terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Clearview: "Absolute Madness" - Hora de Ir Mais Longe!


Evocando os anos 80 e início dos 90, lembremo-nos da ascensão do Heavy Metal e Hard Rock com uma grande carga de lançamentos que particularizou constituições de maltas. Mas vale frisar que, em meio a esse período de propagação, o Hardcore em Nova York dava seus atributos e queixas atacando sem dó a poluída politica da cidade americana, e revelava importantes bandas. Aqui no Brasil, a tradição sempre foi seguida a risca, e um dos nomes que entendem do assunto são os paulistanos do Clearview, lançando, depois de 3 anos, “Absolute Madness”. 

Subsistindo nos cosmos do underground, o quinteto não suspende as suas experiências sem deixar nenhuma brecha, pondo seus bons hábitos na mais extrema facilidade e conduta em 15 anos de atividade. E em “Absolute Madness” é possível sumariar toda a crueldade e ignorância numa índole grossa, tendo como principais influências como Cro-Mags, Madball, Suicidal Tendencies e entre outros. Vale ressaltar também o volúvel que a banda possui, com elementos de Thrash Metal e Old School em autêntica energia. .


A produção foi intensificada por um velho amigo da banda, o produtor Nick Jett. E a sonoridade borda a mais precisa integridade, conduzindo vigores destrutivos e maciços na mais extrema proficiência, regulando, em perfeita cautela, as pesadas notas que são transmitidas em cada faixa, causando a sensação de estarmos sentindo a banda tocar ao vivo, já que a mixagem e a masterização pulsa essa impressão. Na ilustração percebemos o que o ser humano pensa nos dias de hoje, guiando uma arte bem estimulante e altiva, num estilo HQ.

Não há do que reclamar! “Absolute Madness” nos concebe a invadir qualquer mosh pit e mergulhar nos triviais slam dancing. E o álbum tange uma musicalidade totalmente moderna e apurada, não se acorrentando as feições primitivas, procurando sempre progredir em gradações vigentes com 11 canções animalescas, arrebentando tudo sem remissões e pesares. 


Conduzido de resistentes 22 minutos de esganação, o álbum abre com a corrosiva “Living on Your Knees”, espetada de backing-vocals elevados. “SP Stomp” emerge em sinuosa rispidez e tirania, ascendendo tumultos nas flexíveis “Dirty Deeds”e “No Good Game”, tendo a participação especial de Scott Vogel. 

O ritmo arrastado aparece em “Depression”, realçando bem a singularidade do Hardcore em uma letra depressiva. A raiva é jogava pra fora em “Make It Right”, integrado de mais um convidado, que dessa vez é o David Wood. “No Trust in Love” mostra um trabalho vocal mutável, transitando em harmonias limpas e agressivas, fugando em riffs pesados com “Upside Down World”.

Que a banda perdure por muitos anos e que não deixem a poeira descer. Vale a pena conferir e ter o material em mãos!

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Divulgação
Edição/Revisão: Carlos Garcia 

Ficha Técnica 
Banda: Clearview
Álbum: Absolute Madness
Ano: 2017
Estilo: Hardcore
Selo: Caustic Records/Agência Samsara
Assessoria de Imprensa: Hoffman & O’ Brian 

Formação
Rick Pellario (Vocal)
Caio Turim (Guitarra)
Felipe Gila (Guitarra)
Thiago Dantas (Baixo)
Henrique Pucci (Bateria)

Track-List
1. Living onYourKness
2. SpStomp
3. Dirty Streets
4. No Good Game (feat. Scott Vogel)
5. Valley oftheDead
6. Depression
7. Break theTrap
8. Make It Right (feat. David Wood)
9. Concrete Jungle
10. No Trust in Love
11. Upside Down World 

Contatos

        


       

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Pänzer: Tanque de Metal 80's



O The German Pänzer retorna com seu segundo álbum, "Fatal Command", e estreando as mudanças nas fileiras, o outrora trio agora conta com duas guitarras, o já rodado e excelente guitarrista suéco Pontus Norgren (atual Hammerfall, e que já passou por grupos como Talisman, Humanimal, Jeff Scott Soto, The Poodles. Quando vi que o cara entrou na banda, já esperei mais melodia e técnica) e o suíço V.O. "Otti" Pulver (Gurd, Poltergeist, e que também co-produziu "Thrash Anthems II" do Destruction), substituindo Herman Frank (Victory, Ex-Accept), completam a formação os membros remanescentes, Schmier (Vocais e baixo, Destruction) e Stefan Schwarzmann (ex-Accept), lembrando que a banda foi formada naquele período em que Herman e Stefan acabaram demitidos do Accept, e logo em seguida o então trio lançou "Send Them All to Hell" (2014). trazendo um Metal de raízes oitentistas, mas com sonoridade atual,  e com um pé no Thrash, sendo muito bem recebido.

