quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Noturnall: "9", Digno de Nota 10!


Nos últimos 4 anos, a Noturnall projetou uma carreira na qual se equivale por 10 ou até 20 anos de atividade de algumas outras, apresentando trabalhos inéditos, DVD ao vivo e uma gratificante participação em um dos festivais mais importantes do planeta: o Rock In Rio, em 2015. Vislumbrando toda a sua trajetória, podemos perceber que o grupo não é apenas uma banda que produz álbuns, shows e turnês, e sim um grupo que ousa dentro do mercado musical, empregando recursos originais. E é olhando para o futuro que lançam, em diferentes formatos, “9”.    (Read English Version)

Desde a sua estreia em estúdio, a fachada musical do grupo é sustentada por uma linguagem moderna, primada por rebuscada técnica, melodia e generosas doses de peso, não deixando de buscar seu verdadeiro vulto dentro da orbe do Heavy Metal e seu lado Progressivo. Tais detalhes são mantidos e marcados aqui em “9”, e graças às influências de todos os integrantes, traz uma inspiração em caminhos semelhantes ao passado musical destes, delimitando rigidez e equilibro nas nove música que compõem o álbum.


Em questão de produção, toda a timbragem é envolvida de peso e melodia, atingindo uma sonoridade balanceada, poderosa e intrigante, a qual é ressaltada pela mixagem e masterização, que contou novamente com o esforço e dedicação do vocalista Thiago Bianchi, concretizando todo o trabalho no estúdio Fusão VM&T, de propriedade do mesmo. A capa, criada pelo artista Carlos Fides, é acarretada por atmosferas apocalípticas, enquadrando diversos enigmas a serem desvendados, centralizada pela ilustre e indispensável presença da mascote da banda.

Comparado aos dois primeiros, o quinteto explora ares diferentes, tendo aqui o álbum mais completo lançado pela banda, chegando num grau elevado de coesão, cingindo elementos vigorosos e cativantes, mediados pelas mudanças positivas que vêm enfrentando e pelo entendimento musical de todos. E Thiago Bianchi mais uma vez dando a volta por cima após a batalha contra a pancreatite. 

Iniciando o disco, “Hey” é marcada por momentos densos e robustos, com traços melodiosos e impulsionada pelo refrão empolgante, que logo é sucedido pela dinâmica e da quebra de ritmos entre Fernando Quesada e Aquiles Priester; “Change” é abastecida de peso, expedida de agressividade e vocais versáteis. Refrão marcante e boas combinações de teclado; “Wake Up” introduz vastas linhas de guitarra, que logo crescem com riffs vigorosos e por algumas rotas suaves, sendo um verdadeiro jogo de técnica, tendo a ilustre participação de Mike Orlando (Adrenaline Mob), que chegou a fazer parte da banda, por curto espaço de tempo.


“Moving On” tem seu começo ameno e cativante, bordado pelas melodias vocais, não demorando muito pra espocar com o peso das guitarras, conduzido pela boa mudança de ritmos na bateria e do lindo refrão; “Myterious” é ligada de vastos detalhes, englobando andamentos super rápidos e requintadas harmonias, resultado num Power Metal melódico orgânico e intenso; “Heart As One” possui comportamento de uma ‘Hard Ballad’, que é concentrada somente por arranjos acústicos e claros, onde cada audição, por meio das plataformas digitais, é revertida em dinheiro para o GRAAC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). 

“What You Waiting For” abrange uma pegada mais tradicional e acessível, que surpreende pelos timbres e as linhas intricadas do baixo e do peso vindo da bateria, que é acossada pela mão do Aquiles. Destacando ainda as matizes vocais e as ótimas intervenções de teclado; “Shadows” prima por uma postura agressiva, adicionando tons baixos, arcados de múltiplas mesclas de teclado, movendo a música em ares diferentes; “Pain” possui um clima mais temperado, progressivo e melodioso, focada em caprichadas linhas de teclado e nos arranjos acústicos. 

O que é 9 poderia ser 10, pois o talento da Noturnall é pra ser apreciado com respeito e orgulho, brindando os fãs e os bons ouvintes com aquilo que mais desejam. E a prova de que é possível progredir e se reinventar a cada trabalho pode ser conferida neste mundo de superação que é “9”. 

