sábado, 19 de outubro de 2019

Entrevista - Adrienne Cowan (Seven Spires, Avantasia, Masters of Ceremony)


ADRIENNE COWAN praticamente nasceu dentro do mundo da música, já desde criança participando de corais e tendo aulas de piano, atuar em musicais e depois ingressar em escola de música, e a partir daí começar a compor suas músicas, ampliar seus conhecimentos e habilidades, principalmente como vocalista.  (English Version HERE)

A boa visibilidade com os trabalhos no Light & Shade, Winds of Plague e principalmente com sua banda principal, Seven Spires, começaram a atrair muitos admiradores, entre eles Sascha Paeth (Avantasia, Heaven's Gate, Aina), que a convidou para sua nova banda, Masters of Ceremony, e isto abriu as portas para que integrasse o line-up do Avantasia, fazendo a tour do novo álbum, que inclusive passou pelo Brasil. 

Para Adrienne a experiência foi extremamente positiva, pois muito mais pessoas conheceram seu trabalho, todos queriam saber quem era aquela garota que ia aos tons mais altos do Power Metal, à regiões mais suaves e em seguida fazer vozes guturais. Conversamos com Adrienne, que nos contou mais de seu trabalho, sobre os álbuns com o Seven Spires e o recém lançado debut do Masters of Ceremony, e muito mais! Confira e saiba mais sobre esta grata revelação do cenário Metal.



RtM: Oi Adrienne, tudo ok? Obrigado por nos conceder esta entrevista, para que nos conte um pouco mais sobre sua carreira.
Adrienne Cowan: Olá, obrigada a vocês pelo interesse em meu trabalho.

RtM: Bom, para começar, gostaria que você nos contasse como você iniciou na música, quem foram seus principais incentivadores no início e como começou seu interesse em começar a cantar e a tocar?
Adrienne Cowan: Eu tive minha primeira apresentação como vocalista aos três anos de idade, em um evento na igreja em que minha família frequentava. Depois disso, comecei as aulas de piano aos 6 anos, e participei principalmente de corais e musicais populares mais sombrios, como Phantom of the Opera, no ensino fundamental e médio.

Meus pais me tiraram do ensino médio para que eu pudesse frequentar uma escola de música em período integral; assim, através desse programa de apoio, eu já tinha um bom pressentimento sobre minhas habilidades em potencial. Mas, acho que, quando recebi a bolsa integral da Berklee, dois anos depois, comecei a suspeitar que: “Bem, talvez isso possa realmente ser ...” Isso foi em 2013 e todos os anos desde então, houve algum evento notável tipo como o universo dizendo para mim: "Não vacile, esse é o caminho que eu fiz para você"

RtM: E como você entrou no universo do Heavy Metal? Você iniciou estudando música clássica e contemporânea, não é? 
AC: Meu tio me mostrou Metallica e Scorpions quando eu tinha uns 11 anos, mas foi quando eu descobri caras como Alexi Laiho, Janne Wierman e Yngwie Malmsteen, esse pessoal do "shreding", que eu realmente comecei a me sentir em casa ouvindo Metal. Eu acho que isso atraiu de alguma forma o meu passado clássico, e assistir vídeos ao vivo do Bodom foi bastante inspirador.

"Sempre tive um bom pressentimento sobre minhas habilidades...O universo parecia dizer: 'Esse é o caminho que escolhi para você...'"
RtM: Você é autodidata em vocais guturais e também mais clássicos e altos do Heavy Metal, nos conte um pouco como é transitar entre esses extremos.
AC: Quando eu tinha 16 anos, me matriculei na Academia de Música Contemporânea, e foi lá que entrei para um clube depois da escola, onde todos os alunos metalheads se reuniam para tocar uma música nova toda semana. O diretor deste clube abriu meus olhos para o resto do mundo do Metal e me desafiou vocalmente a experimentar os diferentes estilos de canto de cada subgênero.

RtM: E qual estilo vocal foi mais difícil desenvolver?
AC: Estudei muitas técnicas de canto - canto teatral, speech level singing, bel canto e até um pouco de voz de garganta. A parte mais difícil foi desaprender as coisas que os professores anteriores me disseram para abordar adequadamente qualquer nova técnica que eu estivesse aprendendo.
Os agudos altos do Power Metal levaram algum tempo, muita frustração e me jogando de bruços de cara no chão, até se desenvolverem! (risos)

RtM: Para manter uma performance intensa como a sua em palco, e ainda cantar com vocais altos e limpos, vocais guturais, às vezes com shows de um dia para o outro quase sem descanso, quais os cuidados que você toma para cuidar de sua voz e saúde e manter um nível alto?
AC: A fim de manter uma certa quantidade de saúde vocal, eu basicamente tenho que cuidar dos meus níveis de sono e hidratação, tentar ficar longe da explosão direta de aquecedores ou condicionadores de ar e tentar não ficar doente ou alérgica. Mas no final do dia, mesmo desidratada ou doente, o show deve continuar, e desenvolvemos técnicas alternativas para cantar mesmo doentes.

Fiz shows em que fiquei doente na cama sem voz o dia inteiro até meia hora antes do horário do show, ou tive uma infecção ocular ou uma amígdala enormemente inchada - que, a propósito, aprendi da maneira mais difícil que você não deve tomar analgésicos para cantar com amígdalas inchadas, porque silencia os sinais do corpo e você pode acidentalmente se prejudicar mais.


RtM: Conheci seu trabalho através dos álbuns do Seven Spires e Light & Shade, mas em sua opinião, em que trabalho seu, ou momento, você percebeu que poderia se destacar neste concorrido cenário? E como você se sente recebendo muitas críticas positivas, e que colocam você como uma das grandes revelações da cena Metal atual?
AC: “Uma das grandes revelações da cena metal atual” é uma coisa incrível de se ler sobre mim, mas também é aterrorizante. Embora eu diria que tenho uma quantidade segura de autoconfiança e coragem, também luto bastante com a síndrome do impostor. Espero poder continuar a crescer para a melhor versão de mim mesmo, fazer meu melhor e espero que as pessoas continuem gostando tanto quanto parecem terem gostado até agora.

Seven Spires
RtM: Sobre o Seven Spires, poderia nos contar um pouco como surgiu a banda e o conceito dela? No Seven Spires eu vejo que há muito da sua formação e influência clássica e de estilos fora do Metal, trazendo para a banda algo novo dentro do estilo, inclusive com o EP e full-lenght recebendo muitos elogios.
AC: Em 2012, ainda morando na Inglaterra, eu estava sozinha fazendo demos para um projeto sombrio e teatral que ainda não havia lançado. No ano seguinte, voltei para a América, encontrei Jack Kosto em uma livraria em minha primeira semana em Berklee (onde ele também estudava) e contei a ele sobre meu projeto e músicas. Ele pagou pelos livros e, quando eu estava saindo, ele me disse: “Ligue para mim se você for completar sua banda!”

