domingo, 22 de dezembro de 2019

Sonata Arctica: Em Constante Movimento



Com mais de 20 anos de estrada, os finlandeses já são consolidados como uma instituição do Melodic Metal escandinavo, tendo uma carreira e base de fãs sólidas.

O Power Melodic mais voltado às canções velozes, foi dando espaço para sonoridades mais progressivas, nuances de Hard Rock e momentos mais introspectivos, mas as belas melodias e aquele ar mais sóbrio e por vezes até melancólico, sempre marca os álbuns do grupo, e seu mentor, Tony Kakko, é um dos nomes mais queridos do estilo.


"Talviyö", que significa "noite de inverno" em finlandês, é uma continuação natural do seu antecessor, "The Ninth Hour", que trazia uma banda mais enveredada por climas mais introspectivos, temas mais longos, mais passagens progressivas e canções de andamento mais moderado.

Muitos ainda se ressentem do Melodic Power Metal mais voltado às peças velozes, bem mais presentes nos quatro primeiros trabalhos, mas este é o caminho que a banda veio tomando, fruto do amadurecimento e a busca de se manter relevante, inclusive para si mesmos.

Como dito acima, prevalecem no álbum sonoridades mais progressivas, andamentos mais moderados, passagens instrumentais mais longas, ainda mais que o seu antecessor, provavelmente tentando passar o clima do tema central, o inverno. Os teclados e o baixo aparecem com mais destaque, e a voz de Tony me parece abafada em muitos momentos, sendo a mixagem um ponto que poderia ter sido diferente, e talvez dado um brilho maior ao trabalho.


Mas não é um mau álbum, embora um pouco abaixo da expectativa. Com uma faixa de abertura de andamento mais acelerado, a convidativa "Message From the Sun", traz uma boa expectativa para o restante, mas em termos de velocidade não espere muito mais, pois conforme o álbum vai rodando os temas mais moderados e progressivos vão ditando o rumo.

Portanto, se você gosta do trabalho da banda e "The Ninth Hour" lhe desceu bem, acredito que "Talviyö" vai cair também no seu gosto, mesmo necessitando algumas audições a mais para digerir, descontando um pouco a mixagem e alguns elementos que podem soar um pouco estranhos em alguns momentos.


Há ressalvas, mas há destaques e bons momentos, e além da faixa de abertura, é o caso também de "Cold", que flerta com o AOR/Melodic Rock, com muitos teclados e o baixo tendo destaque, algo que se nota por todo o álbum; "Whirlwind" e suas passagens progressivas, cozinha firme e boas linhas de teclado; "Who Failed a Most", com suas boas melodias e "A Little Less Undertanding", também com ganchos legais e refrão cativante, e mesmo os temas mais longos e mais lentos, como "The Raven Still Flies", sempre com os teclados no papel principal, despertam interesse.

O Sonata Arctica tem o mérito de buscar evoluir, experimentar caminhos diferentes em sua sonoridade, e "Talviyö" tem seus atrativos, com melodias bem construídas e bosa canções, mas depende de seu estado de espírito, pois se for ouvir esperando o Sonata dos 4 primeiros discos, não é o que vai encontrar.

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Sonata Arctica
Álbum: "Talviyö" (2019)
Estilo: Melodic Metal, Power Metal, Progressive Power Metal
País: Finlândia
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records
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Site Oficial

Line-Up:
Elias Viljanen: Guitarras
Tony Kakko: Vocais
Henrik Klingenberg: Teclados
Tommy Portimo: Bateria
Pasi Kauppinen: Baixo

Tracklist
1. Message from The Sun
2. Whirlwind
3. Cold
4. Storm The Armada
5. The Last Of The Lambs
6. Who Failed The Most
7. Ismo's Got Good Reactors
8. Demon's Cage
9. A Little Less Understanding
10. The Raven Still Flies
11. The Garden

       


       

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Hollywood Vampires: "Rise" é a Afirmação do Elenco Estelar




O Hollywood Vampires chamou a atenção desde o anúncio de sua formação, em 2015, e o predicado de super banda foi logo atribuído ao grupo, que tem como trio principal o lendário vocalista Alice Cooper, o guitarrista Joe Perry (Aerosmith) e o ator, e agora também novo rock star, Johnny Depp.

