segunda-feira, 22 de março de 2021

Dark New Farm: Você escuta “Farm News” e a única coisa que vem à cabeça é: METAL

Resenha por: Renato Sanson

O intuito era o Nu Metal, mas os catarinenses da Dark New Farm foram além e se deram conta disso já nos primeiros ensaios, apresentando uma musicalidade Metal com diversas influencias, mas não pense naquele emaranhado de notas ou estilos sobrepostos nas composições. Você escuta “Farm News” (19) e a única coisa que vem à cabeça é: METAL. Simples assim, influencias de Thrash, Death e até New Metal são perceptíveis, mas não deixa de ser um excelente disco de Heavy Metal!

O peso e agressividade são latentes, e o que casa muito bem com a banda é o quanto são homogêneos, não há demonstração de técnica individual ou mirabolismos sonoros, a simplicidade é o carro chefe, mas de uma forma que podemos dizer única, pois você os escuta e percebe a identidade própria da Dark New Farm.

Entenda o que estou falando ao ouvir “Madre” um começo mais old school com um riff bem marcante e vocais urrados sinistros, para ter uma quebra de tempo com vocais mais rasgados (a lá Mille Petrozza do Kreator), com um interlúdio de teclado belíssimo em sua parte final antes do peso e violência retornar aos nossos ouvidos. Mas tudo isso de uma forma simples e funcional, não deixando o ouvinte confuso, pequenas nuances alternativas que seguem a mesma linha, mostrando muita criatividade.

A produção do EP é excelente, pesada, limpa e com os instrumentos bem na cara, sem falhas. Se entrelaçando com uma arte bem-humorada que te deixa curioso para apertar o play.

As letras de “Farm News” também se destacam e trazem fortes críticas a nossa sociedade hipócrita, como em “L.O.V.E.” e sua crítica a homofobia.

Além do inglês e das variações vocais que transitam entre linhas distintas, a banda também agrega a língua pátria e o espanhol, dando maiores possibilidades para sua sonoridade.

Como são três línguas a proposta da banda, quem sabe um pequeno cuidado com a dicção (não vamos ser hipócritas, não é? Pois quantas bandas alemãs, suecas e italianas você escuta com dicção duvidosa?), mas nada que interfira no resultado final deste belo material.

As “imperfeições” fazem parte justamente para não serem perfeitas, mas apenas lapidadas. E isso me anima em muito na Dark New Farm, porque os caras já chegaram com o pé na porta e mostrando ao que vieram, imagina agora quando irem se lapidando com o tempo!

 

Formação:

Harley (vocal)

Maykon (bateria)

Sol (guitarra)

Vinicius (baixo)

 

Links:

https://www.facebook.com/DarkNewFarm

https://www.youtube.com/channel/UC9YrqvQAMZ44Wa6X7qXlytA

https://www.instagram.com/DarkNewFarm/

 

 

sábado, 13 de março de 2021

Confira como foi a Coletiva de Imprensa com o Epica referente ao álbum “Ômega”!

Matéria por: Uillian Vargas

Representante na Coletiva: Uillian Vargas

Perguntas criadas por: Renato Sanson

O Epica acaba de lançar “ÔMEGA” (2021), oitavo álbum de estúdio. Um disco carregado de poesia, letras impactantes sobre a essência dos sentimentos e muita, mas muita, musicalidade. A melodia nunca abandonou as composições da banda, mas o “Ômega” parece aquela respirada profunda que renova as energias, antes de apanhar o sol da manhã. Na campanha de divulgar as novidades e curiosidades sobre o novo trabalho, Mark Jansen (guitarra e vocal gutural) e Simone Simons (vocal) receberam profissionais da imprensa brasileira, na tarde do dia 12 de março de 2021.

A coletiva aconteceu por videoconferência e foi mediada por Fernando, que recebeu todos os reportes minutos antes dos artistas entrarem na sala virtual. Momento quando passou uma rápida instrução de como aconteceria a mecânica da entrevista. Comentou que as perguntas ocorreriam através de chamada e de forma ordenada, avisou que os microfones somente seriam abertos no momento oportuno. Profissionalismo de encher os olhos que deixa a brigada da comunicação com sensação de tranquilidade e conforto.