Acho que o resto é história. Nós quatro estudamos muito a música ao longo de nossas vidas - acho que vi uma foto de Chris, aos 3 anos, sentado no chão em frente a uma caixa de tarola - e fomos treinados em várias épocas do jazz clássico e música contemporânea. A maioria de nós também foi treinada em um segundo instrumento, e acho seguro dizer que gostamos de contar com nossos antecedentes para nos expressar musicalmente sem limites de gênero ou técnica.

RtM: Conte-nos um pouco mais sobre a história principal em “Solveig” e quais são suas principais fontes de inspiração?
AC: "Solveig" é a primeira parte de uma história de duas almas. Um é um humano perdido navegando em um submundo neo-vitoriano sem sol, e o outro é o antigo governante demônio do referido submundo. É uma história que reflete sobre a natureza humana, um pouco sobre depressão, esperança, amor e morte. Adoro a construção do mundo, e fui inspirado pela "Night Sea Journey" de Carl Jung, bem como por algumas experiências da vida real.

RtM: O Seven Spires busca trazer algo novo e criativo, tendo uma ótima mão para criar melodias cativantes. Posso dizer que o álbum jamais fica chato, e não pode ser colocado simplesmente como “Symphonic Metal”. Temos por exemplo passagens do Black Metal sinfônico como na “The Paradox”, e as melodias grudentas de “Stay”. Gostaria que você comentasse um pouco mais sobre essas duas canções.
AC: Muito obrigada pelos elogios!  "The Paradox" foi realmente inspirada pelas melodias cíclicas da partitura de "Interstellar", de Hans Zimmer, além de um estilo saudável de confortar o niilismo durante um período particularmente difícil. Tenho certeza de que não estou sozinha em apreciar o céu noturno e lembrar que somos manchas minúsculas que não importam nem um pouco. Foi também uma das primeiras músicas que escrevi em que os vocais extremos são os principais.

"Stay" foi escrita no auge do inverno e é para ser o começo do Ato II da história. É cantada pelo demônio para a alma humana, apontando como a vida pode ser dolorosa e como a existência sombria e pacífica pode ser na beleza do submundo.A música acabou sendo a favorita dos fãs, e tentamos incluí-la em nossos shows ao vivo quando podemos.

"Espero poder continuar a crescer para a melhor versão de mim mesma."
RtM: Temos o ar teatral, presente em vários momentos, mas eu destacaria “Cabaret of Dreams” e “Ashes”, duas de minhas preferidas, e gostaria também que você falasse um pouco mais sobre elas. Primeiro a "The Cabaret".
AC: "The Cabaret of Dreams" foi o primeiro dos demos originais de 2012 que fiz. É a pedra angular do universo dos Sete Pináculos: demonicamente pomposo, vestido de brocado, flexível ao gênero. Isso mudou muito desde a sua versão original, incluindo a adição da ponte "Maldito é aquele que anda com essas almas desencantadas ..." e os padrões de pegadas mais rápidos ali pelos 3 minutos, durante a referência lírica de "The Paradox".

RtM: E a "Ashes"?
AC: “Ashes” para mim parece um pouco com as trilhas sonoras do Studio Ghibli no começo. Também foi uma das demos iniciais de 2012 e, na verdade, não mudou muito desde então. Lembro-me de sentir algo no meu peito brilhando e meus olhos ardendo enquanto escrevia o final. É uma música sobre o renascimento de uma terrível morte de uma vida terrível, é claro - Na história, o demônio convoca o sol e incinera o submundo, libertando toda alma capturada e finalmente encerrando seu longo e cansado reinado, deixando-a encontrar a verdadeira paz . É muito agridoce.

RtM: E sobre o Light & Shade, como surgiu a oportunidade de fazer parte desse projeto, formado na Itália, tendo músicos conhecidos da cena de lá, como o Marco Pastorino? Conte-nos um pouco mais como foi a repercussão desse trabalho.
AC: Marco Pastorino encontrou "The Cabaret of Dreams" em um CD compilação do ProgPower USA e entrou em contato comigo sobre como fazer um álbum juntos, porque ele não podia acreditar nas notas altas e longas que ouvia. Eu acho que as pessoas gostaram do álbum; Me perguntam bastante sobre isso em entrevistas. Foi também a primeira vez que li uma crítica muito ruim sobre mim, nunca esquecerei isso, ha ha ha!

RtM: Há planos para um segundo?
AC: No momento, estou ativa no Spires, Avantasia, Winds of Plague e Masters of Ceremony, então não tenho certeza se há outros planos no momento!

"Sascha (Paeth) me ligou e disse que o Avantasia precisava de uma vocalista, disse para não contar para ninguém. Foi um segredo difícil de manter."
RtM: Agora nos conte um pouco como surgiu a oportunidade de fazer a tour com o Avantasia?
AC: Sascha me ligou no ano passado e perguntou se eu estava disponível, eu disse que sim, ele disse: "Bem, o Avantasia precisa de uma nova vocalista, mas por favor não conte a ninguém ainda ..." Esse foi um segredo difícil de manter!

RtM: E como foi a sensação de subir ao palco pela primeira vez com aquele time de grandes músicos?
AC: Foi aterrorizante a princípio cantar com esses lendários vocalistas e músicos. Eu já conhecia Sascha e Miro um pouco desde que trabalharam no disco do Seven Spires, e conheci Herbie, Felix e Andre um pouco, durante o trabalho juntos no Masters of Ceremony, mas fora isso, todo mundo era um estranho - e com pelo menos duas vezes a minha idade. Tornou-se uma grande alegria estar com eles e viajar juntos nunca foi chato. É um elenco completo de personagens, e se eu precisar de um amigo que beba, de uma boa risada ou de alguém para ficar quieto e não dizer nada, tem alguém!

RtM: E como você se sentiu tendo a chance de passar por diversos países, o que com certeza lhe trouxe e trará muito mais visibilidade. Aqui no Brasil você já tinha conquistado fãs com o Seven Spires, que teve o álbum lançado aqui, e agora vejo muito mais pessoas comentando sobre seu trabalho.
AC: Ver pelo menos um pouco um pouco desses novos lugares tem sido incrível. Sempre quis ver a Suécia e o Brasil... e o Japão e Moscou ... Nem sempre conseguimos passear, mas tento quando posso. E eu geralmente tento sair e conversar com as pessoas depois do show, se alguém estiver esperando e se eu não estiver muito nojenta (risos). É sempre divertido e emocionante quando alguém diz: "Eu a conhecia da Seven Spires, é ótimO vê-la aqui, mas VENHA COM O SPIRES NA PRÓXIMA VEZ" em um lugar que nunca estive antes.

