domingo, 17 de dezembro de 2017

Entrevista - Jim Peterik: "Eu faço isso como uma necessidade de comunicar minha música para tantas pessoas quanto eu puder"




Um exímio criador de hits e grandes canções, um músico que experimentou o sucesso comercial, vendendo milhões de álbuns, colocando músicas no topo dos charts já aos 19 anos, com o Ides of March nos anos 70, e mais tarde, nos anos 80, premiado com um Grammy  e indicado a um Oscar de melhor canção. Inspirou milhões de pessoas com canções como "Eye of the Tiger", que é praticamente um patrimônio da humanidade.  (English Version)

Escreveu também muitas canções para artistas e grupos como Sammy Hagar, Van Zant, Beach Boys, 38 Special, Cheap Trick e Reo Speedwagon. Segue produzindo e inspirando pessoas em seus trabalhos com o The Songs, Ides of March,  Pride of Lions, Peterik/Scherer, e mais recentemente com Scherer/Batten, projeto o qual traz canções suas e também sua produção.

Tivemos a oportunidade de conversar com esta verdadeira lenda da música, que nos falou um pouco mais desse novo projeto, e claro, algumas histórias de sua carreira. Confira:



RtM: Olá Jim, obrigado por arrumar um tempo para nos atender. Antes de falar sobre seu mais recente trabalho, o projeto Scherer/Batten, gostaria de voltar um pouco no tempo e perguntar se no início de sua carreira, precisamente no lançamento do primeiro álbum com o Ides of March, você imaginou um dia ser um vencedor de prêmios, como um Grammy, vender alguns milhões de álbuns, ter hits no topo das paradas ou ter uma música indicada para o Oscar? O quão longe você chegou em relação aos seus sonhos? 
Jim Peterik: (Ri muito!) Quando você tem 19 anos e com um álbum sendo o número um, você está vivendo o momento. Não estávamos a contemplar o sucesso a longo prazo ou o impacto sobre o qual teríamos em um âmbito maior dentro do cenário. Então eu tenho que dizer que eu ultrapassei meus sonhos de jovem. E por uma distância considerável!


RtM: Eu estava lembrando uma entrevista que li há muito tempo, onde você falou sobre a inspiração para escrever "Vehicle", que se tornou seu primeiro grande sucesso. Gostaria que você nos lembrasse um pouco da história desta música, especialmente para os fãs e leitores mais novos, e descreva-nos como você se sentiu no momento, vendo que a música acabou tendo uma grande repercussão? 
Jim Peterik: Para explicar brevemente, eu escrevi "Vehicle" para ganhar minha namorada. Eu acho que funcionou, porque Karen e eu já estamos casados e felizes há 45 anos!

"Eu tenho uma palavra de alegria e otimismo para compartilhar que não tem nada a ver com o comércio. Trata-se de paixão!"
RtM: Nos anos 80 você criou vários sucessos com o Survivor, uma direção muito diferente do Ides of March. Quando você começou a banda, o que você tinha em mente para o Survivor? Você já imaginava o tipo de som que você queria? Algum artista ou banda em particular o inspirou naquele momento? 
Jim Peterik: Frankie e eu começamos a banda no inverno de 1977. Nosso objetivo era fazer Hard Rock e Melodic Rock. Tenho certeza de que o Foreigner estava em nossas inspirações, com seu som poderoso e mainstream. E um grande vocalista.

RtM: E como você vê essa formação atual do Survivor, capitaneada por Frankie?
JP: Frankie obteve os direitos de usar o nome quando deixei a banda em 1996. Estou feliz por ele continuar a espalhar para muitos mais a música que criamos.

"Todo artista parece ter aquela música que se destaca e o define. A "Eye of the Tiger" é essa música para mim."
RtM: Bom, eu tenho que falar sobre "Eye of the Tiger", que é uma música que se tornou um hino, e sempre é lembrada em cenas que se referem à ação ou bravura em filmes, comerciais e eventos esportivos, sinônimo de luta e busca pela superação, além de ter recebido muitas versões e covers. Você escreveu tantas outras excelentes músicas, mas você poderia nos contar um pouco sobre a importância desta música em sua história? 
JP: Todo artista parece ter aquela música que se destaca e o define. A "Eye of the Tiger" é essa música para mim. As histórias que ouvi de pessoas de como aquela música influenciaram suas vidas são realmente mais valiosas para mim do que o lado monetário. Os relatos de pessoas superando doenças, longas jornadas e desafios alimentam minha alma diariamente


RtM: Belas palavras, "Eye of the Tiger" é realmente magnífica. Voltando ao presente, gostaria que você falasse sobre como começou a parceria com Marc Scherer, com quem você lançou o álbum "Risk Everything". Outro grande artista que você "descobriu". 
JP: Ao longo dos anos, tive pelo menos duas "quase" chances de trabalhar com Marc. Cada vez que eu ouvia seu seu incrível registro de tenor em algum estúdio adjacente, acabava pegando seu número, mas acabava perdendo! Finalmente nossas estrelas se alinharam e tem sido uma veia muito rica de inspiração mútua. Este último CD, "Battle Zone", de Marc Scherer/Jennifer Batten é o ponto culminante final.


