terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mistério da Morte - Metal Extremo Com Conteúdo


“A Morte é algo vital para a vida e mesmo assim traz um frio, um medo do desconhecido, inexplicável, incontrolável, desumano. Alguns a desejam, outros a repudiam, mas no fim nada disso importa, pois todos vão desvendar o Mistério da Morte”.

Confesso que há muito tempo não ouvia uma banda que apresenta conteúdo nessa temática, até que encontrei a banda carioca Mistério da Morte. 

Formada em 2009 e, como qualquer outra banda do nosso batalhador undeground, passou por mudanças na sua formação, se estabilizando com Rayan Molko (vocal), Marcelo Li (guitarra), Renato Li (bateria) e Lário S. Diniz (baixo), sendo que em junho os caras lançaram sua primeira demo “Conspurcar” que evidencia bem o trabalho original dos caras.

Quarteto do Rio de Janeiro segue a proposta temática iniciada pela Imago Mortis

Uma sonoridade que nos remete ao Black, com influências de Death, Doom e até mesmo Thrash , nos lembrando  uma outra banda primorosa vinda daquele estado (o Imago Mortis), tanto pela sua sonoridade como na parte temática que  evidencia a morte como a única certeza da nossa existência.

As letras são todas cantadas em português e, ao contrário do que a critica pode apontar, o resultado é positivo, pois consegue criar uma atmosfera pesada e ate mesmo perturbadora, só que ao mesmo tempo gruda na sua cabeça. Tente ouvir “Anjo Negro” e não sair cantando o seu refrão.

No site oficial dos caras é possível encontrar um pacote multimídia com a demo, além de release e informações de como adquirir sua copia física. E aqui vai um conselho de amigo: não perca tempo e compre logo esse material por que daqui alguns anos você vai poder falar pros amigos eu tenho a primeira demo da Mistério da Morte.

Texto: Luiz Harley
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Mistério da Morte
Álbum: Conspurcar (Demo)
Ano: 2009
País: Brasil
Tipo: Doom Metal/Black Metal/Death Metal
Selo: Independente

Formação
Rayan Molko (vocal)
Marcelo Li (guitarra)
Renato Li (bateria)
Lário S. Diniz (baixo)





Tracklist
1- Conspurcar
2-Anjo Negro
3- O Ceifador da Escuridão
4- Instinto do Horror
5- Noite Demoniaca
6- Furia Insana

Acesse e conheça mais sobre a banda

domingo, 29 de janeiro de 2012

Maestrick: Maestros do Prog Nacional

Debut da banda brasileira já nasce clássico 


Como definir um som de uma banda com uma riqueza musical absurda que flerta por diversos estilos não se prendendo somente a música pesada? “Unpuzzle”, esta é a resposta e este é o nome do primeiro álbum da jovem banda paulista Maestrick, que vem para deixar de vez seu nome no Heavy Metal nacional, lançando com certeza o melhor álbum do estilo progressivo no Brasil.

A banda já merece elogios pela parte gráfica que vem em formato digipack muito caprichado e com um encarte que você demorará semanas para decifrar todos os enigmas desta história que ronda o álbum, que se torna até difícil de explicar tamanha a complexidade da história.

“Unpuzzle” é um álbum conceitual com uma história abstrata que fará você ter vários entendimentos de sua própria vida, fazendo você rever certos conceitos levando a uma viajem pessoal incrível. Sobre o som do Maestrick, temos o Prog Metal de fundo com certas influências de Dream Theater, mas nada que tire a originalidade da grupo.

Metal Progressivo com elementos como Jazz, Blues e Samba

Composições como “H.U.C.” e “Aquarela” são de encher os ouvidos tamanha as partes intrincadas e melódicas e seu senso rítmico fazendo você ficar anestesiado com os detalhes de cada parte e mostrando total domínio dos músicos em seus instrumentos.

Já em “Pescador” temos a faceta mais doce com uma bela balada cantada em português com Fabio Caldeira dando um show nos vocais com seu belo timbre, mas não podemos esquecer que estamos diante de uma banda de Metal Progressivo que mescla ao seu som desde o Blues ao Samba fazendo tudo soar com muito bom gosto.

