnica apurada da intrincada "Libertad de un Corazón Solitario" e os ritmos quebrados de "Hormigas", fazem o ouvinte viajar envoltos pelas notas da guitarra deste grande músico, assim como a variedade de "Ahi vá la Hostía" e a suavidade e bom gosto em "Manãnas de Ivan".


Realmente, um belíssimo álbum solo. Detalhe que os títulos são em espanhol e inglês, pois Vidal quis manter os nomes originais, como as músicas nasceram, mantendo a essência e ideia original. A "From the Woods", por exemplo, é referência ao local onde ensaiam com o Therion, na propriedade de Christofer Johnsson, que fica fora da zona urbana de Estocolmo e onde há um bosque.

Nos trabalhos com a mão de Vidal, o ouvinte terá sempre a certeza que encontrará técnica apurada, mas acima de tudo, de bom gosto e criatividade, com composições e melodias que facilmente cairão no gosto de qualquer apreciador da boa música.

Texto: Carlos Garcia

Tracklist:
Hormigas
From the Woods3
Encuentros
Campanas De Gares
Holy Smoking Kiss
La Vida Continúa
Enredadera
Aroma
Ahí Va La Ostia
Mañanas De Iván
Vals Rengo
The Elevator
Libertad De Un Corazón Solitario
El Sueño De Santi




Confira "Home" nas plataformas digitais:
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Vídeos
Youtube

            

           

           

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Alice Cooper: Uma Noite Paranormal com Titia Alice!

É sempre uma experiência incrível ver ao vivo, ouvir ou mesmo ver por algum canal a cabo, plataforma digital ou DVD/Blu-Ray uma lenda do Rock como Alice Cooper, o homem é mesmo um show-man fora do normal! Ainda em grande forma, e com uma banda excelente, contando com três guitarristas, Alice tem feito apresentações memoráveis no alto de seus 70 anos.

Alice é sempre garantia de entretenimento além da música, com sua presença de palco, carisma e teatralidade de seu show. "A Paranormal Evening", este novo duplo ao vivo, gravado em 7 de dezembro de 2017 no Olympia em Paris, durante a tour do seu mais recente álbum, "Paranormal". Um lugar icônico, com mais de 100 anos dedicados a receber estrelas no palco, perfeito para um show de um ícone!


Muitas das canções do set-list, assim como algumas performances, já são esperadas, pois mesmo por mais óbvias, não dá para esperar um show de Alice sem "Schools Out" ou sem a sua decapitação na guilhotina durante "I Love it to Death".

O set inicia com a pesada e moderna "Brutal Planet", do álbum homônimo de 2.000, que já vem sendo há tempos usada regularmente como abertura. Além dos hits obrigatórios, como as citadas anteriormente, Alice trata de tentar balancear o set-list com clássicos de diversas fases, mas principalmente a época de ouro nos anos 70. Temos "No More Mr. Nice Guy" e "Under My Wheels", por exemplo, também obrigatórias, assim como "Billion Dollar Babies", e claro "I'm Eighteen", o hit que alavancou a carreira da Alice Cooper Band nos anos 70.


É claro que com tantos hits e álbuns, alguma coisa sempre vai faltar, principalmente as músicas mais recentes, e neste álbum senti falta de mais algumas canções do álbum "Paranormal", como a faixa título, por exemplo. E neste ao vivo temos somente a ótima "Paranoiac Personality". Em contra partida, temos algumas boas surpresas, como "Pain", do "Flush the Fashion" (1980), que é uma excelente música de um álbum bem diferente e contestado. Nesta versão ao vivo ganhou mais punch. 

Temos também a pegada Hard pesada de "The World Needs Guts", do "Constrictor" (1986), álbum que significou o retorno de Alice Cooper de pois de um hiato, e novamente o levou à grandes vendagens de álbuns e grandes arenas.

Falando no "Constrictor" e a excelente fase que ele iniciou, temos o mega-hit "Poison", do álbum "Trash" (1989), fechando um quarteto de sucesso desse final dos anos 80 e início dos 90, com os outros 2, "Raise Your Fist & Yell" (1987) e "Hey Stoopid" (1991). Vale citar que "Poison", sempre um ponto alto dos show, e provavelmente a faixa pós-70's mais festejada da carreira de Alice, é antecedida pelo solo da guitarrista Nita Strauss (na faixa com o apropriado nome "Woman of Mass Distraction"), dona de talento e carisma exuberantes, uma bela adição ao line-up da Tia Alice!


