sábado, 29 de setembro de 2012

Therion: Novo Álbum Baseado em Obra de Baudelaire e Auto-Financiado



Cercado de algum mistério, finalmente já está disponível (por ora sendo vendido durante a tour do grupo na Europa) "Les Fleurs Du Mal" que vem acompanhado de muitas novidades, e, afinal, do Therion não se pode esperar o convencional.

Para começar, o álbum é em francês, baseado na série de poemas "As Flores Do Mal", de Charles Baudelaire e apresenta também faixas de duração mais curtas que o usual da banda.

Quanto a sonoridade, embora com canções predominantemente mais curtas, traz os vários elementos que compõe a música feita por Chris Johnsson e sua trupe, ou seja, aquele Metal Sinfônico recheado por influências clássicas, barrocas e operísticas, vocais e coros fantásticos e aquelas surpresas e toque de originalidade que os transformaram em uma banda única.

O álbum terá capas diferentes para cada versão
E além disso, o álbum foi auto-financiado pelo próprio Christofer Johnsson, já que a Nuclear Blast estava um tanto quanto reticente com relação a este álbum, considerando-o muito ousado. A gravadora, conforme afirma Chris, sempre apoiou e lhe deu liberdade artística total, porém, face essas dúvidas do selo quanto a ousadia deste novo trabalho, o líder e fundador do Therion propôs lançar o álbum com recursos próprios, recebendo a liberação da sua gravadora.

Christofer afirmou que teve os mesmos sentimentos com relação a este álbum, como quando estava para lançar "Theli", que é um marco na carreira da banda, o trabalho que elevou o Therion a outro patamar, e que foi cercado de muitas dúvidas, inclusive dentro da própria banda, causando várias mudanças, sendo que a partir daí o guitarrista e fundador consolidou-se mesmo como o "dono" da banda. Mas, como todos sabem, ele foi feliz na escolha e seu "feeling" estava corretíssimo. 


Quanto a bancar esse projeto, o líder do Therion afirma que muitos lhe disseram que está maluco por se auto-financiar, buscando um empréstimo, e, desta vez, sem suporte da gravadora, que entra com os custos das produções, ou seja, caso o álbum não tenha o retorno esperado, o prejuízo fica só na mão dele!

O cara não iria fazer isso se não acreditasse no próprio trabalho, e acredita que os fãs irão aprovar, sendo que mais uma particularidade deste lançamento, é o fato que será vendido somente durante os shows da banda e no site oficial (Cristofer tem a certeza que os fãs que forem ao show vão sair com o álbum em mãos, além de que também a venda de um CD independente, equivale a três de um lançado através de gravadora/selo), e ainda, nesta tour, ele fará questão de estar mais próximo do público, tendo sessões de meet & greet, autografando o álbum, trocando ideias, tomando uma cerveja, tirando fotos..

Um algo mais nesta turnê que comemora os 25 anos da banda, e que encerrará um ciclo, porque além disso tudo ainda, sim tem mais!!!, a banda após essa tour ficará um tempo indeterminado sem fazer shows, eventualmente em festivais, porém com sets mais curtos, ou lançar CDs regulares, pois estará focada na produção, e posteriormente apresentações ao vivo, de uma ópera Rock/Metal, que será um verdadeiro espetáculo contando com produção de figurino e visual, prometendo a primeira "REAL Rock Opera" do mundo. É, são muitas surpresas e novidades. Saiba mais neste link AQUI, e leia o pronunciamento de Chris no site da banda.


Pra terminar, vou falar um pouco mais sobre as faixas do novo álbum, "Les Fleurs Du Mal", que, conforme já falamos, é baseado na coleção de poemas do francês Charles Baudelaire(1821-1867), considerado um marco da poesia simbolista e moderna, publicado em 25 de junho de 1857, foi logo recolhido e acusado de ser ofensivo aos bons costumes, sendo publicado depois, porém sob a condição de suprimir alguns dos poemas. Realmente, uma bela escolha para a temática de um álbum, e o Therion consegue criar uma atmosfera densa e bela, nos transportando no tempo. 

Baudelaire
Se a gravadora teve medo de bancar o álbum, por ter achado a proposta arriscada  e ousada demais, tenho certeza que os fãs vão aprovar e mostrar que eles foram uns covardes em não confiar no trabalho, mas ok, eles que sabem onde vão usar seu dinheiro, e olha que eles tem apostado em muita coisa ruim, e o que eles esperam de uma banda que é conhecida por ousar senão ousadia?

As letras cantadas em francês (seria esse um dos elementos que assustou a gravadora?), confesso que fiquei curioso quanto a como soariam, e após ouvir afirmo: dão um sabor diferente, e é um ponto essencial para a atmosfera do álbum.

Temos belas e emocionantes peças musicais, posso destacar aí "Dis-Moi-Poupé", com Snowy Shaw, que encerra sua participação no Therion (deixando aberta a possibilidade de um retorno futuro); alguns elementos já conhecidos estão presentes, como na abertura, "Poupée De Cire, poupée De Son", uma típica faixa sinfônica do grupo.


A linda "La Maritza", praticamente uma música clássica, com belíssimos vocais; "Soeur Angelique", também traz fantásticos vocais, e o cravo dá uma atmosfera toda especial a canção, aliás, os elementos clássicos e de ópera estão bem destacados, parecendo que a cabeça de Cristofer está mesmo muito voltada para esse lado, e que curtiu muito a experiência com a orquestra, registrada no CD/DVD "The Miskolnik Experience", mas o peso aparece, como em "Je N' al Besoin que de Tendresse", enquanto que "Les Sucettes" possui melodias vocais que lembram os seus conterrâneos do ABBA. Para apontar mais uma de minhas preferidas até agora, "Lilith", densa e atmosférica, com mais um grande trabalho vocal.