RtM: E sobre o álbum com Sascha Paeth e o Masters of Ceremony, o que você pode nos contar a respeito desse projeto, o que podemos esperar em termos de sonoridade?  E claro, como foi o processo de composição e trabalhar com Sascha Paeth?
AC: Compor com Sascha foi uma experiência única. Ele escreveu tantos álbuns de Power Metal, discos que eu ouvia enquanto aprendia a escrever músicas (tanto Kamelot, ha ha), tantas vezes quando ele apresentava uma melodia ou alguns acordes ou algo assim, eu não tinha nenhuma sugestão porque era exatamente o que Eu teria escrito ou cantado. 

Ele é um trabalhador esforçado e eu tenho muito respeito por ele, e eu sinceramente aprecio a oportunidade de escrever música e conversar sobre qualquer coisa com ele. O álbum do Masters é principalmente a composição de Sascha e as escolhas de Sascha para minha abordagem vocal. Estou empolgada e um pouco nervosa por nossa primeira apresentação ao vivo no Full Metal Holiday este mês! (N. do R.: o show foi ontem, 18/10)

"O Masters é principalmente a composição de Sascha, e as escolhas dele para minha abordagem vocal."
RtM: Bom, mudando um pouco de assunto, quando você não está em tour ou estúdio, quais são seus hobbies favoritos, o que você gosta de fazer para descansar depois de algumas semanas na estrada em tour?
AC: Depois de uma longa turnê, eu gosto de sentar em casa e dormir na minha própria cama, jogar videogame, talvez pensar em sair ... ha ha ha! Se eu sair de férias ou algo assim, adoro viagens rodoviárias e qualquer lugar remoto com florestas alpinas e águas tranquilas. Wyoming é ótimo para isso, assim como muitos pontos da costa oeste. Qualquer coisa para me afastar das pessoas e fora do meu mundo normal.

RtM: Notamos que você gosta muito de animais. Nessa vida cada vez mais agitada agora, de estar em tour ou gravando, você consegue ter tempo de se dedicar a algum bichinho de estimação? 
AC: Desejo de todo o coração espaço e tempo para cuidar de um cachorro ou três, talvez um gato corajoso também. Mas eu moro em um estúdio no momento e estou fora a maior parte do ano, então eu tenho que acariciar todos os cães que vejo, ha ha ha!



RtM: Outra coisa que notamos, é que você gosta bastante de café também! Nos conte quais seus tipos preferidos, aí a gente já sabe o que lhe indicar quando vier ao Brasil, pois aqui a gente adora um café!
AC: Sobre o café, sinceramente gosto de tudo, desde que não seja fraco! Café expresso, pingado, aromatizado, encorpado, com leite, preto, com açúcar ou nenhum, não discrimino! Talvez da próxima vez que estiver no Brasil, pergunte sobre os melhores grãos locais.

RtM: Adrienne, muito obrigado pela entrevista e parabéns pelo seu trabalho, sua performance, talento e simpatia impressionaram os fãs brasileiros, temos certeza que você tem muito sucesso pela frente! Fica o espaço para sua mensagem aos fãs e esperamos conversar muitas vezes mais com você.
AC: Muito obrigada por sua gentileza e entusiasmo em relação ao meu trabalho. Espero muito voltar ao Brasil em breve, sei que no Seven Spires estamos morrendo de vontade de tocar para vocês! Espero que possamos arranjar algo com o nosso próximo álbum no próximo ano.

Entrevista: Carlos Garcia (Colaborou: Raquel de Avelar)

Adriennecowan.com
Seven Spires
Masters of Ceremony
Winds of Plagues


                                        

         

        

         

         

Interview - Adrienne Cowan (Seven Spires, Avantasia, Masters of Ceremony)



ADRIENNE COWAN was practically born within the world of music, since she was a child taking part in choirs and taking piano lessons, performing in musicals and then entering music school, and from there start to compose her music, expand her knowledge and skills, especially as a singer.   (Versão em português clique AQUI)

She had good visibility with work on bands like Light & amp; Shade, Winds of Plague, and especially with her lead band Seven Spires, began to attract many admirers, including Sascha Paeth (Avantasia, Heaven's Gate, Aina), who invited her to his new band, Masters of Ceremony, and this opened the door to join the lineup of Avantasia, during the tour of the new album (“Moonglow”), which even went through Brazil.


For Adrienne the experience was extremely positive, because many more people knew her work, everyone wanted to know who was that girl who went to the higher tones of Power Metal, to softer regions and then to make guttural voices. We chatted with Adrienne, who told us more about her work, about albums with Seven Spires and the newly released Masters of Ceremony debut, and more! Check it out and know more about this grateful revelation of the Metal scene.


RtM: Hi, Adrienne, everything okay? Thanks for giving us this interview so you can tell us a bit more about your career.
Adrienne Cowan: Hello, thanks for your interest in my music.

RtM: Well, to start this conversation, I'd like you to tell us how you got started on music, who were your main motivators at the beginning, and how did you start your interest in singing and playing?
Adrienne Cowan: I had my first performance as a vocalist at the wee age of 3, at an event at the church my family attended. After that, I began piano lessons at 6, and was mainly into choir and darker popular musicals such as Phantom of the Opera throughout elementary and middle school.

My parents pulled me out of high school so that I could attend a music school full-time, so through that show of support I already had a good feeling about my potential skills. But, I guess when I received the full scholarship to Berklee two years later, I started to suspect that, “Well hey, maybe this could really be…” That was in 2013, and every year since then, there has been some notable event that feels a little bit like the Universe saying, “Do not falter, this is the path I made you for.”

RtM: And how did you get into the universe of Heavy Metal music? You started studying classical and contemporary music, did not you?
AC: My uncle showed me Metallica and Scorpions when I was maybe 11, but it wasn’t until I found truly “shreddy” guys like Alexi Laiho, Janne Wierman, and Yngwie Malmsteen that I really started to feel at home listening to metal. I guess it appealed in some way to my classical background, and watching live Bodom videos was quite inspiring.

