sexta-feira, 22 de junho de 2018

Entrevista - Chiara Malvestiti : Sob as Bençãos da Deusa e da Música



Chiara Malvestiti iniciou na música na adolescência, fazendo aulas de canto pop moderno, para em seguida descobrir o Metal Sinfônico e Nightwish, e como já demonstrava uma voz diferenciada e muito natural para o canto operístico, Chiara foi buscar melhorar suas habilidades. A experiência no Metal teve um capítulo importante com o debut do Crysalys, com o álbum "The Awakening of Gaya".    (English Version)

Devido a dedicação ao canto operístico, carreira a qual exigia sua atenção em tempo integral, afastou-se da carreira no Metal, mas em 2015, recebeu o convite de Christofer Johnsson para integrar o Therion. Apesar de não ter sido uma decisão fácil, devido aos seus compromissos com a música clássica, Chiara aceitou o convite, e já está há três anos na banda, encaixando-se perfeitamente e participando de momentos importantes do grupo, como o lançamento da ópera "Beloved Antichrist" e uma das maiores tours da história do Therion. 

Em sua passagem pela América do Sul, na "Beloved Antichrist Tour", fizemos esta entrevista com a encantadora e talentosa Chiara, que nos contou um pouco mais sobre sua carreira, estes 3 anos no Therion, suas inspirações, a ligação com a natureza e também algumas novidades em primeira mão! Confira a seguir:

Honestamente, eu nunca fui uma cantora de ópera "normal", mas uma não convencional.
RtM: Oi Chiara, foi um prazer conhecê-la pessoalmente, e obrigado por tirar um tempinho para nos conceder esta entrevista. Bom, para começar, vamos voltar no tempo. Gostaria de saber como seu trabalho foi parar nas mãos de Christofer Johnsson, como foram os primeiros contatos? Como você se sentiu quando recebeu o convite para se juntar à banda?
Chiara: Há 3 anos atrás eu recebi um e-mail dele, onde ele me perguntou se eu estava disponível para a banda. Naquela época eu estava focada apenas na ópera e estava fazendo ensaios no teatro para uma estreia na Ópera de Mascagni. Melissa Feerlak mencionou meu nome quando Christofer explicou-lhe que tipo de soprano específico ele procurava. Eu me senti confusa no início, depois de 3 anos ou mais longe do Metal, parecia uma volta para casa!

RtM: Você foi convidada para audições e ensaios com a banda, certo? Conte-nos como foram essas audições, você se sentiu confiante de que seria a nova Soprano do Therion? Quais músicas você cantou com a banda nas audições?
Chiara: A audição foi via vídeo, eu cantei "Ginnungagap" e "The Rise of Sodom and Gomorrah" em um vídeo sem qualquer interrupção, Christofer precisava de uma soprano com um alto registro que pudesse cantar notas altas com facilidade. Então eu fui à Suécia para os ensaios com a banda.


RtM: Christofer disse que muitas vezes que encontrou a garota certa, se encaixando muito bem na "família Therion". Certamente você deve ter se sentido lisonjeada com as palavras dele. E claro, você também conquistou o coração dos fãs. Eu gostaria que você falasse sobre isso, o calor recebido, já que Lori era uma parte muito importante da banda. Você chegou a se sentir de alguma forma apreensiva com relação a recepção dos fãs?
Chiara: Sim, claro que fiquei contente com as palavras de Christofer. Lori foi muito importante para a história do Therion e ela fez um ótimo trabalho. Nós somos diferentes tipos de soprano e cantora, mas eu acho que nós duas nos encaixamos muito bem na sonoridade do Therion de maneiras diferentes, cada uma com suas características e assinaturas. Não me senti apreensiva, fui apenas eu mesma e dei tempo aos fãs do Therion para conhecer melhor a mim e a minha voz!

RtM: E sobre a estréia no palco com a banda, em Istambul? Conte-nos um pouco como foi a expectativa. Os dias e as horas que antecederam a estréia deixaram você ansiosa ou nervosa? E como você se sentiu no final do show?
Chiara: Sim, eu me senti muito nervosa naquele dia! Tudo era novo para mim, mas depois do show todo mundo (inclusive eu) ficou muito feliz com a minha estréia no palco!

RtM: Falando em presença de palco, o Therion adotou algumas mudanças e mais cuidado com o visual de palco, lembrando que o Snowy Shaw foi um dos responsáveis ​​por essa mudança. E você, que também acompanhou a banda, o que você acha das mudanças? E seu visual de palco no Therion? Você pensou em algo específico, teve alguma sugestão da banda ou simplesmente seguiu seu próprio estilo?
Chiara: O Therion é uma banda excêntrica, você sabe disso, com muitas influências.
Honestamente, nós nunca falamos muito sobre isso, tudo foi muito natural, cada um tem seu próprio papel no palco, a única palavra que vincula todo mundo é um conceito "Steampunk", mas sim eu mantenho meu próprio estilo que cresce comigo em cada turnê:

"Depois de 3 anos ou mais longe do Metal, parecia uma volta para casa!" (sobre a entrada no Therion)
RtM: Agora, você poderia nos contar um pouco mais sobre como começou na música, com que idade você começou a praticar canto e quais foram seus principais apoiadores e suas inspirações (cantores, músicos) no Metal e no canto operístico? Eu me lembro do que você disse em uma entrevista, que começou no canto clássico por causa do Symphonic Metal.
Chiara: Sim! Você está certo. Comecei com aulas de canto quando era adolescente, estudando canto pop moderno. Depois de 2 anos eu descobri o Nightwish com Tarja Turunen e meu treinador vocal disse que minha voz de ópera era muito fácil e natural, e eu comecei a melhorar minhas habilidades estudando ópera, cantando em Florença, a capital do Melodramma e no Conservatório de Música. Tive muitas experiências em Óperas, Recitais etc. Minha primeira inspiração foi Tarja, mas minhas musas foram e são: Maria Callas, Renata Tebaldi, Loreena Mc Kennitt e Tori Amos.