RtM: Falando em descobrir e produzir novos talentos, temos o seu companheiro de Pride of Lions, Toby Hitchcock, outra ótima voz que você apresentou aos fãs do Melodic Rock. Abrindo um parêntese, gostaria que você falasse sobre Toby e seu trabalho com você no Pride of Lions. 
JP: Minha sobrinha, Kelly Ferro, me deu uma dica de um cantor que ela havia ouvido, quando ela estava fazendo uma audição para um programa de talentos da TV, de Dick Clark em 2002. Depois de finalmente contatá-lo (na primeira vez em um show do Ides Of March em sua cidade natal, Valporaiso, Indiana) ele veio e gravou (e participou de audição) no meu estúdio. Quando minha gravadora, a  Frontiers, o ouviu, concordou que eu tinha encontrado o cantor da minha nova banda, o Pride Of Lions.

"Finalmente nossas estrelas se alinharam e tem sido uma veia muito rica de inspiração mútua." (sobre a parceria com Marc Scherer)
RtM: Continuando com a parceria com Marc, gostaria que você nos dissesse sobre como surgiu a ideia do projeto Scherer/Batten e como foi o processo de escolha das músicas que seriam parte do álbum, já que você procurou várias músicas, usando a expressão de Marc, do seu baú de tesouros? 
JP: Eu estava gravando um novo álbum com Marc, com algumas de minhas músicas favoritas do meu catálogo passado, que sempre senti que mereciam uma segunda chance. Nós trouxemos a incrível Jennifer Batten para fazer algumas guitarras no álbum, mas quando ouvimos seu trabalho incrível, nós sabíamos que ela estava destinada a ser mais que um músico contratado. Ela se tornou uma parte vital de uma poderosa nova entidade - Scherer/Batten. Como minha esposa, Karen, disse quando ouviu algumas músicas, ela disse: "Ela é como uma segunda voz". Nós três acabamos escrevendo 3 novas músicas para o álbum, incluindo a faixa-título.


RtM: Foi um achado trazer Jennifer Batten para o projeto. E como foi para trabalhar com ela? 
JP: É uma alegria trabalhar com ela. Sempre super preparada, criativa e focada.


RtM: Havia músicas com as quais vocês iniciaram a trabalhar, mas acabaram sendo excluídas?
JP: Sim. Havia algumas. Mas acho que escolhemos sabiamente.


RtM: Sobre as músicas que entraram no álbum, quais as que você gostou mais do resultado final? Eu preciso dizer-lhe que a nova versão para "The Sound of Your Voice", que foi gravada pelo 38 Special, achei incrível, mais vibrante e moderna.
JP: Essa também é uma das minhas faixas favoritas. E Jeff Carlisi, Don Barnes e Danny Chauncey adoram também!

Sessões de gravação com Jennifer Batten
RtM: E o processo de produção do álbum? Foi muito trabalho, devido o número de pessoas e grandes músicos envolvidos, e com agendas ocupadas?
JP: Todo mundo acabou concentrando suas forças neste álbum. Era uma "Rock Machine" bastante eficiente em comparação com a maioria.


RtM: A Frontiers já foi responsável por muitos retornos. Eles, ou algum outro selo, propuseram lançar um novo álbum do Survivor? Você já pensou  ou existe alguma possibilidade de lançar algo novo com a banda?
JP: Meus projetos atuais só incluem o Ides Of March - Pride of Lions - Scherer/Batten e The Songs. Todos novos e atuais.


RtM: Como você vê a indústria da música hoje em dia? Muitos artistas chegaram a dizer que não vale a pena fazer novas músicas ou gravar álbuns. O que você pensa sobre isso e o que o move para continuar a produzir e criar novas músicas?
JP: Eu faço isso como uma necessidade de comunicar minha música para tantas pessoas quanto eu puder. Eu tenho uma palavra de alegria e otimismo para compartilhar que não tem nada a ver com o comércio. Trata-se de paixão!


Rtm: Jim, mais uma vez obrigado pelo seu tempo para nos responder esta entrevista, nós amamos seu trabalho! 
Jim Peterik: Obrigado! Isso significa tudo para mim.


Entrevista: Carlos Garcia
Agradecimentos: Maggie Poulos e MIX Tape Assessoria
E claro, a Jimbo, por toda sua grande música.

Jim Peterik Site Oficial

 Jim's discography

Resenha do álbum Scherer/Batten





     


     


     


     

Interview - Jim Peterik: "I do this from the need of communicating my music to as many people as I can"



An accomplished hitmaker and great songwriter, a musician who experienced commercial success, selling millions of albums, putting songs at the top of the charts by age 19, with Ides of March in the 1970s, and later in the 1980s, winning a Grammy and nominated for an Oscar for Best Song. It has inspired millions of people with songs like "Eye of the Tiger", which is practically a patrimony of humanity.  (versão em português)

He has also written many songs for artists and groups such as Sammy Hagar, Van Zant, Beach Boys, 38 Special, Cheap Trick and Reo Speedwagon. He continues to produce and inspire people with his solo works and with Ides of March, Pride of Lions, Peterik/Scherer, and more recently with Scherer/Batten, a project which brings songs from him and also his production.

We had the opportunity to talk to this true music legend, who told us a bit more about this new project, and of course, some stories from his career. Check out:


RtM: Before we talk about the Scherer/Batten project, I would like to go back a little in time, and ask if at the beginning of your career at the time of the  release of the first album with Ides of March, you imagined one day to be a winner of awards such as a Grammy, selling a few million albums, having hits at the top of the charts, or having an Oscar-nominated song? How far have you come in relation to your dreams?
Jim Peterik: (Laughts) When you’re 19 with a number one record you’re living in the moment. We were not contemplating long term success or what impact if any we would have in the bigger scheme of things. So I’d have to say I’ve exceeded my young dreams. By a long shot!!