No segundo ataque o grupo já traz reflexos da mudança de line-up, e o que logo podemos notar é que o lado Thrash Metal está mais contido, e trazem uma sonoridade mais limpa e melódica, principalmente nos riffs, solos e melodias de guitarra, o que deixou as músicas mais cativantes, bem mais na veia do Heavy Metal anos 80, e acredito que o Accept clássico é uma das grandes referências, e claro, nomes como Saxon, Judas Priest e Iron Maiden.


Essa pegada mais cativante e melódica já se apresentam na abertura, com a excelente e vibrante "Satan's Hollow", com seus riffs marcantes, licks cativantes e um refrão grudento; de pegada veloz a faixa título "The Fatal Command" traz mudanças de andamento e riffs bem na veia 80's, assim como na faixa anterior (o clima NWOBHM pode ser sentido nas duas), destacando o trabalho da dupla de guitarristas, e há de se destacar que funcionou muito bem a adição de duas guitarras, abrindo mais o leque para a banda, aproximando-a ainda mais das raízes oitentistas.

em "We Can Not Be Silenced" Schmier busca nuances diferentes em seus vocais, em linhas mais melodiosas, o que funcionou muito bem, principalmente no refrão. As guitarras novamente se destacam, alternando peso e melodias cativantes, sempre apoiadas pela cozinha firme e consistente de Schmier e Stefan; o quarto petardo, "I'll Bring You the Night", que inicia com uma grande melodia e tradicionais e maravilhosas guitarras gêmeas,  só corrobora as primeiras impressões, de que é um álbum bem mais puxado pro Heavy Metal tradicional, e também com sonoridade mais cativante e melódica. Impossível não lembrar Accept aqui, principalmente nos coros do refrão e os trechos com riffs cavalgados.


"Scorn and Hate" tem uma intro bem melódica, em seguida os riffs principais e andamento remetem ao Iron Maiden clássico. Vibrante e melodiosa, destacando novamente o excelente trabalho das guitarras; Que álbum empolgante de ouvir! Possui uma vibração que te deixa pra cima! Confesso que ouvi 3 vezes uma trás da outra. "Afflicted" começa, e mais um riff que imediatamente remete aos áureos anos 80. Com variações de andamento alternando partes cadenciadas e trechos com bateria estilo "locomotiva", o destaque segue sendo os grande trabalho das guitarras, onde salta aos ouvidos a técnica de Pontus, e tenho certeza de que quem já conhecia o trabalho dele, já esperava que traria mais melodia e técnica ao som do grupo. "Sullbreaker" vem com um andamento mais arrastado e nervoso, enquanto que "Bleeding Allies" vem agressiva e nervosa.

"The Decline (...and the Downfall)" traz ares de Judas Priest no riff principal, lembrando o andamento da "Metal Gods". As nuances oitentistas e as mais atuais estão bem casadas, alternando trechos bem tradicionais com outros mais agressivos; "Mistaken" inicia com a cozinha ditando o peso. Andamento moderado e pesado, riffs em palm mute e Schmier novamente mostrando linhas diferentes do que apresenta tradicionalmente no Destruction; Junto ao quarteto inicial, "Promised Land" é mais um dos destaques de um álbum de um nível muito bom. O andamento veloz e empolgante é recheado de riffs e solos certeiros, além do refrão e coros "grudentos": "oh oh oh oh! the promised land!"; Fechando esta edição nacional lançada aqui pela Shinigami Records, como bônus a versão para "Wheels of Steel" do Saxon, reverência a um dos grandes nomes do Heavy Metal 80's, em uma execução um pouco mais acelerada e "thrashy".


Abrace sem medo, Heavy Metal de primeira, com aquela raiz "oitentista", porém soando atual!Feito com gosto, sem invenções, com grandes riffs e melodias cativantes. Talvez alguns sintam um pouco de falta de mais elementos do Thrash, mais presentes no debut, mas confesso que essa sonoridade mais cativante e com duas guitarras me agradou muito mais. Absolutamente prazeroso de ouvir e bater cabeça!