RtM: Falando agora sobre a ópera “Beloved Antichrist”, conte-nos um pouco sobre o seu papel no álbum, e o que você pode nos dizer sobre essa oportunidade, estar na banda em um momento memorável, porque é um projeto que Christofer vem desenvolvendo há anos !
Chiara: Quando eu fui à Suécia para os primeiros ensaios, há dois anos, eles também me pediram uma audição para o principal papel feminino da Rock Opera, Johanna. Eu não fazia ideia de nada, do personagem, da música, nada. Eu apenas cantei algumas partituras primavistas e eles imediatamente disseram que eu era perfeita para cantar essas partes.
Johanna é uma espécie de sacerdotisa religiosa e fanática contra o Anticristo, uma espécie de Joana D'Arch, irmã mais velha de Helena (esposa do Anticristo). Seu temperamento é sagrado, luminoso e combativo ao mesmo tempo.

RtM: Quais suas músicas favoritas deste novo álbum?
Chiara: Eu amo "Seeds of time", mesmo que seja muito curta para se apresentar no palco em um show normal do Therion, mas também "The Palace Ball" e "Resurrection".

"Johanna é uma espécie de sacerdotisa religiosa e fanática contra o Anticristo." (Sobre sua personagem na ópera "Beloved Antichrist"
RtM: E quanto ao seu trabalho como cantora clássica? Conte-nos um pouco também de como é se dividir entre esses dois mundos, o clássico e o metal?
Chiara: No momento não é nada fácil. Ser uma cantora de ópera significa viver apenas para ela em um aspecto da sua vida, em tempo integral. Muitas vezes aconteceu de me pedirem para me apresentar em concertos clássicos, mas nos mesmos períodos eu estava em turnê com o Therion. Honestamente, eu nunca fui uma cantora de ópera "normal", mas uma não convencional. Em minha mente, nunca dividi minha essência e acho que é um dos meus pontos de força ou fraqueza, depende do ponto de vista.

RtM: E sobre o Crysalys? 
Chiara: O Crysalys está indo muito devagar por muitas razões. Inicialmente,  por 3 anos minha energia e principalmente o tempo estão focados no Therion e meu trabalho como vocal coach, e Fabio (meu namorado e compositor-tecladista da banda) também está muito ocupado com o seu trabalho como compositor para a mídia.

RtM: Conte-nos mais sobre o novo álbum. Vocês estão organizando um crowdfunding, como está indo esse projeto?
Chiara: O álbum está quase pronto, mas como você sabe, é preciso muito tempo para gravar, mixar, promover e apoiar com a imagem certa, shows, etc. As composições também são muito precisas e merecem muito cuidado e atenção, mas é hora de completá-lo e compartilhá-lo com o mundo. Sim, nós gostaríamos de crowdfunding, vamos ver onde o futuro nos levará.


RtM: Ainda sobre o Crysalys, gostaria que você falasse um pouco sobre o primeiro álbum, “The Awakening of Gaya” e a auto-avaliação de sua performance nele. A propósito, eu adoro o álbum, e "Angelica" e "... Let the Innocence Dream", são minhas músicas favoritas.
Chiara: Obrigada! O Despertar de Gaia (The Awakening of Gaya) marcou um ponto muito importante na minha carreira no metal. Foi um álbum de estreia genuíno e enérgico, e ainda me sinto muito orgulhosa e grata a ele e ao que ele representou, não apenas para nós, mas para muitas bandas do gênero eu diria. É claro que agora, depois de 7 anos, minha ideia de cantar é muito diferente e refinada, mas para esse álbum está certo como foi, a raiva da Mãe Terra e seus elementos, um vulcão de energia. Foi definitivamente uma parte de mim, que eu realmente respeito e me trouxe até onde estou agora.

RtM: Uma curiosidade ... sobre o projeto Eve's Apple, por que não foi em frente? 
Chiara: Eu não sei as verdadeiras razões pelas quais o Eve's Apple parou anos atrás, mas eu senti muito por isso, eu amei aquele período em que muitas de nós, cantoras de metal de diferentes origens musicais e nações, uniram experiências para construir algo diferente no metal. 

RtM: Você me falou algo sobre um projeto solo! Agora, conte-nos um pouco mais sobre isso!
Chiara: Sim, você foi o primeiro que eu contei sobre isso! Eu tive uma espécie de iluminação para o nome quando estava viajando pelo Brasil, sua antiga Deusa do Sol sussurrou algo sobre isso para mim.

RtM: Em que estilo as músicas serão? Quem está com você no projeto? E sobre os temas das letras?
Chiara: Este projeto nasceu há muitos anos em minha mente, mas agora está tomando forma. Não será metal sinfônico. Só posso revelar-lhe que será dedicado à Deusa e à minha espiritualidade das Antigas Formas, os Cultos da Grande Mãe ao redor do mundo em minhas viagens astrais e reais. Não vai ser uma banda, acho que será um projeto em dupla com alguns convidados especiais como compositores, músicos e cantores. Eu mal posso esperar para começar!

"Este projeto nasceu há muitos anos em minha mente, mas agora está tomando forma." (A respeito de seu novo projeto)
RtM: Sobre escrever músicas, o que te inspira?
Chiara: A Deusa. Minha luz e chama interior.

RtM: Agora falando sobre as tours, lembro que na sua primeira vez na América você teve muitos shows em poucos dias, e a banda fez uma piada com isso, chamando “No Sleep Tour”! hahaha! Desta vez, há novamente muitos shows em poucos dias. 
Chiara: Sim, foi minha primeira turnê com o Therion e todos me disseram que foi a turnê mais difícil que eles já fizeram! Desta vez é o mais longo da América Latina (35 dias, 24 shows e 11 shows apenas no México) apenas 3 semanas depois de 60 shows pela Europa (a turnê mais longa da banda em 31 anos! Parece que eles estavam me esperando para buscar essas novas metas!  hahaha! 