RtM: I was recalling a subject I read a long time ago, where you told about the inspiration to write "Vehicle", which became your first big hit. I would like you to remind us a bit of the history of this song, especially for younger  fans and readers, and describe to us how did you feel at the time, seeing that the song ended up having such a great repercussion? 
JP: The Cliff’s notes is that I wrote "Vehicle" to win back my girlfriend. I guess it worked because Karen and I have now been happily married for 45 years!

"I have a word of joy and optimism to share which has nothing to do with commerce. It’s about passion." 
RtM: In the '80s you made several hits with Survivor, a very different direction from Ides of March. When did you start the band, what did you have in mind for Survivor? Did you already imagine the kind of sound you wanted? Did any artist or band in particular inspire you at that time? 
JP: Frankie and I started the band in the winter of 1977. Our goal was to make hard, melodic rock. I’m sure Foreigner was in our sites with their powerful mainstream sound. And a great lead singer.


RtM: Well, I have to talk about "Eye of the Tiger", which is a song that turned out to be an anthem, and is always remembered in scenes that refer to the action or bravery in movies, commercials and sporting events, being inspiration to overcome obstacles, besides having received already many cover versions. You wrote so many other great songs, but would you tell us a little about the importance of this song in your story? 
JP: Every artist seems to have that one song that breaks out and defines him. Eye of the Tiger is that song for me. The stories I hear from people of how that song influenced their lives are really more valuable to me than the monetary side. The accounts of rising up over illness, long odds and challenges feed my soul daily.


And what do you think about this Survivor with Frankie and other musicians?
JP: Frankie obtained the rights to use the name when I left the band in 1996. I’m happy that he continues to spread the music we created to so many.

"Every artist seems to have that one song that breaks out and defines him. Eye of the Tiger is that song for me."
RtM: Beautiful words!! "Eye of the Tiger" is a amazing song. Well, going back to the present, I would like you to talk about how started the partnership with Marc Scherer, with whom you released the album "Risk Everything". Another great artist that you have "discovered". 
JP: Through the years I had at least two near- misses with working with Marc. Each time I’d hear his amazing tenor in some adjacent studio and get his number then promptly misplace it! Finally our stars align and it’s been a very rich vein of mutual inspiration. This latest cd, "Battle Zone" by Marc Scherer/Jennifer Batten is the ultimate culmination.


RtM: Speaking of discovering and producing new talent, we have your Pride of Lions companion, Toby Hitchcock, another great voice you presented to Melodic Rock fans. Opening a parenthesis, I'd like you to talk about Toby and his work with you on Pride of Lions. 
JP: My niece Kelly Ferro gave me a heads up on a singer she heard when she herself was auditioning for a Dick Clark talent TV show back in 2002. After i finally tracked him down (in the first row of an Ides Of March show in his hometown Of Valporaiso Indiana he came and recorded (and auditioned) at my studio. When my label Frontiers heard him they agreed I’d found the Singer for my new band Pride Of Lions.


RtM: Frontiers has already been responsible for many returns. Have they, or some other label, proposed to release a new Survivor album? Have you even thought about launching something new, or even considered any possibility?
JP: My current projects include the Ides Of March- Pride of Lions- Scherer/Batten and The Songs. All new and current.

"Finally our stars align and it’s been a very rich vein of mutual inspiration." (about the partnership with Marc Scherer)
RtM: Continuing on the partnership with Marc, I would like you to tell us about how the idea of ​​the Scherer/Batten project came about, and how was the process of choosing the songs that would be part of the album, since you searched for several songs, using Marc's expression, from your treasure chest? 
JP: I was recording a new album with Marc of some of my favorite songs from my past catalogue that I always felt needed a second chance. We brought in the amazing Jennifer Batten to do some guitar work but as we heard her awesome work we new she was destined to be more than a sideman. She became a vital part of a powerful new entity- Scherer/Batten. As my wife Karen said when she first heard a few songs she said: “She’s like a second voice”. The 3 of us ended up writing 3 brand new songs for the record including the title track.


RtM: And how was it to work with Jennifer? 
JP: She is a joy to work with. Always super prepared, Creative and focused.


RtM: There were songs that you started working on them, but they ended up being left out?
JP: Yes. There are a few. But I think we chose wisely.


RtM: About the songs that entered the album, which ones did you must like the final result? I need to tell you that the new version for "The Sound of Your Voice", which had been recorded by 38 Special, I thought it was incredible, more vibrant and modern
JP: That’s one of my favorite cuts too. And Jeff Carlisi, Don Barnes and Danny Chauncey Love it too!

Recording session with Jennifer Batten

RtM: And the process of producing the album? Was it a lot of work, because the number of people and great musicians involved, and with busy agendas? 
JP: Everyone kind of put their lives on hold for this record. It was pretty efficient rock machine compared to most.


RtM: How do you see the music industry nowadays? Many artists have come to say that it's hardly worth making new songs or recording albums. What do you think about it, and what moves you to continue producing and creating new music?
JP: I do this from the need of communicating my music to as many people as I can. I have a word of joy and optimism to share which has nothing to do with commerce. It’s about passion. 