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Noturnall
Ano: 2017
País: Brasil
Tipo: Prog Metal/Alternativo
Gravadora: Independente
Assessoria de Imprensa: TRM Press
Distribuição Internacional: Rockshots Records (Itália)

Formação
Thiago Bianchi (Vocal)
Leo Mancine (Guitarra)
Fernando Quesada (Baixo)
Aquiles Priester (Bateria)
Junior Carelli (Teclado)

Track-List
1. Hey!
2. Change
3. Wake Up!
4. MovingOn
5. Mysterious
6. Hearts As One
7. WhatYouWaiting For
8. Shadows
9. Pain

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Entrevista para o Road em 2014

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Noturnall: "9", Deserving Grade 10!


In the last 4 years, the progmetallers from Brazil Noturnall has designed a career in which it is equivalent to 10 or even 20 years of activity in comparsion of some others, presenting 3 studio albums, a live DVD and a gratifying participation in one of the most important festivals of the planet: Rock In Rio, in 2015. Looking back on all of their trajectory, we can see that the group is not only a band that produces albums, shows and tours, but a group that dares within the music market, using original resources. And where looking to the future that they have released, in different formats, the new album, called "9".  (Versão em Português)

Since their debut in the studio, the musical facade of the group is supported by a modern language, dominated by technical rework, melody and generous doses of weight, not forgetting to seek their true form within the Heavy Metal orb and the Progressive side. These details are maintained and marked here in "9", but thanks to the influences of all the members, who brings an inspiration in ways similar to their musical past, delimiting rigidity and balance in the nine songs that make up the album.

In a matter of production, all the timbre is wrapped in weight and melody, reaching a balanced, powerful and intriguing sound, which is highlighted by the mixing and mastering, which again had the effort and dedication of vocalist Thiago Bianchi, accomplishing all the work in his own studio,  Fusão VM&T. The cover art, created by the artist Carlos Fides, is carried by apocalyptic atmospheres, framing several puzzles to be unveiled, centralized by the illustrious and indispensable presence of the mascot of the band.


Compared to the first two albums, the quintet explores different ares, having here the most complete material released by the band, arriving at a high degree of cohesion, embracing elements vigorous and captivating, mediated by the positive changes they are facing and the musical understanding of all. And Thiago Bianchi once again giving back the top after the battle against pancreatitis.

The opening act "Hey" is marked by dense and robust moments, with melodious features and driven by the exciting refrain, which is soon followed by the dynamics and the breaking of rhythms between Fernando Quesada and Aquiles Priester; "Change" is stocked with aggressive, versatile vocals, alsostriking chorus and good keyboard combinations; "Wake Up" introduces vast lines of guitar, which soon grow with vigorous riffs and a few soft routes, being a true technique game, with the illustrious participation of Mike Orlando (Adrenaline Mob), who became part of the band, for short time.

"Moving On" has its amusing and captivating beginning, embroidered by the vocal melodies, not long to play with the weight of the guitars, driven by the good change of rhythms on the drums and the beautiful chorus; "Myterious" is linked with vast details, encompassing super fast tempos and exquisite harmonies, resulting in an organic and intense melodic Power Metal; "Heart As One" behaves as a 'Hard Rock Ballad', which is concentrated only by acoustic and clear arrangements, where each hearing, through digital platforms, is returned to the GRAAC (Adolescent and Child Support Group with Cancer). Beautiful!


"What You Waiting For" covers a more traditional and accessible footprint, which surprises by the timbres and the intricate lines of bass and weight coming from the drums, which is harried by the Aquiles' hand. Highlighting also the vocal nuances and the excellent keyboard interventions; "Shadows" excels by an aggressive stance, adding low tones, arches of multiple keyboard mixes, moving the music in different ways; "Pain" has a more temperate climate, focused on cool atmospheres, great keyboard lines and acoustic stretches.

What's "9" could be 10, because Noturnall's talent is to be enjoyed with respect and pride, offering to the fans and listeners what they most want. And the proof that it is possible to progress and reinventing yourself on each work can be conferred in this world of overcoming that is "9".

