O nome The Doomsday Kingdom logo na primeira vez que vi a capa do EP, o que precedeu este full-lenght, me trouxe a impressão de que era mais uma banda de Doom,/Stoner entre tantas agora nesta fase mais, digamos, "mainstream" do estilo, onde muitos selos voltaram mais os olhos para essa cena, porém, ao ver que se tratava de projeto do grande Leif Edling (Candlemass), não me furtei em conferir, pois é um mestre na arte de compor épicos e criar músicas marcantes, raramente errando. E ainda, além deste tem o novo do Avatarium (também lançado no Brasil pela Shinigami Records), outra excelente banda com a mão de Leif (inclusive, Marcus Jidell, guitarrista do Avatarium, foi a mão direita de Leif neste novo projeto).
O The Doomsday Kingdom carrega certa semelhança com a banda principal de Leif, o Candlemass, embora não tenha uma sonoridade tão grandiosa e épica, mas temos aqueles riffs e levadas que remetem, naturalmente ao Sabbath. Podemos dizer que é um Doom (que não segue aquela linha mais arrastada ou mais soturna) e Heavy Metal Tradicional, e cito Judas Priest com segurança, e até algo de Mercyful Fate, embora, claro, o The Doomsday utilize-se de tons mais graves.
Para mim está perfeito! Sabbath + Judas + Mercyful Fate + Candlemass, e em um álbum de Doom/Heavy Metal empolgante, destaco "The Sceptre", bem tensa, com boas variações de climas, passando pro trechos mais tétricos, sensação essa reforçada pelos teclados.
"Spoonful of Darkness" tem essa mescla bem equilibrada, da pegada Stoner/Doom, em levadas mais arrastadas e graves, com riffs mais vibrante e linhas melódicas que cativam, ou seja, descomplicado, algo que com certeza você vai ter impressão de ter ouvido já, inclusive em outros trabalhos envolvendo Leif, mas muito cativante e que mantém o interesse do ouvinte; O respiro de calmaria em "See you Tomorrow", é etérea e límpida, uma faixa instrumental conduzida ao piano e guitarras acústicas.
O Heavy mais tradicional, e com aquela pegada mais Priest e do Sabbath era Dio, é bem representado por "Hand of Hell", em andamento mais enérgico, riffs e refrão marcantes e ótima performance de Niklas Stalvind (Wolf), que aliás, gostei do trabalho no álbum todo; e em "The Silence" a rifferama Doom é despejada sem dó, destacando o peso e maestria de "Habo" Johansson (Narnia) em uma aula de bateria. Real drummer, and real drums!!
Quando tem a mão de Leif, a possibilidade de ser Metal de qualidade é grande, e ele acerta em mais uma. É o pai do Doom! Um álbum com uma line-up matadora e de músicas matadoras. Altamente recomendado.
Texto: Carlos Garcia
Ficha Técnica:
Banda: The Doomsday Kingdom
Álbum: The Doomsday Kingdom 2017
Estilo: Doom Metal/Heavy Metal Tradicional
País: Suécia
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records
Line-Up:
Leif Edling: Baixo
Niklas Stalvind: Vocais
Andreas "Habo" Johansson: Bateria
Marcus Jidell: Guitarras
Tracklist:
1. Silent Kingdom
2. The Never Machine
3. A Spoonful Of Darkness
4. See You Tomorrow
5. The Sceptre
6. Hand Of Hell
7. The Silence
8. The God Particle
Foram cerca de 4 anos trabalhando no álbum "The Beloved Bones: Hell", primeira parte de uma obra que será dividida em duas partes (A próxima será o "Divine"), e finalmente o disco se materializa, e se Mário Linhares e Glauber Oliveira, os principais mentores deste trabalho, falarem que este é o seu melhor álbum, não será aquela mera frase clichê muito ouvida quando alguém lança algo novo.(English Version)
Lembro que Mário Linhares comentou há muitos meses atrás, que buscava uma evolução, e que certamente o novo trabalho surpreenderia a todos, e "The Beloved Bones: Hell" traz grandes mudanças, primeiro, na parte sonora, mas nada "descaracterizante", você vai encontrar a personalidade da banda, como no timbre vocal de Linhares; segundo, na temática, que parte para um lado mais real e sombrio.
Começando sobre a parte sonora, o álbum teve a produção e mixagem feita pelo guitarrista Glauber Oliveira, que fez um excelente trabalho, encaixando as peças sonoras nesta complexa obra, onde temos um Metal pesado e sombrio, que traz emoções e nuances diversas, passando por trechos progressivos, sinfônicos e até beirando o Metal mais extremo.
O uso de orquestrações, percussões, corais e instrumentos diversos, como violinos e até acordeon, enriqueceram soberbamente os arranjos. Finalizando, a banda foi buscar no suéco Tony Lindgren (responsável pela masterização de álbuns de grupos como Kreator, Angra, Katatonia, Mirath e Sepultura, só para citar alguns), que tem feito grandes trabalhos no seu Fascination Studios, e um disco onde a banda buscava excelência e vinha trabalhando há tanto tempo, não poderia de forma alguma economizar em uma parte tão importante, e valeu a pena, pois o álbum soa muito, muito bem.
Sobre o conceito, baseado em uma experiência própria, Mário Linhares escreveu essa peça, um solilóquio (monólogo, discurso em que uma pessoa fala consigo mesma), onde o indivíduo, nesta primeira parte ("Hell"), trilha por onze estágios mentais, situações que provavelmente todos passamos por alguma, momentos difíceis, de frustrações, como uma doença, uma violência, dependência química ou uma insatisfação profissional.
O álbum se chama "The Beloved Bones", porque procura responder a uma pergunta simples: "Qual é a pessoa que você mais ama?". A resposta mais óbvia seria "Eu mesmo", então é daí a inspiração para o título. A ideia central em "Hell", é como o EMOCIONAL e o RACIONAL se confrontam, se comportam e progridem, definindo o EU, o qual trilha pelos 11 estágios.
Essa jornada pelos 11 estágios se inicia com o lamento do violino na intro de "The Beloved Bones", faixa título que abre o álbum, onde o Racional, surge do âmago do EU e bate de frente com o Emocional. Uma sonoridade pesada, de melodias sombrias, onde é preciso destacar já os detalhes nos arranjos, como as orquestrações e trabalho de vozes, e percebe-se um Linhares mais interpretativo, e driblou o tempo e outras dificuldades (pois passou por problemas de saúde um tempo atrás), com experiência e reeducação de sua voz, fazendo um grande trabalho.
As músicas vão se completando, e o peso e tonalidades mais baixas e sombrias são a tônica, e vamos enveredando por essa viagem musical, e fiz questão de enfatizar no título desta resenha que este é um álbum "Instigante e Cinematográfico", porque vamos experimentando as emoções do confronto do indivíduo da história consigo mesmo, e o clima sombrio traduz essas emoções conflitantes, desesperadoras e libertadoras.