Para fechar este grande trabalho “Lake of Emotions”, um épico com mais de 20 minutos que flerta entre todas as características do álbum, chegando ao Blues e ao Jazz com uma facilidade incrível, retornando com ritmos brasileiros e chegando a Heavy Metal Progressivo fazendo tudo soar naturalmente.

Realmente o Maestrick de uma promessa passou à realidade lançando um álbum que posso dizer com todas as letras que é um clássico absoluto do estilo, levantando cada vez mais a bandeira do Metal nacional e mostrando que a cena está mais viva do que nunca.

Texto: Renato Sanson
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Maestrick
Álbum: Unpuzzle
Ano: 2011
País: Brasil
Tipo: Metal Progressivo
Selo: Diehard

Formação
Fabio Caldeira (Vocais, Piano e Teclados)
Renato ‘Montanha’ Somera (Baixo, Baixo Fretless e Vocais Guturais)
Heitor Matos (Bateria e Percussão)
Danilo Augusto (Guitarras)





Tracklist
01. H.U.C.
02. Aquarela
03. Pescador
04. Sir Kus
05. Puzzler
06. Disturbia
07. Treasures of the World
08. Radio Active
09. SmileSnif
10. Yellow of the Ebrium
11. Lake of Emotions

Acesse e conheça mais sobre a banda

Representantes Máximos da New Wave of Folk Metal: Eluveitie

Banda chega aos seu 6º disco como a principal da nova onda do Folk Metal


Dentro da proposta do Folk Metal (ou alguma das denominações equivalentes), a banda suíça Eluveitie tem se tornado, disco a disco, o principal nome da cena. Não a toa tem uma legião de fãs que abarrotam as redes sociais com informações e declarações de amor à banda.

O que pode parecer um exagero de fãs incondicionais, se torna algo bastante aceitável quando você começa a conhecer a banda e, ouvindo disco a disco, faixa a faixa, descobre que sim, Eluiveitie sabe, como poucas, fazer um som empolgante, folclórico (cantando muitas vezes na sua língua natal) e pesado, sabendo dosar a melodia mesclando os já saturados vocais femininos com guturais masculinos, mas que na banda ainda tem funcionado muito bem, fazendo parte de uma nova onda do Folk Metal.

Novo trabalho "Helvetios" já nasce um sucesso sem precedentes na carreira da banda
            
Com dez anos de existência, a banda está prestes a lançar oficialmente o disco “Helvetios” (2012), sexto da carreira do opteto que, além dos instrumentos tradicionais do Heavy Metal, faz uso de Gaita de Fole, Flautas, Gaitas e vários outros instrumentos folclóricos.
            
A banda mantém sua proposta mais recente de criação de composições que mesclam os vocais guturais de Chrigel Glanzmann com a melodia feminina de Anna Murphy (que tem apenas 22 anos!) e Meri Tadic, que além de dividirem os vocais, executam alguns dos instrumentos folclóricos da banda.
            
Chrigel Glanzmann (destaque) lidera a banda com seu carisma

Músicas como “Santonian Shores”, “Meet the Enemy” (single do álbum), “Havoc” e “Luxtos” trazem muito bem isso: clima “dançante” (característica desde os tempos do Folk Rock), refrãos grudentos e muita melodia vinda dos instrumentos folclóricos como as gaitas de fole.
            
O restante da banda, formado por Merlin Sutter (bateria), Ivo Henze (guitarra), Simeon Koch (guitarra), Kay Brem (baixo) e Patrick Kistler (gaita de fole e outros) faz a coisa toda acontecer. Riffs retos e secos das guitarras de Koch e Henze, o peso do baixo de Brem e a bateria inspirada de Sutter, fazem de “Helvetios” um dos grandes, senão o maior, trabalho da banda.