Mark e Simone chegaram pontualmente as 16h e num instante o Fernando explicou como aconteceriam as perguntas, divididas em duas rodadas. Uma rodada de uma pergunta para cada entrevistador, e na sequência se iniciaria a segunda rodada. Road To Metal teve, também, a oportunidade de lançar dois questionamentos. Um primeiro momento sobre um som específico do novo disco e no segundo momento, algo mais abrangente sobre a banda e seu tempo de carreira.


Primeira pergunta foi direcionada ao Mark Jansen:


Mark, em “Freedom – Wolves Within”, a letra do som descreve em forma de analogia, uma briga interna de dois lobos, um representando nosso lado malvado e melancólico e o outro lobo representando alegria e perseverança. Coincidentemente li algo parecido no livro “A coragem de não agradar” há pouco tempo, que me fez lembrar muito desse som. A pergunta é: quão importante a literatura e filosofia é para o Epica?

Mark: Olha, boa pergunta! São muito importantes. Ambos, Simone e eu, escrevemos a letra dessa música juntos. Ambos estamos muito interessados também na mitologia antiga e nos ensinamentos da filosofia. Está é uma daquelas histórias em que tropecei quando escavei numa velha história sobre um Cherokee ensinando esta lição a seu neto. Fiquei tão emocionado com o que li e me lembrei desse sentimento, sobre esses lobos, eles estão dentro de nós. E alguns de nós estamos um pouco envergonhados com o “Lobo escuro”, mas é parte de nós e não há como termos vergonha do que somos, é quem somos, humanidade, todos nós temos esse “lado negro” e, ao empurrá-lo para longe, ele vem à tona mais rápido. Mas quando você alimenta mais o lobo positivo que o negativo, pelo menos esse se torna o dominante e então você se torna um ser humano com quem as pessoas gostam de estar cercadas em vez de uma pessoa negativa que alimenta mais o lobo escuro e, portanto, é tudo parte de uma escolha para cada um de nós, que queremos ser, que lobo queremos alimentar mais do que o outro.

Na fala sobre a letra da música, Mark trouxe uma reflexão muito presente nos dias atuais. Principalmente com toda essa situação de isolamento, muitos de nós tivemos que aprender a conviver com nossos lobos. Nós do Road To Metal, que também somos adeptos de leituras filosóficas, ficamos extremamente contentes com a resposta e nela nós enxergamos muito sentido e equilíbrio total com a música em questão.

Já na segunda rodada de perguntas, fomos chamados novamente (e tínhamos preparado 15 perguntas, já pensando que havia possibilidade de algum dos colegas da imprensa abordar alguma de nossas questões, então não faz nenhum mal ter material extra na manga), acabamos optando por uma pergunta para além do álbum “Ômega”, amplamente explorado pelos colegas. Mas agora era a hora de falarmos com a Ladie Simone Simons, e para ela foi perguntado:

Daqui dois anos O Epica completará 20 anos de atividade! Para a comemoração dos 10 anos, vocês lançaram um material incrível, particularmente considero “Retrospect” (2013) um dos maiores momentos da carreira da banda. Para a comemoração da esperada segunda década de atividade, o que podemos esperar?

Simone: Sim, já são 20 anos e parece realmente muito, muito, tempo. Isso me faz me sentir velha (risos). Como se começasse aos 17, agora eu me sentisse com 70. Dizer que o Epica tem rodado “por aí” há 20 anos, mas a verdade é que eu comecei muito jovem. E sim, a “Retrospect” (2013) é definitivamente um marco em nossa carreira, 10 anos de Epica, agora em breve serão 20 anos.  Mas a pandemia meio que arruinou muitas coisas, para muitas bandas e para nós, e quando fazermos 20 anos, é justo voltarmos em turnê para promover “Ômega” (2021), esperamos. E tudo está parecendo que foi colocado em pausa, mas adoraríamos comemorar assim que pudermos. Sabe, agradecer a nossa incrível família Epica, dizer obrigado! Quero dizer, como quando “Design Your Universe” (2009) teve o aniversário de 10 anos (foi lançado um álbum com algumas versões acústicas do disco, chamado “The Acoustic Universe” – 2019). Certamente gostaríamos de fazer algo muito especial.  Mas não temos nada de concreto por agora, mas isso pode mudar, no momento está muito complicado para planejar algo por causa da pandemia, por isso temos que ser flexíveis, temos que ser um pouco espontâneos, é muito difícil planejar com muita antecedência no futuro e isso é algo com o qual não tivemos nenhum problema no passado, é uma situação muito estranha e única agora, mas não vamos deixar esse momento passar em silencio, de qualquer maneira.