Ótimo registro de mais uma grande fase deste ícone, que esbanja energia e tem consigo um line-up à sua altura. E o set-list? Não poderia ser diferente, repleto de clássicos e ótimas surpresas. Um material para ser adquirido e apreciado por completo (tomara que seja lançado também em DVD/Blu-Ray), investimento mais do que excelente!

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Alice Cooper
Álbum: "A Paranormal Evening With Alice Cooper At the Olympia Paris" (2018)
Estilo: Classic Rock, Hard Rock, Shock Rock
País: EUA
Selo: earMusic/Shinigami Records


Line-Up:
Alice Cooper: Vocais
Chuck Garric: Baixo
Glen Sobel: Bateria
Ryan Roxie: Guitarra
Tommy Henriksen: Guitarra
Nita Strauss: Guitarra


Tracklist:

CD1

1. Brutal Planet
2. No More Mr. Nice Guy
3. Under My Wheels
4. Department Of Youth
5. Pain
6. Billion Dollar Babies
7. The World Needs Guts
8. Woman Of Mass Distraction
9. Poison
10. Halo Of Flies

CD2

1. Feed My Frankenstein
2. Cold Ethyl
3. Only Women Bleed
4. Paranoiac Personality
5. Ballad Of Dwight Fry
6. Killer / I Love The Dead themes
7. I’m Eighteen
8. School’s Out


       


       

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Hate Embrace: Fatos Históricos Nordestinos com Trilha Death Metal


Lembrar-se do nordeste do Brasil é reconhecer o poder cultural que nunca se extinguiu na região. Fora os problemas sociais e contrastes que intercorrem por essa região, o nordestino espanta os diversos problemas por deleite da civilização, dando diversas alternativas de literatura, música, artesanato, culinária e festividade. A cena Heavy Metal continua numerosa, atulhada de bandas de grande nível. Dentre tantos bons nomes, temos o Hate Embrace, de Recife (PE), que neste 2018 apresentou o novo trabalho, o EP “Revoluções"

Contornados pela brutalidade do Death Metal, o quinteto  tem ao seu favor o poder técnico, onde tudo provém de maneira orgânica e pura, não deixando de lado a intensidade fascinante que o grupo conduz. E a musicalidade pode ser diferida por grandes nomes do gênero, porém com diferenciais do que ouvimos por ai em questão de Metal extremo, o que torna “Revoluções” um trabalho singular.  

A produção é razoável, não deixa a desejar, colocando timbres agressivos e secos em ótimo nível, compatibilizando facilmente os momentos de pura agressividade. E a capa espelha o contexto que é abordado nas letras, mostrando quatros guerreiros após a batalha em tons pretos e vermelhos.


Vale frisar que “Revoluções” é totalmente cantado em português, simbolizando o acontecimento sobre A Batalha dos Guararapes, A Revolução de 1817 e a Setembrizada de 1831, ou seja, toda rusticidade é girado em torno desse pensamento histórico, fazendo nos recordar de fatos importantes e  interessantes por meio das crônicas, o que acaba se tornando um verdadeiro aprendizado para o ouvinte.

O EP possui somente 3 faixas de total experimentalismo extremo, começando pela frenética “Guerra no Nordeste do Brasil” (excelente trabalho rítmico e opressivas linhas de teclado), onde tratam sobre A Batalha dos Guararapes na cidade de Recife; na sequencia temos a  Thrash “À Coroa Tudo, Ao Povo Nada”, contando sobre o descontentamento pernambucano de ter que pagar altos impostos para a Coroa Portuguesa. Terminando, “Setembrizada” mostra excelentes vocais guturais, guitarras surpreendentes e celestiais melodias de teclado. E a letra aborda sobre a Setembrizada após a renúncia de Dom Pedro I, o que acabou gerando conturbações pra capital pernambucana.

Trabalho valioso de uma carreira que já perdura 10 anos. E “Revoluções” é um verdadeiro ensinamento de música e história que requer muita atenção, e ouvi-lo trará ao ouvinte o interesse em aprofundar-se neste envolvente assunto.

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Divulgação
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Ficha Técnica
Banda: Hate Embrace
EP: Revoluções
Ano: 2018
Estilo: Death Metal
País: Brasil
Gravadora: Independente

Formação
George Queiroz (Vocal)
João Paulo Araújo (Guitarra)
Junior Vilar (Baixo)
Vinicius Campos (Teclado)
Ricardo Necrogod (Bateria, Vocal)

Track-List
1.    Guerra no Nordeste do Brasil
2.    À Coroa Tudo, Ao Povo Nada
3.    Setembrizada

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