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Pänzer
Álbum: "Fatal Command" 2017
Estilo: Heavy Metal
País: Alemanha
Produção: Schmier e V.O. Pulver
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami

Line-up:
Schmier: Baixo e Vocais
Stefan Schwarzmann: Bateria
Pontus Norgren: Guitarras
V.O. Pulver: Guitarras

Tracklist
Satan's Hollow
Fatal Command
We Can Not Be Silenced
I'll Bring You the Night
Scorn and Hate
Afflicted
Skullbreaker
Bleeding Allies
The Decline (...And the Downfall)
Mistaken

Promised Land



     


     

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Kadavar - "Rough Times": Mais Peso e Experimentação ao Retro-Rock do Trio Alemão



Formado em 2010 em Berlin, o Kadavar logo chamou atenção com seu Retro-Rock, trazendo as influências do Hard Rock dos anos 70, além de ir agregando elementos psicodélicos, Stoner e Doom. Fato é que a banda tem muita liberdade criativa dentro desse seu estilo "vintage", com sua sonoridade inspirada no Rock pesado do final dos anos 60 e anos 70, refletindo também no visual e nas técnicas de gravações, utilizando-se de equipamentos analógicos, buscando fidelidade ao que era feito naquela época, porém, trazendo para os dias atuais, e isso que torna o Kadavar tão especial, pois passam esse sentimento de que estão fazendo uma música verdadeira. 

Uma curiosidade interessante é também a utilização de técnica em estúdio a qual gravam a guitarra no canal esquerdo, baixo no direito, bateria por dentro e vocais no meio, reproduzindo a sonoridade da banda ao vivo. 

"Rough Times" é o quarto full-lenght do trio, seguindo com seu Retro-Rock, mas com algumas novidades e experimentações, como uma sonoridade um pouco mais direta e pesada, inclusive com elementos Doom e Stoner mais evidentes. O álbum possui 11 faixas na versão lançada aqui no Brasil pela Shinigami, sendo a última uma versão para "Helter Skelter" dos Beatles.


A faixa título "Rough Times" já demonstra logo de início que o trio caprichou mais no peso e nos graves. O baixo soa como se fosse estourar os alto-falantes, enquanto que a os pratos são massacrados sem dó, assim como no andamento cadenciado, marcado e "sujo" de "Into the Wormhole".

A porrada continua em "Skeleton Blues", destacando o trabalho da guitarra nos riffs e bases, e é impossível não lembrar do Sabbath dos anos 70. O clima meio psicodélico, meio Space Rock no refrão traz um colorido diferente; na faixa "Die Baby Die" o peso e "sujeira" aliviam um pouco, e nos prende em um Stoner de riff e refrão marcantes. É muito interessante também o vídeo para essa música, num estilo bem retrô mesmo, com apenas a banda tocando e truques simples de câmera, como sobreposição de imagens. Lembra bastante aqueles clipes dos anos 70 de Led Zeppelin, Purple e Sabbath por exemplo.

"Vampires" soa cativante, um órgão complementando o clima, mais melodia, mas cresce no refrão; "Tribulation Nation" inicia com alguns efeitos, trazendo um clima "lisérgico", avassaladora, de ritmo e refrão cativantes!


Dentro de sua proposta o trio é criativo, e além do peso do Stoner e Hard 70's da vibrante e mais direta "Words of Evil", temos os flertes com aquela sonoridade do fim dos anos 60, um pouco de psicodelismo, como em "The Lost Child", que com os teclados, traz ainda mais forte o clima nostálgico e retrô; ou um algo de Southern Rock na balada "You Found the Best in Me", Classic Rock de primeira linha! "Á L'ombre du Temps" (In the Shadows of Time"), narrativa em francês, fecha o álbum, lembrando que esta versão nacional traz uma versão "Kadavar" para a "Helter Skelter" (Beatles).

Lembro de uma chamada na época do primeiro álbum do trio: "Não se pode reinventar a roda, mas pode-se colocá-la para rodar", ou seja, o Kadavar não tem a pretensão de inventar um novo estilo, mas sim fazer a música que gostam e os influenciou, trazendo-a para os dias atuais. O grupo é um grande achado para quem gosta dessa sonoridade, e é uma das que mais se destaca dentre muitas bandas que também seguem essa tendência, pela criatividade e naturalidade que compõem suas músicas. 

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Kadavar
Álbum: "Rough Times" 2017
País: Alemanha
Estilo: Classic Rock/Stoner Rock/Retro Rock
Produção/Mixagem: Tiger Bartelt e Richard Behrens no Blue Wall Studio
Masterização: Nene Baratto e Tiger no Big Snuff Studio
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami

Line-Up:
Tiger Bartelt: Bateria
Lupus Lindemann: Guitarra e Vocais
Simon "Dragon" Bouteloup: Baixo

Track List:
Rough Times
Into the Wormhole
Skeleton Blues
Die Baby Die
Vampires
Tribulation Nation
Words of Evil
The Lost Child
You Found the Best in Me
Á L'ombre du Temps
Helter Skelter


       

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Bad Bebop: composições diretas e ao mesmo tempo trabalhadas


Resenha: Renato Sanson


Um pouco mais de três anos de atividade e já temos o primeiro full dos curitibanos do Bad Bebop, que investem em uma pegada alternativa passando por momentos mais sujos do Stoner ao Thrash Metal, trazendo um mix de influencias que tornam “Prime Time Murder” (17) um disco diversificado e de audição agradável.