RtM: Diga-nos, que cuidados você toma para enfrentar essas maratonas todas?
Chiara: Eu tenho que agradecer meus antecedentes clássicos, a técnica vocal forte que eu aprendi com grandes cantores de ópera e também a minha autodisciplina. Eu tenho que dizer que não é tão óbvio que uma cantora de ópera possa resistir a tão longo prazo performando quase duas horas todos os dias, com poucas horas (ou nada) de sono e viagens longas. O trabalho vocal de um cantor clássico leva muita energia e precisa de algumas regras específicas.
Isto é o que eu quero ensinar aos meus alunos de canto, se eles querem se tornar cantores profissionais.


RtM: No México o Therion tem uma grande base de fãs! E aqui na América do Sul também é muito expressiva, acredito que você tenha sentido o quanto Therion é amado pelos fãs daqui, e gostaria de saber as coisas que mais chamaram sua atenção nessa passagem pela América Latina, agora, sua segunda vez aqui?
Chiara: Estou no México agora, hoje é o primeiro dia de folga que temos depois que eu recebi sua entrevista. Aqui e na América Latina os fãs e público em geral são ótimos! Tão calorosos e apaixonados, é um presente para nós recebermos sua energia durante o show, em geral suas raízes estão conectadas ao Sol e tenho certeza que vocês são calorosos em tudo que fazem em sua vida. Eu também recebi muitos presentes e palavras preciosas e um apoio adorável quando da perda do meu avô, que morreu 5 dias atrás(23 de maio).


RtM: E quanto a passagem em Porto Alegre? Sua primeira vez aqui, e a segunda da banda, apenas Christofer e Sami estiveram aqui em 2001. Você gostou da recepção? É uma pena que não tenhamos tido tempo para mostrar mais da cidade e do Rio Grande do Sul.
Chiara: Eu sei! é a pior parte do trabalho, o fato de não podermos visitar nada. É muito raro termos tempo ou um dia de folga perto de algo interessante. Porto Alegre foi ótima e você foi muito gentil conosco, quero agradecer novamente pelo seu presente, eu adorei!


RtM: Talvez seja uma pergunta difícil, mas você poderia apontar seus três álbuns favoritos do Therion e fazer um breve comentário sobre eles?
Chiara: Meus álbuns favoritos são "Secret of The Runes", "Lemuria" e "Gothic Kabbalah".
"Secret of the Runes" é o mais próximo de mim, o mais pagão e o que eu adoraria gravar, "Lemuria" é mais mágica, eu amo a essência de Atlantis dentro dele, "Gothic Kabbalah" é o primeiro que eu escutei muitos anos atrás, quando eu comecei no metal, eu ainda me lembro quando vi o vídeo "Son of the Staves of Time" pela primeira vez, eu era tão jovem!


RtM: E no seu tempo livre, quando você não está envolvida com música, que coisas você gosta de fazer? Eu sei que você gosta de séries, e, bem, teremos que esperar até 2019 para a temporada final de Game of Thrones! Se você pudesse escolher uma final para a história, como seria? Há há! 
Chiara: Ahahah! Sim GOT é um dos meus favoritos, eu não li os livros e não tenho nenhuma ideia sobre como a temporada final vai acabar, mas eu adoraria ver Daenerys e Jon Snow juntos com todos os dragões e lobos!

RtM: E você está tendo tempo para acompanhar algumas de suas séries favoritas?
Chiara: Não, eu não tenho tempo suficiente para assisti-las todas
Eu tive de parar de assistir muitas delas, elas estão em modo de espera, então novas séries estão de fora, e eu começo a assisti-las nos poucos momentos livres que eu tenho antes de dormir!


RtM: Bom, sabemos que você também está muito ligada à natureza, a Deusa, aos animais. Eu gostaria que você nos contasse um pouco sobre esse seu lado, e também sobre como você vê o mundo hoje, onde parece que precisamos urgentemente de mais amor e mais respeito com os outros e com a natureza.
Chiara: Esta é a parte mais importante de mim. Eu gostaria de dedicar minha vida inteira a isso. Estou seguindo meu caminho como filha da Deusa para me tornar uma sacerdotisa Dela e aprender todas as suas artes antigas e trazê-la ao mundo com minha voz e espírito. Neste mundo onde o Patriarcado destruiu seus cultos Ela ainda está viva e é grata a ambos os princípios (masculino e feminino), se conseguirmos encontrar o equilíbrio, o respeito e os papéis corretos em nosso lindo planeta.

"Estou seguindo meu caminho como filha da Deusa para me tornar uma sacerdotisa Dela"
RtM: E como você vê a cena musical na Itália, especialmente no Metal? Seu país sempre mostrou bons nomes. Existem muitas dificuldades para uma banda permanecer no cenário?
Chiara: Hoje em dia a cena na Itália é terrível. Sim, há muitas bandas e músicos bons, mas a situação é muito negativa em muitos aspectos. Se você quer sair e tocar, você tem que pagar muito, e o Metal especialmente, e eu acho que posso dizer que depois de 12 anos que estou neste cenário, é o  gênero mais difícil de se tocar na Itália. Isso é muito triste. Estou muito desapontada com muitas agências e promotores aqui.


RtM: Chiara, obrigado pela sua gentileza e atenção, desejamos muito sucesso a você, pessoa talentosa e adorável, e com certeza estas duas coisas ajudaram você a capturar nossos corações! O espaço final é para você enviar sua mensagem para os fãs, aqui na América!
Chiara: Olá amigos! Eu amo vocês "FILHOS DO SOL" Vocês estão no meu coração e eu me sinto tão sortuda por ter a chance de me apresentar em seus lindos países!