Chama a tenção que, mesmo com faixas mais curtas que o normal da banda, mesmo assim são intrincadas e cheias de elementos e arranjos criativos, contando sempre com algumas surpresas.

Outra curiosidade é que o álbum deverá estar disponível com várias versões e capas diferentes, mais um elemento adicional a esta curiosa e ousada obra.


Um trabalho de muita qualidade e musicalidade,  temos que destacar o incrível trabalho da vocalista Lori Lewis, que também participa da composição de algumas faixas, mostrando ser uma bela parceira para Christofer, e, claro, a banda toda está muito bem, realmente uma grande formação.

Confiram sem medo mais um grande trabalho do Therion, e com certeza Christofer vai ter seu investimento recompensado os fãs vão aprovar e adquirir esta obra, e muito obrigado a ele por acreditar em seu trabalho e não nos privar de sua ousadia.

Texto e edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Therion
Álbum: Les Fleurs Du Mal
Ano: 2012
País: Suécia
Selo: Independente
Gênero: Simphonic Metal 

Formação:
Christofer Johnsson (Guitarra e Teclados)
Christian Vidal (Guitarra)
Nalle "Grizzly" Påhlsson (Baixo)
Johan Koleberg (Bateria)
Thomas Vikström (Vocal)
Lori Lewis (Vocal)



Track List:
01 Poupée de cire, poupée the son
02 Une fleur dans le coeur
03 Initials B.B
04 Mon amour, mon ami
05 Polichinelle
06 La Maritza
07 Soeur angelique
08 Dis moi poupée
09 Lilith
10 En Alabama
11 Wahala manitou
12 Je n'al besoin que de tendresse
13 La licorne d'or
14 J'al le mal de toi
15 Poupée de cire, poupée the son
16 Les sucettes

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LandWork: Esbanjando Energia em Álbum de Estreia

Landwork lança "The Stand", primeiro álbum


Oriunda de Blumenau, Santa Catarina (Brasil), a LandWork está buscando seu espaço e, assim como toda banda que sonha em se destacar, acaba de lançar seu primeiro álbum completo este ano.
“The Stand” esbanja a energia que o grupo passa ao vivo. Quem já os assistiu sabe do que estou falando. Com seu som que caminha entre o Groove e o Stoner Metal, LandWork faz um ótimo trabalho, começando sua história de álbuns com um CD que tem tudo para ser bem recebido mundo afora.
Tudo isso porque o trabalho de Johny Israel (guitarra), Thiago Chocolate (bateria), Rian Rau (vocal) e Abel Dias (baixo) traz elementos que exaltam influências do Rock/Metal dos anos 90, como Alice in Chains à Pantera e bandas mais modernas, como As I Lay Dying, esta última mais sutil. 

Leia-se que não estou dizendo que a banda é uma cópia destas, pelo contrário, canções como “Fly Away” (bastante influência de Alice in Chains), “Back off” (que riff e pegada inicial, ideal pro mosh pit!), “The Stand”, “Sunshine” (a mais calma do disco, mas sem deixar de empolgar) e “The Fight” (primeiro vídeo clipe oficial do grupo) mostram que Landwork possui personalidade, sem esquecer suas influências, num trabalho honesto e bem feito, mesmo que, inicialmente, a produção de Deny Bonfante e da própria banda cause certo estranhamento, com o passar das audições somente os aspectos positivos exaltam-se.

Banda mostra energia não apenas em cima do palco, mas em estúdio também

Infelizmente, a banda possui apenas um guitarrista, e em alguns solos, fez falta uma guitarra base, o que diminuiu o peso em alguns trechos, quebrando um pouco o ritmo enérgico anterior, mas nada que comprometa o conjunto da obra, cuja capa é uma das mais interessantes (leia-se bela) do ano, além do encarte com informações e as letras das músicas, que falam de esperança e religiosidade (a banda possui temática cristã).

LandWork não poderia ter começado melhor do que com “The Stand”. Agora, é aparar as arestas (colocar mais um guitarrista) e seguir nesse foco, pois a banda tem potencial. Vamos seguir de olho neles.

Stay on the Road

Fotos: Divulgação/Letícia Pontioli (ao vivo)

Ficha Técnica
Banda: LandWork
Álbum: The Stand
Ano: 2012 
Tipo: Stoner/Groove Metal
País: Brasil
Selo: Independente

Ficha Técnica
Rian Rau (Vocal)
Johny Israel (Guitarra)
Thiago Chocolate (Bateria)
Abel Dias (Baixo)

A bela capa feita por Daniel Lima


Tracklist
1. Blood
2. Fly Away
3. The Fight
4. Back Off
5. Turn Away
6. The Stand
7. No Control
8. Screaming Again
9. One Way
10. Sunshine
11. Look to the Sky

Acesse e conheça a banda

Assista ao vídeo clipe “The Fight”


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hangar Deverá Oficializar Hoje Saída do Vocalista André Leite


Banda Hangar deverá anunciar a saída de André Leite do grupo ainda nesta quarta ou madrugada de quinta, quando também irá ao ar participação da banda no programa do Jô, sendo que Théo Vieira será o convidado especial do grupo para os vocais na canja tradicional do programa.

Já era sentida certa indefinição, por conta de que há vários meses não acontecem apresentações ao vivo da banda, e a duas partes pareciam distantes há algum tempo. É o quarto vocalista que já gravou com a banda, deixando-a logo após lançar o DVD acústico gravado em Ijuí/RS. André gravou apenas um álbum, o “Acoustic, But Plugged In” (2011) e o já citado DVD. 