Text: Gabriel Arruda
Editing/Revision: Carlos Garcia
Photos: Disclosure

Informations:
Band: Noturnall
Album: 9
Year: 2017
Country: Brazil
Type: Metal/Alternative Metal/ Progressive Metal
Label: Independent
Press Management: TRM Press
Worldwide Distribution: Rockshots Records

Line-Up
Thiago Bianchi (Vocal)
Leo Mancine (Guitar)
Fernando Quesada (Low)
Aquiles Priester (Drums)
Junior Carelli (Keyboard)

Track-List
1. Hey!
2. Change
3. Wake Up!
4. MovingOn
5. Mysterious
6. Hearts As One
7. WhatYouWaiting For
8. Shadows
9. Pain

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domingo, 27 de agosto de 2017

Exorddium: celebrando os anos 80!

Resenha: Renato Sanson


Se nos anos 80 as bandas se enveredavam mais para o que era criado lá fora e mudando seu “estilo” e preferindo cantar em inglês, é louvável em tempos atuais bandas que permanecem cantando em língua pátria, e trazendo ótimos trabalhos, como é o caso dos mineiros do Exorddium, que lançam no mercado seu segundo trabalho, “Leviatã” (2017).

Letras em português com aquele jeitão oitentista, sem querer soar moderno, mas sim trazer aquela áurea perdida por muitos em um contexto lírico extremamente voltado ao Heavy Metal e que faz você cantar de punho erguido a cada refrão!

Após a bela instrumental “Oceano das Almas Perdidas” com seues belos violões temos uma trinca que é no mínimo empolgante: “Leviatã”, “Hail” e “Irmãos do Metal” dão a tonica do que você encontrara neste novo trabalho, Heavy Metal tradicional sem invencionices com aquele cunho anos 80 latente e recheado de clichês e feeling.

O novo vocalista Eduardo Bisnik se sai muito bem e mostra um ótimo timbre, mas que ainda exagera um pouco nos agudos, mas nada que comprometa o trabalho, já que em muitos momentos Eduardo nos remete ao saudoso Geoff Tate. A produção do álbum é crua e límpida, mas poderia ser mais eficiente se fosse melhor lapidada, o que faria as composições ganharem mais força do que já tem. Em termos gráficos apesar de simples é muito bela e se encaixa com a proposta sonora, com uma boa diagramação entre capa e encarte.

Se compararmos ao trabalho anterior (“Sangue ou Glória” de 2013) a evolução é latente, mas o feeling e empolgação continuam ali, fazendo você bater cabeça do começo ao fim e se empolgar com letras que sim, soam clichês, mas batem forte no coração do headbanger!


Links:

Formação:
Eduardo Bisnik - Vocais
Fernando Amaral - Guitarras
Paulo César - Guitarras
Nicolas Cortelete - Baixo
Jailson Douglas - Bateria

Tracklist:
1. Oceano das Almas Perdidas
2. Leviatã
3. Hail
4. Irmãos no Metal
5. Coração de Aço
6. Brinde à Vida
7. Filhos da Noite
8. Dama das Sombras


sábado, 26 de agosto de 2017

Witchour: moderno, ousado e agressivo

Resenha: Renato Sanson


Em 2015 quando lançaram “The Hauting” os argentinos do Witchour já mostravam há que vieram, pois a mescla sonora que executavam (do Death Metal Melódico ao Modern Metal americano) era de grande qualidade e equilíbrio, trazendo diferenciais pontuais que agregaram a sua musicalidade.

Seguindo esse raciocínio e indo um pouco mais adiante, temos o mais novo trabalho dos Hermanos, o EP “Night Hag/El Pacto” (2017) que traz apenas duas composições, mas que enchem os ouvidos de alegria ao apertar o play.

“Night Hag” abre o EP com teclados amenos que descambam em uma violência sem fim, com riffs mais que encorpados e bem postados, as linhas vocais urradas estão ainda mais potentes que se entrelaçam com momentos mais limpos, que caem muito bem a proposta do grupo. E que guitarras são essas? Solos inspiradíssimos com melodias que grudam logo de cara!

Em “El Pacto” a agressividade não diminui, mas temos um diferencial, pois a mesma é cantada em espanhol e nos mostra toda a versatilidade do Witchour, que não economiza e nos dá o seu melhor, as melodias são incríveis e as linhas de baixo-bateria esmagam como um rolo compressor, sem contar o refrão marcante que mostra essa grande variação.

O trabalho gráfico é muito bem cuidado, apesar de vir embalado em um simples Slimcase, temos no mesmo duas capas que encantam, pois são ricas em detalhes e faz você ficar um bom tempo analisando ambas, sem contar o belo encarte que vem separado em formato pôster, que traz as letras e um belo release sobre a trajetória da banda até o momento. A produção é de alto nível e casa perfeitamente com o que querem passar, cristalina, mas não plastificada, com um som bem na cara, moderno e pesado.