Sombrio, carregado de emoções, belo e complexo, mas não significa que é um álbum que fique relegado a um nicho de ouvintes, pois possui melodias, refrãos e riffs memoráveis (grande trabalho de guitarras, algo imprescindível em um álbum de Metal), e, mesmo que o ideal seja ouvi-lo por completo, acompanhando as letras, é perfeitamente plausível simplesmente apreciar as músicas individualmente, e em um álbum com uma qualidade tão alta, é também possível destacar os "picos", ou destaques, como em um filme mesmo. É difícil comentar destaques, e traduzir tudo o que você ouvirá no álbum, pois são muitos detalhes a descobrir, ouso então, lhes dar alguns "spoilers":
Já falei da abertura, com aquele lamento do violino, e a explosão Pesada, sombria e sinfônica de "The Beloved Bones"; "Smile Back to Me", a parte que fala sobre a "Negação", é uma peça sinfônica sombria e com agressividade nas guitarras, bateria e vocal,"King for a Moment", que é a que fala da fase da "Fuga", e onde está uma das minhas performances preferidas de Linhares, com o vocalista passa por vocais operísticos e até guturais, e aquela frase, que também está na música anterior, "There's no turning back to where once you called heaven", que ficou grudada na minha mente por dias, assim como as melodias, destacando ainda os diversos climas dela, com trechos beirando o Metal extremo.
Você irá notar os sinos, que vão estar presentes no decorrer das músicas, que seria uma espécie de guia pelo caminho. A dramaticidade na fase da "Vitimização" em "This Loathsome Carcass", mais cadenciada com muito peso e algumas percussões tribais. As melodias tem um algo de oriental. E também é onde temos a pergunta a ser respondida ao final: "Am I the Master of my life? (Eu sou o mestre da minha vida?); "Parasite", pesadíssima e muito agressiva, só poderia representar a "Raiva", foi também a primeira música apresentada. Beira o Metal extremo em momentos.
"Breaking Up Again", a "Súplica", onde o Emocional admite que não pode lidar com os problemas sozinho, mas novamente há um confronto. Temos uma bela e melancólica introdução ao piano e voz, para em seguida nos encontrarmos envoltos em um turbilhão, com passagens agressivas entrecortadas por trechos sinfônicos e progressivos; "Empowerment", uma parte crucial da jornada, a "Reflexão", , em uma peça musical sinfônica e vibrante.
As quatro músicas finais, são um ápice, com "Nihil Mind" (o equilíbrio) e seus diversos climas, grandes orquestrações e corais. Melodias marcantes nos vocais e guitarras e refrão memorável, além da surpresa do acordeão; em "Purple Letter" as guitarras com flanger abrem esta fase, que representa a "Coragem", a hora do personagem abandonar a velha vida. Trechos velozes e climas sinfônicos e cinematográficos vão se intercalando, destacando os belos vocais femininos em contraponto com os de Linhares.
"Sola Mors Liberat", a hora da "Decisão", momento que marca o fim de um ciclo, é traduzido em uma peça melancólica, onde temos um clima fantástico nos teclados. Note também a frase final, onde as palavras "My Friend" são ditas em dueto, representando a conciliação do Racional e Emocional. Destaque para o inspirado e melódico solo de guitarra ao final.
A belíssima balada "When Shadow Falls", com seu andamento meio "valseado", representa a "Liberdade", a reconciliação do Emocional e Racional. Percussões, violoncelos e guitarras acústicas dão a tônica deste, não poderia deixar de ser, final bem emocional.
Existem álbuns ambiciosos que se perdem em meio a produções pomposas e complexidade exacerbada, esquecendo o principal, que é compor grandes músicas, e e aí está o diferencial de "The Beloved Bones: Hell", um trabalho composto em prol da música, com grandes doses de musicalidade e feeling. Parafraseando o que falei no início, se a banda falar que este é seu melhor álbum, não será uma mera frase clichê. O Dark Avenger buscou evoluir, ousou e acertou em um álbum com alma e memorável.De arrepiar os pelos do braço!
Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica:
Banda: Dark Avenger
Álbum: "The Beloved Bones: Hell"
País: Brasil
Estilo: Heavy Metal, Progressive Metal
Produção e Mixagem: Glauber Oliveira
Conceito: Mário Linhares
Masterização: Tony Lindgren
Adquira na pré-venda (CD ou kit da foto abaixo):talktodark@gmail.com (via depósito bancário ou pay-pal)
Em breve disponível na Die Hard e distribuição internacional a anunciar.
The brazilian band DARK AVENGER, founded in 1993, are to be release their 6th album in august 1th. It was about 4 years working on the album "The Beloved Bones: Hell", the first part of a work that will be divided into two parts (The next will be the "Divine"), and finally the album materializes, and if Mário Linhares and Glauber Oliveira, the main mentors of this work, said that this is their best album, it will not be that mere cliché phrase much heard when someone launches something new. (Versão em português)
I remember that Mário Linhares commented many months ago, that he was looking for an evolution, and that certainly the new work would surprise everyone, and "The Beloved Bones: Hell" brings great changes. First, in the sound part, but nothing "decharacterizing", you will find the personality of the band, that powerfull e with great melodies Heavy Metal, and the personal vocal rage of Linhares; Second, on the lyric's theme, which departs for a more real and somber side.
Beginning on the sound production, the album was produced and mixed by guitarist Glauber Oliveira, who did an excellent job, fitting the sound pieces in this complex work, where we have a heavy and dark Metal, which brings different emotions and nuances, passing by Progressive sections, symphonic and even flerting with the extreme Metal.
The use of orchestrations, percussions, choirs and various instruments, such as violins and even accordion, superbly enriched the arrangements. Finally, the band went on to search for Tony Lindgren (who is responsible for mastering albums of groups such as Kreator, Angra, Katatonia, Mirath and Sepultura, just to name a few), who has done great work on his Fascination Studios, and an album where the band was looking for excellence and had been working for so long, could not in any way save on such an important part, and it was worth it, because the album sounds very, very well.
On the concept, based on his own experience, Mário Linhares wrote this play, a soliloquy (monologue, speech in which a person talks to himself), where the individual, in this first part ("Hell"), traces through eleven mental stages, situations that we all probably go through, like difficult times and frustration, such as illness, violence, chemical addiction or professional dissatisfaction.
The album is called "The Beloved Bones" because it seeks to answer a simple question: "Who is the person you love the most?". The most obvious answer would be "Myself," so that's the inspiration for the title. The central idea in "Hell" is how the EMOTIONAL and the RATIONAL come into confrontation, they behave and have progress, defining the "I", which traces through the eleven stages.