Mesmo que não mantenha uma linha as faixas apresentam a mesma essência e é essas alternâncias que tornam a música do Bad Bebop interessante, pois vamos de momentos mais enérgicos como em “D.O.A” à nuances mais calmas e belas em “River” e momentos totalmente alternativos em “Gone Wrong”, mas sem soar descaracterizadas.

Tanto a produção como a parte gráfica (belíssimo Digipack em três abas) casam com a sonoridade e mostram todo o profissionalismo e preocupação com sua musicalidade, que transborda feeling e bom gosto.

Composições diretas e ao mesmo tempo trabalhadas, nada de complexidade exagerada, mas também nada somente pelo feeling, um bom equilíbrio que transforma “Prime Time Murder” em um álbum de fácil assimilação e muito gostoso de se ouvir.

Links de acesso:

Tracklist:
1. D.O.A.
2. Deceiver
3. Vicious
4. Gone Wrong
5. 22
6. Trouble
7. Greed
8. River

Formação:
Juliano Ribeiro - Vocais, baixo
Henrique Bertol - Guitarras
Celso Costa - Bateria

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Guilherme Costa: Técnica e Bom Gosto em EP de Estreia



Como primeira amostra de seu trabalho solo, o guitarrista mineiro Guilherme Costa apresenta o EP "The King's Last Speech", contendo 3 faixas. Um trabalho com capricho na produção, que ficou a cargo de Gus Monsanto ((conhecido também por seu trabalho como vocalista nas bandas Adagio – França – e Revolution Renaissance – Finlândia) e Celo Oliveira, obtendo uma qualidade sonora muito boa.

É um trabalho instrumental, mas de forma alguma é algo que só despertaria o interesse de outros músicos ou, especificamente, guitarristas, pois Guilherme tratou de não fazer do EP uma exibição de de técnica, ou do quanto ele pode tocar rápido, por exemplo, mas sim apresentou composições com feeling e musicalidade acima de tudo.

Sabe quando a gente fala que música boa é aquela que é possível sair assoviando? Pois é, é o caso aqui. É um álbum direcionado a guitarra, claro, mas as faixas prendem a atenção, possuindo cada uma delas melodias e andamentos que são de fácil assimilação, com técnica e bom gosto.


"Come on and Play", nome bem apropriado para uma abertura, Guilherme apresenta suas armas, numa composição vibrante, de andamento acelerado e cativante, remetendo  a influências como Joe Satriani, estilo a "Summer Song", por exemplo; "The Beginning of a Journey" é mais suave, mais melodiosa, uma balada instrumental, com arranjos acústicos e com Guilherme extraindo melodias e solos que passam uma sensação de paz de espírito. Para situar o ouvinte, pois temos que deixar claro que Guilherme não é uma mera cópia, a música me lembrou novamente Joe Satriani, em faixas como "Flying in a Blue Dream"; "The King's Last Speech" fecha o EP, sendo a mais pesada das três, inclusive a bateria e baixo também com mais pegada. Seguindo uma linha mais neoclássica, na linha de mestres como Blackmore e Malmsteen.

Uma excelente amostra do que está por vir, pois Guilherme vem preparando seu debut, que provavelmente trará algumas faixas com vocais, e a julgar por este primeiro EP, podemos esperar mais músicas repletas de melodias de bom gosto, aliadas a técnica apurada, que é direcionada de forma acertada, de forma que seu trabalho não se restringirá a um nicho somente, podendo ser degustado por qualquer admirador de boa música.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Artista: Guilherme Costa
Álbum: "The King's Last Speech" EP 2017
Estilo: Instrumental Hard/Heavy/Neoclassic
País: Brasil
Produção: Gus Monsanto e Celo Oliveira
Assessoria: Rômel Santos

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Armored Dawn: Marchando Rumo ao Topo



Muitos acreditam que a chave do sucesso é confiar no seu potencial e, costumadamente, com um pouco de boa sorte. Mas é ai que eu pergunto: onde há sorte se não vamos atrás do que almejamos? E é nessa lição que ligamos o lema de buscar pelos nossos desejos. No caso dos paulistanos do Armored Dawn, o trabalho duro premiou-os com o reconhecimento relevante não só na cena Metal nacional, mas também fora do Brasil, e o tão esperado segundo álbum, “Barbarians In Black”, será lançado mundialmente via AFM Records.