Sua saída seguirá a “sina” da banda que, nos últimos 3 discos, teve 3 vocalistas diferentes.André ganhou uma bela visibilidade por conta da sua entrada na banda, e essa indefinição e certo descaso com os compromissos do grupo, que é algo que reflete nos fãs que o receberam muito bem, chegando ao ponto que  não falava e nem se manifestava como um membro do Hangar há um bom tempo, vem causando desconforto e desconfiança. Não temos o direito de julgar ninguém, mas que algumas atitudes (ou falta de) do vocalista vem causando estranheza isso vem! Aguardemos as manifestações e explicações.

 E agora, caso confirmado, qual será o próximo passo da banda?


A banda tem na agenda o 2º Hangar Day, dia 15 e 16 de Novembro no Blackmore Bar em São Paulo, onde participarão os ex-membros Mike Polchowicz (Vocal) e Cristiano Wortmann (Guitarra).

Por conta da indefinição que já se desenhava, mais os shows comemorativos do início do ano, com a banda tocando na íntegra o álbum "Inside Your Soul" com Mike Polchowicz, os fãs, redes sociais e alguns meios de comunicação já cogitavam uma possível volta do vocalista original, quem sabe pondo fim a essa quase "Maldição dos Vocalistas" no Hangar.

O que todos desejamos é que a banda novamente encontre o melhor caminho, seja com Mike ou um novo vocal, e que siga sua vitoriosa carreira, pois são batalhadores, pessoas sérias que lutaram e lutam muito, merecem cada conquista, são músicos de talento e seres humanos de caráter e, principalmente, grande respeito para com os fãs.

Desejamos sorte e sucesso para a Banda e para André em seus caminhos, que pelo que tudo indica, seguirão em separado.

Wolfsbane: Recuperando o Tempo Perdido

Após 18 anos, Wolfsbane tenta recuperar o tempo perdido


Os ingleses do Wolfsbane entregaram ao mundo seu primeiro disco completo em 18 anos (se não contarmos o EP de 2011), já que desde a saída de Blaze Bayley (vocal) do grupo para se juntar ao Iron Maiden em 1994, a banda não lançara material inédito. Até este ano!

Bem verdade é que houve alguns shows de reunião, como em 2007 e 2009, mas foi há dois anos que Blaze, Jason Edwards (guitarra), Jeff Hateley (baixo) e Steve “Danger” Ellet (bateria) anunciaram uma volta sem grande estrondo, afinal, quando a banda estava alcançando grande sucesso, encerrara as atividades e passou a ser “a ex-banda do vocalista do Iron Maiden” durante os anos 90 e, após a saída de Blaze da Donzela, pouco se ouviu falar dos, agora não mais garotos, caras do Wolfsbane.

O tempo não para, mas a energia brota da alma

Mas para os fãs de Hard e Heavy Rock, o anúncio de uma turnê (infelizmente não mundial) e um novo disco de inéditas deve ter sido uma das grandes novidades do ano. 

E, passado dois anos, eis que “Wolfsbane Save the World” (2012) ganha vida e, correndo o risco de parecer exagerado, não deve em nada para os outros discos da banda. Pelo contrário, a energia parece estar de volta e, especialmente em se tratando de Blaze, que mostra a melhora que duas décadas fora da banda e em turnês pelo mundo lhe fizeram. Ele está cantando demais!

Estão lá, os riffs simples e diretos, mas cativantes, de Jason (ou “Jass”), mostrando a criatividade que esbanjava com seus 20 e poucos anos. O que também pode ser dito da cozinha formada por Jeff e Steve, Hard Rockers nato!

Blaze cresceu muito como frontman do Iron Maiden e em carreira solo

São 11 canções que fazem do álbum, literalmente, um trabalho que dá um gás a mais no Hard e Heavy Rock atual, mesmo que não tenha obtido grande repercussão, impossível ficar indiferentes à belezinhas como “Blue Sky”, que abre o disco (que levada Hard!), “Live Before I Die” (com o espírito R&R muito vivo e com um dos refrãos mais grudentos do álbum), “Who Are You Know?” (puro Hard Rock oitentista), dentre outras.

Os jovens no início dos anos 90, na Inglaterra

Mas são duas faixas que mais se destacam, pela singularidade. Falo de “Starlight”, a balada rocker do disco e, a exemplo das clássicas canções como “After Midnight” e “Broken Doll” (do clássico “Down Fall the Good Guys”, de 1991) é de uma beleza única, com show de interpretação de Blaze e cativa na primeira audição; e “Illusion of Love”, com vários andamentos, mas sem fugir da proposta Hard Rock que permeia todo o álbum, esbanjando energia e jovialidade de garotos, apenas garotos que voltaram a se divertir juntos.

Este é um disco que coloca no bolso qualquer trabalho atual de medalhões do Hard Rock, como Kiss, Aerosmith e o próprio Van Halen, cuja influência neste álbum do Wolfsbane é notável. Pena de quem ainda não ouviu...

Stay on the Road

Texto e edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Wolfsbane
Álbum: Wolfsbane Save the World
Ano: 2012
País: Inglaterra
Tipo: Hard Rock/Heavy Rock

Formação
Blaze Bayley (Vocal)
Jason Edwards (Guitarra)
Jeff Hateley (Baixo)
Steve “Danger” Ellet (Bateria)



Tracklist
01. Blue Sky
02. Teacher
03. Buy My Pain
04. Starlight
05. Smoke and Red Light
06. Illusion of Love
07. Live Before I Die
08. Who Are You Now?
09. Everybody's Looking For Something
10. Child of the Sun
11. Did It for the Money!