Glauber and Linhares: Four years of hard work
This journey through the 11 stages begins with the violin's lament in the intro of "The Beloved Bones", title track that opens the album, where the Rational, rises from the core of the US and hits head on with the Emotional. A heavy sonority, of darker melodies, where it is necessary to emphasize already the details in the arrangements, as the orchestrations and work of voices, with a more interpretative Linhares, who tricks the time and other difficulties (since it went through problems of health a Time ago), with experience and re-education of his voice, doing a great job.
The songs are completing itselves, and the weight and lower and darker tunes are the tonic, and we are going for this musical journey, and as i said in the title of this review, this is an album "Instigating and Cinematographic", because we are experimenting the emotions, the confrontations of the central character with himself, and the gloomy mood translates these conflicting, desperate and liberating emotions.
Dark, full of emotions, beautiful and complex... but it does not mean that it is an album that is relegated to a niche of listeners, because it has melodies, refrains and memorable riffs, and even if it is ideal to listen to it completely, reading the lyrics, it is perfectly plausible to simply enjoy the songs individually, and in an album with such a high quality, it is also possible to point highlights, like in a movie. It's hard to comment on highlights, and translate everything you will hear on the album, there are many detailsto discover, then i'll give to you some spoilers:
We start with the stage "Unconciousness", where i have already spoken of the opening, with that lament of the violin, and the heavy, darker and symphonic explosion of the title track "The Beloved Bones"; afeter, "Smile Back to Me", the part that talks about "Denial", have darker and aggressive guitars, drums and vocals, "King for a Moment" which speaks of the "Fugue", and where is one of my favorite performances of Linhares, with the vocalist passing by operatic and even guttural vocals, and that phrase, which is also in the previous song, "There's no turning back to where you once called heaven", which remained stuck In my mind for days, as well as the melodies, highlighting also the diverse climates of it, with parts bordering the extreme Metal.
You will notice the bells, which will be present throughout the songs, which would be a kind of guide on the way. The dramaticity in the "Victimization" phase in "This Loathsome Carcass", a slow-tempo piece, highlighting the tribal percussions. The melodies have something oriental nuances. And it is also where we have the question to be answered at the end: "Am I the Master of my life?""Parasite", represents the "Wrath". and is very heavy and very aggressive. Was also the first song presented. Border the extreme Metal in various moments.
"Breaking Up Again", the "Craving", where the Emotional Admits that he can not handle the problems alone, but again there is a confrontation. We have a beautiful and melancholy introduction of piano and voice, and then find ourselves wrapped in a whirlwind, with aggressive passages intersected by symphonic and progressive passages; "Empowerment" a crucial part of the journey, the "Reflection", in a symphonic and vibrant musical piece.
The final four songs are a culmination, with "Nihil Mind" (the Balance) and its diverse climates, great orchestrations and corals. Remarkable melodies on vocals and guitars, and a memorable chorus, plus the surprise of the accordion; In "Purple Letter" the guitars with flanger open this phase, which represents the "Courage", the hour that the character abandoning the old life. Faster drumming, symphonic and cinematographic climates are intercalating, highlighting the beautiful female vocals in counterpoint with Linhares' voice.
"Sola Mors Liberat", the time of "Decision", the moment that marks the end of a cycle, is translated into a melancholic piece, where we have a fantastic atmosphere on keyboards. Note also the final phrase, where the words "My Friend" are spoken in duet, representing the reconciliation of Rational and Emotional. Highlight for the inspired and melodic guitar solo at the end.
The beautiful ballad "When Shadow Falls", a melancholic waltz, representing the "Freedom", the reconciliation of Emotional and Rational. Percussions, cellos and acoustic guitars give the tonic of this song. An emotional end.
There are ambitious albums that get lost amidst pompous productions and exacerbated complexity, forgetting the main one, which is to compose great songs, and therein lies the differential of "The Beloved Bones: Hell", an album with large doses of musicality and feeling. To paraphrase what I have said at the beginning, if the band says that this is their best album, it will not be a mere cliche. The Dark Avenger sought to evolve, dared and hit an memorable album!
Text: Carlos Garcia
Datasheet:
Band: Dark Avenger
Album: "The Beloved Bones: Hell"
Country: Brazil
Style: Heavy Metal, Progressive Metal
Production and Mixing: Glauber Oliveira
Lyric Concept: Mário Linhares
Mastering: Tony Lindgren
Get pre-sale: talktodark@gmail.com (payment by pay-pal)
International distribution, digital and physical, to be announced soon.
Esta é nossa nova seção, onde, inspirados na famosa frase "Uma imagem vale mais que mil palavras", vamos colocar cobertura de eventos em que algum membro ou colaborador nosso participou, valorizando mais as imagens, e com poucas palavras! This is our new section, where, inspired by the famous phrase "An image is worth a thousand words", we will post photos of the events we have participated, valuing more the images, and with few words! Check our photo gallery "Rhapsody in Porto Alegre"
Rhapsody - Porto Alegre-Brazil (10 may 2017), photos By Diogo Nunes
O Prog Metal é um estilo que vem revelando nomes bem promissores aqui no Brasil. Há certo radicalismo de certos segmentos de apreciadores do Metal, devido ao caráter sonoro do estilo, por vezes taxado de "música para músicos". Mas técnica e sensibilidade são algo que, no meu
raciocínio, devem ser dosados de forma inteligente, não escondendo do que se é capaz tecnicamente de maneira alguma, ainda mais por meio da arte musical. Os sergipanos do Outmask se enveredam pela estrado do Prog Metal em “A
Kind Of Being”.
De forma súbita e
exata, surpreendemo-nos com o conjunto de técnica agregado pelo quinteto, atentado
pela complexabilidade e da fisionomia sonante, que é, consideravelmente falando,
árdua, emulando faces de Metal tradicional sem restrições. O
que eu achei estranho são as faixas, que soam parecidas com as outras, tornando
o trabalho monótono e muitas vezes sem soluções diferentes.
A produção é outro aspecto
que deve ser observado e que dever ser melhorado no próximo trabalho do grupo,
tangendo uma sonoridade muito morna e suja, algo incomum dentro do Prog Metal,
sendo mais cabível uma textura mais limpa e elegante. Não estou dizendo que é
ruim ou algo parecido, mas que poderia ser mais rebuscado. A ilustração de capa
é assinada por Christian e Vivian Dutra, mostrando uma espécie de
extraterrestre, fomentado pelo que passa na parte lírica.
Embora tenha alguns
pontos que precisam ser ajeitados, vale evidenciar a musicalidade do grupo, não
deixando a desejar em questão técnica, o que dá para perceber em cada uma das
faixas, sendo, até então, o único ponto forte do disco.