Não se prenda a rótulos e ouça essa grande banda que tem tudo para despontar no cenário mundial.

Links:

Tracklist:
01 Night Hag
02 El Pacto

Formação:
Alejandro Souza (Vocal)
Marco Ignacio (Baixo)
Ezequiel Catalano (Guitarra)
Federico Rodriguez (Guitarra)
Javier Cuello (Bateria)




quarta-feira, 23 de agosto de 2017

DVD Roadie Metal Vol. I: Um lançamento fora dos padrões que auxilia em muito a cena e o seu crescimento

Resenha: Renato Sanson


O trabalho que a Roadie Metal vem realizando nos últimos anos em prol do Metal nacional é digno de aplausos, suas coletâneas lançadas em CD’s (em alto nível diga-se de passagem) tem ajudado a massificar o que temos de melhor em nosso underground.

E para abrilhantar essa trajetória a Roadie Metal resolveu ousar e trazer a primeira coletânea em DVD do Heavy Metal nacional, onde traz nada mais nada menos que trinta e duas bandas de diversos estilos, com seus clipes oficiais variados e interessantes.

Primeiramente vale mencionar a apresentação do material, que é luxuosíssimo, em uma versão dupla em Digipack com um encarte em papel foto onde temos todas as informações das bandas que compõem o lançamento, um trabalho realmente profissional e diferenciado.

O primeiro disco nos mostra o lado mais agressivo com bandas de Thrash, Death, HC... Mas com um bom equilíbrio, onde destaco: Voodoopriest com a poderosa “Juggernaut” e um clipe com cenas ao vivo muito bem compiladas; a enigmática “EZ Life DV8” do Tellus Terror com uma grande produção visual; a violenta “Hatred” do Heavenless que mostra um vídeo simples, mas cativante; e “Vendetta” dos cariocas do Forkill em videoclipe ao vivo enérgico e empolgante.

Já o segundo disco nos traz o lado mais “calmo” com bandas que transitam entre o Stoner, Power, Heavy Melódico e etc. Destacando: “Blood Washed Hands” do Supersonic Brewer e suas cenas em estúdio; “Apple Sin” dos mineiros do Apple Sin em um videoclipe muito bem estruturado; “POTUS” do Dust Commando com um trabalho visual impactante e atrativo; e “Believe” do Elephant Casino e suas imagens do cotidiano se entrelaçando com a banda tocando em uma bela paisagem de fundo.

Um lançamento fora dos padrões que auxilia em muito a cena e o seu crescimento, já que o trabalho em si é de um grande profissionalismo e respeito com os artistas.


Tracklist:
DVD 1:
1. VOODOOPRIEST - Juggernaut
2. TELLUS TERROR - Blood Vision
3. DEATH CHAOS - House of Madness
4. KRUCIPHA - Reason Lost
5. DIVISION HELL - Bleeding Hate
6. TRIBAL - Broken
7. NO TRAUMA - Fuga
8. CORE DIVIDER - No War
9. MONSTRACTOR - Immortal Blood
10. VORGOK - Hunger
11. HEAVENLESS - Hatred
12. MATRICIDIUM - The Beating Never Stops
13. FORKILL - Vendetta
14. NINETIETH STORM - Death Before Dishonor
15. USINA - Destruição e Morte
16. CURSED COMMENT - Luftwaffe

DVD 2:
1. ELEPHANT CASINO - Believe
2. SUPERSONIC BREWER - Blood Washed Hands
3. DEMONS INSIDE - Remorse, Infected of Trauma…Remains
4. JÄILBAIT - Take It Easy
5. APPLE SIN - Apple Sin
6. CERVICAL - Arquétipo
7. GALLO AZHUU - Bruxa
8. EXORDDIUM - Heavy Metal
9. MAGNÉTICA - Super Aquecendo
10. BASTTARDOS - Despertar do Parto
11. HELLMOTZ - Wielding the Axe
12. BURNKILL - Cadáver do Brasil
13. FALLEN IDOL - The Boy and the Sea
14. THE PHANTOMS OF THE MIDNIGHT - Nightmare
15. DUST COMMANDO - P.O.T.U.S.
16. RAZORBLADE - Cuts Like a Razor

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La Raza: Estabelecendo Um Ciclo


Nessas andanças da vida e do circuito underground de São Paulo, alguns, com certeza, já devem ter visto o nome do La Raza nos principais subúrbios do estado e, até mesmo, do Brasil. Após uma demo que foi rodada desde 2009, a banda deu uma pequena interrompida nas atividades para seguir outros rumos dentro da música. E diante da cisma que criam dizendo que o Rock está morto e de não tocar mais em rádios, eis que a banda volta com tudo lançando o ‘debut’ disco, “Bem Vindos a La Raza”. 