Acesse e conheça mais sobre a banda

Assista a banda ao vivo tocando "Blue Sky"



terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tankard: Beber e Bangear

Humor etílico de volta com os beberrões do Metal



Os Kings Of Metal Beer voltaram e por mais que os caras nunca sejam lembrado como medalhões do Thrash Metal alemão como Kreator, Sodom e Destruction, o Tankard sempre manteve-se fiel a sua ideologia e, principalmente, ao seu estilo: o Metal rápido, cru e agressivo e, por que não dizer, etílico.

E agora “A Girl Called Cerveza” (2012) vem como um destaque de sua discografia com uma capa bem humorada, um titulo que os caras juram que foi inspirado no Brasil e a nossa mania de pedir uma loira gelada. E os caras não perderam um mililitro daquele humor ácido tão característico. Basta olhar a tradução da faixa título e o seu clipe (e que modelo maravilhosa a que participa do clipe). 

Novo álbum foi inspirado no brasileiro que chama a cerveja de "loira gelada"

“Rapid Fire (A Tyrant’s Elegy)” e “Masters of Farcers” mostram que isso  aqui é Metal old school, ou seja, feito por quem entende e vale lembrar que os caras estão na estrada desde 1982. Destaque também para Andreas Gutjahr (guitarra) que é um injustiçado, porque o músico é muito insano, fazendo algumas passagens onde o bangear é obrigatório, além de Gerre “Geremia”. O cara pode ate ter perdido peso, mas seu estilo de cantar continua único  e é só ouvir as primeiras frases que você sabe que é Tankard.
O álbum passa muito rápido e aquela influência Punk que acompanha os caras aparece em “Not One Day Dead (But One Day Mad”, além da pegada “Witchhunt 2.0”. Feroz, para dizer o mínimo. 

Os caras tiveram a cara de pau de convidar Doro Pesch para cantar a impagável “The Metal Lady Boy” e o mais legal: combina com a proposta da canção.

Então, repito o conselho que fiz quando resenhei o álbum anterior  do Tankard: ligue o som e pegue uma cerveja que a diversão é garantida

Texto: Harley
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Tankard 
Álbum: A Girls Called Cerveza
Ano: 2012
País: Alemanha
Tipo: Thrash metal
Gravadora/selo: Nuclear Blast 

Formação
Andreas Geremia (Vocal)
Andreas Gutjahr (Guitarra)
Frank Thorwarth (Baixo)
Olaf Zissel (Bateria)



Track list 
01 Rapid Fire (A Tyrant's Elegy)
02 A Girl Called Cerveza
03 Witchhunt
04 Masters of Farces
05 The Metal Lady Boy  (com Doro Pesch)
06 Not One Day Dead (But One Day Mad)
07 Son of a Fridge
08 Fandom at Random
09 Metal Magnolia
10 Running on Fumes


Acesse e conheça mais sobre a banda

Assista ao vídeo clipe oficial do disco



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Entrevista: Kamala - Sabendo Onde Ousar

Banda paulista lança 3º álbum e mostra grande amadurecimento 

Buscando dar vazão à várias veias artísticas, a banda brasileira Kamala não se prende à rótulos, embora tenha sempre sido uma referência entre a nova geração do Thrash Metal nacional, sobretudo desde o aclamado "Fractal" (2009).

Entretanto, com seu novo álbum “The Seven Deadly Chakras” (2012), os rapazes de Campinas/SP Raphael Olmos (vocal e guitarra), Andréas Dehn (guitarra), André Rudge (baixo) e Nicolas Andrade (bateria) se desarmam dos clichês do estilo, incrementando outros elementos, como a cultura oriental e até alguns efeitos eletrônicos, tudo minuciosamente construído para cair dentro da temática do disco.

Para explicar melhor essa nova fase da Kamala, ninguém mais gabaritado que Raphael, a voz da banda, que além de falar do presente, relembra fatos do passado da banda e os planos, incluindo uma turnê internacional em negociação. Confira!

Conversamos com exclusividade com o vocalista/guitarrista Raphael Olmos

Road to Metal: Olá pessoal. Agradecemos a oportunidade de bater um papo com a banda. Há planos para uma turnê européia?

Raphael: Olá galera do Road to Metal. Estamos em contatos com algumas agências e determinados a fazer acontecer uma turnê européia para o meio de 2013. Vamos ver, é uma possibilidade cada vez mais próxima, mas ainda não existe uma turnê fechada. 

RtM: A banda acabou de lançar seu novo álbum, o 3º da carreira. “The Seven Deadly Chakras” pode ser entendido como uma evolução na qualidade das composições, arte e temática em relação ao aclamado “Fractal” (2009), ou o grupo entende que segue a mesma proposta e direção do álbum anterior?

Raphael: Sempre buscamos evoluir e não repetir o álbum anterior. Claro que a “pegada” da banda se mantém e alguns elementos característicos também, mas sempre estamos a procura de novos elementos e novos direcionamentos, quando acontece de forma natural, usamos. Temos uma freqüência de lançamentos, então isso de certa forma deixa registrado essa evolução da banda. 

Bela capa dá mostra de toda a temática e arte do álbum


RtM: Ao ouvir os três álbuns do Kamala, podemos afirmar que todos soam diferentes, porém com a mesma identidade. Como funciona o processo de composição da banda? E sobre essas mudanças, elas foram propositais ou uma evolução natural da banda?