"I already had a good feeling about my potential...a little bit like the Universe saying, 'Do not falter, this is the path I made you for'.”
RtM: And tell us a bit about how to get through these extremes and which vocal style was more difficult to develop?
AC: When I was 16, I enrolled at The Academy of Contemporary Music, and it was there that I joined an after school club where all the metalhead students got together to jam on a new song every week. The director of this club opened my eyes to the rest of the metal world, and challenged me vocally to try the many different singing styles of each subgenre.

I have studied many techniques of singing — theatrical belting, Speech Level Singing, bel canto, even some throat singing. The hardest part was un-learning things previous teachers had told me in order to properly approach whatever new technique I was learning.

The very high power metal “scream” took quite some time to develop, and a lot of frustration and laying facedown on the floor… hahaha!

RtM: To maintain an intense performance like yours on stage, and still sing with loud and clean vocals, guttural vocals, sometimes with concerts from one day to the next almost without rest, what care you take to take care of your voice and health , and maintain a high level?
AC: In order to maintain some amount of vocal health, I basically have to just mind my sleep and hydration levels, try to stay out of the direct blast of heaters or air conditioners, and try not to get sick or allergic. But at the end of the day, even dehydrated or sick, the show must go on, and we develop alternate techniques to sing through sickness.

I’ve played shows where I was sick in bed with no voice all day up until half an hour before showtime, or I had an eye infection, or one enormously swollen tonsil— which, by the way, I learned the hard way that you shouldn’t take painkillers to sing through swollen tonsils, because it silences the body’s signals if you accidentally hurt yourself more.

RtM: I knew your work through the albums of Seven Spires and Light & Shade, but in your opinion, in what work of yours, or moment, did you realize that could stand out in this concurred scenario? And how do you feel getting a lot of positive reviews, and what put you as one of the great revelations of the current Metal scene?
AC: “One of the great revelations of the current metal scene” is both an amazing thing to read about myself, but it’s also terrifying. Even though I would say I have a secure amount of self-confidence and courage, I also struggle quite a lot with impostor syndrome. I hope I can continue to grow into the best version of myself, make my best art, and I hope people continue to enjoy it as much as it seems like they have so far. :)

"The very high power metal “scream” took quite some time to develop, and a lot of frustration and laying facedown on the floor… ha ha ha!"
RtM: About Seven Spires, could you tell us a bit about how the band and its concept came about? In Seven Spires, I see that there is a lot of your formation in classic music, and influences from styles out of the Metal, bringing to the band something new inside the style, including with the EP and full-lenght receiving many compliments.
AC: In 2012, still living in England, I was alone making demos for a dark and theatrical project I had yet to debut. The following year, I moved back to America, met Jack Kosto in a bookstore in my first week at Berklee (where he was also studying), and told him about my project and songs. He paid for his books, and as I was leaving, he told me, “Call me if you ever get the rest of your band together! 

I guess the rest is history. The four of us all studied music quite extensively throughout our lives — I think I’ve seen a picture of 3-year-old Chris sitting on the floor in front of a snare drum — and have been trained in various eras of classical, jazz, and contemporary music. Most of us were trained on a second instrument, too, and I think it’s safe to say we enjoy drawing on our backgrounds to express ourselves musically without limits of genre or technique.

RtM: Tell us a little more about the main story in "Solveig" and what are your main sources of inspiration?
AC: “Solveig” is the first installation of a story of two souls. One is a lost human navigating a sunless, Neo-victorian underworld, and the other is the ancient demon ruler of said underworld. It’s a story that reflects on human nature, quite a bit about depression, hope, love, and death. I love worldbuilding, and was inspired by Carl Jung’s “Night Sea Journey” as well as some real-life experiences.

RtM: Seven Spires seeks to bring something new and creative, having a great hand to create captivating melodies. I can say that the album never gets boring, and cannot be simply put as "Symphonic Metal". We have for example passages of the Black Metal symphonic as in "The Paradox", and the sticky melodies of "Stay". I would like you to comment a bit more about these two songs.
AC: Thanks a lot for that! “The Paradox” was actually inspired by the cyclical melodies from Hans Zimmer’s score of “Interstellar”, plus a healthy does of comforting nihilism during a particularly trying time. I am sure I am not alone in enjoying looking at the night sky and remembering that we are minuscule specks that do not matter in the slightest. It was also one of the first songs I wrote that is primarily extreme vocals.

“Stay” was written in the dead of winter and is intended to be the beginning of Act II of the story. It’s sung by the demon to the human soul, pointing out how painful life can be and how peaceful and dark existence could be in the beauty of the underworld. The song ended up being a fan favourite, and we try to squeeze it into our live shows when we can.

 "I hope I can continue to grow into the best version of myself"
RtM: There we have the theatrical air, present in several moments, but I would highlight "Cabaret of Dreams" and "Ashes", two of my favorites, and I would also like you to talk a little more about them.
AC: “The Cabaret of Dreams” was the first of the original 2012 demos I made. It’s the cornerstone of the Seven Spires universe: demonically pompous, brocade-clad, genre-bending. It has changed so much since its original version, most notably including the addition of the bridge “Damned is he who walks with these disenchanted souls…” and the faster kick patterns around 3 minutes in, during the lyrical reference of “The Paradox”.

“Ashes” to me feels a bit like a Studio Ghibli soundtrack at the beginning. It was also one of the very early demos from 2012, and actually it hasn’t changed much since then. I remember feeling something in my chest glowing and my eyes burning while writing the ending. It’s a song about rebirth from a terrible death of a terrible life, of course — In the story, the demon summons the sun and incinerates the underworld, setting every captured soul free and finally ending her long and weary reign, letting her find true peace. It’s quite bittersweet.

RtM: And about Light & Shade, how did the opportunity come to be part of this project, formed in Italy, having musicians known from the scene there, like Marco Pastorino? Tell us a little bit more about the repercussion of this work. 
AC: Marco found “The Cabaret of Dreams” on a compilation CD of ProgPower USA and contacted me about making an album together because he couldn’t believe the very long high notes. I guess people liked the album; I get asked about it quite a lot in interviews. It was also the first time I ever read a very bad review about myself, I’ll never forget this, hahaha!

RtM: And are there any plans for the next one?
AC: At the moment I am active in Spires, Avantasia, Winds of Plague, and Masters of Ceremony, so I’m not sure if there are any other plans at the moment!


RtM: Now tell us a little about how the opportunity to do the tour with Avantasia came about?
AC: Sascha called me last year and asked if I was available, I said yes, he said: “Well Avantasia needs a new backing vocalist, but please don’t tell anyone yet…” That was a hard secret to keep!