Os principais
destaques ficam por conta da longa “Awekening”, que traz peso e mudanças de
tempo, com ótimas harmonias de teclado; “Contact” navega em compassos mais
limpos, estampado por uma linguagem mais jazzística, com o Marcel Freitas roubando
a cena com fortes timbres de baixo; “Numb” é marcada pelas melodias de piano,
mas que anima pelo trabalho rítmico cheio de variação, vindo da sólida “Wilting”;
“Divinity” vem numa pegada atrativa, vagueado por fases limpas e pesadas,
esbanjado por nove minutos de técnica.
É um bom trabalho,
mas que pode ser melhor se os fatores que citei um pouco acima forem ajustados, coisas que a experiência vai se encarregando.
Eis que os grupos que lançam mão das vertentes mais contemporâneas do Metal vêm emergindo com mais força aqui no Brasil. Se isso é ruim ou gera
certo radicalismo? Não, muito pelo contrário! Nesse período, onde enxergamos total
melhoria no Metal brasileiro, bandas que dispõem de outras visões e ideias são
muito bem vindas e necessárias, principalmente ao público que busca novidades e que costuma
ficar ligado a coisas mais frescas e contemporâneas. Como uma grata promessa, o
Amenize ultima essa realidade com “Black Sky” (2015).
Composto por 8
faixas, “Black Sky” expande cessões invasivas e cheias de peso, permeada por riffs arrojados e com certos traços modilhados, vocais com bastante variedade, alternando contornos mais agressivos e melódicos. A parte rítmica é
outro grande detalhe a reparar, mantendo-se sólida, sintetizando características de grandes nomes do "Metal Moderno", como Lamb Of God,
Stone Sour, Killswith Engage e entre outros, mas sabendo ser diferente e
original.
A produção do Adair
Daufembach, abonando também a mixagem e a masterização, traz clareza na união
entre peso e melodia numa sonoridade pura e limpa, sendo que o próprio é
bastante familiarizado com bandas que seguem esse tipo de som. A arte, feita
pelas mãos do João Duarte, é sombria, acertando mais uma vez na criatividade
como artista.
Somando, é um
trabalho diferenciado, que não perde a emoção através das melodias, mas que
hipnotiza com a brutalidade e peso.
Após a narrativa
intro com “An Endless Dystopia”, “Unlocked” inicia de forma bem limpa, mas que
depois ganha peso, havendo ótimas nuances de ritmo. Num andamento mais moderado, “Rivals” é apanhado de pegajosos riffs, resguardado de belas
melodias vocais. “Leeches” prossegue de maneira mais cadenciada, com o baixo e bateria
altamente carregados, assim como a moderna e abradante “Black Sky”. As partes
mais avantajadas ficam por conta de “T-Rex” e “The Cream”
Mantendo essa ousadia apresentada em “Black Sky”, com certeza o nome do Amenize será muito comentado, agradando
qualquer ouvinte de Heavy Metal e suas vertentes.
Completando 40 anos de estrada os lordes
do Epic Metal lançam seu 18º álbum,"To
Kill a King", seguindo uma sequência incrível de novos álbuns,
relançamentos e shows por vários cantos do mundo (e ainda tem um documentário
vindo aí). Mark "The Shark" Shelton me falou em uma entrevista um
tempo atrás, quando lhe pedi para fazer uma comparação entre os anos 80 e a
época atual da banda, que prefere a atual, pois a banda jamais recebeu tanta
atenção quanto agora, e pela quantidade de material lançado e pela quantidade
de shows, não há o que discordar! (English Version)
Com data marcada de lançamento para 30 de junho, pelos selos Golden Core Records/Zyx Music,"Kill the King" traz 10 faixas do Epic Metal característico do Manilla Road, aquelas peças épocas, os riffs, solos e melodias de Mark, além dos vocais, que agora divide com Bryan Patrick, e possuem timbres bem parecidos. Mas além dos elementos tradicionais e Old-School, tem a assinatura atual da banda, destacando melhores produções e a bateria de Neudi Neuderth, com sua pegada Rock/Progressiva, e agora contando como parceiro o baixista Phil Ross (e já tocou em todas as músicas do novo álbum, menos em "In the Wake"), que substituiu Joshua Castillo, tendo a primeira mudança de formação desde 2011.
O álbum foi produzido e mixado por Mark em seu estúdio, e a masterização no Cornerstone Studio, de Steve Falke, que já trabalhou em álbuns recentes da banda, então temos a mesma pegada, com aquele som verdadeiro e orgânico, e com qualidade muito boa, que tivemos também em "Mysterium" e "The Blessed Curse". Time que está ganhando não se mexe!
As músicas? ah, Metal épico com a rifferama rasgando e o excelente trabalho de Neudi com suas viradas e breaks, acompanhado agora pela pegada e técnica de Phil Ross, que parece que deixou ainda mais encorpado o som da banda. As 10 faixas alternam a pegada mais Old-School e às vezes mais direta, com nuances mais trabalhadas e técnicas, e a sonoridade épica transita por caminhos ora mais progressivos e melodiosos, ora por mais pesados e diretos.
O disco abre com a faixa título, "To Kill a King", que com seus mais de 10 minutos, é uma daquelas que os fãs vão querer ouvir ao vivo, uma música que mostra o que é o Metal Épico que nasceu lá em Wichita. Em um andamento meio tempo, um riff épico e marcante já toma de assalto a música, que vai alternando trechos mais acústicos(um teclado discreto dá um ar neoclássico), transitando por passagens quase progressivas, destacando a quebradeira de Neudi no seu kit, e solos melodiosos de Mark.
Phil, Mark, Bryan and Neudi: Manilla 2017
"The Conquerer" é mais direta e mais rápida, e que punch! desnecessário citar que os riffs cortantes de Mak tomam conta do terreno; "Never Again" é uma daquelas baladas épicas, mais acústica e melodiosa, com mais uma bela performance de Neudi, um cara que merece ser mais reconhecido pela qualidade de seus trabalhos; "The Arena" é outra peça carregada de punch, mais veloz e com breaks bem inseridos, cozinha pesada, bem grave e agressiva, com os bumbos socando o peito do ouvinte. As linhas vocais também alternam entre o épico e agressivo.
Logo na sequência, seguindo essa alternância entre faixas épicas e mais "balada" com mais rápidas e agressivas, temos "In the Wake", que inicia mais lenta e melodiosa, inclusive temos alguns teclados ao fundo, para depois ir crescendo, ganhando peso e com mais uma das viagens guitarrísticas de Mark (gostei bastante dos timbres no solo), devidamente acompanhado por mais um excelente trabalho de Neudi, com pegada e técnica; "The Talisman" é outra com essa pegada mais crua e direta, e o baixo de Phil se destaca. O riff marcante e os vocais mais roucos são outra característica marcante dela, juntamente com a boa alternância entre tempos rápidos e mais lentos.