RtM: Jim, I would like to ask many more things, but I do not want to take up too much of your time  to answer us, and let me say that we love your work! 
Jim Peterik: Thanks! That means everything to me.

Interview: Carlos Garcia
Thanks to: Maggie Poulos and Mixtape Media
And sure, thanks to Jimbo for the great music!

Jim Peterik's official Site 
Take a look at Jim's discography

Scherer/Batten Review




     


     


     


     

sábado, 9 de dezembro de 2017

Cobertura de Show: Tim "Ripper" Owens - Embaixada do Rock 04/10 - Celebração aos anos de Judas Priest


Em mais uma vinda do vocalista Tim "Ripper" Owens em terras brasileiras, a Mitnel Produções trouxe o vocalista, que se tornou conhecido pela sua passagem pelo Judas Priest, para dois shows no RS, parte de sua "Demolition & Jugulator  Celebration Tour"  , sendo a primeira noite no tradicional bar Embaixada do Rock, em São Leopoldo, chamada carinhosamente pelos bangers daqui como "São Hellpoldo".  

Localizada na região metropolitana da capital Riograndense (cerca de 36 km), um bom número de headbangers de vários municípios foram conferir a performance de Ripper, e ainda a abertura com a tradicional banda paranaense Dominus Praelii, na estrada desde 1999, e a Vakan, de Santa Maria.

A Embaixada, apesar de não ter um espaço muito amplo, mostrou ter boa estrutura, bem sinalizada, arejada, e também instalações que favorecem os aspectos sonoros, pois era possível ouvir em qualidade muito boa as bandas, numa boa altura e sem o som "embolar". Vale ressaltar também a campanha da Mitnel produções, que arrecadou ração para animais, as quais foram doadas para o projeto Focinhos de Rua em São Leopoldo (RS).


A Vakan, formada em 2010, que está para lançar seu primeiro full-lenght, e que mistura o Metal, sempre com ênfase nas boas melodias, a outros estilos, como música regional,  e a Dominus Praelii aqueceram o bom número de presentes, embora ainda houvesse muita gente do lado de fora, aguardando a atração principal. A Vakan deixou ótima impressão, e com certeza ganhou novos fãs e despertou curiosidade pelo trabalho que virá. Com performance segura e enérgica a experiente Dominus nos faz pensar que é uma pena tantas boas bandas como esta não possuírem maiores condições de desenvolver seu trabalho e lançar álbuns mais regularmente. O último trabalho de estúdio foi "Keep the Resistance", de 2010.


Após ao muito bom aquecimento com os paranaenses, o público já começa a se aglomerar para aguardar o show principal, parte da tour em que o ex-Priest celebra os álbuns "Jugulator" e "Demolition", e aos gritos de "Ripper! Ripper!", apelido que o vocalista recebeu em seus tempos de Judas Priest por causa de sua performance na clássica "The Ripper", já começam a ovacionar Tim, que estava com problemas de garganta, e isso causou certo temos quanto ao set-list.


Acompanhado por uma banda com excelentes músicos brasileiros, formada por Vulcano (guitarras, Hellish War), Kiko Shred (guitarras, grande talento da nova safra guitarrística nacional, que também está divulgando seu solo "Riding the Storm"), Will Costa (baixista, Higher) e o baterista Rod Rodriguez (Slippery), apesar de estar com a voz um pouco debilitada, Tim "Ripper" mandou ver com "Jugulator" já na abertura, para delírio do público. Esbanjando simpatia e segurança, a toda momento Tim brincava e se comunicava com a galera, sendo que em um momento deu uma pausa e pediu por uma cerveja gelada, e como estava demorando a chegar, desceu do palco e foi se dirigindo ao bar, passando pelo meio da galera, que se divertiu com a situação. O pedido do vocalista foi atendido, e com a garganta refrescada, seguiu com mais faixas dos álbuns homenageados.


Clássicos de outros álbuns do Judas também tiveram vez, e, apesar de não estar 100%, Tim não teve medo de apresentar "Painkiller", para vibração geral, mas o vocalista em tom de bom humor avisou que "Talvez o show acabe depois desta!". Com experiência dos anos na estrada, Tim mandou muito bem, driblando as limitações que o problema na garganta trouxe no dia do show. O vocalista brincou depois, respirando fundo e pedindo um tempo pra recuperar o fôlego, e que talvez era melhor cantar um blues agora.

Como era de se esperar, não faltou também a clássica "The Ripper", a marca registrada de Tim, além de "Electric Eye" e logo depois, seguindo o tom de descontração do espetáculo, o vocalista empunhou uma guitarra e fez as vezes de guitarra base, ensaiou alguns riffs, como da "Highway to Hell", para depois tocar a "Living After Midnight", a qual ele disse que era a única que tinha aprendido a tocar inteira.


Além das citadas, o público também vibrou com várias músicas da fase de Tim no Judas, como "Lost and Found", "Dead Meet" e "Bullet Train".  Após o show, o vocalista ainda atendeu vários fãs para fotos e autógrafos, sempre muito solícito e simpático, mostrando que além de um grande vocalista é também um verdadeiro ídolo. Fica também nossos parabéns à Mitnel Produções pelo evento de qualidade, e também pela bela atitude com a arrecadação de ração para animais, o que também ocorreu em Santa Maria, evento no dia seguinte, contando também com o vocalista Edu Falaschi (confira aqui).

