terça-feira, 29 de março de 2022

The Hellacopters: "Eyes of Oblivion" Traz as Nunaces 70's e uma Sonoridade Revitalizada


Depois de um hiato que durou desde "Head Off" (2008), uma das mais legais bandas de Rock & Roll/Hard Rock surgidas nos anos 90,  os suécos do The Hellacopters retornam com um novo de inéditas, batizado "Eyes of Oblivion", anunciado no ano passado, junto com a notícia do contrato com a Nuclear Blast.

Desde o retorno definitivo da banda em 2016, após o que era para ser só uma reunião comemorativa no Sweden Rock, era esperado um novo álbum, e o grupo já se mostrava bastante empolgado com o material que tinha em mãos, o qual será lançado mundialmente dia 1° de abril pelo selo alemão.

O álbum também marca o retorno de um dos fundadores, o guitarrista Andreas "Dregen". Desde o ano passado alguns singles e vídeos já vêm matando um pouco a sede dos fãs. Em janeiro foi liberada a faixa título e algumas semanas atrás "So Sorry I Could Die".


"Eyes of Oblivion" traz o Rock & Roll carregado de energia que caracterizou a banda, com nuances de Hard e Blues, e com certeza vai deixar os fãs felizes.
São 10 faixas, abrindo com a explosiva de "Reap a Hurricane", Rock & Roll enérgico, de ritmo contagiante, guitarras nervosas e aquele pianinho "dançante".

"Can it Wait" é curtinha, na veia Punk Rock que marcou os primeiros trabalhos, traz um refrão marcante e ritmo contagiante, mostrando que não precisa mais de 2 minutos pra fazer uma canção legal.

"So Sorry I Could Die" é um Blues Rock cadenciado, lembrando o ritmo de "I Put a Spell on You", destacando os vocais cheios de feeling e o piano.


"Eyes of Oblivion
" inicia rasgando com um riff marcante, e é melodiosa, numa vibração bem 70's, característica que a banda incorporou desde "Grande Rock", e que só somou a sua sonoridade. O refrão, assim como o riff principal,  também gruda na mente de imediato.

"Pressure's One" tem um ritmo leve, palhetadas melodiosas, quase uma Rock Ballad. Pra situar, me lembrou algo daquelas músicas mais melodiosas do Ramones, como "Poison Heart", por exemplo; e "Tin Foil Soldier" é também total 70's, com seus riffs e batida vintage.


E o que ouvimos na grande maioria do álbum, é  Hard/Rock & Roll com essa vibe 70's, com pegada e energia. Um Hellacopters com as nuances que o público já conhece, mas atualizado.

Andersson descreveu o álbum como "The Beatles encontra Judas Priest, ou Lynyrd Skynyrd encontra os Ramones, mas a melhor maneira de descrever este álbum é que soa como The Hellacopters hoje". 

E é uma boa descrição do que você vai encontrar, muita energia, Rock & Roll/Classic Rock, pitadas de Punk e Blues. Eles são sem dúvidas uma das bandas mais legais surgidas nos anos 90.

O álbum sai dia 1° de abril, e estará disponível em CD, vinil e um box com CD extra, contendo 4 faixas bônus, entre elas covers de "Eleanor Rigby", dos Beatles, e "I'm the Hunter, do GBH.

Texto: Carlos Garcia

Banda: The Hellacopters
Álbum: "Eyes of Oblivion" 2022
País: Suécia
Estilo: Classic Rock, Hard Rock 70's
Selo: Nuclear Blast
O álbum será lançado no Brasil via parceria Nuclear Blast e Shinigami Records

Line-up
Robert Erickson: Bateria
Dregen: Guitarra
Anders Lidström: Teclados
Nick Andersson: Guitarra e Vocais
Dolf de Borst: Baixo

Tracklist
Reap a Hurricane
Can it Wait
So Sorry I Could Die
Eyes of Oblivion
A Plow and a Doctor
Positively not Knowing
Tin Foil Soldier
Beguiled
Pressure's One
Try me Tonight







sábado, 19 de março de 2022

Khemmis: Heavy/Doom e o Inferno de Dante


Fundada no Colorado em 2012, o Khemmis faz um mistura de Doom com Heavy Metal tradicional e algumas passagens de Metal mais extremo. 

Lançou seus primeiros álbuns de forma independente, e seu segundo trabalho, "Hunted" (2016), foi citado em diversas listas de melhores discos de Metal do ano, inclusive da revista Rolling Stone.

Essa repercussão chamou a atenção de um público maior, e também do selo Nuclear Blast, que contratou o grupo.


"Deceiver" é o quarto álbum do Khemmis, e primeiro com distribuição mundial via Nuclear Blast, e chega ao Brasil via parceria com a Shinigami Records. 

Alcançando também boa repercussão e citações em diversas listas de melhores discos de 2021, o disco  traz 6 faixas distribuidas em 41:46 minutos com o Doom/Heavy Metal do grupo trazendo peso, com músicas de andamento lento, soturno, mas com muita melodia nas guitarras, inclusive gêmeas, no melhor estilo Heavy Tradicional.