Além do trio, uma trupe de convidados de peso participaram do primeiro disco autointitulado, assim como da banda que saiu em turnê, inclusive passando pelo Brasil e se apresentando no Rock in Rio em 2015. O disco de estreia trazia, porém, apenas 3 músicas inéditas e a restantes eram versões/covers. O estilo não fugiu das raízes dos músicos principais e respectivos convidados, ou seja, muito Rock Clássico, Hard Rock e tempero de Blues.


Para não deixar dúvidas de que não se tratava apenas de um hobby, o trio central - Cooper, Perry e Depp – retorna agora com o segundo álbum do Vampires, tendo ainda um outro ativo membro, o produtor e multi-instrumentista Tommy Henriksen (Alice Cooper, Warlock, e que também participou do primeiro álbum e respectiva tour), e “Rise” traz 13 músicas inéditas e apenas 3 versões, mostrando a personalidade e evolução do grupo, funcionando como uma “banda real”.

Alice Cooper, com seus 71 anos, mostra vigor com seu timbre vocal e teatralidade ímpares, Joe Perry destila riffs e licks criativos, embebidos em doses bluesy, e Johnny Depp, o "novato”, digamos assim, mostra evolução, e mais importante, que não estava atuando, é sim um músico de Rock and Roll respeitável, contribuindo muito na sonoridade da banda, e embora os vocais principais estejam a cargo de Alice, Depp brilha na versão para “Heroes”, de David Bowie.

As músicas são entrelaçadas por introduções que dão aquele clima de filme de suspense antigo, e a sonoridade nos entrega Hard e Classic Rock orgânico, honesto, com momentos de destaque e produção bem cuidada, a cargo de Tommy.


Não poderia ser diferente, muito do que se houve aqui remete aos trabalhos dos caras de mais peso nessa estrada, Alice Cooper e Joe Perry, e devido, claro, a personalidade desses dois. Joe, com seus riffs e melodias e Alice, com seu vocal rouco e por vezes teatral. 

A abertura com "I Want My Now", é uma faixa que se encaixaria fácil nos trabalhos da banda principal de Alice Cooper; em "New Threat", o estilo clássico de Joe Perry é facilmente identificado, numa faixa onde o flerte com o Blues dá o tom; "Who's Laughing Now" soa mais moderna e pesada, com Depp dividindo os vocais com Alice, e a letra parece um recado de Depp à sua ex, que o acusou de agressões.


O Classic Rock empolga na versão carregada de feeling de "You Can't Put Your Arms Around a Memory", de Johnny Thunder (The New York Dolls), onde Joe se encarrega dos vocais; "Mr. Spider" é outra em que o estilo de Alice se impõem, com dramaticidade e intensidade e doses psicodélicas, e temos que mencionar “Welcome to Bushwackers”, com a presença ilustre de Jeff Beck.

Simplesmente Rockn' Roll do muito bom! Traz uma diversidade empolgante, que com certeza deixará os fãs do estilo e das lendas Alice Cooper e Joe Perry, e, claro, de seus respectivos trabalhos em seus atos principais, bem felizes. E de bônus, há a afirmação de Johnny Depp dentro do cenário Rock and Roll. 

Texto: Carlos Garcia

Lançamento: ear Music/Shinigami Records

Tracklist
1. I Want My Now
2. Good People Are Hard To Find
3. Who's Laughing Now
4. How The Glass Fell
5. The Boogieman Surprise
6. Welcome To Bushwackers (feat. Jeff Beck & John Waters)
7. The Wrong Bandage
8. You Can't Put Your Arms Around A Memory
9. Git from Round Me
10. Heroes
11. A Pitiful Beauty
12. New Threat
13. Mr. Spider
14. We Gotta Rise
15. People Who Died
16. Congratulations