Entrevista: Carlos Garcia e Raquel de Avelar
Fotos: Arquivo da artista

Chiara Malvestiti' sofficial FB page




     


       


     

Interview - Chiara Malvestiti: Under the Bless of the Goddess and the Music

 


Chiara Malvestiti began in music as a teenager, taking classes in modern pop singing, then discovering Symphonic Metal and Nightwish, and as she already demonstrated a distinct and very natural voice for operatic singing, Chiara sought to improve her skills. The Metal experience had an important chapter with Crysalys debut, with the album "The Awakening of Gaya".                                      (Leia a Versão em Português)

Due to dedication to operatic singing, a career that demanded her full-time attention, she turned away from her Metal career, but in 2015, she was invited by Christofer Johnsson to join Therion. Although not an easy decision due to her commitments to classical music, Chiara accepted the invitation, and has been in the band for three years, fitting perfectly and participating in important moments of the group, such as the launch of the opera "Beloved Antichrist"and one of the greatest tours in the history of Therion.

On her way through South America on the Beloved Antichrist Tour, we did this interview with the charming and talented Chiara, who told us a little more about her career, these 3 years at Therion, her inspirations, her connection with nature and also some first-hand news! Check it below! Sing for us, angel of music:

"Honestly I never was a "normal" opera singer, but an unconventional one."
RtM: To begin, let’s come back in time.. I wonder how your work came to Christofer Johnsson, how was the first contacts? How did you felt when you received the invitation to join the band? 
Chiara Malvestiti: 3 years ago I recieved a mail from him where he asked me if I was available for the band.   At that time I was focused only on Opera and I was doing rehearsals in theatre for a debut on a Mascagni's Opera. Melissa Feerlak made my name when Christofer explaned her what kind of specific soprano he was searching for. I  felt confused at first, after 3 years or more away from Metal it sounded like coming back home!

  
RtM; Did you have been invited to audition and rehearsals with the band, right? Tell us how were these auditions, you felt confident that it would be the new Therion’s Soprano? What songs you sang with the band in the auditions? 
Chiara: The audition was via video,  I had do sing "Ginnungagap" and "The Rise of Sodom and Gomorrah" in one video without any interruption, Christofer needed a soprano with strong upper register who would be able to sing powerful high notes easily. Then I went in Sweden for rehearsals with the band.

  
RtM: Christofer said many times he found the right girl, fitting very well in "Therion’s family". Surely you must have felt flattered by his words. And sure, you’ve captured the heart of the fans too. I’d like you talk about it, that warmth received, since Lori was a very important part of the band. Did you ever feel somehow apprehensive about he reception of the fans? 
Chiara: Yes of course I was glad about Christofer's words. Lori was very important for Therion's history and she did a great job. We are different kind of soprano and singer, but I think we both fit very good in Therion'sound in different ways, everyone with her signature song. I don't feel apprehensive, I'm just myself and I gave time to Therion's fans to know better me and my voice!


RtM: And about the debut on stage with the band, in Istanbul? Tell us a little as was the expectation. The days and hours leading up to the debut left you anxious or nervous? And how did you feel at the end of the show? 
Chiara: Yes I felt VERY nervous that day! Everything was new for me, but after show everyone (included me) were very happy about my debut on stage!
  

RtM: Speaking of stage presence, Therion adopted some changes and more care with the stage look even remember that Snowy Shaw was one of those responsible for this change. And you, who has also accompanied the band, what do you think of the changes? And your visual and stage performance in Therion? Did you think of something specific, had any suggestions of the band, or simply followed your own style? 
Chiara: Therion is an eccentric band, you know it, with many influences. 
Honestly we never spoke so much about it, everything was very natural, each one has is own role on stage, the only word that bound everyone is a "Steampunk" concept, but yes I keep my own style that grows with me every tour :).

"After 3 years or more away from Metal it sounded like coming back home!"
 RtM: Now, would you tell us a little more about how you started in music, at what age did you start to practice singing and what were your main supporters, and your inspirations (singers, musicians) in Metal and opera singing? I remember what you said in an interview that began in classical singing because of Symphonic Metal. 
Chiara: Yes! You are right. I started with singing lesson when I was a teenager, studying modern-pop singing. After 2 years I discovered Nightwish with Tarja Turunen and my vocal coach said that my opera voice was very easy and natural,  and I started to improve my skills studying opera singing in Florence, the capital of Melodramma and in the Conservatory of Music and I have many experiences on Operas, Recitals etc..  My first inspiration was Tarja, but my muses were and are: Maria Callas, Renata Tebaldi, Loreena Mc Kennitt and Tori Amos.

  
RtM: Talking now about “Beloved Antichrist”,  tell us a little about your role in the album, and what can you tell us about this oportunity, to be in the band in a memorable moment, because is a Project that Christofer has been devoloping for years! 
Chiara: When I went in Sweden for the first rehearsals 2 years ago they also asked me for an audition for the Rock Opera's main female role, Johanna. I didn't have a clue about everything, the character, the song, nothing. I just sang some primavista scores and they immediately said I was perfect to sing her. 
Johanna is a sort of religious, fanatic priestess against Antichrist, a sort of Joan D'Arch, older sister of Helena (Antichrist's wife). Her temperament is sacred, luminous and combative at the same time.


RtM: What your favorite songs of this new album? 
Chiara: I love "Seeds of time" even if is very short to perform on stage in a normal Therion' show, but also "The Palace Ball" and "Resurrection".

  
RtM: What about your work as a classical singer? Tell to us a little also of how is to be divided between these two worlds, the Classic and the Metal? 
Chiara: At the moment is not easy at all. Being an opera singer it means living just for it in very aspect  of your life, full time. Many times happened that asked me to perform in classical concerts but in the same periods I was on tour with Therion. Honestly I never was a "normal" opera singer, but an unconventional one. In my mind I never splitted at all my essence and I think it's one of my point  of strenght or weakness, it depends from the point of view.


RtM: And about Crysalys? 
Chiara: Crysalys is proceeding very slowly for many reasons, initially for 3 years my energy and especially time are focused on Therion and my job as a vocal coach and Fabio (my boyfriend and composer-keyboard player of the band) is also very busy with the his work as a composer for the media.