Em "The Other Side" o clima mais melodiosos e épico retorna, destacando as passagens acústicas e melodiosas, mas claro, há variações mais pesadas e velozes; "Castle of the Devil" se destaca pelo peso dos riffs em pal-mute, tem um andamento mais moderado, mas bastante pesado; "Ghost Warriors", está entre minhas preferidas do álbum, com riffs e linhas melódicas cativantes e "Blood Island" fecha o disco, e traz um andamento mais veloz, com muto punch e aqueles riffs épicos característicos, uma faixa bem na veia do Manilla dos anos 80, ainda mais que Mark faz todos os vocais nesta.
O Manilla Road de Mark Shelton chega aos 40 anos e atravessando um grande momento, com uma formação forte e entrosada, nos entregando um álbum que traz aqueles elementos tradicionais e Old-School, porém com uma sonoridade atual, trazendo variações mais trabalhadas e técnicas, com a adição produções melhores, mas sem jamais perder o punch. Up the Hammers!
Texto: Carlos Garcia Fotos: Divulgação
Ficha Técnica:
Banda: Manilla Road
Álbum: "To Kill a King" 2017
País: EUA
Estilo: Heavy Metal, Epic Metal
Produção e Mixagem: Mark Shelton (Midgard Sound Labs)
Masterização: Cornerstone Studios
Selo: Golden Core Records/ZYX Music
Press: CMM Consulting (iris_klabunde@cmm-online.de)
O álbum está disponível já na pré-venda, e poderá ser adquirido em vinil, CD ou Box limitado, que vem com bandeira, palheta, adesivo e um single. Order the album here
Line-up:
Bryan Patrick: Vocals
Mark "The Shark" Shelton: Guitars and Vocals
Phil Ross: Bass
Neudi Neuderth: Drums and Percussion
Guest Musician:
E.C. Hellwell: Bass on "The Wake"
Tracklist: 1. To Kill a King 2. Conqueror 3. Never Again 4. The Arena 5. In the Wake 6. The Talisman 7. The Other Side 8. Castle of the Devil 9. Ghost Warriors 10. Blood Island
Completing 40 years on the road the lords of Epic Metal release their 18th album, "To Kill a King", following an incredible sequence of new albums, re-releases and shows around the world (and there's a documentary coming). Mark "The Shark" Shelton told me in an interview some time ago when I asked him to make a comparison between the 1980s and the current era of the band, which prefers the current one, since the band has never received so much attention now, Quantity of material released and the amount of shows, there is nothing to disagree with! (Versão em Português)
Released on June 30 by Golden Core Records/Zyx Music, "To Kill a King" features 10 tracks from Manilla's Epic Metal trade mark. Mark's riffs, solos and melodies. The vocals, since their return, shared with Bryan Patrick, and they have very similar ranges. But besides the traditional elements and Old-School, it has the current signature of the band, highlighting best productions and Neudi Neuderth's battery with his Rock / Progressive footprint, and now counting as partner the bassist Phil Ross (and has already played in all Songs from the new album, except in "In the Wake"), which replaced Joshua Castillo, having the first change of lineup since 2011.
The album was produced and mixed by Mark in his studio, and the mastering in Cornerstone Studio by Steve Falke, who has worked on recent albums of the band, then we have the same footprint, with that true and organic sound, and with very good quality , Which we also had in "Mysterium" and "The Blessed Curse". Team that is winning, better don't change it!
The songs? Ah, Epic Metal with great riffing work and Neudi's excellent job with his fills and breaks, now accompanied by the weight and technique of Phil Ross, which seems to have made the band's sound even more tangible. The 10 tracks alternate the Old-School footprint and sometimes more direct, with more elaborate nuances and techniques, and the epic sonority transits by now more progressive and melodious ways, sometimes more heavier and straight to the point.
The album opens with the title track, "To Kill a King", which with its more than 10 minutes, is one of those songs that the fans will want to hear live, a song that shows what is the Epic Metal that was born there in Wichita! In a half-tempo, an epic and striking riff already assault the music, which alternates between more acoustic passages (a discreet keyboard gives a neoclassical air), passing through almost progressive passages, highlighting the Neudi's great job in his kit, and Mark's melodious solos. Great song!
"The Conquerer" is more direct and faster, and what a punch! Needless to say that Mak's sharp riffs take over the land; "Never Again" is one of those epic ballads, more acoustic and melodious, with another beautiful performance by Neudi, a guy who deserves to be more recognized for the quality of his works; "The Arena" is another punch-laden piece, faster and with well-inserted breaks, heavy, very bass and aggressive rhytmic session, with drums punching the listener's chest. Bryan's vocal lines also alternate between the epic and aggressive.
Soon after, following this alternation between epic tracks and more "ballad" with faster and more aggressive, we have "In the Wake" (one of my favorites, togheter with the title track), which starts slower and melodious, we also have some keyboards in the background. The song grows, gaining weight and with another one of Mark's guitar journeys (I really liked the guitar timbres), duly accompanied by another excellent work by Neudi, with punch and technique; "The Talisman" is another with this raw and direct footprint, and Phil's bass stands out. The striking riff and the more husky vocals are another striking feature of it, along with the good alternation between fast and slow tempos.
In "The Other Side" the more melodious and epic mood returns, highlighting the acoustic and melodic passages, but of course, there are heavier and faster variations; "Castle of the Devil" stands out by the weight of riffs in pal-mute, has a more moderate but rather heavy tempo; "Ghost Warriors" is among my favorites on the album, with memorable riffs and captivating melodic lines, and "Blood Island" closes the record, and brings a faster tempo with punch and those characteristic epic riffs, a track well in the vein of Manilla Of the 80's, even more than Mark does all the vocals in this.
Mark Shelton's Manilla Road reaches the age of 40 and is going through a great moment, with a sequency of great albums, with a strong line-up, giving us an album that brings those traditional and Old School elements, but with a current sonority, bringing more worked variations and techniques, with the addition of better productions, but without ever losing the punch. Up the Hammers, and thanks a lot Manilla Road!