Os vocais são predominantemente limpos, cantados num estilo épico, e por vezes temos vocais guturais em passagens mais agressivas e velozes, onde a banda insere nuances do Death Metal.

O conceito do álbum é bem interessante e gira a respeito da forma como as pessoas são levadas a acreditar em uma falsa realidade sobre si mesmas e o mundo em que residem, e utilizam como paralelo o segmento Inferno da Divina Comédia.

A primeira é a épica "Avernal Gate", a qual apresenta muito bem o mix Doom e Heavy tradicional do grupo, e abre com uma intro acústica, e logo em seguida um andamento veloz, com guitarras melodiosas, mudando depois para um tempo mais arrastado e vocais épicos.


A faixa vai alternando momentos mais arrastados e outros com tempos mais rápidos, sempre com as guitarras trabalhando riffs pesados e muitos solos melodiosos, inclusive as tradicionais twin-guitars. Ao final deste épico início, há uma passagem veloz e extrema beirando o Death/Black.

"House of Cadmus" é Doom pesado, arrastado, de atmosfera soturna; "The Astral Road", inicia acústica e com solo viajante de guitarra para em seguida entrar em um ritmo mais acelerado e com um riff marcante, alternando o Metal Tradicional com passagens épicas, cadenciadas e melodiosas.

"Living Pyre" vem arrastada e com riffs e cozinha que pesam toneladas, em tons mais baixos, alternando andamentos levemente mais acelerados, tendo ainda incursões de trechos acústicos, alternando vocais limpos e guturais.

"Shroud of Lethe" tem ares progressivos, com trechos acústicos e introspectivos. Segue um andamento predominantemente lento, sempre com as guitarras trazendo solos melodiosos e peso na base.

"Obsidian Crown" fecha o álbum, iniciando com riffs marcantes e melodiosos, traz trechos de andamento mais rápido, alternando a riffs e cozinha arrastados e pesados.

O Khemmis surge como uma ótima alternativa aos aficionados pelo estilo, com seu Doom/Heavy Tradicional de ares épicos, por vezes soturno, mas sempre com muita melodia por parte das guitarras, boas alternâncias dos climas sonoros, o que não torna a audição cansativa.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Khemmis
Álbum: "Deceiver" 2021
Estilo: Doom/Heavy Metal
País: EUA
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records


Khemmis é:

Phil Pendergast / Vocals, Guitar
Ben Hutcherson / Guitar, Vocals
Zach Coleman / Drums

“Deceiver” Tracklisting:
Avernal Gate
House of Cadmus
Living Pyre
Shroud of Lethe
Obsidian Crown
The Astral Road




sábado, 12 de março de 2022

Anette Olzon: Em Sua Melhor Forma


A vocalista suéca Anette Olzon ficou conhecida mundialmente após ser escolhida para substituir a vocalista original do Nightwish, Tarja Turunen, e com um estilo vocal diferente da antecessora, dividiu a opinião dos fãs dos gigante finlandeses do Symphonic Metal.

Gostos pessoais a parte, Anette fez um bom trabalho na banda no período em que esteve na linha de frente, entre 2007 e 2012, sendo demitida de maneira polêmica em meio a uma turnê mundial e substituída às pressas pela holandesa Floor Jansen (que foi efetivada e permanece na banda até hoje).


Mas a exposição com o Nightwish trouxe bons frutos a cantora, que foi contratada por gravadoras de destaque da Europa, lançando trabalhos em bandas em projetos, como o The Dark Element, Hear Healing, Allen/Olzon, além de participações em álbuns de outros artistas, como The Rasmus e Secret Sphere.

Em 2014 a cantora lançou "Shine", seu primeiro álbum solo, e ano passado chegou a hora de trazer a luz do dia seu segundo trabalho, "Strong". E como o nome sugere, é um disco com muito mais pegada e peso do que "Shine", que era mais suave e introspectivo.

"Strong" mostra uma Anette com versatilidade vocal, mostrando diversas facetas de sua voz, sendo hoje uma cantora mais evoluida, experiente e segura. Seu marido Johan Husgafvel (Pain) também participa do álbum fazendo vocais guturais em algumas faixas, dando um tom mais agressivo nas músicas e dando ainda mais diversidade.

Johan Husgafvel

A produção e composição foi dividida entre Anette e Magnus Karlsson (Primal Fear). A sonoridade transita pelo Melodic Metal, Symphonic e Power Metal, resultando em um Metal moderno, pesado, sinfônico e cheio de refrãos e melodias marcantes. 

Destaques para a poderosa faixa título "Strong", um hino de Melodic Metal moderno, sinfônico, com peso  melodia, vocais enérgicos de Anette, culminando em um refrão grandioso; a cativante e de refrão explosivo "Catcher of My Dreams", onde Anette ataca com tons altos nos vocais.

Magnus Karlsson

"Sick of You", que tem elementos sinfônicos e dark, e toca num tema muito sério, sobre mulheres que sofrem abuso, mas tomam coragem de acabar com isso; "Fantastic Fanatic", com um trabalho de peso nos riffs e bateria, e elementos sinfônicos, remete a algo de sua antiga banda, aquela da finlândia.