A jovem Anna Murphy se destaca mais uma vez, especialmente em "A Rose For Epona", vídeo do novo disco.            
Da parte mais acessível, a banda escolheu “A Rose For Epona” para ser o single/vídeo, já rolando à exaustão mundo afora. É um dos destaques, embora seja a música mais diferente, com certo apelo comercial, é uma composição muito bonita, com total destaque (assim como em “Alesia”) para a menina Anna (que tira suspiros até dos marmanjos que não gostam da banda), mostrando que tem tudo para se tornar uma das grandes musas do Metal nesta década.
            
Talvez para os fãs da fase mais antiga da banda, “Helvetios” soe como uma tentativa de obter sucesso comercial. Impertinente seria que se falasse mais sobre isso aqui, mas a verdade é que Eluveitie está evoluindo seu som e, gosto é algo individual, na minha opinião a banda nos últimos cinco anos tem criado uma identidade que, se maneirou no peso, melhorou na qualidade das composições, fruto natural da maturidade dessa banda que se mantêm no topo.

Stay on the Road

Texto: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação e Bruno Bergamini (A Ilha do Metal) (ao vivo em SP)

Ficha Técnica
Banda: Eluveitie
Álbum: Helvetios
Ano: 2012
País: Suíça
Tipo: Folk Metal/New Wave of Folk Metal
Gravadora: Nuclear Blast

A banda na última passagem por São Paulo, em fevereiro de 2012. Foto: A Ilha do Metal

Formação
Chrigel Glanzmann (Vocal, Bandolin, Flautas, Gaitas, Bodhrán e outros)
Anna Murphy (Vocal, Flauta, Viola)
Meri Tadic (Vocal e Violino)
Merlin Sutter (Bateria)
Ivo Henze (Guitarra)
Simeon Koch (Guitarra)
Kay Brem (Baixo)
Patrick Kistler (Gaita de Fole e outros)


Tracklist
01 – Prologue
02 – Helvetios
03 – Luxtos
04 – Home
05 - Santonian Shores
06 - Scorched Earth
07 - Meet the Enemy
08 – Neverland
09 - A Rose For Epona
10 – Havoc
11 - The Uprising
12 – Hope
13 - The Siege
14 – Alesia
15 – Tullianum
16 – Uxellodunon
17 – Epilogue

Acesse e conheça mais sobre a banda

Compre o single "Meet the Enemy" via iTunes

Assista o vídeo “A Rose For Epona”

sábado, 28 de janeiro de 2012

Royal Hunt: Rumo ao Primeiro Escalão do Prog Metal Mundial

Lendária banda progressiva lançou novo disco no final de 2011


Todos os fãs de Metal Progressivo têm, sem dúvida, um carinho especial pelo vocalista D.C Cooper, mesmo o cara tendo uma carreira solo consolidada e ter emprestado seus dotes vocais ao Silent Force, todos na real esperavam seu majestoso retorno a sua banda principal, o Royal Hunt, que ao lado do tecladista e líder André Andersen foi responsáveis por discos seminais na história do Heavy Metal como “Paradox” (1997), o último a contar com Cooper nos vocais, sendo que ele foi substituído em outros trabalhos por  Jonh West (fase de 1999 a 2007) e Mark Boals (fase de 2007 a 2011).

A volta de D.C, Cooper (centro) ao posto que nunca devia ter deixado: frontman do Royal Hunt

Mais de 13 anos se passaram e os dois músicos aparentemente fizeram as pazes e para comemorar primeiramente foi feita uma mini turnê pela Europa que culminou em um novo trabalho de estúdio, "Show Me How to Live",  o décimo primeiro trabalho da banda.

D.C. Cooper
Surpreendentemente ao ouvir esse CD parece que os caras não se separaram, pois toda aquela vibe de trabalhos como “Moving Target” (1995) foi resgatada, a mistura única de Power Metal com elementos Sinfônicos e Hard Rock, ou seja, os músicos são virtuosos, mas não abusam disso. Então não espere faixas com mais 20 minutos de quebradeiras instrumentais pois as musicas estão até menores e por isso mesmo a audição do CD passa rápida e prazerosa.