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Diogo Nunes

Agradecimentos: Mitnel Produções e Heavy & Hell Press

Mitnel Produções Facebook

Veja mais fotos do evento AQUI




quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Project46: De Peito Aberto!



Desde os anos 80, o Metal brasileiro revela nomes destacados em todos os subgêneros do estilo, partindo de contrastes mais agressivos aos melódicos e ásperos. Os famígeros nomes, claro, continuam escancarando níveis altos de relevância, com o seu lugar eternizado dentro da cena, e num futuro já não tão distante, darão lugar aos ascendentes grupos. Já não tão novo, sendo uma realidade, o Project46 é hoje talvez um dos nomes mais proeminentes do momento em solo nacional, convindo novamente das suas qualidades no seu terceiro disco, denominado “TR3S”.

Novamente o quinteto não oculta as características que definem sua identidade, com elementos de Thrash contemporâneo e Crossover, destacando a brutalidade indomável, temperada de velocidade e de coerções agressivas, propagando uma energia extrema e condensada. Melhor definindo, “TR3S” é um meio do caminho entre o “Doa A Quem Doer” (2011) e o “Que Seja Feita Nossa Vontade” (2014), conectando paulada, tapa na cara, rodo e cotovelada sem piedade, mas inovando as ideias sem ferir sua identidade, surpreendendo com a adição de excelentes melodias e fascinantes linhas vocais limpas.


A produção contou mais uma vez com a coordenação de Adair Daufembach, responsável por moldar a sonoridade do grupo desde o primeiro álbum e de orientar a banda a cantar em português, e se deram no estúdio do próprio, agora localizado em Los Angeles (USA), as gravações. E o resultado, tanto na mixagem e masterização, soa absurdamente perfeito, atribuído de um instrumental abrasivo e das melodias sendo executadas de forma distinta.

A arte, desenvolvida pelo artista Billelis, é focada em tons pretos e dourados, com três crânios, sendo o que está ao meio com o seu topo aberto, e os números 4 e 6 em algarismos romanos.
“TR3S” consegue demonstrar que a musicalidade do Project46 pode passear por variantes nuances, podendo ter a liberdade de arruinar paredes e destruir tudo o que há pela frente, sendo capaz de hipnotizar e agitar com direções asseadas e abertas. Refletindo sobre a realidade atual na parte lírica, dando a solução para os problemas que foram retratados no álbum antecessor. E as novidades no line-up ficam por conta do baixista Baffo Neto e do baterista Betto Cardoso, que deram mais peso e sustância na parte rítmica.

Debutando o disco, “Terra de Ninguém” inicia com agudas melodias de guitarra, não demorando muito pra demolir tudo com riffs certeiros e pausados, evidenciados pelo poder rítmico, que mostra variação e técnica no devido tempo; a rápida “Corre” é vultada de guitarras ganchudas, e de um andamento intenso e curto; “Pânico” firma direções furiosas, instalando harmonias azedas e riffs trincados, além do trabalho rítmico dinâmico e coeso; “Rédeas” engloba passagens cadenciadas, sinalizado de desconcertantes notas e o refrão cantado de maneira limpa; “Realidade Urbana” é outra que é conduzida por andamentos frenéticos, assimilando bem as influências de Thrash e Death Metal, completada por solos altamente elaborados.


“Marginal” desfila por trilhas mais tenebrosas e meio arrastadas, aliada a vocais sinistros, que são perceptíveis quando chega o refrão; “Pode Pá” é um dos pontos mais admiráveis do disco, que cativa pela eficiência vocal do Caio, transitando por vocais urrados e opressivos, com o Vini e o Jean ligando peso e melodia num só tempo nas 6 cordas (além do baixo estar soando cavernosamente bem), encantando os ouvidos com um solo envolvente e uma letra que te coloca pra cima.

 “Anônimo” traz módulos alternados, integrando timbres técnicos de guitarra e uma performance rítmica movimentada; “Um Passo a Frente” cativa de início com lindas melodias de violão, que logo já crescem com as levadas de bateria (puxando um baião) e com o groove das guitarras e do baixo, dão brilho ao refrão limpo e claro; a faixa-título, “TR3S”, fecha o trabalho de um jeito cheio, pregando toda a logística sonora numa só música: peso, melodia, solos fascinantes e vocais alternados.

O Project46 vem mostrando que o amadurecimento é o principal objetivo para a banda continuar alcançando vôos cada vez mais altos, e o “TR3S” é uma excelente resposta para encarar as futuras jornadas de peito aberto, faltando o mínimo para internacionalizar a marca do grupo.
“CORRE” pra adquirir o seu!

Texto: Gabriel Arruda
Edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Project46
Álbum: TR3S
Ano: 2017
Estilo: Metal, Modern Thrash Metal
País: Brasil
Gravadora: Independente
Assessoria de Imprensa: Hoffman & O’ Brian

Formação
Caio MacBeserra (Vocal)
Vini Castellari (Guitarra)
Jean Patton (Guitarra)
Baffo Neto (Baixo)
Betto Cardoso (Bateria)

Track-List
1.    Terra de Ninguém
2.    Corre
3.    Pânico
4.    Rédeas
5.    Realidade Urbana
6.    Marginal
7.    Pode Pá
8.    Anônimo
9.    Um Passo a Frente
10. TR3S


     

domingo, 3 de dezembro de 2017

Armonite: Emocional, enigmático e belo

Resenha: Renato Sanson
Note/rate: 9,0/10


E se a guitarra fosse trocada por um violino elétrico? Lembro que antes do lançamento de “Ritual” do falecido Shaman, a banda tentou investir em um violino elétrico em vez de uma segunda guitarra, mas não deu muito certo.