E ainda o peso de "Parasite", com seus riffs agressivos, alternando vocais guturais, que aparecem no início, e com Anette mandando bem em tons ora mais suaves, ora mais altos, como na frenética parte final da música; e  "I Need to Stay", com suas nuances sinfônicas, alternando tempos cadenciados e velozes.


Um ótimo trabalho de Anette, que mostra que ela tem personalidade e talento para mais voos solo, 
mostrando um tracklist diversificado, com identidade definida e coeso.

O álbum saiu no Brasil via parceria Shinigami Records e a gravadora italiana Frontiers. Ótima pedida para os fãs Melodic/Symphonic Metal.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Artista: Anette Olzon
Álbum: "Strong" 2021
Estilo: Modern Metal, Melodic Metal
País: Suécia
Selo: Frontiers/Shinigami Records

Confira no site da Shinigami

Tracklist
Bye Bye Bye
Sick of You
I Need to Stay
Strong
Parasite
Sad Lullaby
Fantastic Fanatic
Who Can Save Them
Catcher of My Dreams
Hear Them Roar
Roll the Dice

Lineup
Anette Olzon – vocals
Magnus Karlsson – guitars, bass
Anders Köllerfors – drums
Johan Husgafvel – growling vocals

Anette Olzon Instagram




domingo, 6 de março de 2022

Final Disaster: Horror Metal Enérgico e Promissor



Recentemente a banda paulistana de Horror Metal, Final Disaster, lançou seu primeiro álbum “Halls of Despair” de forma independente. O trabalho traz um história conceitual, contando a trajetória de um serial killer chamado Mr Joe.

Conforme eles foram lançando vários singles, fui acompanhando e fiquei ansiosa por ouvir o trabalho completo. 

Pois agora que “Halls of Despair” está disponível vou falar das minhas impressões sobre o álbum. A abertura ficou por conta de “Another Victim”, com uma ótima combinação dos vocais de Kitto Vallim e Deborah Moraes.


Em seguida, a faixa “Turn It Off”, merece um destaque pela versatilidade vocal de Kitto mostrando um estilo mais agressivo. “Dark Delight” apresenta um instrumental sensacional e muita energia nos vocais de Deborah e Kitto.

“Quiet Now” é uma das minhas músicas favoritas, os vocais arrasam mais uma vez e trazem realmente o desespero de uma vítima fugindo e tentando se esconder de seu perseguidor. 

Em “Creatures from the Underground”, eu gostaria de destacar o desempenho de Bruno Garcia na bateria, a banda como um todo parece muito bem entrosada, mas nessa música em específico ele roubou toda minha atenção. 


Outra música que merece destaque é a “Blood Red Creation”, o violão na introdução consegue criar uma certa tensão para a narrativa da canção que se inicia a seguir, além disso o refrão é daqueles que grudam na cabeça. 

Acho que “Things to Come” é uma das mais pesadas do disco e está na minha lista de favoritas. “Resonance Within” é a música mais longa do álbum, mas isso não quer dizer que seja monótona, mais uma vez há bastante entrosamento entre os vocais de Kitto e Deborah. 

Em seguida temos a densa e pesada “Despair”. Em “Broken Glass (Invisible)”, os vocalistas mais uma vez dão um show de interpretação. “Silent Sacrifice” deveria ser proibida de ser ouvida em volume baixo. 

Em “Final Disaster”, os riffs criam uma atmosfera muito interessante na introdução, mais uma vez muito entrosamento entre os vocais e um refrão fantástico. “Inner Reveries” é mais uma faixa de altíssima qualidade. 


E para encerrar, a energica “Beware the Children”, a perfeita combinação de peso e harmonia. De modo geral, a pandemia trouxe muitos desafios a todos e muitas bandas precisaram “se virar no trinta” para se manter na ativa. Mesmo assim, muitas como a Final Disaster conseguiram realizar um trabalho excelente, apesar das dificuldades.

Eles me surpreenderam muito com esse álbum e atualmente são uma das minhas bandas nacionais favoritas. Vale muito apena dar uma conferida, eles têm qualidade o suficiente para se tornarem uma potência no metal nacional, mas claro, como qualquer outra banda, precisam de apoio.

Texto: Raquel de Avelar
Fotos: Divulgação


Line-up

Kito Vallim – Vocal
Deborah Moraes– Vocal
Lucas Mendes – Guitarra
Rodrigo Alves – Guitarra
Felipe Kbça – Baixo
Bruno Garcia – Bateria

Tracklist:

1 – Another Victim
2 – Turn it Off
3 – Dark Delight
4 – Quiet Now
5 – Creatures From The Underground
6 – Blood Red Creation
7 – Things To Come
8 – Resonance Within
9 – Despair
10 – Broken Glass (Invisible)
11 – Silent Sacrifice
12 – Final Disaster
13 – Inner Reveries (Outro)
14 – Beware The Children (2021)* [Bonus da versão digital]