RtM: Tell us more about the new album. You are organizing a crowdfunding, how’s going this Project? 
Chiara: The album is almost finished, but as you know it takes a lot of time to record, mix, burn, promote and support with the right image, shows, etc. The songwriting is also very accurate and deserves a lot of care and attention, but it's time to complete it and share it with the world. Yes, we would like to crowdfunding, let's see where the future will take us.

  
RtM: Talking more about Crysalys, I would also like you to talk a little about the first album,  “The Awakening of Gaya” and the self-evaluation of your performance in it. By the way, I love the album, and "Angelica" and "... and Let the Innocence Dream", are my favorite songs. 
Chiara: Thank you! The Awakening of Gaia marked a very important point in my metal career. It was a genuine, energic debut album and I still feel very proud and grateful to it and what it represented, not only for us but for a lot of bands of the genre I would say.  Of course now  after 7 years my idea of singing is very different and refined but for that album is right how it was, the rage of Mother Earth and her elements, a volcano of energy. It was definitively a part of me, that I truly respect and brought me where I am now.

  
RtM: A curiosity...about the Project Eve’s Apple, why it didn’t go ahead? 
Chiara: I don't know the real reasons why Eve's Apples stopped years ago, but I was very sorry for it, I loved that period where many of us female metal singers of different musical backgrounds and nations united our experiences to build something different in the metal industry.


RtM: You told me about a solo Project! Now, tell us a little more about it! In what style will the songs be? 
Chiara: Yes, you were the first one I told about it! I had a sort of illumination for the name when I was travelling through Brazil, your ancient Sun Goddess whispered something me about it. 
This project borned many years ago in my mind but now is taking shape. It won't be symphonic metal.
  
"This project borned many years ago in my mind but now is taking shape."
RtM: Who are with you in the Project? And about the lyrics themes? 
Chiara: I can only reveal you that it will be dedicated to The Goddess and my spirituality of the Old Ways, the Cults of the Great Mother around the world in my astral and real travels. It wont' be a band, I think will be a duo project with some special guests as composers, musicians and singers.  I can't wait to start it!

  
RtM: About writing songs, what inspires you? 
Chiara: The Goddess. My Light and Fire within.
  

RtM: I remeber that in your first time in America you had many gigs in a few days, and the band made a joke with this, calling “No Sleep Tour”! He he he! This time, there are again a lot o f concerts in few days. 
Chiara: Omg yes..it was my first tour with Therion and everyone of them told me that was the hardest tour they ever made! This time is the longest ever in Latin America (35 days, 24 shows and 11 gigs only in Mexico) only 3 weeks after 60 concerts around Europe (the longest tour ever of the band in 31 years! It seems they were waiting  me for this new goals hahaha!


RtM: Tell us, what care do you take to face these marathons? 
Chiara: You ask me how I face these marathons? I have to thank my classical backgrounds, the strong vocal tecnique I learned from great opera singers, and also my self-discipline. I have to say that it's not so obvious that an opera singer can resist for such a long run performing almost every day 2 hours with few hours (or nothing) of sleeping and long travels.The vocal job of a classical singer it takes a lot of energy and it needs some specific rules. 
This is what I want to teach to my vocal students if they want to become professional singers.

  
RtM: In Mexico Therion have a large fan base! And here in South America is also very expressive, I believe that you have felt how much Therion is loved by the fans here, and I would like to know the things that most caught your attention on this second passage for Latin America? 
Chiara: I'm in Mexico now, today is the first day off we have after I recieved your interview. Here in Latin America the fans and the crowd in general are great! So warm and passionated, it's a gift for us recieving your energy during the show, in general your roots are connected to the Sun and I'm sure you are so warm in everything you do in your life. I also recieved a lot of gifts and precious words and a lovely support for the loss of my grandaddy who died 5 days ago (interview made it in may 28th).

  
RtM: And about you time in Porto Alegre? Your first time here, and the second of the band, just Christofer and Sami was here in 2001. Did you like the reception? A pity that we don’t have time to show you more from the city and Rio Grande do Sul. 
Chiara: I know! it's the worst part of the job that we are not able to visit nothing. It's very rare that we have time or a day off close to something interesting. Porto Alegre was great and you were so kind with us, I want to thank you again for your gift, I love it!

  
RtM: You're welcome dear Chiara, glad you liked to be here, and also liked the gift. Well, maybe it's a difficult question, but could you tell us your three favorite albums of Therion and make a short comment about them? 
Chiara: My favorite albums are Secret of The Runes, Lemuria and Gothic Kabbalah. 
"Secret of the Runes" it's the closest to me, the most pagan one and the one I would had loved to record, "Lemuria" is the most magic, I love the essence of Atlantis inside of it, "Gothic Kabbalah" is the first one I listened many years ago when I started with metal, I still remember when I saw "Son of the staves of time" video  for the first time, I was so young!


RtM: And in your spare time, when you are not involved with music, what things do you like to do? I know that you like series, and, well, we will have to wait until 2019 for the final season of Game of Thrones! If you could choose a final to the history, how it will be? Há há há! 
Chiara: Ahahah! Yes GOT is one of my favorite ones, I didn't read the books and I don't have any idea about how the final season will end, but I love to see Daenerys and Jon Snow togheter with all the Dragons and Wolves! 


RtM: And are you having time to wach some of your favorites series? 
Chiara: No I don't have enough time to watch them all :( 
I  interrupted to watch many of them, they're in standby but then new series are out and I start to watch them in the few free times I have before sleeping!


 RtM: I know you too are very connected to nature, the Goddess, animals. I would like you to tell us a little bit about this side of yours, and also about how you see the world today, where it seems that we urgently need more love and more respect with others and nature. 
Chiara: This is the most importan part of me. I would like to dedicate my full life to this. I'm followig my path as a Goddess' daughter in order to become a priestess of Her and learning all her ancient arts and bring it to the world with my voice and spirit. In this world where the Patriarchate destroyed her cults She is still alive and is thank to both principles (Masculine and Feminine) if we can find the balance, respect and the righ roles in our gorgeous planet. 