Porém o os italianos do Armonite trazem essa proposta com: violino elétrico, baixo, bateira e teclado. Mostrando uma vertente instrumental rica e diversificada, passando por momentos folks, progressivos e de post rock, mas com estruturações bem encaixadas.

“The Sun Is New Each Day” (15) é de uma beleza incrível, pois a sutileza e melodia que o violino coloca nas composições soam simples e grandiosas ao mesmo tempo, tendo os ótimos teclados que são acompanhados por linhas competentes de baixo e bateria. Como se cada faixa tivesse vida própria, a sensação de estar ao meio de uma tempestade e logo em seguida desfrutar a calmaria após o caos.

Emocional, enigmático e belo. Assim podemos definir o Debut do Armonite, que vale cada minuto de sua audição.

Links:

Tracklist:
01 Suitcase war
02 Connect Four
03 G’ as in Gears
04 Sandstorm
05 Slippery Slope
06 Satellites
07 Die Grauen Herren
08 Le temps qui fait ta rose
09 Inset Coin

Formação:
Jacopo Bigi (violino elétrico)
Paolo Fosso (teclado)
Colin Edwin (baixo)
Jasper Barendregt (bateria)

sábado, 2 de dezembro de 2017

Paradise Lost: Regularidade e Consistência



Os ingleses do Paradise Lost, que já estão completando três décadas de carreira, chegam ao 15º álbum de estúdio, "Medusa", e é uma daquelas bandas que forjou características bem particulares, sendo um dos precursores do Gothic Metal, alcançando a admiração de fãs e imprensa especializada, e servindo de inspiração e influência para muitos. Outra particularidade é a estabilidade na formação, pois do quinteto fundador, apenas o posto de baterista teve 7 donos até agora.

Apesar da veia melancólica estar sempre presente, os ingleses passaram por fases bem distintas em termos de sonoridade, em uma busca constante por evolução, chegando a mudar radicalmente de um som mais voltado ao Death/Doom até chegar em uma fase mais eletrônica e Gothic Rock. Experimentaram a ascensão e reconhecimento mundial com álbuns mais elaborados, como "Icon" (que tem uma das minhas favoritas, "Embers Fire") e "Shades of God", onde já mudavam a sonoridade, com melodias e riffs mais "limpos", e os vocais guturais já davam lugar a linhas mais "rasgadas".


As mudanças mais radicais vieram com "One Second", que apesar de ser um ótimo álbum e ser também um dos mais bem sucedidos do grupo, dividiu muito os fãs mais antigos, com a banda adotando elementos eletrônicos, Gothic Rock e Pop, com referências a grupos como Depeche Mode. Em "Host" o grupo seguiu experimentando, sendo muito criticando pelos excessos de música eletrônica e uso de loops, e é um álbum que pessoalmente não gosto.

Os seguintes, "Belive in Nothing" e "Symbol of Life", já trazem mais elementos Rock e Metal, e a partir daí, precisamente em "In Requiem" de 2007, a banda voltou à raízes mais Metal e Doom, mesclando elementos mais pesados e extremos e vocais guturais, a outros mais melodiosos e linhas vocais rasgadas e limpas.

"Medusa" (2017), é uma continuidade, mantendo uma estabilidade desde "In Requiem", com essa sonoridade pesada, por vezes arrastada e mais extrema, à passagens mais melodiosas, com vocais limpos e nuances que vão do Gothic Metal ao Doom e Stoner. Os timbres das guitarras, a sonoridade grave e a melancolia são elementos recorrentes, assim como a voz de Nick Holmes, elementos que tornam o som do Paradise Lost bem personalizado, colocando o grupo no rol das bandas que possuem uma sonoridade própria. A concepção lírica, assim como a sonoridade, é refinada, e trata de temas como existencialismo e teologia


Você já reconhece que é Paradise Lost logo após a intro do melancólico teclado em "Fearless Sky", um Doom arrastado e melancólico, com seu clima quase desesperador, hipnotiza pelo belo trabalho das guitarras, que despejam riffs pesados e graves, mas também melodias refinadas, com a música ganhando mais intensidade ao final, com Nick alternando vocais guturais e limpos.

Destaque também para a letra, que fala sobre o propósito da vida, e que bens materiais não levamos daqui. Nick Holmes comentou em entrevistas que gostam muito da expressão "O homem rico no túmulo"; A faixa título, "Medusa", também segue um andamento mais arrastado, com teclados discretos e "assombrantes", contribuindo para o clima melancólico, de melodias graves e refinadas, com Nick apresentando variações nos vocais.

Mas a banda não fica só nesse andamento arrastado, e mesmo com essa sonoridade soturna e melancólica, transita por trechos e faixas em andamentos menos moderados, como em "From the Gallows", onde é ressaltado o trabalho do novo dono das baquetas, Wältteri Vayrynen; assim como em "Blood & Chaos", que tem um andamento mais rápido, com peso absurdo e distorcido do baixo. Destaque para as variações vocais e as linhas mais melódicas e cativantes das guitarras. Destaque com certeza!