Rotulado por muitos de Viking Metal, o sexteto congrega sua eufonia em carregadas consistências sem possuir amarras em único vinculo musical. Apesar de toda temática nórdica que dirige o conceito lírico, “Barbarians In Black” busca fugir dos estereótipos. E esquecem fábulas e fantasias, porque a musicalidade do álbum é associada às virtudes do Classic Heavy Metal e também do Thrash dentro de uma moção moderna, resultando em músicas exuberantes e pesadas do começo ao fim.   
  


Habituado a outros gêneros e sem experiências no Heavy Metal, Kato Khandwala (The Pretty Reckless, Papa Roach) conseguiu condensar a asserção do grupo através da sua experiência com auxílio do co-produtor Bruno Agra, mas todo impoluto está presente na mixagem e masterização de Sebastian “Seeb” Levermann, que acertou a mão numa sonoridade devastadora, garantindo energia e intensidade a cada signo.

A capa tem como figura estampada um soldado bárbaro perdido num campo obscuro e devastado, epilogando a história passada nas letras na visceral arte.
Talvez a espera por esse novo registro não cause tanta apreensão, pois quem compareceu nos últimos shows da banda pode conferir as faixas em primeira mão. E quem teve a chance de conferir às músicas (executadas ao vivo) em algumas dessas apresentações podem esperar coisa ainda melhor, pois “Barbarians In Black” está gananciado de bravura e sangue nos olhos, engajando peso e harmonia em aglomeradas adições.


Depois de uma introdução nobre e sublime, “Beware The Dragon” chega pra romper barreiras com riffs cobertos de peso; “Bloodstone” verte um Power Metal agressivo e esmurrado, mas sem deixar a melodia dos teclados de lado; “Men Of Odin” descende momentos épicos, apresentando meios climatizantes e mais cadenciados; “Change to Live” eleva o nível de intensidade, com riffs azedos e vocais ríspidos.

“Eyes Behind The Crow” surge com linhas profundas, e logo se desperta com guitarras cadenciadas; “Sail Way” – primeiro single do álbum – é uma balada de encher os olhos, recebendo 1 milhão de acessos no Youtube com o clip cinematográfico (a AFM postou o vídeo no seu canal do youtube); “Gods Of Metal” e “Survivor” imprimem características clássicas do Heavy Metal, dosando bastante groove e melodia nas proporções exatas.

O Armored Dawn  firma sua relevância no Metal nacional com um álbum viciante e bárbaro, e que continue correndo este caminho de evolução.

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Armored Dawn
Álbum: Barbarians In Black
Ano: 2018
Estilo: Power Metal, Viking Metal
País: Brasil
Gravadora: AFM Records
Assessória de Imprensa: Metal Media

Formação
Eduardo Parras (Vocal)
Timo Kaarkoski (Guitarra)
Tiago de Moura (Guitarra)
Fernando Giovannetti (Baixo)
Rafael Agostino (Teclados)
Rodrigo Oliveira (Bateria)

Track-List
1.    Beware The Dragon
2.    Bloodstone
3.    Men Of Odin
4.    Chance To Live
5.    Unbreakable
6.    Eyes Behind The Crow
7.    Sail Way
8.    Gods Of Metal
9.    Survivor
10. Barbarians In Black
  
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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Miasthenia: solidificando seu nome no topo do Metal Extremo nacional

Resenha por: Renato Sanson


O Black Metal nacional sempre foi rico e ao mesmo tempo diversificado, se temos bandas que soam tão ríspidas e angustiante quanto o estilo pede, também temos as que se baseiam em nossas culturas e trazem ao estilo mais obscuro da vertente todos esses elementos que só engrandecem a nossa musicalidade extrema.

O Miasthenia de Brasília traz em “Antípodas” (17) a sonoridade obscura do Black Metal aliado a temas sul-americanos, como o próprio nome do álbum mostra, já que antípodas é uma palavra que se refere as regiões do outro lado do mundo, mostrando como os cristãos da Europa enxergavam os povos da América do Sul.

A musicalidade em si vai além do Black Metal, pois a veia Pagã é muito forte, o que deixa sua música diversificada e ao mesmo tempo agressiva, onde os climas de teclados criados pela vocalista Hécate são formidáveis, assim como suas linhas vocais que narram cada acontecimento com a emoção necessária de cada faixa. Os riffs e solos são muito bem explorados e dão a sinergia ideal com as linhas de bateria.