RtM: And how did it feel to get on stage for the first time with that team of great musicians? And to travel and exchange experiences with all of them! I’m sure you have a lot of great stories to tell.
AC: It was terrifying at first to sing with these legendary vocalists and musicians. I knew Sascha and Miro a bit already since they worked on the Spires record, and I knew Herbie, Felix and Andre a tiny bit from the little we had done together in Masters, but aside from that, everyone was a stranger — and at least twice my age. It became a great joy to be with them, though, and traveling together was never boring. It’s a full cast of characters, and if I ever need a drinking buddy or a good laugh or someone to just be quiet and not say anything with, there’s somebody!

RtM: And how you felt having the chance to go through different countries, which certainly brought you and will bring much more visibility. Here in Brazil you have already conquered fans with Seven Spires (Solveig was released here), and now I see a lot more people commenting about your work.
AC: Getting to see even just a little of new places has been amazing. I always wanted to see Sweden and Brazil and Japan and Moscow… We don’t always get to sightsee, but I try to when I can. And I usually try to go out and talk to people after the show, if anyone is waiting, and if I’m not disgustingly exhausted. It’s always amusing and heartwarming when someone says, “I knew you from Seven Spires, it’s great to see you here but BRING SPIRES NEXT TIME” in a place I have never been before.

RtM: And about the upcoming album with Sascha Paeth and the Masters of Ceremony, what can you tell us about this project, what can we expect in terms of sonority? And of course, how was the process of composing and working with Sascha Paeth?
AC: Composing with Sascha was a unique experience. He wrote so many of the power metal albums I listened to while learning to write songs (so much Kamelot, haha), so often when he would present a melody or some chords or something, I wouldn’t have any suggestions because it’s exactly what I would have written or sung. 

He’s a hard worker and I have much respect for him, and I wholeheartedly appreciate the opportunity to write music and talk about anything with him. The Masters record is mostly Sascha’s writing, and Sascha’s choices for my vocal approach. I’m excited and a little nervous for our first live performance at Full Metal Holiday this month!

"The Master's record is mostly Sascha’s writing, and Sascha’s choices for my vocal approach."
RtM: Well, changing a little subject, when you are not on tour or studio, what are your favorite hobbies, what do you like to do to rest after a few weeks on the road on tour?
AC: After a long tour, I like to sit at home and sleep in my own bed, play video games, maybe think about going out… hahah! If I get to go on a little holiday or something, I love road trips and anywhere remote with alpine forests and quiet waters. Wyoming is great for this, as are many spots on the West Coast. Anything to get me away from people and out of my regular world.

RtM: We noticed that you are very fond of animals. In this life more and more agitated now, of being in tour or recording, you can have time to dedicate to some pet? 
AC: I wish with all my heart for the space and time to take care of a dog or three, maybe a brave cat too. But I live in a studio apartment at the moment, and have been gone for most of the year, so I just have to pet every dog I see instead, hahaha! 

RtM: Another thing we noticed, is that you like coffee a lot too! Tell us what your favorite types, then we already know what to indicate to you when you come to Brazil, because here we love coffee! ha ha ha
AC: About coffee, I honestly like it all as long as it’s not weak! Espresso, drip, flavoured, full-bodied, milk, black, sugar or none, I don’t really discriminate! ha ha! Perhaps next time I am in Brazil, I’ll ask about the absolute best local beans.


RtM: Adrienne, thank you very much for the interview and congratulations for your work. Your performance, talent and friendliness impressed the Brazilian fans, we are sure you have a lot of success ahead! I let this final space for your message to the fans and we hope to talk to you many more times.
AC: Thank you so much for your kindness and enthusiasm regarding my work. I very much hope to return to Brazil soon, I know we in Spires are dying to play for you! Hopefully we can work something out with our coming album next year :)


Interview by: Carlos Garcia (with colaboration of Raquel de Avelar)

Adriennecowan.com
Seven Spires
Masters of Ceremony
Winds of Plagues

         
             


             

                 

                 

                 

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Iron Maiden – 09/10/19 – Arena do Grêmio


Cobertura por: Renato Sanson


Onze anos desde sua última passagem pela capital gaúcha. A Donzela de Ferro retorna aos fãs gaúchos com a tour “The Legacy of the Beast” trazendo uma mescla de praticamente todas as suas fases com uma produção animalesca, onde o dia 09/10/19 na Arena do Grêmio entrou para história e seus mais de 40 mil presentes puderam presenciar o maior espetáculo da terra.

Mas antes de chegarmos lá, as bandas Rage In My Eyes e The Raven Age (banda do filho de Steve Harris, George – guitarrista), ficaram com a missão de pavimentar o caminho para a maior banda de Heavy Metal do mundo.

Por volta das 19h30min os gaúchos da Rage In My Eyes (antiga Scelerata) sobem ao palco para apresentar suas novas composições, já que o grupo lançou neste ano o Debut “Ice Cell”.


Mesmo com problemas técnicos no som (tendo como maior prejudicado o guitarrista Magnus) a banda mostrou o seu recado e o quanto este novo momento marca uma evolução musical e técnica considerável, seja pelas composições novas que soam mais maduras e diversificadas e pela inclusão da música regionalista tendo em palco a participação de um Gaiteiro estreitando este novo momento, onde o Heavy Metal moderno se entrelaça com a música gaúcha.

Formado por: Jonathas Pozo (vocal), Magnus Wichmann (guitarra), Leo Nunes (guitarra), Pedro Fauth (baixo) e Francis Cassol (bateria) a Rage In My Eyes soube lidar com as adversidades das falhas técnicas sonoras e apresentou um bom show onde mexeu bastante com o público, deixando uma ótima impressão musical aos presentes.

Setlist Rage In My Eyes:
Regret (Intro)
Forever & Ever + Hole in the Shell
Death Sleepers
Soul Gatherer
In My Blood
Enemy Within

Não demorou muito para o palco tomar forma e a The Raven Age entrar em cena. Tendo no Metalcore seu carro chefe e alguns flertes com o Metal Tradicional, se mostrando competente no que apresentaram, mesmo não sendo um grande fã do estilo me cativaram, principalmente pelas guitarras onde ambos apresentaram grande técnica e ótimas variações de riffs.


Boa presença de palco, mas que ainda necessita um maior “cozimento” ao vivo, as composições em si são mais melódicas que o normal para o estilo e isso se deve também as linhas vocais que fogem do tradicional, tendo poucas inserções agressivas que ficava a cargo do baixista. Porém não fizeram feio e conseguiram cativar boa parte do público com suas interações e sempre ressaltando que aquela noite era especial, pois em seguida teríamos o Iron Maiden.