Text: Carlos Garcia
Photos: Disclosure
Album Infos:
Band: Manilla Road
Album: "To Kill a King" 2017
Country: USA
Style: Heavy Metal, Epic Metal
Production and Mixing: Mark Shelton (Midgard Sound Labs)
Line-up:
Bryan Patrick: Vocals
Mark "The Shark" Shelton: Guitars and Vocals
Phil Ross: Bass
Neudi Neuderth: Drums and Percussion
Guest Musician:
E.C. Hellwell: Bass on "The Wake"
Tracklist: 1. To Kill a King 2. Conqueror 3. Never Again 4. The Arena 5. In the Wake 6. The Talisman 7. The Other Side 8. Castle of the Devil 9. Ghost Warriors 10. Blood Island
Formada em 1991, no Rio de Janeiro, por Gustavo Andriewiski, a banda de Melodic Rock/AOR SILENT tem uma história que rende um livro, e com várias emoções, passando por aquela determinação inicial de formar uma banda, realizar essa vontade, compor músicas, realizar shows, gravar vídeos, ganhar destaque em programa de TV, emplacar músicas em trilhas de programas de uma grande rede de TV, gravar o primeiro álbum, receber críticas positivas até de publicações do exterior, passar pelos famosos confrontos de direcionamento, encerrar as atividades, as tentativas de retorno e até uma tragédia. (ENGLISH VERSION) Após algumas tentativas de retorno frustradas, finalmente as coisas se encaminharam no final de 2010, 3 membros originais se reuniram para decidir que a banda voltaria, mas no início do ano seguinte, Alexandre França faleceu vítima de um desastre natural em janeiro de 2011 (enchentes e desmoronamentos), o que abalou muito os demais, porém, também para honrar a vontade do seu amigo, decidiram seguir em frente, chamam Marcos Ferraz, outro integrante original, o qual depois dá lugar a Douglas Boiago, e recrutam Alex Cavalcanti para as guitarras, completando a formação atual. Em 2015 apresentam o single "Around the Sound", um hit nato, que traz excelentes melodias e grande refrão, mostrando uma sonoridade atual e que a banda estava definitivamente de volta. Em 2016, após 14 anos, "The Land of Lightning" vem a tona, trazendo 16 pérolas de Melodic Rock e AOR. E não pararam por aí, pois através de seu site oficial seguem disponibilizando músicas inéditas, faixas ao vivo, faixas raras e remixadas. Conversamos com Tilly e Gustavo, que nos contou um pouco mais dessa história, que ainda terá muitos capítulos, sempre seguindo o coração e fazendo música com paixão! Confira:
RtM: Para início de
conversa, gostaria que você falasse um pouco das causas que levaram o segundo
álbum demorar um tempo relativamente longo, desde a estreia com “The Bright Side”
(2001), para ser lançado.
Tilly: Antes de tudo, obrigado pelo espaço para
falarmos um pouco da nossa banda. Em 2001 quando o “The Bright Side” saiu,
álbum que foi gravado entre 96/97,
coincidiu com o Gustavo ir morar
no USA, a banda na verdade estava parada. Com os bons reviews obtidos e o
interesse de um selo paulista em lançar nosso segundo álbum, ameaçamos uma
volta, mas, a coisa não evoluiu e resolvemos decretar o “fim” em 2005. Em 2006
o Gustavo retornou para o Brasil e resolvemos juntamente com o França montar
uma nova banda, chamada REPPLICA, que durou até 2010.
RtM: Além das dificuldades, até um pouco maiores em se tratando de Melodic Rock e Hard, de manter uma banda, também houve a perda do Alexandre França. Tilly: Em Dezembro de 2010 nós 3
nos reunimos em uma mesa de bar para jogar conversa fora e planejar o ano
seguinte, foi quando o França sugeriu voltarmos com o SILENT, marcamos de
começar a trabalhar então em 2 semanas....quis o destino que isso não
acontecesse, infelizmente. Eu e o Gustavo tiramos um ano de “luto” e encaramos
essa volta como uma missão e começamos a trabalhar em 2012 para o que seria o
“Land Of Lightning”.
Esse tipo de som (Melodic e Hard Rock) nunca foi
popular aqui no Brasil, mesmo nos anos dourados (80’s), mas, na verdade nunca
pensamos nisso! (risos) Fazíamos aquilo que o nosso coração e vontade
mandavam.
RtM: Entre esse lapso
de tempo entre os dois álbuns, faça um resumo pra gente sobre o que aconteceu
com a banda, em que vocês, Gustavo e Tilly, remanescentes do primeiro álbum,
estiveram envolvidos falando em termos musicais.
Tilly: Eu fiquei tentando remontar a banda para gravarmos
um segundo álbum para o selo de SP e depois fui tocar em bandas cover (Country
e Classic Rock). Um pouco antes do Gustavo voltar, em 2006, eu toquei com duas
bandas cariocas (Lion Heart e Krystal Tears) e depois fiquei direto no REPPLICA
até Dezembro de 2010. Em 2011 eu e o Gustavo fomos fazer parte de um projeto de
um DJ (Ramada) onde ele queria tocar as bases de Dance juntamente com uma banda
de rock.
Gustavo: Eu trabalhei como produtor de alguns
artistas nos Estados Unidos e toquei em duas bandas de cover, numa delas
conheci o Douglas, nosso baixista. Trabalhei num projeto autoral em parceria
com meu amigo James Rose, que chamávamos de Mr. Rose, mas nunca foi publicado.
Desse projeto aproveitamos algumas músicas como "Land Of Lightning" e "One More Time",
para o nosso último álbum! Também cantei a música de encerramento de Dragon
Ball GT!
"Melodic e Hard Rock) nunca foi popular aqui no Brasil, mesmo nos anos dourados (80’s), mas, na verdade nunca pensamos nisso! (risos) Fazíamos aquilo que o nosso coração e vontade mandavam."
RtM: Antes de
falarmos mais a respeito de “Land of Lightning”, vamos falar um pouco do início
da banda, um pequeno histórico, de como surgiu a ideia de montar uma banda do
estilo aqui no Brasil, e se vocês visavam o mercado lá fora.
Tilly: A banda foi formada a partir de uma vontade
do Gustavo, que não queria mais fazer
músicas para vocalistas que não entendiam o que ele tinha pensado como linha
vocal, então ele resolveu que queria cantar e saiu recrutando a galera.
Vou falar por mim, eu não pensava no mercado fora, o
que foi o meu maior erro, pensava sim em fazer músicas com qualidade, com
paixão e tentar com isso um contrato com alguma gravadora aqui e o mercado fora
seria uma consequência.
Gustavo: O mercado exterior era um sonho em 1991, um
grande desejo, mas parecia inalcançável na época!
RtM: E quais seriam
as suas principais influências e inspirações dentro do estilo?
Gustavo: Temos uma grande influência, que é na
verdade um produtor e não uma banda em particular. O “Mutt Lange” produziu o
Def Leppard, o AC/DC, Bryan Adams e muitos outros. Acho que é a maior
influência da formação original. Hoje em dia, com o Alex Cavalcanti, vem uma
forte pegada de Brian May nos solos e é lógico o Bon Jovi tem grande
participação nisso tudo!