"I'm followig my path as a Goddess' daughter in order to become a priestess of Her"
RtM: And how do you see the music scene in Italy, especially the Metal? Your country has always shown good names. There are many difficulties for a band to stay in the scenario? 
Chiara: Nowdays the scene in Italy is terrible. Yes there are a lot of good bands and musicians but the situation is very negative in many aspects.  If you want to emerge and play you have to pay a lof of money, Metal Music especially I think that I can say after 12 years that I'm in this scenario, is the hardest genre to play in Italy. This is very sad. I'm very disappointed by a lot of agencies and promoters here.

  
RtM: Chiara, thanks for your kindness and attention, we wish much success to you, talented and  lovely person, and sure this two things helped you to capture our hearts!  The final space is for you to send your message to fans, here in America and around the world! 

Chiara: Hola amigos! I love you "SONS OF THE SUN"  You are in my heart and I feel so lucky to have the chance to perform to your beautiful countries!


Interview: Carlos Garcia (With collaboration of Raquel de Avelar)

Chiara Malvestiti' sofficial FB page





       


       


     


domingo, 17 de junho de 2018

Encéfalo: Brutalidade a Flor da Pele



Em seu terceiro álbum, os cearenses da ENCÉFALO trazem à tona uma sonoridade mais caótica ainda que seus discos antecessores. Antes o Thrash Metal se fazia mais presente em seu som, mas agora o Death Metal é a tônica, em músicas que semeiam a brutalidade com blast-beats insanas, riffs estridentes e um baixo amedrontador.

“DeaThrone” abre com uma Intro, para na sequência despejar destruições como “Echoes From the Past”, “Visceral Sadism” e “Annihilation Contempt to the Majesty”; “These Final Rotten Days” tem uma levada insanamente empolgante; “Retaliation” o próprio nome entrega, pra retaliar ouvidos. Ao fim, são 41 minutos, divididos em 10 sons que não deixam pedra sobre pedra; não há espaço pra firulas ou embromações, somente agressividade e extremismo.


A produção de André Noronha deixou um certo ar ‘old school’, com uma sujeira muito bem vinda, ainda que todos os instrumentos estejam perfeitamente audíveis.
A bonita arte da capa foi feita por Ygor Nogueira e o novo logo da banda foi criado por Illy Domingos.

A ENCÉFALO é uma banda experiente, já tendo excursionado pela Europa inclusive, e sendo uma banda que está na estrada desde 2002, traz toda essa carga de experiência e conhecimento de causa em “Deathrone”, cuja sonoridade agradará e muito quem busca um Death Metal esporrento e brutal.

Texto e edição: Marcello Camargo


Lançamento: Shinigami Records

Line-Up:
Henrique Monteiro – vocals/bass
Lailton Sousa – guitar
Rodrigo Falconieri –drums

Tracklist:
1. Intro
2. Echoes From The Past
3. Visceral Sadism
4. Annihilation Contempt To The Majesty
5. Blessed By The Wrong Choice
6. Hell
7. These Final Rotten Days

       



domingo, 10 de junho de 2018

JEV: Com a Alma do Hard Rock 80's


Formada em 2012, inicialmente com o nome de Jevally (junção das palavras Jerusalém e Vally), e após abreviado para JEV, o grupo de São José dos Campos (SP), podemos dizer que faz parte desta interessantíssima nova safra do Hard Rock brasileiro, onde podemos citar nomes como Adellaide, Marenna, Gueppardo, Sioux 66, além do retorno do excelente Silent.

O quarteto apresenta em seu debut homônimo, lançado via Urca Music/Warner Chapell, um álbum com produção sonora muito boa, mixagem e masterização bem feitas, com os instrumentos e vozes bem balanceados, mas sem deixar tudo limpinho demais, pois podemos notar uma pegada mais orgânica e direta no decorrer da audição.

Logo de cara, na primeira faixa, "Driver", pude sentir uma influência do Hard 80's, principalmente Mötley Crüe, pois os vocais de Hebert me lembraram bastante Vince Neil, tendo várias nuances características do vocalista, e claro, comuns a outros da época. Possui alguns exageros? Possui, mas nada muito além do que estamos acostumados dentro do estilo. A sonoridade também segue por essa linha, mas sem soar datado ou como uma produção da época, tendo algumas incursões mais modernas, alguns efeitos eletrônicos, que às vezes achei desnecessários (como a vinheta "Syren", bem irritante) mas nada que comprometa. 


Esta estreia possui muito mais acertos do que arestas a serem aparadas, como por exemplo a arte da capa, a qual o grupo deveria ter dispensado uma atenção maior, certamente o álbum teria me passado despercebido se não tivesse uma informação prévia sobre a banda, pois parece uma capa de uma banda de música pop modernosa ou eletrônica. Ok, quem sabe eles quiseram fugir do lugar comum da arte de capas de Hard Rock, mas não acertaram a mão aí.

Quanto às músicas, conforme já falei acima, a primeira música, após a intro "The Racing", é "Driver", e é um ótimo cartão de visitas, remetendo de imediato ao Mötley, principalmente dos primeiros álbuns, com aquela sonoridade mais crua e pesada; "Move it On" mantém a pegada e a boa impressão, em um andamento mais acelerado e doses de groove.


Dentre as 8 canções (das 10 faixas, temos 2 vinhetas), as quais seguem essa linha Hard 80's, com essa pegada com certa crueza e peso, destaco ainda a "Your Look", que traz melodias mais pegajosas, um riff marcante no início, com o uso bem legal do Wha-Wha. Provavelmente o refrão mais marcante do álbum, e um trabalho mais lapidado de guitarras, alternando riffs e dedilhados; e claro, a tradicional balada não faltou; "When is Love" é muito bem construída, com todas as características que o fã do gênero adora, e ainda o ritmo cativante de "Over this Time".