As nuances mais Gothic Metal e elementos Sludge se destacam em "The Longest Winter", uma das melhores, senão a melhor do álbum, com vocais limpos mais predominantes, além das melodias e efeitos nas guitarras que a deixam ainda mais "cinza". Soturnamente bela...."Feeling so alive in this hopless dream." 

Em minha opinião o melhor álbum deles desde o retorno ao Metal e caminhos mais pesados. E, já sendo redundante em minhas palavras, é uma daquelas bandas que forjou uma sonoridade própria, quando sentiu necessidade não teve medo de sair da zona de conforto, encontrando depois o equilíbrio em sua música, unindo o melhor dos mundos aos quais se aventurou ao longo de sua carreira. Vem tendo uma regularidade muito boa, e o melhor, mostrando que sempre pode se superar.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Paradise Lost
Álbum: "Medusa" (2017)
País: Inglaterra
Estilo: Doom Metal
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami


Line-up
Nick Holmes – vocals
Greg Mackintosh – lead guitars, keyboards
Aaron Aedy – rhythm guitar
Steve Edmondson – bass guitar
Waltteri Väyrynen – drums

Tracklist
Nick Holmes – vocals
Greg Mackintosh – lead guitars, keyboards
Aaron Aedy – rhythm guitar
Steve Edmondson – bass guitar
Waltteri Väyrynen – drums

Canais Oficiais:
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Cobertura de Show – De La Tierra, Armored Dawn e Karburaalcool (01/11/2017 – Tropical Butantã – SP)



Ainda em ritmo de ‘gostosuras ou travessuras’, procedido pela celebração do Halloween, a noite do dia 1 de novembro, advindo pela véspera de feriado, ferveram os falantes do Tropical Butantã de muito peso e bom som. Quem esteve presente no local teve a experiência e o lazer de apreciar grandes ícones do Metal da atualidade: De La Tierra, Armored Dawn e os novatos do Karburaalcool, contando mais uma vez com a organização do projeto Honorsounds, que trabalha em prol da cultura ligada por meio de ações sociais. 



Bandas Convidadas Abrilhantam a Noite

Quase que atrasados (nós, não a banda), pegamos, por volta das 19h30, os primeiros momentos da atração que abria a noite: o Karburaalcool, vencedora do concurso “Bandas Independentes”. Felizmente, perdi somente o começo do show com a “Kaos” e os primeiros minutos da paulada “Seja Bem Vindo”. Composto por Ricardo Girardi (Vocal), Bruno Lima (guitarra), Lucas Mesquita (baixo) e Marcelo Ferri (bateria), a banda arrancou o foco do público presente no momento, que ainda não era muito, com sua mescla de Rock clássico e Heavy Metal. 


 Devidamente alocados no local, o set prosseguiu com a Thrash “Intolerância”, presente no mais recente disco “Kaos” (2016). “Defeitos Humanos” remeteu às influências de Black Sabbath, onde Ricardo chamou atenção com os vocais cheios de drives e do seu pedestal banhado à prata, adornado por uma inusitada caveira. “Em Busca do Que Se Perdeu” contou com a participação do renomado vocalista Rogério Fernandes (Carro Bomba, ex-Golpe de Estado), e o interessante foi perceber a semelhança de voz dele com a do Ricardo, possuindo timbres idênticos.

A cáustica “Patrulha Social” homenageou o guitarrista Silvio Lopes (King Bird), que esteve presente no show, demonstrando indignação pelas pessoas que pregam idiotices e besteiras nas redes sociais na letra da música. Remetendo a fase inicial da banda, o quarteto, de Presidente Prudente, encerrou o rápido show com a faixa que denomina o grupo, a frenética “Karburaalcool”, do álbum de mesmo nome. 


Mesmo com a chegada de algumas pessoas, a casa ainda restava muitos espaços e liberdade para ficar em qualquer canto da pista, pois não havia grades que separasse pista normal e pista premium. E antes do Armored Dawn subir no palco, fãs da banda chamavam a atenção de todos vestidos com as roupas da idade média, temática que a banda carrega desde o começo da carreira. E Eduardo Parras (Vocal), Timo Kaarkoski e Tiago De Moura (Guitarras), Fernando Giovannetti (Baixo), Rafael Agostino (Teclados) e Rodrigo Oliveira (Bateria), encantou os fieis fãs às 20h46 com o repertorio dedicado às músicas do novo álbum, "Barbarians In Black”, há ser lançado em fevereiro do ano que vem.

Depois da triunfante intro, a batalha dos 6 guerreiros foi iniciada com a enérgica “Change to Live Again”, colocando muita dor no pescoço com a visceral “Eyes Behind the Crow”. “Bloodstone” arrancou muita interação no refrão operante. A única falha foi o teclado ter apresentando um volume muito baixo, mas aumentou o grau nas partes finais. A melódica “Men of Sin” parecia fixa na cabeça dos fãs, onde a maioria arriscava cantar os versos da canção sem saber a letras. E o Eduardo sempre levantava os presentes com sua energia. 


“Viking Soul” foi a única do atual disco, “Power Of Warrior” (2016), ultrapassando o limite de performance da banda, principalmente do Eduardo, que não poupou as suas cordas vocais para atingir notas mais altas. O solo de baixo do Fernando antecipou a pulsante “Survivor”, que espalhou diversão e calorosas palmas. 