RtM: Vocês também
tiveram um vídeo em um programa da MTV, na época que podíamos ainda dizer que
eles eram um canal de música, depois foi ficando inviável produzir vídeos, pois
não havia onde veicular, mas felizmente, com o crescimento da internet, e a
popularização de canais como o Youtube e depois outras plataformas digitais,
bandas independentes puderam divulgar seus trabalhos.
Tilly: Verdade, a MTV era um canal que conseguia nos
prender para ficar assistindo sua programação. O Vídeo em questão foi o da
música “Watching”, havíamos gravado a demo dela em Junho de 1991 e o vídeo em
Janeiro de 1992. Como o resultado final nos agradou bastante resolvemos mandar
para o extinto “Demo MTV”, o clipe passou no programa e foi votado o melhor da
noite, entrando com isso na programação do canal. Hoje, temos o Youtube onde
você encontra tudo ou quase tudo, posta um vídeo e na mesma hora alguém no
Japão pode assistir. As plataformas de streaming são hoje uma ferramenta essencial
para as bandas e elas tem acesso mesmo sem ter uma gravadora ou selo.
RtM: E sobre o debut,
com “The Bright Side” (2001), gostaria que nos contasse como foi a sensação de
ter o primeiro álbum lançado?
Tilly: Eu lembro do dia em que recebi o lote de CDs
e abri para conferir, hoje em qualquer fundo de quintal você consegue prensar
seus CDs, na época era mais complicado, tinha que ir atrás de fábricas, no
nosso caso fizemos na Microservice. Lembro também de ter comentado com o
Gustavo para virar o CD e ver ele prateado, isso era a prova de que o CD tinha
sido feito em fábrica, os CDRs eram dourados ou azuis, nunca prata.
"Nós sempre tivemos muita preocupação com a questão de qualidade de gravação e usar elementos atuais para que o som não ficasse 'datado'." (Tilly)
RtM: E também como surgiu a oportunidade de ter duas músicas em novelas da TV Globo, a “I Found Faith” e “Bitter Tear”, em “Vira-Lata” e “O Amor Está no Ar”?
Tilly: Ouvir sua música na TV, nos finais dos capítulos
com os créditos subindo ou sendo temas de personagens, caso que aconteceu com
ambas...não tem preço. Quanto as músicas das novelas, houve um “gap” de 4/5 anos entre aparecer nas novelas e o álbum sair, ou seja, não conseguimos atingir as pessoas que gostaram do estilo. Para ter as músicas teriam que comprar as trilhas das novelas. Foi uma época que não soubemos aproveitar, éramos jovens, ingênuos e não tínhamos empresário.
RtM: E a repercussão
do álbum? Com as músicas na trilha dessas novelas vocês tiveram um retorno
positivo? Eu lembro que foi um pouco difícil conseguir o álbum, e inclusive
apresentei a banda para vários fãs de Melodic Rock.
Tilly: A repercussão do álbum foi muito boa, muitos
reviews interessantes, notas altas, mas, tivemos que mandar para a Alemanha e
daí sim começou haver procura aqui no Brasil. Fechamos uma parceria com uma
extinta loja de SP, que passou a vender nossos CDs e anunciar nas revistas especializadas.
RtM: Apesar de remeter
aos nomes tradicionais do estilo, a banda soa contemporânea, a exemplo de
muitos grupos atuais, e podemos perceber uma banda que está em um nível igual,
ou pelo menos muito próximo do material que vimos de selos como Frontiers,
Melodic Rock e Aor Heaven, por exemplo. O que vocês têm acompanhado desse
cenário, que possui um público fiel, e isso pode ser observado pelo crescimento
desses selos especializados, e sua perspectivas, não só lá fora como aqui no
Brasil?
Tilly: Sim, nós sempre tivemos muita preocupação com
a questão de qualidade de gravação e usar elementos atuais para que o som não
ficasse “datado”. Na verdade esse público, foi o que sobrou daquela explosão
que foi no anos 80, passados 30 anos, tem um pessoal que começou a se
interessar por esse estilo, caso, que vem acontecendo na Suécia, onde “pipocam”
bandas do estilo, tem um festival, o Sweden Rock Festival, voltado para esse
público, que é muito fiel. Com relação aos selos, eu acompanhei todo o
crescimento da Frontiers, que é o maior selo do estilo, e talvez a única forma
através dele de bandas dos anos 80 ainda conseguirem lançar material inédito. RtM: Sim! Ainda bem que eles tiveram essa determinação, e há vários outros selos apostando no estilo agora. Tilly: Acho que se não tivesse a Frontiers, dificilmente veríamos um álbum do Nelson,
Night Ranger, Trixter, etc... Além de mostrar para o mundo bandas novas, já
tendo meio que um “carimbo de aprovação”, tipo, se está na Frontiers, vale a
pena conferir.
Quanto ao Brasil, me impressiona muito a quantidade
e qualidade de bandas que estão surgindo no estilo, espero muito que continue
crescendo.
RtM: Bom, “Land of
Lightning” finalmente foi lançado no final de 2016, e mesmo sendo
lançado no fim do ano, apareceu em várias listas de “Melhores do Ano”. E a repercussão em torno do álbum? Como estão sendo os feedbacks?
Tilly: Na verdade ele foi lançado (em CD) em agosto
de 2016. Sim, tivemos bons reviews, a recepção em torno do álbum tem sido muito
boa, tivemos nossa foto na capa da edição 87 da revista Rock Meeting com uma
entrevista de 4 páginas, além de algumas entrevistas para rádio e TV. “Around
The Sun” e “Love Is” entraram na programação normal de uma rádio portuguesa (Cascais
105.4).
RtM: Ah, "Love Is" é um verdadeiro Hit do primeiro CD!! (e está como bônus no novo) Bom, o álbum está
muito caprichado, tanto na parte gráfica, com uma estética muito bonita e
simples, e uma sonoridade ótima. Eu que adorei o primeiro álbum, com esse não
foi diferente, inclusive mostrei para algumas pessoas, e pensaram se tratar de
alguma banda estrangeira. O que você acha que falta para que as bandas
nacionais tenham um reconhecimento maior do público?
Tilly: Espaço. Espaços para tocar, espaço na mídia
para gerar uma curiosidade do público e
o mais importante, que a galera que curte o estilo compareça aos shows, deem apoio a essas bandas.
RtM: Quanto ao
mercado para o estilo, Melodic Rock e AOR mais especificamente, aqui no Brasil,
você vê como mais complicado do que para outros estilos? Você acredita que
talvez o Silent consiga ter uma repercussão maior tentando lançar o álbum em
países da Europa? Já falamos antes da Frontiers, que cresceu muito e
tem lançado muitas coisas de nomes tradicionais e novos nomes.