Raphael: Tudo acontece de forma bem natural. Quem pegar os três álbuns, ao escutar, sabe que é a mesma banda, porém cada álbum tem a sua característica. O primeiro mais direto, o segundo com muito peso e melodia, e o terceiro, uma soma dos dois álbuns anteriores e com novos elementos que nunca utilizamos, como eletrônicos, partes acústicas, tendo momentos bem progressivos. 

RtM: Desde o primeiro CD a banda vem sempre apresentando surpresas, buscando inovar. Neste novo CD, por exemplo, tem a faixa "Heart", que traz elementos eletrônicos. Ao nosso ver, a banda está conseguindo fazer isso de modo produtivo e tendo resultados positivos, certo? Mas vocês já chegaram a temer que pudessem receber críticas, alegando que estão seguindo tendências, ou que muitas mudanças representam falta de personalidade? Como tem sido o feedback que vocês vem recebendo?

Raphael: Claro que saberíamos que não agradaríamos a todos. O Piccoli, produtor do álbum, disse “vocês sabem que pessoal com cabeça fechada vão criticar vocês com isso certo? Mas ficou irado!” (risos). Sabíamos do risco, porém, como é de forma natural, em uma música que fala do chakra do coração, nada melhor para representar do que batidas fortes. Buscamos representar um ataque cardíaco, com um começo bem calmo e ficando cada vez mais intenso. O feedback foi muito mais positivo, do que negativo. O pessoal já sabe que não somos uma banda tradicional. Viemos de uma escola tradicional, mas buscamos fazer músicas com personalidade, aonde saibam que é o Kamala que está tocando. Nenhum desses experimentos é de forma “gratuita”, tudo tem um motivo para ser representado. Não seguimos tendências, temos influências, mas no nosso ponto de vista, ao fazer algo tradicional dos anos 80, por exemplo, é muito mais tendencioso do que tentar experimentar.

RtM: Qual o conceito por trás de "The Seven Deadly Chakras"? Repara-se nas letras que tudo gira em torno do número sete, pois vocês abordam os 7 pecados capitais e os 7 chakras. Contem-nos um pouco sobre o tema.

Raphael: Percebemos que tudo em nossa volta, girava em torno do número sete. As músicas começaram a ser escritas quando a banda tinha sete anos, todos os membros da banda tinham o primeiro nome com sete letras, e por ai vai...(risos). A partir disso, começamos a ir atrás do número sete na história da humanidade. Os temas ligados ao número sete que mais chamaram nossa atenção foram os sete pecados capitas e os sete chakras do corpo humano. Fizemos a ligação dos dois temas, pois um é do lado ocidental e o outro do oriental, algo que sempre trabalhamos na nossa sonoridade. Depois de estudar bastante esses dois temas, fizemos a ligação que o lado do chakras busca equilíbrio e o outro lado, dos pecados capitais, provoca o desequilíbrio.

Banda tem recebido ótimas críticas a cada álbum

RtM: A arte da capa e do encarte de  "The Seven Deadly Chakras" é realmente muito bela e se conecta com as temáticas abordadas nas letras. Como surgiu a ideia de criação de ambas? 

Raphael: Obrigado! A bela arte da capa e do encarte, é tudo culpa do Luiz Moura, guitarrista do Thriven (que também cuidou das artes dos dois álbuns anteriores), do fotógrafo Humberto de Castro e do visual fantástico da Bruna Vieira. A capa retrata um conflito interno, uma explosão de energias dentro de uma pessoa, causada por esses conflitos, entre os chakras e os pecados. O encarte tem um total de 24 páginas e como disse na pergunta, a arte se conectou perfeitamente com o tema tratado.

RtM: Ainda sobre o cuidado com a arte do disco, de quem partiu a ideia de contar com a atriz pornô Bruna Vieira como modelo e como foi desenvolver um trabalho de esmero para além apenas da sonoridade, embelezando o conjunto todo da obra?

Raphael: Somos uma banda em que todos são muito ligados a arte, admiramos muito nos preocupamos muito também com o aspecto visual, onde somado com as músicas, tudo fica mais intenso e mais climático. Quando definimos o tema do álbum, definimos que precisaríamos de um corpo nu para representar da melhor forma possível o conceito. E chegamos na Bruna Vieira, através de uma parceria com a Xplastic, onde uma música nossa foi trilha sonora de uma cena com ela atuando. A partir daí, mantemos o contato e quando fechamos a idéia, saberíamos que ela seria a pessoa ideal para ser a modelo da arte. Pois ela tem um visual muito forte e também por trabalhar de forma muito natural o nu. Apresentamos o projeto para ela, e ela topou na hora. Ficou uma obra de arte sensacional mesmo, todo mundo comenta da beleza da capa e do encarte!

Banda apresentou-se na Expomusic 2012, em São Paulo/SP

RtM: Mais uma vez a produção ficou a cargo do Ricardo Piccoli. Gostaríamos que vocês falassem sobre a importância do Ricardo para o Kamala, sendo que o mesmo chegou até a assumir o posto de baixista da banda em determinado momento. 

Raphael: O Piccoli foi o produtor dos nossos três álbuns. Foi a primeira pessoa de fato na nossa carreira que enxergou o potencial no Kamala e começou a lapidar. Com muitos anos trabalhando juntos, nos tornamos além de parceiros profissionais, uma amizade muito próxima mesmo, coisa de família. Então, o Piccoli é o quinto membro do Kamala (risos). Até quando ficamos sem baixista, ele se tornou o quarto membro. Mas como nos avisou, que um ano depois iria mudar para a Europa, começamos a procurar um novo baixista. Encontramos o André Rudge que gravou o álbum, mas fizemos questão de registrar uma música com o Piccoli tocando no novo álbum, que é a faixa “Lust”, onde ele destrói com muitos slaps! Pouco antes do lançamento do “The Seven Deadly Chakras”, percebemos que o André não era a pessoa certa para continuar trabalhando, e ai comunicamos à ele, que seguiríamos caminhos diferentes. Agora contamos com o Diego Valente como baixista, e com certeza a formação atual é a melhor formação que a banda já teve.