Muito antes de por o disco no mercado, o quinteto já chamava a atenção pelas performances ao vivo, abrindo pra grandes nomes mundiais como o Limp Bizkit, Suicidal Tendencies, Papa Roach, Sum 41 e entre outros. Em estúdio, eles passam exatamente o clima dos palcos, baseando o arranjo sonoro num Hardcore fardado de peso e cheio de atitude, somando elementos de Hip Hop, Funk (não o carioca) e melodias, modernizando o que já praticavam no passado e deixando o caráter da banda mais atual e fresco. 


O disco teve gravações em três estúdios diferentes: Family Mob, QG Hoffman e Wah Wah Estúdio, com produção acaudilhada pelo multi-instrumentista Baffo Neto (Retturn, Capadocia, Project46). A mixagem e masterização é de causar orgulho e inveja, pois foi realizada no lendário NRG Recording Studios, em Los Angeles, na Sala B, onde já trabalharam Korn, Linkin Park, No Doubt e Incubus. E o resultado final é uma sonoridade abrasiva e polida, evidenciando pura brutalidade e vigor.

A capa ilustra os prazeres e gostos que a banda possui no cotidiano, concebida pelo pessoal do Estúdio Bala, sendo criada pela dupla Diego Rabujah e Xtudo Obze, onde conseguiram sumarizar o comportamento da banda numa arte bastante receptiva, aludida ao nome do disco. 

O Rock nacional tem suas variações e diferentes estilos nos mais importantes cantos do país, mas o La Raza vem para estabelecer um ciclo, trazendo uma coisa que, talvez, nunca teve em terras tupiniquins, fazendo jus à forma de como é o gênero e seguindo fielmente a ele. E o melhor de tudo, é cantado em português. 

Fazendo o trocadilho, a banda dá as boas vindas com a faixa-título, “Bem Vindos a La Raza”, estabelecida por peso e dosagens de Hip Hop, além de vinhetas inusitadas que percorrem a música; “Na Contra Partida” segue de maneira mais ‘funkeada’, relevada pela rima entre o vocalista Alex Panda e o Apelido X, que é uma das participações especiais do disco; a conhecida “/Quem?” possui postura mais Rock N’ Roll, transformando simplicidade em algo festivo e pra cima; baixando o tom, a curta “Atrás de Um Sonho” trilha caminhos mais melodiosos, transmitindo uma mensagem motivacional em sua letra. 


“O Bem” alega a mesma trama da anterior, mas de maneira mais explosiva e convincente, principalmente no refrão; “Virar o Jogo” abarca nuances mais climatizantes, além de haver momentos movimentados, destacando a boa conversa rítmica; “O Dia Em Que o Pai Chorou”, talvez, seja a mais Heavy Metal do disco, existindo alguns harmônicos na guitarra e solos em meio tempo, além de um pedal duplo vindo da bateria, evidenciando, claro, a participação do vocalista Badauí, do CPM 22. 

“Pra Onde Seguir?” escorra tonalidades brutais e invasivas, que pra deixar mais agressivo, colocou o vocalista Caio Macbeserra, do Project46, pra infundir suas linhas guturais; “Caos da Paz” é norteada por guitarras abafadas, com uma letra cheia de protesto e revolta; “Cai Dentro” nos dá a sensação de fim de show, com todos em cima do palco dando o tradicional ‘mosh’. 

Se a banda já era muito comentada bem antes de lançarem o disco, imagine agora com ele em mãos... Recomendo para o bom apreciador de música!