Setlist The Raven Age:
Intro
Betrayal of the Mind
Promised Land
Surrogate
The Dy the World Stood Still
The Face That LAunched a Thousand Ships
Fleur de Lis
Grave of the Firelines
Seventh Heaven
Angel in Disgrace

Então era hora deles, dos mestres! Com os pequenos ajustes que os roads iam fazendo os presentes já se alvoroçavam. A produção de palco já mostrava o que teríamos, o que mostra uma banda e equipe mais que profissional, preocupada com cada detalhe do show, assim como podemos notar na hora em que os fotógrafos se posicionaram, pois, antes dos cliques mágicos a produção da banda se dirigiu aos mesmos para um briefing das posições dos músicos nas três músicas que iriam fotografar, para facilitar e auxiliar para que todos pegassem os melhores ângulos e momentos. Como relatado pelo fotografo Uillian Vargas: “Esta foi a primeira vez que alguém nos dá um briefing na hora de fotografar, o que foi demais, pois assim todos saem ganhando e desta forma conseguimos pegar os melhores ângulos. Não é à toa que o Iron Maiden chegou a esse status e seu profissionalismo não é só em cima do palco.


Quando ecoou nos PA’s “Doctor Doctor” do UFO todos sabiam que o espetáculo começaria, e quando surgiu nos telões o discurso de Winston Churchill as lagrimas vieram, pois não existe abertura de show mais impactante e memorável que com “Aces High” ainda mais quando uma réplica em tamanho real de um avião modelo Spitfire (aviões utilizados na segunda guerra mundial) surge junto com as melodias do trio Adrian Simith, Dave Murray e Janick Gers, com o baixo estalante de Harris, a bateria mais que precisa de Nicko e a garganta voraz de Bruce, deixando todos boquiabertos com o que estavam presenciando.

Um ar épico com uma produção cinematográfica, já que os telões ao fundo mudavam a cada música, assim como Bruce mudava seu figurino, se encaixando perfeitamente em cada momento do show, soando teatral e monstruoso. Com toda a sua bagagem e experiência, muito podemos notar alguns improvisos que o Iron Maiden se dá ao luxo de realizar em seus shows, como na grandiosa “Where Eagles Dare” (e que introdução de bateria sensacional!) onde Dave Murray esqueceu os protocolos e improvisou um solo ao meio da mesma, solando até chegar realmente em sua parte de solar, o que fez provar o quanto esse sexteto é entrosado, pois seguiram como se nada tivesse acontecido.


O ato I do show era dedicado as guerras, e nada melhor que embalar a noite com “2 Minutes do Midnight” e a épica “The Clansman” (fase Blaze Bayley) e está última merece uma menção especial, pois como soa bem na voz de Bruce, parecendo que a composição foi escrita para o mesmo. Aos gritos de “Freedom”, “Freedom” temos a primeira participação do Eddie no show, um monstrengo gigantesco com uma espada em mãos onde ora “atacava” os músicos e em outros momentos solava e instigava os presentes, com Dickinson brincando com Eddie a todo instante, onde ambos duelaram com espadas, com o vocalista pegando a bandeira brasileira e dando um tiro em Eddie para que saísse do palco, momento mais que marcante.

O próximo ato era dedicado as religiões, e “Revelations” chegava para deixar todos sem pulmões, que foi seguida da ótima “For The Greater Good Of God” que abriu caminho para aquele que seria o momento mais épico da noite e porque não belo e ao mesmo tempo assustador, a poderosa “The Sign Of The Cross” (outra da fase Bayley que parece que foi escrita especificamente para a voz de Bruce) chegava para deixar todos espantados, pois era impactante o que estávamos presenciando, onde o palco mudou de figura e se tornou sombrio e muito belo, com Bruce deslizando de um lado para o outro com uma gigantesca cruz em mãos que brilhava no escuro, mudando o clima diversas vezes e seguindo o temperamento da composição.


Flight of Icarus” também ressurgia em seu setlist, mas de forma visual imponente, com um grande anjo atrás do palco suspenso por cabos de aço e com Bruce com um lança chamas em mãos, que não parava de disparar até mesmo cantando. A já batida “Fear of the Dark” não poderia ficar de fora, deixando o público extasiado, mostrando o porquê de estar até hoje em seu set, pois a interação da plateia com está composição é mágica e funciona perfeitamente.

O final de se aproximava e o monstrengo Eddie retornaria em “Iron Maiden” e seus riffs hipnóticos, mas desta vez como uma cabeça grandiosa de demônio com olhos cintilantes que pareciam que te seguiam, um momento mágico e poderoso.


A trinca final do show era para nenhum fã colocar defeito, no meu caso eu só mudaria a ordem, pois para quem já viu o Maiden fechar o show com “Hallowed Be Thy Name” se sente um pouco “decepcionado” com eles fechando com “Run to the Hills” (risos). Brincadeiras a parte, o final foi emblemático com “The Evil That Men Do”, “Hallowed Be Thy Name” e “Run to the Hills”.

Sensacional, épico e inesquecível, pois tivemos mais uma vez (3° passagem da Donzela por terras gaúchas) a chance de presenciar a maior banda de Metal do planeta em nossa cidade.

Vale mencionar o quanto a banda está bem ao vivo e o quanto esse tal de Bruce Dickinson CANTA!

Setlist Iron Maiden:
Transylvania (Legacy of the Beast Promo)
Doctor Doctor (faixa do UFO nos PA’s)
Churchill’s Speech
Aces High
Where Eagles Dare
2 Minutes to Midnight
The Clansman
The Trooper
Revelations
For the Greater Good of God
The Wicker na
Sign of the Cross
Flight of Icarus
Fear of the Dark
The Number of the Beast
Iron Maiden
The Evil That Men Do
Hallowed Be Thy Name
Run to the Hills

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Hidden Lapse: Metal Progressivo e Anti-Heróis


A HIDDEN LAPSE lançou seu segundo álbum, “Butterflies”, em maio de 2019 via Rockshots Records. Em “Butterflies”, a banda apresenta um Metal Progressivo com uma temática voltada para “a história de oito anti-heróis e vítimas do nosso tempo”, segundo definição da própria banda.

Alessia Marchigiani não canta em um estilo operístico como Tarja Turunen ou Simone Simons, mas nem por isso deixa de apresentar um vocal fino e energético. "Dead Jester" com seus riffs melódicos foi uma boa escolha para abrir o disco. Um dos melhores momentos do álbum são ouvidos em “Third” muito bem equilibrada entre o suave e pesado.