RtM: São anos de carreira, três discos, shows pelo Brasil. O que a banda está almejando para o restante de 2012 e os próximos anos? Poderemos contar com a banda em shows em mais regiões do Brasil, sobretudo aqui na região sul, que tem acompanhado ávidos por apresentações da Kamala por aqui?

Raphael: Para 2012 e 2013, vamos continuar marcando shows intensamente no Brasil e esperamos que aconteça a tour na Europa. Tocamos no Sul em 2009, e está mais do que na hora da banda voltar, pois muitos fãs estão pedindo o show do Kamala. Mas tudo depende de produtores interessados a fazer acontecer junto esses shows. 

RtM: Obrigado pelo tempo desprendido. Fica aqui um espaço final para deixarem uma mensagem aos fãs e aos leitores do Road to Metal. O espaço é da Kamala!

Raphael: Nós que agradecemos o espaço! Gostaríamos de convidar a todos para visitarem nosso site www.kamala1.com que traz todas informações da banda (agenda/noticias/biografia/discografia/mídia), conteúdos exclusivos e com um visual interativo. Fiquem ligados nas novidades e em breve a banda lança o primeiro clipe desse novo trabalho, da faixa “Solar Plexus”, clipe novamente feito pela produtora Studio Kaiowas.

Edição/revisão: Eduardo Cadore


Acesse e conheça mais sobre a banda
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Compre o álbum via Die Hard clicando aqui.


Promoção: Metal Gaúcho, Nível Mundial!





Duas das bandas em maior evidência nacional e internacional da cena gaúcha lançaram dois discos que tem obtido criticas positivas dos fãs e mídia ao redor do mundo: Distraught e Scelerata!

E como o Road To Metal faz questão de sempre valorizar a cena nacional, especialmente a do Rio Grande do Sul, lançamos, no mês do Gaúcho, a promoção "Metal Gaúcho, Nível Mundial!" onde você concorre aos discos "The Sniper" (Scelerata) e "The Human Negligence is Repugnant" (Distraught)!

Saiba como participar (você precisa estar conectado ao Facebook):

1º Passo: Curta a página do Road to Metal (clique aqui

2º Passo: Escreva seu número abaixo do "post" da promoção que está presente na página do Road to Metal (clique aqui).

Como? Por exemplo, se você foi o primeiro a participar, digite nos comentários do Facebook o número "1", se foi o segundo digite "2", terceiro, “3”, e assim sucessivamente. Um dos números será sorteado através do site www.random.org e cada participante concorrerá com aquele número que postou abaixo da postagem sobre a promoção. O sorteio acontece dia 11/10.

3º Passo: Compartilhe o "post" da promoção da nossa página.

Só concorrerão quem obedecer estas três rápidas etapas (e só vale um número por pessoa, mas pode compartilhar quantas vezes quiser). Não concorrem membros da equipe Road to Metal, das bandas envolvidas e perfis que não sejam pessoais (sites, bandas, fakes, etc.). Vamos lá e boa sorte a todos!

domingo, 23 de setembro de 2012

Soulspell Act III - Hollow's Gathering: Em Algum Lugar Próximo da Perfeição




Alguns álbuns são realmente um prazer resenhar, ainda mais quando nos deparamos com trabalhos que trazem muita qualidade, apresentando dedicação e cuidados em todos os detalhes, o que pode tornar a tarefa mais fácil,  mesmo com a quantidade de detalhes que envolvem este ACT III, o que traz também uma responsabilidade grande, então, entre tantas qualidades e pontos positivos desse trabalho, é mais fácil iniciar esta matéria apontando dois "defeitos" que encontrei. Primeiro: Não consigo parar de ouvir o álbum, e segundo: Deixou-me com aquela vontade de "quero mais"! Sabe como é quando você está assistindo uma série, ou um filme empolgante, que deixa o final em suspenso?  (To visualize english version CLICK HERE)

Brincadeiras à parte, esta terceira parte da Metal Opera Soulspell, "Hollow's Gathering", apresenta, assim como ocorreu com os álbuns anteriores, uma evolução, principalmente devido ao talento das pessoas envolvidas e o entrosamento cada vez maior entre eles, destacando, claro, a dupla Heleno Vale e Tito Falaschi, responsáveis pela criação e produção, resultando num álbum, que percebe-se, foi concebido com muita dedicação, muito trabalho e cuidado, e, claro, com muito talento.


O próprio Heleno descreveu perfeita e resumidamente os dois primeiros atos: Act I: Legacy Of Honor, foi um álbum com velocidade e com uma certa ingenuidade; Act II: The Labyrinth Of Truths, a proposta já evoluiu, tendo esse álbum uma aura mais densa e misteriosa, com canções mais experimentais e diferentes. como a "The Verve", por exemplo, que é bem teatral e operística.
Quanto ao Act III, "Hollow's Gathering", é um álbum que se apresenta com músicas velozes, de certa forma, mais "acessível" (na medida certa), mais dinâmico, tentando reunir as melhores qualidades dos seus antecessores, mas também tenso e carregado de emoções, com o projeto dando mais passos à frente.