Muito boa estreia do JEV, mostrando bom potencial, boa produção, sendo indicada a fãs de Hard Rock na linha, principalmente do Mötley Crüe dos primeiros álbuns, e também grupos como Cinderella, Pretty Boy Floyd e Ratt. Claro, alguns detalhes a melhorar, mas a experiência deste primeiro debut e a estrada sempre são grandes lições, potencial eles possuem, resta saber se terão maturidade para aproveitar as experiências, evoluir e não ser apenas mais um nome a ficar pelo caminho.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Assessoria: Rômel Santos

Ficha Técnica:
Banda: JEV
Álbum: JEV (2017)
Estilo: Hard Rock
País: Brasil
Produção: Glauber Ribat
Co-Produção: Hebert Davis
Selo: Urca Music/Warner Chapell


Line-up *:
Hebert Davis: Vocais
Cleiton Soman: Guitarra
Allan Tavares: Baixo
Jéssica: Bateria
 (* Line-up que gravou o álbum, atualmente o grupo conta, além de Hebert e Jéssica, com Fredy Müller e Igor Henrique nas guitarras)

Tracklist
The Racing
Driver
Move it On
Syren
Wildest Youth
Your Look
When is Love
Heaven
Over this Time
Everytime I’ll Loose my Mind (Long Live Rock and Roll)


     

sexta-feira, 8 de junho de 2018

The Dead Daisies: Hard Rock Incendiário



Novos segmentos musicais e respectivas bandas preferem desvelar as vocações por caminhos mais modernos. Só que em contra partida, há os que seguem pela linha mais clássica, trazendo as características dos primórdios do Hard Rock para os dias de hoje. Condicionados por esse escopo que o The Dead Daisies parte para o seu quarto trabalho de estúdio, “Burn It Down”.

Esboçado pra ser um projeto paralelo, David Lowy (guitarrista e fundador), percebeu que a banda poderia ser mais que isso, estabelecendo uma identidade e buscando uma formação consolidada, tendo como única novidade neste novo play a entrada do baterista Deen Castronovo (Journey, Bad English). E ouvindo “Burn It Down” percebemos que a margem artística do grupo não está descaracterizada, permanecendo com a asserção de fazer um Hard Rock com guitarras vigorosas, exequíveis melodias e refrões marcantes, só que de um jeito mais pesado e denso comparado ao “Make Some Noise”, o seu antecessor.


A sonoridade é outra coisa que foi conservada pra esse disco, notando uma pequena mudança de direcionamento, captado por uma sonoridade mais direta, mas nada disso ecoa de forma desmoderada, pois todos os instrumentos são executados de maneira clara e com bases bem definidas, integrando todo esse senso musical numa qualidade precisa e coesa. Sobre a arte, novamente é mostrado um visual simples, onde o símbolo já conhecido da banda aparece derretendo, seguindo o título do álbum.

Rapidamente o The Dead Daisies galgou degraus, se tornando um dos principais nomes da atualidade dentro do estilo, com músicos experientes, os quais conseguem trazer a influência do Hard Rock americano (mais precisamente dos anos 70) com uma fardagem atual, fazendo com que “Burn It Down” seja um verdadeiro triunfo. Ou seja: é ouvir e gostar.


Difícil definir os destaques, já que as músicas são uma melhor que a outra, e logo somos cativados pela veia clássica na carregada “Resurrected”; movida de mais peso, temos “Rise Up”. O feeling bluesy aparece em “Burn It Down”, assim como na visceral “Judgement Day”. “What Goes Around” traz um riff distorcido e pesado; despojando energia, apresentam o incendiário cover para “Bitch”, dos Rolling Stones;  o clima envolvente pede passagem na balada “Set Me Free”. O fervor intenso retorna na dura “Dead and Gone”, seguida da "Hardona" “Can’t Take It With You”, terminando com a Rock N’ Roll “Leave Me Alone”.

Pelo jeito o The Dead Daisies vai render muito mais, e “Burn It Down” corresponde à boa fase que estão vivendo. 

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: The Dead Daisies
Álbum: Burn It Down
Ano: 2018
Estilo: Hard Rock
País: Estados Unidos
Gravadora: ShinigamiRecords (Nac.) / SPV (Imp.)

Formação
John Corabi (Vocal)
David Lowy (Guitarra)
Doug Aldrich (Guitarra)
Marco Mendoza (Baixo)
Deen Castronovo (Bateria)

Track-List
1.    Resurrected
2.    Rise Up
3.    Burn It Down
4.    Judgement Day
5.    What Goes Around
6.    Bitch
7.    Set Me Free
8.    Dead And Gone
9.    Can’t Take It With You
10. Leave Me Alone

Contatos

     

terça-feira, 5 de junho de 2018

Ghost: Teatralidade e Ousadia Rumo ao Mainstream





Muitos ainda não aceitam muito bem a bem-sucedida carreira do Ghost, pessoalmente acho que é mais por picuinhas conhecidas e retrógradas do cenário Metal, que não lidam muito bem quando uma banda alcança um certo patamar ou o mainstream. Para esses eu pergunto: “Você quer que sua banda preferida não saia do underground? ”. Para os que simplesmente não se agradam da sonoridade ou temática, ok, normal.

Fato é que, você gostando ou não gostando da banda, seja qual sua razão, o que não pode ser negado é a impressionante ascensão do grupo, alcançando admiradores inclusive de outras bandas, que fazem questão de exibir camisetas da banda e até de participar como convidados, e, reza a lenda, muitos membros de bandas famosas já subiram ao palco ou tocaram em álbuns do Ghost.