A faixa seguinte é “The Letter 0” com sua melodia criativa e cativante, sem muitos exageros. “Stone Mask” começa com um elegante piano e em seguida é tomada por uma atmosfera enérgica enfatizada pelos vocais de Alessia. 

Os efeitos de teclado com sintetizadores harmonizam os demais instrumentos em “Glitchers”. O dueto entre Alessia Marchigiani e o guitarrista Marco Ricco funciona bem em “Grim Poet”. A faixa “Sleeping Beauty Syndrome” é bem legal, misturando muito bem a energia da bateria com a suavidade dos teclados. 

Eu realmente amei a introdução do piano para “Cruel Enigma”, já que ela cria uma sensação de expectativa do que está por vir na melodia. A banda claramente tem talento e soa muito apaixonada por sua música, vale a pena ouvir até o fim e conferir o ambiente melancólico de “Dust” apenas com um teclado, guitarra e algumas conversas. 


Comparado ao álbum de estréia “Redemption”, o quarteto italiano apresenta melhorias em sua sonoridade e principalmente na mixagem do disco. “Butterflies” e suas melodias equilibradas representa bem a identidade criativa da banda.

Texto: Raquel de Avelar
Ficha Técnica
Banda: Hidden Lapse
Álbum: "Butterflies" 2019
Estilo: Progressive Metal
País: Itália

Line-Up:
Alessia Marchigiani - Vocals
Marco Ricco - Guitars
Romina Pantanetti - Bass
Alessio Monacelli - Drums

Tracklist:
1. Dead Jester
2. Third
3. The Letter 0
4. Stone Mask
5. Glitchers
6. Grim Poet
7. Sleeping Beauty Syndrome
8. Cruel Enigma
9. Dust
+ Bonus Track “Silent Sacrifice (rearmed)”


         

         

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Rock Ao Vivo: edição porto-alegrense de alto nível com grandes nomes da música pesada mundial

Cobertura por: Renato Sanson
Fotos: Diogo Nunes



O Rio Grande do Sul continua sendo a rota dos grandes shows e também de grandes festivais. Como foi o caso do Festival Rock Ao Vivo que ocorreu no dia 01/10/19 no já conhecido Ginásio do Gigantinho (que já recebeu nomes do porte de: Iron Maiden, Ozzy, Kiss e etc...), em um super cast com Helloween, Whitesnake e Scorpions.

Vale ressaltar que inicialmente o evento contaria com Megadeth, mas devido a um problema de saúde do vocalista/guitarrista Dave Mustaine (câncer de garganta) os americanos foram substituídos pelos alemães do Helloween.

Mesmo sendo em uma terça-feira tivemos um ótimo público para o Festival (um pouco mais de 8 mil pessoas), mas também não era para menos, estaríamos diante de três lendas do Heavy Metal mundial em uma única noite, com toda a estrutura e aparato necessário para que o espetáculo fosse grandioso.

As 16h os portões começaram a abrir e a acomodação ao local foi tranquila, assim como o acesso da Imprensa que foi tratada com muita cordialidade pelos responsáveis. Ao adentrar ao local (que sim estava muito quente hehehe) já era possível ver o contraste entre os públicos, pois cada banda que estaria no palco está noite, são grandes em gerações diferentes, o que deixou o clima ainda mais festivo.

Perto das 17h30min era hora da a atração local abrir os trabalhos, e para esta tarefa foram recrutados os diabos porto-alegrenses do Cartel da Cevada, que mostram uma musicalidade consistente que transita entre o Heavy Metal tradicional mais old school com a pura malícia do Rock n’ Roll, com sua temática em volta do regionalismo rio-grandense e cantado em português. Onde a parte lírica é extremamente bem-humorada e acida.


Vale destacar a caracterização dos membros que estavam com coletes estilo dos generais da Guerra dos Farrapos e do mascote da banda, que é o próprio Diabo, que interage durante o show, fazendo declamações em algumas músicas. Deixando tudo muito divertido e original.


Após o bom show do Cartel da Cevada, era hora de um dos maiores nomes do Power Metal mundial, os alemães do Helloween que continuam a bem-sucedida tour “Pumpkins United”, que traz a adição dos lendários Michael Kiske (vocal) e Kai Hansen (guitarra/vocal). Em uma formação bem pouco convencional, já que a tour em questão mantém os membros anteriores, tendo em palco três vocalistas e três guitarristas!

Depois da bela montagem de palco com um kit de bateria monstruoso de Daniel Loeble, as luzes se apagam os telões tomam forma e o clássico “I'm Alive” chega para estontear os desavisados, com Kiske mostrando o porquê ser um dos vocalistas mais cultuados do mundo, além de manter um belo dueto com Andi Deris.


A chuva de clássicos não para e “Dr. Stein” abre caminho e mostra toda a interação da banda com seu público, onde Deris é o carro chefe das interações e Kai Hansen não economiza energia e transita por todo o palco, que diga-se de passagem era belíssimo, com uma base embaixo da bateria que permitia que os músicos subissem ao seu lado, onde Kai fez questão de subir várias vezes e pular de cima sem aviso prévio com sua Flying V em mãos.

“Eagle Fly Free” chega para deixar todos boquiabertos com o poder vocal de Kiske, já que essa o vocalista mandou sozinho e impressiona tanto pela técnica quanto pela potência de sua voz, onde você fechava os olhos e parecia que estava ouvindo o disco em casa. Seguimos com “Perfect Gentleman” com Deris cantando a mesma praticamente sozinha e Kai nas guitarras, tendo ao seu final a volta de Kiske ao palco. Era então a vez de Kai Hansen brindar a sua época como vocalista do Helloween e “Ride the Sky” chega para os fãs mais old school. Mas não teria como não mencionar os duetos de vozes entre Kiske e Deris, onde mostram que encontraram o equilíbrio perfeito para este novo momento, e ter Kai Hansen junto nestes duelos só engrandecem ainda mais a banda como um todo, como podemos perceber na antológica “How Many Tears” onde os três vocalistas se dividiam e mostravam grande interatividade.


O final com a mais que clássica “I Want Out” trouxe os balões gigantes preto e laranja que foram jogados ao público que se pareciam com aboboras, e deixaram o clima ainda mais descontraído e divertido em seu show.

Interação, presença de palco e um setlist na medida para a proposta do Festival, o Helloween encerra mais uma passagem pela capital gaúcha em grande estilo e nos brinda com toda a sua genialidade.

Setlist:
I'm Alive
Dr. Stein
Eagle Fly Free
Perfect Gentleman
Ride the Sky
A Tale That Wasn't Right
Power
How Many Tears
Future World
I Want Out


Em uma rápida troca de palco, já era possível ver a belíssima bateria do extraterrestre Tommy Aldridge e a bela produção que acompanharia os britânicos do Whitesnake em mais uma apresentação em solo gaúcho. Mas desta vez com a tour do mais recente lançamento, “Flesh and Blood” (19).