Texto: Gabriel Arruda 
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: La Raza
Álbum: Bem Vindos a La Raza
Ano: 2017
Estilo: Hardcore
Gravadora: Som Livre 
Assessoria de Imprensa: Hoffman & O’ Brian

Formação
Alex Panda (Vocal)
Ticana (Guitarra)
Juninho JR (Baixo)
Thiago Matricardi (Bateria)
Daimon (DJ)

Track-List
1. Bem Vindos a La Raza
2. Na Contra Partida
3. /Quem?
4. Atrás de Um Sonho
5. O Bem
6. Virar o Jogo
7. O Dia Em Que o Pai Chorou
8. Pra Onde Seguir?
9. Caos da Paz
10. Cai Dentro

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terça-feira, 22 de agosto de 2017

Cobertura de Show – Sepultura: Três Noites de ‘Sold-Out’ (29/07/2017 – Sesc Belenzinho – SP)

 


Eu me considero uma pessoa de boa sorte, por ter visto grandes bandas tocando ao vivo, nas quais, algumas, já até perdi as contas de quantas vezes eu presenciei o show.  Era a vez de conferir o Sepultura, que há três décadas vem levando o Heavy Metal do Brasil para o mundo, e move sua originalidade nos discos na mais pura genuinidade, e quem já presenciou um show deles, sabe que eficiência e disposição é o que não falta. Tive a oportunidade de apreciar isso, pela primeira vez, mais precisamente no dia 29 de julho (sábado), em São Paulo.  

Vindo de uma rápida passagem pelos principais festivais europeus, a banda programou três apresentações no projeto Música Extrema no Sesc Belenzinho, que foi do dia 27 até o dia 29 de julho. Ambos os dias teve lotação máxima de público, esgotando os ingressos em menos de dois dias de venda, ocasionando um surpreendente ‘sold-out’. Na minha ocasião, estive presente no último dia, e o lugar já era tomado de pessoas a espera do show do quarteto. 


O circuito reproduziu uma primorosa qualidade de som, que graças ao curto espaço, o publico teve a chance de se aproximar cada vez mais do palco para ver a banda atuando ao vivo. E apesar de terem feitos dois shows seguidos, a banda não mostrava, de maneira alguma, ar de cansaço. Dado a largada com a fúnebre introdução, às 21h30, começando já com duas do bombástico “Machine Messiah”: “I Am The Enemy” e “Phantom Self”. Regressando dois álbuns, procedido pelos de clamores de ‘Sepultura, Sepultura’, “Kairos”, do CD de mesmo nome, evidenciou a boa performance de Derrick Green e Andreas Kisser, que mostram-se simpáticos e autênticos ao vivo. 


O primeiro clássico da noite apareceu em “Desperate Cry”, do emblemático “Arise” (1991), onde a galera soltou a voz com fervor, arrancando brilho e vigor de todos. E Eloy Casagrande vem provando o motivo de estar na banda, parecendo um ser de outro planeta martelando todas as peças de sua bateria e tocando que nem louco. Perguntando se todos estavam bem, Derrick rapidamente fez seus agradecimentos, pedindo gritaria pra fazer mais uma do mais recente disco: “Sworn Oath”, que arrancou interação do público no refrão harmonioso, ratificando que o “Machine Messiah” continua recebendo boa aceitação. 


Era a vez de Andreas Kisser desejar boa noite, gratificando a grande presença de todos nas três noites de ‘sold-out’. Além de estarem tocando músicas do último álbum, Andreas afirmou que também tem espaço pra coisa velha, tirando uma com o Paulo Jr. por ser a pessoa mais velha da banda. E com esse gancho que retornaram pra 1989 e executaram “Inner Self”, presente no “Beneath The Remains”. A hora de reverenciar a técnica dos músicos foi vista em “Iceberg Dances”, que apesar de ser instrumental, puxou a ação e aplausos do público. 

Lembrando os primórdios da fase Derrick, “Choke”, do “Against” (1998), pôs a casa abaixo, e arrebatou um fã alucinado, com a ajuda dos que estavam ali na roda, foi até o palco pra dar um ‘mosh’, repetindo o feito na cadenciada “Dialog”. “Resistant Parasites” encerrou o ciclo do “Machine Messiah”, com Derrick pronunciando que estava sendo muito especial em poder tocar naquela noite. 


As próximas músicas seriam uma revisita aos álbuns “Chaos A.D” e “Arise”, instaurando, dali em diante, o caos com “Biotech Is Godzilla”, junto a frenética “Polícia”, esquentando os tamborins para “Territory” e “Refuse/Resist”, emendando com a marcante “Arise”. 