Quanto ao que desejava mudar com relação ao Act II, buscando deixar o álbum mais balanceado, distribuindo melhor as participações especiais, mantendo uma cadência, um clima, de forma a manter o nível, e, consequentemente, o interesse do ouvinte prendendo-o do início ao fim, acredito que Heleno conseguiu, pois, além dessa maior cumplicidade e experiência adquirida entre os envolvidos na produção, o que traz um nível cada vez mais alto nas composições, "Hollow's" é um álbum com mais velocidade, e, repetindo, com grande dinâmica, que deixa o ouvinte sem fôlego, e seus pouco mais de 55 minutos, passam rápidos demais!


Calcado principalmente no Power Metal Melódico e Prog Metal, com muita qualidade, mostrando que, se esse ou aquele estilo por vezes soam desgastados, é pura e simplesmente questão de competência e criatividade , o trabalho prima por refrãos e melodias ganchudas e irresistíveis, que já na primeira audição grudam na mente, e, acredito, que ele terá mais uma particularidade, que é a capacidade de prender a atenção do ouvinte mesmo que este não esteja familiarizado com o pacote todo, a história e os personagens, e, com certeza, despertará o interesse desses para que conheçam mais a fundo, buscando os dois atos anteriores.

Temos que ressaltar aqui, antes de tecer alguns comentários sobre as músicas, alguns pontos, como, mesmo que o álbum possa ser apreciado sem problemas sem que você esteja por dentro de toda a história, ou que seja o primeiro álbum do Soulspell que esteja ouvindo, é muito importante ler as letras, mergulhar na história, que está disponível no site oficial, conhecer os personagens, as pessoas envolvidas, dedicar várias audições (acredite, isso não vai ser problema algum, com certeza você vai querer ouvir o álbum muitas vezes!) a fim de desfrutar na totalidade esta obra , que, só pelo fato de ter sido idealizada e produzida no Brasil, já merece atenção, pois a história é envolvente e fascinante, levando o ouvinte a vivenciar a saga, incentivando a imaginação.


Outro ponto, é a quantidade de participações, destacando a quantidade de novos talentos, selecionados pelo segundo concurso de vocalistas, mostrando que temos muita gente de qualidade no Brasil, apenas esperando uma chance, e as participações internacionais, que vieram também em maior número, e o principal é que encarnaram os personagens e a história, tendo performances carregadas de emoção.

E só para mencionar alguns dos nomes (Veja Lista Completa Aqui), temos Daísa Munhoz, excelente vocalista, que cresce a cada lançamento, uma das grandes "descobertas" do projeto, participando desde o Act I, no papel da princesa Judith, mais jovens talentos como Gui Antonioli e o surpreendente Jefferson Albert; vocalistas experientes e que estão os melhores do Brasil, como Mário Pastore, Leandro Caçoilo, Carlos Zema, Iuri Sanson e Nando Fernandes; instrumentistas não menos talentosos e experientes, como Marco Lambert, Fábio Laguna, Gabriel Mangioni e Rodolfo Pagoto, além de convidados internacionais como Amanda Somerville, Tim Ripper Owens, Blaze Bayley e Matt Smith!


Quanto as participações, é certo que muitos, assim como nos álbuns anteriores, terão sua preferências, e até  reclamarão por alguma ausência, ou até mesmo por uma participação maior de algum nome, mas é mais que louvável a oportunidade que o projeto deu para muito talentos, sejam novos ou mais experientes na cena, mostrarem seu trabalho, muitas vezes desconhecido de um público maior.

Só um pequeno resumo sobre a história até aqui, antes de comentar as faixas deste ACT III: A saga gira principalmente em torno de Tobit, Judith e seu filho Timo,além dos grandes vilões da saga, Samael, o príncipe dos demônios e Hollow, o dragão, a criatura mais temível da história, o guardião do Labirinto das verdades. No Act I - Legacy of Honor, Tobit recebe a visita do anjo Arlim, que lhe revela os motivos das visões que este tinha, contando sobre o dom especial que o jovem possuía, que é a vivência através das eras, narrando a ele as histórias de sua oito vidas passadas, passando pela era do Faraó Ramsés II, a queda de Tróia e segunda guerra mundial, no final Tobi tem de decidir entre seguir com Arlim para o paraíso ou continuar na terra, e um bilhete de Judith, contando que eles teriam um filho, o faz decidir por ficar na terra.


Deste ponto começa o Act II - Labirynth of Truths, Tobit e sua família vivem uma vida normal, até que novas visões o atormentam, e um dia, na floresta, é aprisionado na arca do tempo, de onde somente pode assistir a tudo sem poder interferir, e vê uma cópia sua tomar seu lugar, um impostor ao lado de sua família.Preso nessa dimensão atemporal, chamada a Fonte de Amon, a única maneira de escapar era através do labirinto das verdades. Timo começa a perceber algo estranho em seu "pai", descobre o diário de Judith e lê sobre os acontecimentos da vida de Tobit e sua infância, foge para a floresta de incantus, levando o diário de sua mãe, pela primeira vez percebendo que não era um humano comum. Seu amigo imaginário Olaff, o encaminha à árvore morta, a única entidade que poderia responder todas suas perguntas.

Aqui começa o Act III, com a faixa "Hollow's Gathering", com o dragão (Carlos Zema) convocando uma reunião interdimensional entre os demônios e líderes de cada dimensão para avaliar de quem foi o descuido de permitir a entrada de um humano no Labirinto das Verdades. A música começa com uma surpresa, que é  o chamado da sereia Sybil (Lígia Ishitani), a partir daí, em seus mais de nove minutos, a música é um perfeito exemplo de Opera Metal, provavelmente a canção mais complexa deste álbum, trazendo um turbilhão de emoções, muitas variações, corais brilhantes, com muita tensão e performances fantásticas, destacando os vocalistas Daísa, Ishitani, Victor Emeka, e Pastore (numa aparição curta, porém brilhante), além dos teclados e orquestrações do grande Fábio Laguna.