Tilly: Sim, vejo esse mercado muito fechado. A
Frontiers é a maior gravadora atualmente desse estilo, nós no início do
processo de criação do álbum pensamos entrar em contato com eles, mas,
declinamos da ideia por achar que
poderíamos ficar “engessados”, com isso fizemos no nosso tempo e como gostaríamos
que ele saísse, tanto no áudio quanto na parte gráfica. Duvido que alguma
gravadora faria o que fizemos na parte gráfica. Depois que estava tudo
finalizado assinamos com um selo aqui do Brasil (Planet Music Brazil) que
acabou de fechar uma parceria com a Sony Music. Quanto a lançar na Europa,
houve uma proposta de um selo, mas, tínhamos acabado de assinar e como teríamos
liberdade de prensar algumas cópias, optamos por fazer desse modo.
RtM: Falando um pouco
sobre as faixas, comente um pouco sobre a escolha da “Land of Lightning” para
ser a faixa título, e também sobre a letra dela.
Gustavo: A música Land Of Lightning é uma das razões
de termos realmente levado adiante a retomada do Silent. Havíamos gravado uma
demo e estávamos experimentando e a reação de uma amigo quando ouviu a música
foi decisiva para iniciarmos todo o processo!
A letra fala sobre o artista no momento em que
abandona tudo o que ele é pra entrar na obra de arte. Foi escrita em parceria
com o James Rose!
RtM: Outro destaque é a que abre o álbum, “Around the Sun”, que também foi o clipe que antecedeu o lançamento, e possui todas as características de um hino de Melodic Rock/AOR, com
grandes melodias. Gostaria que vocês comentassem também um pouco mais sobre
ela, que foi uma excelente escolha para apresentar o novo álbum.
Tilly: O engraçado é que essa foi a primeira música
em tudo. Foi a primeira que o Gustavo compôs exclusivamente para álbum, foi a
primeira que ensaiamos, a primeira que gravamos e o primeiro vídeo, acabou que
ela tinha que ser a primeira do álbum (risos) A sonoridade dessa música
“norteou” o álbum.
Gustavo: É uma música que trata de morte e separação
e de continuação da vida, profundamente influenciada pelo falecimento do
Alexandre França.
RtM: Além dessas duas
que se destacam bastante, temos muitas músicas que agradarão os fãs do estilo,
como baladas como “Bye Bye Superman” e “Home”, com o álbum seguindo essa
atmosfera mais emocional. Claro, há faixas mais Hard e um pouco mais diretas,
mas esse lado emocional se sobressaiu. Foi algo natural ou questão de
direcionamento e gosto pessoal?
Gustavo: Foi bem natural o processo de composição.
Todas as músicas são carregadas de emoção pois retratam muitos anos e momentos
muito intensos de nossas vidas, de despertar espiritual como em "Home" e "Where
Are We Going Now" ou da constatação de que seus filhos crescem e esse tempo não
volta mais como em "Bye Bye Superman!".
RtM: Acredito ser uma
pergunta difícil, mas além das músicas que falamos acima, quais mais você
destacaria em “Land of Lightning” e porquê?
Tilly: Sou suspeito para falar, mas, além das 4 que
você citou temos: “Hello, Hello” que a letra é bem legal e a música tem uma
levada bem bacana, “Numb” foi a última música que gravamos para o álbum, mesmo
ele já estando em fase de mixagem, “Scene” gosto bastante do clima dela e ela
tem uma parte que o Gustavo aproveitou de uma música que ele fez em 2002, quando
eu disse que tinha um selo interessado em lançar nosso 2º álbum, e “Dancing In
The Morning Light” que mantivemos as guitarras do Alexandre França.
Rtm: Gostaria que você comentasse
sobre os agradecimentos, onde o Tilly agradece ao Gustavo "por acreditar,
mesmo quando eu achava que não tínhamos
um álbum".
Tilly: Quando decidimos fazer um novo álbum fomos fazendo
músicas, revisamos outras antigas e chegamos a um número de 21 composições,
dessas separamos 15, eu olhava para
lista e achava que estava faltando uma música, sei lá, não conseguia ver ou
achar o que era, mas, tinha essa sensação. O Gustavo falava que tínhamos o
suficiente, inclusive nossa ideia inicial seria lançar 3 EPs de 5 músicas cada,
a medida que ele foi finalizando as músicas fomos montando o quebra-cabeça, 3
ficaram pelo caminho e depois veio a “Numb”. Quando as 13 ficaram prontas e
pude ouvir todas em sequência, vi que
ele estava certo. (risos)
RtM: Sobre o cenário
atual do AOR/Melodic Rock e Hard, dos nomes atuais do estilo, que bandas ou
artistas vocês destacariam?
Tilly: Pergunta difícil, conheço várias de nome,
mas, algumas nunca ouvi. A que vem a
mente e ouvi muito foi o álbum Armageddonize do Eclipse, ouvi bastante o Dark
Angel do Find Me, mas, acho que esse é um projeto, os últimos do H.E.A.T e
alguma do Reckless Love, porém o que mais me chamou atenção foi o Winery Dogs,
achei fantástico principalmente o 1º álbum. Continuo ouvindo as bandas que
marcaram minha geração e que foram influências, tenho sempre curiosidade para
ouvir coisas novas desses caras, aqueles que continuaram na ativa ou aqueles
que voltaram ou estão voltando.
RtM: E que
características você vê como imprescindíveis para uma banda do estilo?
Tilly: Músicas com refrão marcante, um Riff maneiro
de guitarra e solos de guitarra.
RtM: Pessoal,
obrigado pelo seu tempo, parabéns pelo álbum, esperamos que tenha a repercussão
merecida e que o próximo não demore tanto tempo.:
Tilly: Nós que agradecemos o espaço. Fique
tranquilo, não demorará. rsrs. Aproveitando gostaria de falar de nosso site, http://silent.band, nele terá uma parte chamada Silent Land onde
as pessoas terão acesso a material inédito da banda, bastará se registrar. Esse
material ficará disponível por 1 mês e poderá ser um vídeo ou música inédita e
posso te garantir que há no mínimo 25 músicas, todas elas dos dois primeiros anos
da banda 91/92, que foram gravadas há pouco tempo.
Gustavo: Foi um prazer poder falar de nossa jornada!
Um grande abraço aos nossos fãs e pra quem ainda não conhece, nosso álbum está
disponível em formato digital em todas as plataformas possíveis e imaginárias
além do CD que você pode comprar direto com a gente pelo e-mail cd@silent.band Entrevista: Carlos Garcia Silent é: Gustavo Andriewiski: Guitars and Vocals Alex Cavalcanti: Guitars Douglas Boiago: Bass Luiz "Tilly" Alexandre: Drums Official website Facebook Youtube