A próxima faixa já era conhecida por muitos. Quem costuma ouvir a Kiss Fm deve ter ouvido ela algumas vezes, e a balada “Sail Way” (com 1 milhão de acessos no Youtube) sacou emoção e delírio pelas comovente letra.O desfile de peso e versatilidade não parou em “Gods Of Metal” (não, não é a do Manowar), pondo fim no empolgante show com a azeda “Beware The Dragon”, antecedido pelo requintado solo de teclado de Rafael Agostino.



Chega a Hora da Atração Principal: De La Tierra Incendiando o Palco!

A atração final da noite entrou em ação às 22h12. Divulgando seu segundo álbum, “II”, os latinos do De La Tierra, formado por Andrés Gimenez (Vocal e Guitarra, A.N.I.M.A.L), Andreas Kisser (guitarra, Sepultura), Sr. Flavio (baixo, Los Fabulosos Cadillacs) e Alex Gonzáles (bateria, Maná), estremeceu o Tropical Butantã com o Groove Metal praticado pelo supergrupo. A intro só aumentou a ansiedade, para logo o grupo despejar músicas de cada álbum: a memorável “Maldita Historia”, do primeiro disco, e da cadenciada “Señales”, do mais recente. “Rostros” se destacou pela pegada infernal, ganhando suavidade no refrão e sendo bem recepcionada. 


Com muito fôlego e moral, Gimenez deu seus rápidos agradecimentos através do seu portunhol, onde o Andreas ficava tirando onda com o companheiro dizendo que não entendia nada. E com ares de Sepultura que foi a vez de “Valor Interior”, tendo versos cantados em português pelo Andreas. E o próprio se mostrava bastante participativo e intimo com o público.

“San Asesino” balançou a casa, abrindo alas para as tradicionais rodas e pulos para sacudir o chão. E Sr. Flavio se encaixou perfeitamente na banda, presenteando a ferocidade do seu baixo com a técnica coesa de Alex.

A pureza chegou à tona com “Puro”, que programou impacto e emoção ao mesmo tempo, com as rodas criando diferentes rotações. “Detonar”, fazendo um trocadilho, detonou tudo com timbres chocantes, emendada pela carregada “Dois Portais”, voltando a ter aquela mescla de versos castelhanos e português, além do refrão que alude à música Reggae, partindo para a agressiva “Somos Uno”.


Dando uma rápida abastecida, Andreas tomou o microfone para dar um “Boa Noite”, apresentando todos da banda e reativando o ânimo com a adrenalina “Sin Límites”. A dose de Sepultura reapareceu novamente em “Chaman de Manaus”, que tem sinais que lembra o álbum “Roots” (1996), utilizando afinações bem baixas pra dar aquele som mais groovado.


Estando próximo do Bis, Gimenez tomou a frente do palco novamente para dizer que estava muito feliz em tocar no Brasil, transparecendo a importância de unir as culturas Latino-Americanas, e mantendo o assunto que o Andreas perguntou ao argentino de quem é o melhor: Pelé ou Maradona? De maneira curta, Gimenez logo respondeu: "Messi". Mas também deu créditos ao Neymar. Ainda na onda do futebol, o argentino saudou todos os Corintianos (deixando o São Paulino Andreas de cara feia), Palmeirenses e São Paulinos, agradecendo a presença do amigo e ex-zagueiro da Seleção Argentina, Juan Pablo Sorín, que estava no palco assistindo o show da banda.Sem querer (ou por brincadeira), Andreas acabou executando riffs de uma música do Sepultura, mas logo pediu desculpas e começou a suja e Old School “Ciénagas de Odio”, terminando a primeira part do set com a canibal “Fome”.

Devidamente repousados, a banda voltou do Bis com um rápido elogio de Gimenez para a organização do Honorsounds, dizendo que é muito legal realizar shows com o intuito de arrecadar alimentos e ajudar quem mais precisa. E sem mais conversas que escarraram os momentos finais da noite com “Sangramos al Resistir” e  “Cosmonauta Quechua”, onde Gimenez largou a guitarra para se interagir com o público e exaltar seus companheiros de bandas, indo pro meio da galera no ponto final do show.

Mais uma conquista desse projeto que cresce a cada dia, resultando em uma noite inesquecível. Pena que o número de público foi abaixo do esperado.

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Dener Ariani
Edição/Revisão: Carlos Garcia




Karburaalcool
1.    Kaos
2.    Seja Bem Vindo
3.    Intolerância
4.    Defeitos Humanos
5.    Em Busca do Que Se Perdeu (feat. Rogério Fernandes)
6.    Patrulha Social
7.    Karburaalcool

ArmoredDawn
1.    Intro/Chance to Live Again
2.    Eyes Behind the Crow
3.    Bloodstone
4.    MenofOdin
5.    Viking Soul
6.    Bass Solo
7.    Survivor
8.    SailAway
9.    Gods of  Metal
***Keyboard Solo***
10. Beware of  The Dragon

De La Tierra
1.    Intro/Maldita Historia
2.    Señales
3.    Rostros
4.    Valor Interior
5.    San Asesino
6.    Puro
7.    Detonar
8.    Dois Portais
9.    Somos Uno
10. Sin Límites
11. Chaman de Manaus
12. Ciénagas de Odio
13. Fome
***Bis***
14. Sangramos Al Resistir
15. Cosmonauta Quechua