O 5° disco de estúdio dos brasilienses solidifica ainda mais o nome do Miasthenia no topo do Metal Extremo nacional, com uma sonoridade bem peculiar e abordando temas da nossa terra com muita inteligência e perspicácia.


Links:

Formação:
Hécate - Vocais, teclados
Thormianak - Guitarras, baixo
Nygrom - Bateria

Tracklist:
1. Ymaguare
2. Novus Orbis Profanum
3. Conjupuyaras
4. Antípodas
5. Ossário
6. 1542
7. Araka’e

8. Bestiários Humanos

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Cobertura de Show – 46 Fest III: Project46, Ponto Nulo do Céu, Trayce, No Trauma e Tonelada (03/12/2017 – Tropical Butantã – SP)


A equipe do Road, no dia 26 de novembro de 2017, esteve no Angra Fest, primeiro festival organizado pela veterana banda com o intuito de fortalecer e elevar a cena Metal nacional. Na semana seguinte, mais precisamente no dia 03/12, apreciamos a mesma formula, só que numa atmosfera infernal e devastadora. Seguindo a experiência e a ideologia do número “3”, o Project46, depois de 3 anos, retomou o 46fest na sua 3º edição para comemorar o lançamento do seu terceiro disco, “TR3S”, no Tropical Butantã, chamando bandas do underground pra celebrar mais um momento importante na carreira da banda.
Previsto pras 16hrs, a abertura da casa teve um atraso de apenas uma hora, mas que não interferiu no cronograma das bandas, ocorrendo mínimas alterações para o inicio de cada atração. Poucos minutos das portas se abrirem, a fila (ampla) não parava de aumentar com a chegada das pessoas, dando a entender que o dia seria de casa cheia. O grau de volume foi atingindo horas antes de a atração principal entrar em cena, mas tal preferencia não tirou a moral das bandas participantes, tendo um público bem respeitado para prestigiar o festival do começo ao fim.

Infelizmente, não conseguimos pegar toda a apresentação dos mato-grossenses do Tonelada devido ao apetite deste que vos escreve. Espero que a banda me perdoe por esta falta de responsabilidade, mas para quem estava gripado e com dor de garganta, a boa alimentação e o entornar de medicações foi importante pra aguentar a maratona de shows, que não ia ser nada mole, ainda mais para a principiada banda e com as demais. Sob todos os cuidados possíveis, os sintomas de melhora não apareciam, restando somente à força do Metal como principal remédio pra encarar a bruta missão.



Deixando essa parte de lado e estabelecido no local, o quarteto, formado por Jaum Queiroz (Vocal), Luan Mendes (Guitarra), Renan Gobi (Baixo), Paulinho Torrontegui (Bateria), vulga exatamente o seu som pelo nome, que é uma verdadeira Tonelada de peso e violência. No pouco tempo que pude apreciar o show, a banda conquistou o pequeno público com sua atitude rustica e agressiva, fazendo por merecer os votos de ser uma das bandas vencedoras do concurso Bandas Independes. Os destaques ficam para as músicas novas “Quero ver Quem Vai Pagar”, “Inimputáveis” e a sangrenta “Medalha de Sangue”, além das acessíveis “Realidade Nua e Crua”, “Cria Sua” e “Maria da Penha”, presentes no EP “Grosso”.

Rapidamente, às 18h08min, os cariocas do No Trauma (escolhida pelo Project46 através da plataforma Bandas Independentes) incumbiu de mostrar suas qualidades em um ágil set de meia hora. Com um estimo público, Hosmany Bandeira (Vocal), Tuninho Silva (Guitarra), João de Paula (Baixo) e Marvin Freitas (Bateria), demonstrou uma alta proporção entre o Heavy Metal e Hardcore carregados de bons grooves. Evidenciando as músicas “Fuga”, “Quimera”, “MMA” e “Igualdade”, que estão no mais recente trabalho, “Viva Forte Até o Seu Leito de Morte”.



Lembrando-se da curta turnê pela América do Sul que o quarteto prosseguiu com a árdua “Viva Forte”, encerrando com a congruência fúria de “Massa de Manobra”, possuindo backings-vocals marchantes semelhantes ao grito de guerra do comando do BOPE.
Era chegada à vez das bandas escolhidas pelos donos da festa tomarem conta do palco, sendo dois nomes da cena paulistana a mostrarem todo o potencial. E a primeira a abrir terceira etapa do festival foi o Trayce, às 18h51min, executando músicas do seu novo álbum, “Miragem” — o primeiro inteiramente cantado em português.