Andreas Passmark
Por ser um trabalho tão homogêneo é difícil apontar todos os destaques e a cada audição o ouvinte vai descobrindo novos elementos, como por exemplo em “Hard Rain's Coming” com  suas linhas de baixo totalmente intricadas e de quebra ainda aqueles refrões tão bem trabalhados, ou “Another Man Down”, que tem momentos bem progressivos, lembrando um pouco os primeiros trabalhos do Dream Theater.

Andre Andersen
“An Empty Sheel”  mostra o porque D.C é o a cara da banda, pois seus vocais vem naquela linha teatral lembrando bastante Roy Khan (ex-Kamelot), aliado a isso momentos mais agressivos e um grande trabalho nas guitarras, cortesia de Jonas Larsen.

Para finalizar, a música que dá nome ao CD. Ela vem em um tom épico, por isso mesmo a única que ultrapassa os 10 minutos onde orquestrações se unem a sessão rítmica da banda mostrando um extremo bom gosto, trabalho de Andreas Passmark e Allan Sorensen, respectivamente baixista e baterista do grupo.

Injustamente o Royal Hunt não é apontado como um dos grandes do Prog Metal, mas agora com o lançamento desse trabalho e se a formação se manter estável é bem provável que essa situação se reverta logo, logo.

Texto: Luiz Harley
Revisão/Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgaçãoi

Ficha Técnica
Banda:  Royal Hunt
Álbum: Show Me How to Live
Ano: 2011
País: Dinamarca
Tipo: Progressive Metal
Gravadora/selo: Frontiers Records

Formação
André Andersen (Teclados)
D.C Cooper (Vocais)
Allan Sorensen (Bateria)
Jonas Larsen (Guitarra)
Andreas Passmark (Baixo)



Tracklist
01. One More Day
02. Another Man Down
03. An Empty Shell
04. Hard Rains Coming
05. Half Past Loneliness
06. Show Me How to Live
07. Angel’s Gone

Acesse os links e saiba mais sobre a banda

Assista ao vídeo promocional "Another Man Down"


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Entrevista: Shaman e Thiago Bianchi - Sinceridade Acima de Tudo

cast MOA




Shaman encontra-se entre as grandes bandas do Metal brasileiro mundo afora


O papel do vocalista e produtor Thiago Bianchi dentro da cena Heavy Metal brasileira é alvo, de um lado, de muita admiração e, de outro, muita crítica e polêmica. Afinal, a denúncia de uma cena enfraquecida em termos de valorização por parte dos fãs, com shows Brasil afora muitas vezes vazios, também foram motivos para manifestações outras de artistas brasileiros de renome mundial e gera discussão diariamente entre músicos e fãs.

Polêmicas a parte, a verdade é que Thiago Bianchi é um músico completo. Quer você goste quer não, o cara é vocalista da banda Shaman, conhecida e respeitada mundialmente e, ao lado de seus companheiros Ricardo Confessori (bateria, também do Angra), Léo Mancini (guitarra) e Fernando Quesada (baixo e violão), conseguiu, no mais recente disco “Origins” (2010), “reviver” a atmosfera característica da banda que mescla o Power Metal rápido com passagens mais cadenciadas, gerando canções ou trechos de uma beleza única no cenário brasileiro.


Em dez anos, foram dois discos de estúdio, mudança drástica na formação, mais dois bons discos com a formação atual estabilizada, além de dois DVDs ao vivo, incluindo aquele gravado com a Bouslav Prague Orchestra na República Tcheca, numa experiência de dar inveja.

Mas Bianchi também atua nos bastidores, como produtor de algumas jovens bandas e sempre está disponível nas redes sociais da internet para um papo com os fãs.
           
Conversamos com o vocalista, cujo foco da entrevista foi divido entre o Shaman, onde conta como foi a experiência do DVD citado, o último disco e como chegou até a banda, exaltando bastante a importância dos fãs da banda, além do Karma (banda anterior ao Shaman) e o novo projeto Arena. Na segunda parte, conversamos um pouco sobre a cena brasileira, num papo mais direto e não livre de certa polêmica. Confira.