De forma muito coerente Simone Simons conduziu uma resposta sem muitas certezas, em função da pandemia, que tomou todos profissionais do ”show business”, de assalto. É uma crise que se estende para além do palco! Impressionante mesmo foi a paciência, delicadeza e educação que a dupla apresentou para responder todas as perguntas. Deu para sentir muita entrega nas respostas. Atitude que deixou claro que a expressão usada pela Simone “Epica Family”, não é só uma expressão. Vida longa ao Epica, que logo passe esse período difícil e que o Road To Metal possa estar presente em tantas forem as comemorações da banda.

Obrigado especial a Shinigami Records que intermediou essa oportunidade e ao Costábile Salzano que, como assessor de imprensa, operacionalizou esse encontro.

 

sábado, 6 de março de 2021

Mr. Sleazy: Synth Rock e AOR de Qualidade

 


"All or Nothing" sai sob o nome do grupo Mr. Sleazy, alcunha do  baterista e multi instrumentista italiano Roberto Gambuti. Ele finalmente arregimenta uma line-up fixa com o frontman Christian Demichelis cantando de cabo a rabo as 9 faixas. Antes disso, diversos vocalistas interpretaram suas canções.

Não há mistério no conteúdo aqui. Temos uma sonoridade fundindo conceitos dos principais grupos AOR dos anos 80, nisso saem fusões inusitadas desses gigantes do rock farofa. Ainda que respeitando o formato aparado desse segmento, os artistas parecem muito à vontade na hora de atuarem. As guitarras e bateria por exemplo dentro do formato previsível evitam ao máximo a monotonia, sempre atacam aqui e ali trechos das composições.

As letras permanecem nos chavões desse tipo de música: Relacionamentos fleumáticos, versos cheios de insinuações sexuais, sem deixar de mencionar os discursos sobre a predestinação de trilhar o sinuoso caminho do rock.

Aqui vão algumas faixas importantes do disco:

Let's Go: Começa num clima calmo aos sussurros, logo explode nas guitarras e um agudo rascante inicia a música para valer. Christian Demichelis puxa elementos de Tom Keifer e Blackie Lawless acompanhado por vozes de apoio nos refrões. A bateria mantém o contratempo habitual, num momento posterior deixa apenas o bumbo destacado entre os sinos de vaca.

Kind of Love: O fraseado malemolente é logo martelado pela bateria e acordes chocantes de sétima. Bends lentos costuram-se aos riffs cavalgados. Essa faixa chega a usar um teclado similar ao do som "Rattlesnake Shake" do Mötley Crüe. 

Thrill Me: De levada rápida, já se aproxima do W.A.S.P., especificamente a canção "Wild Child". O solo enérgico casa com a bateria empolgada de Sleazy.

All or Nothing: Solos exibicionistas iniciam esta track, depois dá uma acalmada para a voz predominar. Ela é enfeitada com uns ataques no piano estilo Little Richard entre sinos de vaca.

Lonely Days for a Lonely Heart: Abriga um lado new wave tanto em harmonia quanto ideia melódica. Num dado momento é parelha ao clássico "You Give Love a Bad Name" do Bon Jovi.

Love me or Kill Me: Power ballad iniciada por solo choroso, carrega trejeitos do Skid Row. Escancaram no reverb dos pratos e o solo tenta ser mais virtuoso.

Notei uma atenção geral no papel de cada músico. Talvez pelo fato do líder ser o batera, esta parte em especial não ficou negligenciada como ocorre quando o encabeçado do projeto é um vocalista ou guitarrista. 

Todos não tentam fugir dos dogmas desse rock radiofônico, porém notei atitude quando executam as nove faixas. Do que já revisei acerca deste revival do synthrock, com certeza, Mr. Sleazy e seu "All or Nothing" merece elogios.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)
Edição: Carlos Garcia

Banda: Mr. Sleazy
Álbum: "All or Nothing" 2020
Estilo: AOR, Hard Rock/Synth Rock
País: Itália
Selo: Volcano Records