"A Rescue Into Storm", é o momento em que Timo sente que há algo errado e volta para sua casa, chegando tarde demais, a encontra pegando fogo e sua mãe foi morta por Samael, que a recepcionará no inferno. O nível se mantém altíssimo, climática e tensa, grande refrão, destacando as belas melodias com harmônicos e as linhas de baixo de mais um convidado internacional, Markus Grosskopf (Helloween), os arranjos orquestrais e a performance arrasadora de Nando Fernandes (Samael).

"To Crawl or to Fly", não deixa o ouvinte recuperar o fôlego, com melodias vocais lindíssimas, tem uma aura muito especial, contando com performances maravilhosas de Amanda Sommerville, Daísa Munhoz, Manu Saggioro e Matt Smith (Theocracy),  destacando as orquestrações também muito bonitas. Conta o momento em que Judith acorda na outra vida e tem que tomar uma decisão proposta pela serpente e pelo falcão. Rastejar como a cobra ou voar como o falcão? Esta música pretende nos fazer refletir sobre que nem tudo que nos ensinam está correto, e que nem todas as escolhas são óbvias. Uma trinca inicial mais que perfeita!


"Anymore", que já é conhecida de alguns através do single virtual, é uma balada emocional, guiada por violão e voz, num dueto emocionante de Manu Saggioro e Daísa, contando o momento que o diário falante de Judith percebe que sua dona não está mais viva. É a lamentação do diário e as últimas palavras de Judith escritas nele.

"Adrian's Call", vem alternando velocidade com partes com riffs mais marcados, além de texturas bem interessantes nos teclados. É a parte onde uma seita tenta conquistar a maioria dos seres especiais para Hollow, a convocação de Adrian, que consegue fugir ao chamado. Destaco aqui as performances dos experientes Pastore e Caçoilo e dos novos talentos, Daísa Muhoz, que vem conquistando cada vez mais admiradores desde o Act I,  Gui Antonioli, que foi um dos vencedores do primeiro concurso, e já possui um currículo invejável, e Emeka, em mais uma bela participação, mais um talento descoberto pelo projeto.

Daísa (Judith) e Manuela (O Diário Falante de Judith), protagonizam um belo dueto em "Anymore"
"Change the Tide", também é bem veloz e dinâmica, é a parte onde Judith tenta barganhar com Caronte (Mike Vescera) para tentar voltar a terra e cuidar de Timo ("Let me guide him forever, is a sole to drop enough to change the tide?). Grande refrão, esta canção possui um dos refrãos mais marcantes do álbum.

"Echoes from Hell" é uma vinheta, onde Samael narra sua relação com a seita citada anteriormente.


"The Keeper's Game", traz como destaque Blaze Bayley, o guardião que Timo (aqui interpretado por mais um dos novos talentos, Pedro Campos) deve enfrentar para chegar a sagrada árvore morta, a fim de buscar a salvação para seu pai. Vale ressaltar a grande performance do ex-Iron e os solos de teclado e guitarra, além do clima todo especial dos teclados no refrão, aliás, menção com méritos ao trabalho efetuado por Gabriel Mangioni, brilhante. Sendo que ainda cuidou das orquestrações (menos as orquestrações da faixa título, que foram feitas pelo Fábio Laguna).

"The Dead Tree", tem uma levada rapidíssima nos bumbos, mesclando o Power e o Prog, destacando novamente os teclados, que dão um molho todo especial, aliando o Progressivo clássico, com linhas mais modernas, e, lógico, os vocais de Tim "Ripper" Owens (que faz o papel da árvore sagrada), também numa bela participação, e mais uma performance muito boa de Pedro. Muitos elementos que transformam esta faixa num dos destaques, num álbum cheio de pontos altos. Nesta parte Timo chega até a árvore, e para entendê-la, tem de sair de sua forma humana e usar seu espírito, a fim de se comunicar com o ser mais inteligente das dimensões.


"The Whispers Inside" termina o álbum, nos dando chance de recuperar o fôlego. Esta balada tem uma atmosfera de despedida, contando o momento que Judith resolve criar um novo diário, Yared , interpretado por Michel Souza, num lindo dueto de vozes e piano, com Amanda Somerville (Wayna, a fênix). E no finalzinho, a deixa para o próximo ato.

Impossível descrever tantos detalhes e tantas participações, com os músicos colocando muita vontade e feeling, realmente encarnando os personagens e dando o clima que as músicas e a história pedem. O álbum acaba e dá vontade de ouvir de novo, além daquele sentimento que falei no início, aquela vontade de "quero mais". Um álbum realmente muito forte, e sim, acredito que é também mais "acessível", mas de maneira alguma a qualidade ficou prejudicada, apresentando mais experiência, e nos deixando a certeza que ainda teremos muito mais (Heleno planeja 7 partes), e isto também depende de nós, fãs e amantes do Metal e da boa música, afinal, projetos como este merecem ser apreciados e apoiados!

Dizemos que a perfeição não existe, então digo que este álbum chegou bem perto dela, sendo que o que considero mais importante na música, é a sinceridade, honestidade, sentimento e as emoções  que ela é capaz de transmitir, e nestes quesitos, o Soulspell alcançou as notas máximas! 

Carlos Garcia



Lançamento oficial no Brasil em 19 de outubro, adquira o seu na pré-venda diretamente no site oficial:
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