Formado por Raphael Castejon (Vocal), Alex Gizzi e Fabricio Modesto (Guitarras), Rafa Palmisciano (Baixo) e Cadu Gomes (Bateria), o quinteto sintetizou a boa fase num show incandescido de energia, demolindo tudo com “Corpo Fechado”, “Queda Livre” e “Réus”, mantendo o bom som nas climáticas “O Culto” e “Miragem” (essa última ganhou vídeo clip poucos dias antes do show).



Pedindo pra que todos cantem a faixa seguinte, Raphael compartilhava seu ânimo e disposição com toda galera através da sua atitude na carregada “Superfície do Ego”, que logo chamou o vocalista Dijjy, do Ponto Nulo do Céu, para fazer participação em “Sem Roteiro”, sugando às últimas cargas de energia com “Domadores”.

O segundo nome, que antecedeu a vez da atração principal pavimentou diversos elementos da música, abrangidos de peso e emoção, o Ponto Nulo do Céu, às 19h58min, surpreendeu todo mundo com sua ideologia poética e social, provando que hoje é um dos nomes mais importantes do underground nacional. E nessa onda que Dijjy (Vocal), Felipe (Guitarra), Fau (Baixo) e Lucas (Bateria) iniciou a segunda etapa do festival com a atmosférica “Horizontal”, convocando poder e reproduções de efeitos em “Por Entre os Dedos”.

A climática “Overviem Effect” não deixou o barulho de lado, destacando a boa performance rítmica em “Sob o Mesmo Sol” e a magnética “Norte”. “Telas” uniram múltiplos elementos, passeando por ritmos funkeados, eletrônicos e de Hip Hop, onde mais uma vez o Fau roubou a cena com sua técnica nas 5 cordas do seu baixo.



Fora do fluxo “Pintando Quadros do Invisível”, último trabalho da banda, o quarteto reviveu uma música do sucessor álbum, “Brilho Cego”. E a escolhida foi a pulsante “Clarão”, chamando o baterista Biel Astolfi, do Carro Bomba, para cantar junto com o grupo. O delírio tomou conta em “De São Paulo a Xangai”, recebendo a inesperada participação do vocalista Caio Macbessera, do Project46, que aproveitou a deixa para aquecer a potencialidade que iria vir em seguida, ultimando o show com a explosiva “Fluxo Natural”, onde a maioria cantava sem errar uma parte da letra.

Passava 30, 20 e 10 minutos e nada da Project46 aparecer no palco. De tanta impaciência e nervosismo, os fãs começavam a cantar o refrão da música “Violência Gratuita” (Abre a roda ou sai fora!). Depois da saudação do pequeno Max, filho do baixista Baffo Neto, a voz de Caio Macbessera surgiu nos falantes, lembrando que três anos se passaram para o lançamento do álbum, mas que, enfim, foi lançado graças a todos que apoiaram a banda. Continuando o discurso, o vocalista pedia pra tirar todo o mal olhado e toda “bosta” que aconteceu durante aquela semana, pois era hora de tirar tudo de ruim pra fora.



E às 21h33 uma introdução mitológica ecoava nos PA’s, penetrados do tradicional “Olê, Olê, Olê” com o nome da banda no final. Sem mais esperas, Caio Macbessera (vocal), Vini Castellari e Jean Patton (guitarras), Baffo Neto (baixo) e Betto Cardoso (bateria) tacaram o “foda-se” em tudo com 5 faixas do mais novo álbum: “Terra de Ninguém”, “Corre”, “Pânico”, “Rédeas” e “Realidade Urbana”. O legal nesses primeiros momentos do show é que o novo álbum recebeu uma forte recepção, percebendo várias pessoas cantando essas primeiras músicas sem nenhum escorregão.

Pedindo pra jogar a luz na galera, Caio deu certeza que a próxima seria “Capa de Jornal”, presente no álbum “Doa a Quem Doer”. E foi incrível ver o público cantando em plena exaustão, que chegou até fazer eco de tantos que cantavam a música. Se isso já era demais, precisava ver o absurdo em “Violência Gratuita”, alargando eletricamente a raivosa roda, culminado no clamoroso refrão citado a cima.

Os celulares foram tirados nos bolsos pra iluminar a tempestade que estava por vir em “Na Vala”, do que “Que Seja Feita Vossa Vontade”, onde o Caio contou toda a história (dramática) no ponto mais alto do PA, descendo rapidamente pra expor todo erro que acontece no nosso país na repulsiva “Erro + 55”, calcetando todo o ânimo para a frenética “Empedrado”, retomando o foco ao “TR3S” com “Marginal”.