Antes de partir para os momentos finais, Andreas convidou todos a estarem no próximo show na Zona Leste de São Paulo, a ser realizado no dia 11 de novembro, no Clube Juventus da Mooca, ao lado de outro ícone do Metal brasileiro: o Krisiun. As tatuagens foram expostas com a pujante “Under My Skin”, concluindo o terceiro dia de apresentação com as tradicionais “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”. 



Doa a quem doer, mas esta fase está sendo a melhor da história do Sepultura, estão no auge. Essa turnê deve ser obrigatoriamente registrada em DVD. 

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Leandro Almeida
Edição/Revisão: Carlos Garcia

Set-List
1. I Am The Enemy
2. Phantom Self
3. Kairos
4. Desperate Cry
5. Sworn Oath
6. Inner Self
7. Iceberg Dances
8. Choke
9. Dialog
10. Resistant Parasites
11. Biotech Is Godzilla/Policia
12. Territory
13. Refuse/Resist
14. Arise
15. Under My Skin
16. Ratamahata
17. Roots Bloody Roots

domingo, 20 de agosto de 2017

Tumulto: indicado aos fãs de Municipal Waste, RDP & Cia

Resenha: Renato Sanson


Surgidos no começo dos anos noventa, os paranaenses do Tumulto já faziam muito barulho na cena underground local com seu Punk/Hardcore raivoso e sem papas na língua, que acabou rendendo na mesma época um lançamento junto a banda Morthal, que colocavam a rodar nos sebos do underground a fora “Conflitos Sociais”.

Pois bem, passados aí mais de vinte e cinco anos, o Tumulto retorna a ativa e traz a regravação de “Conflitos Sociais” (2016), que ganhou um novo ar, pois se antes a banda investia em um som Punk/Hardcore mais cru, com o passar do tempo sua sonoridade foi moldando e se transformando em um Thrash/Crossover de respeito.

A nova roupagem nas composições fez toda a diferença, ainda mais contando com a produção de Emerson Pereira (Embrio) que soube deixar o som limpo, mas com a sujeira necessária do estilo, onde os timbres soam bem orgânicos e transbordando energia.

As letras casam perfeitamente com o cenário atual do país, mostrando que pouco se mudou em termos políticos e sociais de 1991 para cá, trazendo todo o protesto e ferocidade em temas líricos que superaram o teste do tempo. A arte gráfica é uma releitura da original, que mesmo se mantendo simples, soa direta e bem a calhar com a proposta do grupo.

No mais temos um trabalho enérgico, empolgante e que pode agradar tanto os fãs de Municipal Waste quanto aos fãs de Ratos de Porão e Cia. Ouça no talo, pois a diversão é garantida!


Links:

Tracklist:
1. Realidade
2. Massacrados
3. Corrupto
4. Conflitos Sociais
5. Humanidade
6. Sociedade é uma Prisão
7. Meu Filho (Câmbio Negro HC)
8. Desconstrução (Ação Direta)
9. Medo (Cólera)

Formação:
Germano Duarte - Vocais, guitarras
Rafael Feldman - Baixo
Marcio Duarte - Bateria

sábado, 19 de agosto de 2017

The Night Flight Orchestra: Glorificando os Anos 70 e 80 com Propriedade



Se o Melodic Rock, AOR ou o Rock de Arena não vendem milhões como nos anos 80, pelo menos temos certeza de que ainda possuem uma base consistente de fãs. É só ver o crescimento da gravadora Frontiers, especializada no estilo, e também a quantidade de lançamentos desse pessoal dos anos 70 e 80, seja com as bandas originais ou novos projetos, e ainda, fazem tour e shows de grande porte, a exemplo das bem sucedidas tours de Toto, Journey, Asia, Kansas e outros. Neste contexto, também vimos surgir vários novos nomes fazendo música inspirados pelo estilo, e chamando a atenção de outras gravadoras, e o The Night Flight Orchestra é um desses nomes, que lança seu terceiro álbum, agora pela Nuclear Blast.