O Gigantinho já se encontrava praticamente lotado quando Coverdale e sua trupe entram em cena para o delírio do público, e “Bad Boys”, “Slide It In” e “Love Ain’t No Stranger” dão o cartão de visitas com os presentes cantando os clássicos a plenos pulmões.

Muitos reclamariam da voz de Coverdale, mas temos que levar em consideração a sua idade (68 anos), e mesmo assim, o coroa não “arrega” e mantém as notas lá em cima, ainda que conte com o suporte dos backing vocals (com destaque ao tecladista que é o grande vocalista Michele Luppi, mais conhecido pelos seus trabalhos com a banda Vision Divine) David mostra quem manda e sua voz rouca e aveludada encanta e embala grandes clássicos da história do Rock.


Houve espaço para o novo álbum, e “Hey You (You Make Me Rock)” e “Trouble Is Your Middle Name” fizeram bem o seu papel, já que dividiam o set com clássicos inquestionáveis. Antes do final da primeira parte do show tivemos o duelo de guitarras entre Reb Beach e Joel Hoekstra, que em minha opinião poderia ter sido substituído por uma ou duas músicas. Não me entendam mal, mas ambos solam na banda e temos que concordar que já são solos complexos, um duelo entre ambos ao meio do show ficou um pouco desconexo dando uma certa amornada no clima.


Mas que voltou a esquentar com “Shut Up & Kiss Me” e ferveu de vez com o  solo de bateria de Aldridge. Que tirou mais do que aplausos, a técnica e a desenvoltura deste senhor de 69 anos é invejável, e quando continuou seu solo sem baquetas (sim o mesmo seguiu esmurrando o kit com as mãos) o ginásio veio abaixo e muitos olhavam não acreditando no que estavam presenciando. “Is This Love” chegava para deixar todos sem folego e emocionados, com Coverdale dominando o palco e tendo o público ao seus pés.

A chuva de clássicos para a reta final do show foi de tirar lagrima de muitos marmanjos, pois a sequência: “Give Me All Your Love”, “Here I Go Again”, “Still of the Night” e “Burn” (referenciando a época de Coverdale no Deep Purple) encerram com chave de ouro!

O Whitesnake mostra que ainda tem muita lenha para queimar. Um show grandioso e repleto de clássicos históricos.

Setlist:
Bad Boys
Slide It In
Love Ain't No Stranger
Hey You (You Make Me Rock)
Slow an' Easy
Trouble Is Your Middle Name
*Duelo de guitarras
Shut Up & Kiss Me
*Solo de bateria
Is This Love
Give Me All Your Love
Here I Go Again
Still of the Night
Burn


Por volta das 22h era hora de um dos maiores nomes da história do Rock/Heavy Metal mundial entrar em cena, os dinossauros do Scorpions que vinha dando continuidade na Crazy World Tour. As expectativas dos fãs eram grandes, pois essa era a segunda vez que o Scorpions passava por Porto Alegre, já que a primeira vinda foi há 19 anos no Festival Live'n'Louder (também realizado no Gigantinho).

Com um belo pano da turnê que escondia o palco as luzes se apagam por completo, a intro ecoa nos PA’s e já podíamos ver a animação computadorizada nos belos telões onde Mikkey Dee subia em seu kit de bateria com a banda entrando em ação em “Going Out With a Bang” (do último lançamento “Return to Forever” – 15) que abriu espaço para os clássicos “Make It Real” e “The Zoo”, com todos os presentes cantando junto.


É inegável que Mathias Jabs é um guitarrista mais habilidoso e técnico que Rudolf, mas é na simplicidade que Rudolf se destaca e em “Coast to Coast” podemos perceber todo o seu brilhantismo. Com a entrada de Mikkey Dee na banda é notável que ao vivo ganharam mais força, ainda que a suavidade em suas composições sejam sua marca registrada. Em termos técnicos o Scorpions sempre manteve um ótimo nível ao vivo, mas é a precisão e o perfeccionismo que fizeram dos germânicos o que são hoje, pois o show em si é como se fosse um relógio suíço, sem falhas e preciso. Klaus Meine continua com sua voz cristalina e característica, não exagerando nos tons altos e tendo boa presença de palco.

O carisma de Mathias e Rudolf são o show à parte, pois ambos interagem o tempo todo com os fãs e não se poupam, além de usarem diversas guitarras diferenciadas durante a apresentação. “Send Me an Angel” ganhou uma bela versão acústica com o público cantando cada nota, onde Dee deixou o seu grande kit nas alturas e desceu para o palco para embalar o clássico em uma mini bateria acústica. Em seguida um dos maiores clássicos do Rock mundial: “Wind Of Change” com Meine reproduzindo ao vivo o belo assobio na introdução, mostrando que folego não é problema e que não precisam do samplers para reproduzir esta parte marcante e lindíssima da música.


Posterior ao solo de bateria de Dee o show se encaminhava para o final e os maiores clássicos do Scorpions chegam para encerrar a noite e deixar cada presente mais do que satisfeito, pois como não sair com um sorriso de ponta a ponta com “Blackout”, “Big City Nights”, “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”? Pois é, praticamente impossível!

Setlist:
Going Out With a Bang
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train
We Built This House
Delicate Dance
Send Me an Angel (Acoustic)
Wind Of Change
Tease Me Please Me
*Solo de bateria
Blackout
Big City Nights
Still Loving You
Rock You Like a Hurricane

O Rock Ao Vivo mostra que esta modalidade de Festival funciona e pode sim ter diversas edições em nossa capital, já que o público comprou a ideia e o evento foi extremamente bem produzido e planejado. Seja no som, iluminação ou palco, pois era visível o profissionalismo das equipes e a preocupação em entregar o melhor aos presentes.

Algumas considerações finais são cabíveis, como o espaço destinado a pessoas com deficiência, que ficou extremamente bem centralizado, onde era possível assistir aos shows de qualquer lugar do espaço, tendo a altura certa para a visão do palco e sendo bem confortável. Nota dez para os responsáveis e por se preocuparem com está questão, já que em muitos shows essa acessibilidade (que é um direito, não um favor) passa batido.

Agradecemos também a dedicação e profissionalismo da Agência Cigana e toda a sua assistência para a Imprensa presente, dando todo o suporte necessário tanto para os fotógrafos como para os redatores.

Que mais eventos deste nível invada Porto Alegre!