Essa aura misteriosa que cerca o grupo, a temática satanista, as máscaras e o “segredo” das identidades dos integrantes, embora não seja mais tão segredo assim, são elementos que, somados a sonoridade inspirada nos anos 70 e 80, e uma capacidade louvável de criar músicas com melodias que prendem, mesmo que por vezes soem até clichês. E nesse visual e temática é que reside outra vitória, pois é interessante ver uma banda com essa conotação alcançar um patamar mais elevado.

Cardinal Copia, o "novo" frontman do Ghost
Em “Prequelle” (expressão usada para definir obra literária, dramática ou cinematográfica que relata acontecimentos anteriores de uma determinado obra, muitas vezes revelando os mesmos personagens quando eram mais novos. "dramático" e "cinematográfico", palavras que caem bem neste álbum), o novo e quarto álbum, como era esperado, o Ghost novamente “troca” seu frontman, e o Papa Emeritus III deu lugar ao Cardinal Copia, que em seu reinado também traz mudanças na sonoridade, algo que o grupo sueco também vem apresentando a cada álbum, não tendo medo buscar o novo.

“Prequelle” trata de temas em torno da morte e desgraça, com a temática em tempos medievais, porém com uma ligação à temas bem atuais. A sonoridade apresenta um Ghost mais sinfônico, num estilo por vezes meio Rock Opera, com uso maior de teclados e sintetizadores, muitos corais e com refrãos e melodias mais “grudentas” e cativantes. Podemos sentir uma linha mais anos 80 desta vez, com nuances do Melodic Rock e Rock de Arena, mas com a aura sinistra e teatral peculiar ao Ghost. E se nos hinos do Rock de Arena dos 80 as letras falavam de histórias de amor, musas e festas, Forge fala da peste bubônica, do encontro inevitável com a morte e as superstições humanas quanto ao bem e o mal.

Nos EPs “If you Have Ghost” e “Popestar”, onde a banda apresentou covers de Eurythmics, Echo & the Bunnymen e Roky Erickson, por exemplo, já corroboravam a paixão pela sonoridade 80’s e Pop.

Vamos às faixas desta macabra Opera Rock que viajou no tempo. A intro “Ashes”, com as meninas cantarolando “Ring a Ring 0’ Roses”, canção folk que, segundo a lenda, descreveria a grande praga de Londres a “Black Death”, serve como uma sinistra preparação para “Rats”, com seus riffs Heavy tradicional e coros no melhor estilo musical/opera Rock, é uma canção cheia de ganchos! O vídeo para a música também é muito bom, tipo uma paródia macabra de “Singing in the Rain”; “Faith” tem peso e pegada, lembrando o material mais antigo e mais Metal da banda.


“See the Light” é uma balada com melodias grandiosas, destacando o piano e o refrão cativante, porém com mantendo essa certa aura sinistra; “Miasma” é a seguinte, e é uma instrumental criativa. Sintetizadores remetem ao Progressivo dos anos 70 e 80, como Asia, YES e ELP, por exemplo, possuindo melodias de guitarras dobradas e os riffs de guitarras ao final são substituídos pelo saxofone, com um finalzinho com ares “noir”.

“Dance Macabre” é anos 80 total! Eu cheguei a procurar mais a fundo para ver se não era alguma cover de alguma banda dos 80 (caberia bem numa trilha de algum filme do Stallone nos anos 80). Seria heresia dizer que é uma faixa dançante? Melodic Rock extremamente cativante, refrão pegajoso, tecladinho. Tem até uma daquelas paradinhas que fica aquele gancho pra banda pedir pro público cantar junto, inclusive com alguns jogos de palavras legais: “I just wanna be, wanna bewitch you in the moonlight”.(numa canção "normal" de Melodic Rock certamente as palavras seriam "be with you", mas no estilo Ghost só poderia ser "bewitch you" )

“Pro Memoria” começa com ares bem trilha sonora com as orquestrações, para em seguida o vocal entrar acompanhado por profundas, belas e sinistras linhas de teclado. Bela e macabra balada. “Don’t you forget about dying, don’t you forget about your friend death, don’t you forger you will die”. Tem muito de Queen também neste álbum, nessas canções construídas sobre piano e voz, com essa tendência operística e sinfônica.


“Witch Image” tem um belo trabalho nas melodias cativantes das guitarras, em um andamento “soft” e que gruda na mente; “Helvetesfonster” é mais uma instrumental, onde novamente flertam com o progressivo, a qual, assim como “Miasma”, mantém o ouvinte preso, tendo várias mudanças de ritmo, muitos teclados (tem uma melodia que me lembrou a trilha da série “Stranger Things”, passando por trechos mais suaves, alguns até valseados e sinfônicos.  “Life Eternal”, a peça que encerra “Prequelle”, é também um dos pontos altos, traduzindo bem esse estilo puxado para Rock Opera do álbum, com seus arranjos sinfônicos e grandes corais.

Em algumas versões podemos encontrar faixas bônus, e uma é “It’s a Sin”, cover dos Pet Shop Boys, e não poderia ser mais apropriada para essa inclinação anos 80 do Ghost atual. E eles conseguiram deixa-la no estilo Ghost. “Avalanche”, de Leonard Cohen, original de 71, é outra, que além de ter sido nominada pela revista Rolling Stone como uma das 25 músicas mais aterrorizantes de todos os tempos, ganhou doses extras de dramaticidade.

“Prequelle” veio para levar o Ghost a um patamar ainda mais elevado, ganhar grandes arenas, mostrar que Forge e seus asseclas não vão ter medo de ousar e buscar espalhar sua macabra, teatral, criativa e cativante música a todos os inocentes e desavisados lares deste planeta. Só sei que não consigo parar de ouvir!

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Ghost
Álbum: "Prequelle" 2018
País: Suécia
Estilo: Occult Rock, Classic Rock, Progressive
Selo: Spinefarm Records


Tracklist:
1. Ashes
2. Rats
3. Faith
4. See The Light
5. Miasma
6. Dance Macabre
7. Pro Memoria
8. Witch Image
9. Helvetesfönster
10. Life Eternal