"Amber Galactic", este terceiro disco do projeto formado por membros do Soilwork e Arch Enemy, traz novamente as influências do Classic Rock 70's, mas mais evidentes aqui o Rock de Arena dos anos 80, com aquele acento Pop, além de elementos do Space Rock e do Progressivo (mais puxado para o dos anos 80, que tinha uma roupagem mais "radiofônica"), e pitadas de Soul e até Disco, resultando numa sonoridade muito agradável e cativante, com muito suingue e energia positiva! É bem legal também a estética da arte, num estilo "futurístico vintage", que lembra o filme Tron.

  
"Midnight Flyer" abre o álbum, e é curioso ouvir uma voz feminina falando em português na introdução inicial, e também no final da música. É uma música vibrante e enérgica, onde já salta aos olhos os excelentes ganchos, com melodias pegajosas, tanto por parte dos vocais como do instrumental, algo recorrente por todo o álbum; "Star of Rio" (hum...mais uma referência ao Brasil) traz a pegada Classic Rock com suingue, é algo que eles fazem com maestria, e aqui ainda os backing vocals de soul music (uma novidade que funcionou muito bem no álbum foi a adição dos backing vocals femininos) e as palmas no refrão tornam a música ainda mais cativante.

"Gemini" traz irresistíveis refrãos e backing vocals, breaks bem legais, e uma batida cativante, que modula algo da Disco Music. Impossível não ficar cantarolando as melodias! Um Hit pronto!; "Sad State of Affairs" e seu riff de guitarra me lembraram algo de Kiss clássico, pela sua levada mais Rock & Roll; "Jennie", ah, canções com nome de mulher, bem anos 80! O começo progressivo me lembrou Kansas, e o refrão segue o estilo baladas AOR clássicas, com um certo acento pop. Finalizada com um clima sensual, com a garota falando em francês.

Mas mais anos 80 que "Domino" acho que não tem no álbum! Seguindo um estilo que lembra muito o ToTo em seus momentos mais "radiofônicos". Sintetizadores, percussões e os vocais de Strid são o destaque, numa canção também cheia de suingue. Falei em ToTo, ela tem uma batida e estilo que lembra a "Africa", mega hit do grupo; em seguida, mais uma com nome de mulher, "Josephine", e banda sempre me lembrou Thin Lizzy, desde seu primeiro álbum, e esta, e alguns outros momentos, me remetem a banda de Phil Lynnot, por causa desse suingue e influências de Black Music. Destaque absoluto para as melodias dos teclados e os backing vocals, sendo que o solo de guitarra também merece menção.


"Space Whisperer" tem muita energia, e o destaque aqui, além da pegada, são os teclados e sintetizadores e as melodias do refrão, que me trouxeram uma certa sensação de saudosismo, certamente por essa aura 80's bem acentuada; "Something Mysterious" se fosse lançada nos anos 80 certamente estaria nos charts da época, uma peça em mid-tempo herdeira direta dos hits Melodic Rock e AOR daquela era. Batida cativante, suingada, teclados e refrãos irresistíveis! 

"Saturn in Velvet", mergulha mais no Progressivo, mas também traz doses de Classic Rock e nuances da Black Music; Temos ainda, apesar de não estar relacionada na capa, a faixa bônus "Just Another Night" na versão lançada pela Shinigami, faixa também carregada de ritmo e suingue, temperada pelos teclados, percussões e saxofone.

Impossível ouvir e já não sair imediatamente batendo o pé, batucando na mesa ou estalando os dedos para acompanhar o ritmo cativante das músicas, e sem ficar com as melodias na cabeça. A banda reproduz com feeling e propriedade (muita propriedade! Realmente convencem) aquela música acessível e "comercial" dos anos 80, com um pé nos 70's, e ainda com uma sonoridade e produção mais atual, enfatizando as melodias "grudentas". Excelente álbum, repleto de músicas cativantes, ótimas melodias, energizantes e com um arzinho saudosista. Diversão pura! Recomendo!

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica: 
Banda: The Night Flight Orchestra
Álbum: "Amber Galactica" 2017
Estilo: Melodic Rock/Classic Rock/Progressive
País: Suécia
Produção: The Night Flight Orchestra
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

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Line-up:
Björn Strid – vocals
Sharlee D’ Angelo – bass
David Andersson – guitar
Richard Larsson – keyboards
Jonas Källsbäck – drums



Tracklist:
01. Midnight Flyer
02. Star Of Rio
03. Gemini
04. Sad State Of Affairs
05. Jennie
06. Domino
07. Josephine
08. Space Whisperer
09. Something Mysterious
10. Saturn In Velvet

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