Perguntado se todos queriam mais, Caio agradeceu a todos que coloram na grade. Sob um instigante discurso, o mesmo recordou das mensagens de força da galera durante a campanha Experiência Três, que foi um período onde a banda estava passando por uma fase mais desequilibrada, alegando que todos fizeram isso pra levantar a banda.

“Foi pensando em vocês, que tem o 46 tatuado, identifica com as músicas e entendendo o legado, que a banda quis passar isso pra frente, porque quando uma pessoa está no chão, basta levantar a cabeça e deixar todas as coisas no chão, porque se não fizer isso ninguém vai fazer por você”, testemunhou Caio. “Eu acredito que cada um de nós tem uma força interna que tira qualquer um no chão, então pode pá que não da outra! Pode pá que você tem a força! Pode pá que você é muito maior do que você imagina!” E nessa divisão que o quinteto emocionou todo mundo com “Pode Pá”, tendo um fã na grade que chorava feito criança, onde o Caio desceu do palco pra sentir o sentimento dele e de cada um que estavam ali na frente.

“O Project46 representa a nossa expressão! Os caras conseguem falar para o mundo o que a gente não consegue falar, e eles põem pra fora o que a gente não consegue por pra fora! É isso que o Project46 representa pra nós”, declarou Ricardo Colombera.



Sobre o motivo do choro, o mesmo explica: “Eu tenho muita identificação com as letras e das guerras que os caras passam. Eu acompanho os caras desde o começo, então eu sei qual é que é. Eu sou amigo do Vini, do Jean e do Caio. Então acompanho os caras desde começo e sei o que os caras passam. E é muito parecido a minha história com a história deles, então toda vez que eles põem pra fora, eu procuro por pra fora também, porque é a melhor maneira de você sentir a arte é quando se põem pra fora o que tem preso dentro de você. E da mesma maneira que os caras põem pra fora no palco, eu ponho pra fora assistindo os caras. É uma forma excelente de a gente conseguir expressar o nosso sentimento”, conclui.

Continuando, Caio afirmou que nunca perdeu sua voz em show, mas a energia era tão forte que ele teve que ir além da conta, não sentindo, em nenhum momento, o que estava acontecendo naquela noite. E olha que não era Rock In Rio, Monsters Of Rock e Makinaria Fest, porque o que fãs estavam fazendo não tem preço! E pra berrar até o final da noite, o vocalista de um recado pra quem impune o sistema em “Anônimo”, havendo o corriqueiro ‘Oh, Oh, Oh’ nas melodias finais.

“Quando a pessoa se levanta, ela nunca mais vai andar pra trás”. E nesse raciocínio que foi chegada à vez de “Um Passo a Frente”, contendo aplausos e mais aplausos durante a execução da música, encerrando com chave de outro com a faixa-título do recente disco, “TR3S”, soltando todos os demônios e raivas pra fora, que foi o principal lema durante o show.

Espera... não acabou ainda! Pra encerrar com chave de ouro mesmo, Caio chamou os que têm o 46 na pele pra subir no palco pra cantar a próxima faixa, terminando a apresentação (abarrotados de fãs no palco) com a destrutiva “Foda-se”.



Cada um de volta aos seus lugares, à banda resolveu tocar mais uma. E dessa vez foi a saideira mesmo, que ficou para “Acorda Pra Vida”.

Não é pra qualquer banda o que esses caras fazem. E depois de show o meu respeito só aumentou cada vez mais.
Vida longa ao Project46!

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Dener Ariani, Tuninho Silva,
Edição/Revisão: Renato Sanson

No Trauma
1.    Fuga
2.    Quimera
3.    MMA
4.    Igualdade
5.    Viva Forte
6.    Massa de Manobras

Trayce
1.    Eterno Retorno
2.    Corpo Fechado
3.    Queda Livre
4.    Réus
5.    O Culto
6.    Miragem
7.    Superfície do Ego
8.    Sem Roteiro
9.    Domadores

Ponto Nulo do Céu
1.    Horizontal
2.    Por Entre os Dedos
3.    Overview Effect
4.    Sob o Mesmo Sol
5.    Norte
6.    Telas
7.    Clarão (feat. Biel Astolfi)
8.    De São Paulo a Xangai (feat. Caio Macbeserra)
9.    Fluxo Natural

Project46
1.    Terra de Ninguém
2.    Corre
3.    Pânico
4.    Rédeas
5.    Realidade Urbana
6.    Capa de Jornal
7.    Violência Gratuita
8.    Na Vala
9.    Erro +55
10. Empedrado
11. Marginal
12. Pode Pá
13. Anônimo
14. Um Passo à Frente
15. TR3S
***Encore***
16. Foda-se
17. Acorda Pra Vida