Road to Metal: Você entrou no Shaman substituindo André Matos, ao lado de praticamente toda a banda (o único integrante original é o baterista Ricardo Confessori). Mesmo você tendo feito grandes discos com o Karma, qual a sua sensação agora passados mais de cinco anos como frontman do Shaman, tendo gravado dois discos de estúdio, além de dois DVDs ao vivo com a banda?

Thiago Bianchi: É a melhor possível. Tenho muito orgulho e muito entusiasmo quando se trata de falar de SHAMAN. Levamos a banda pra frente e pra cima, bem como seu nome merece, assim como seus fãs. São cinco anos de muita luta, muitos shows, DVDs com Orquestra na Europa, discos feitos com muito carinho e profundidade energética e musical.

RtM: Como o Shaman chegou até a escolha sua como vocalista e como foi o primeiro dia após se efetivado o novo vocalista da banda?

TB: Ricardo e eu somos amigos há quase quinze anos, com uma história de muitos trabalhos juntos, como em demos do Angra, do SHAMAN, produções secundárias nos próprios discos do SHAMAN, além de produções de bandas de Metal mundo afora. Quando a banda se desfez, ele me ligou pedindo ajuda para a escolha de novos membros e eu prontamente o ajudei. Depois de todos escolhidos, estávamos com dificuldade para achar o novo vocal, por tanto comecei a assumir as vozes nos ensaios enquanto o “tal” não era escolhido. A partir daí foi questão de uma ou duas sessões até que todos olhassem pra minha cara e dissessem: “Hey, vamos começar a compor? Porque a banda já está fechada, né?” (risos). E o resto é história...

Confessori, único membro da formação original
RtM: Falando em “Origins” (2010), é bem significativa a volta da banda ao som de origem, com aquele clima natural e com elementos da cultura indígena. Mas, além disso, pudemos notar que, diferentemente do disco “Immortal” (2007), em que a expectativa estava de que a banda soltasse um novo “Ritual” (2002), com o novo trabalho puderam agradar os fãs da formação clássica, além de levar o nome da banda para novos públicos. O que você poderia dizer que mudou de um disco para o outro desde que chegou à banda?

TB: Bom, uma coisa é clara pra nós, não fazemos discos por obrigação, nem para agradar fulano ou beltrano. Somos uma banda de HEAVY METAL BRASILEIRA e é nosso legado, nosso comprometimento é com a “honestidade” e “profundidade” musical. A partir daí, o público que percebe isso, passa a nos apoiar. Sinto que ganhamos muitos novos fãs, quando deixamos claro que a música é a estrela de nossa banda, fãs de qualidade, que amam boa música, feita com carinho, rica em detalhes e estórias e claro, com muitos riffs e pegada de HEAVY METAL de verdade! E justamente por conta de tudo isso também pôde excluir aquela parte dos fãs antigos que não OUVEM música, mas sim, USAM música como uma espécie de preenchimento para suas almas vazias e sem sentido. 


Bianchi, Quesada e Confessori na gravação do DVD na República Tcheca

Hoje posso dizer que somos uma banda de fãs de muita qualidade e por isso tenho muito orgulho. Nosso público hoje é pensante, inteligente e claro, tem música em seus corações, não em seus rabos! (risos)



4º disco de estúdio da banda, lançado em 2010
RtM: Você já falou bastante sobre o conceito por trás do novo disco da banda. Mas, em linhas gerais, qual a mensagem que a estória tenta deixar para quem ouvir o trabalho?

TB: A mensagem é simples: Iluminação. Somos uma banda que claramente tem como principal objetivo, servir como uma espécie de “bússola musical” para quem busca clareza e entendimento do cosmos ao seu redor. Você pode ter isso através da música e é isso que buscamos. Como disse acima, estamos aqui para servir também de “rumo” para toda e qualquer alma que busque “Luz”. Música é uma espécie de meditação e o SHAMAN é seu guia, se você o deixar entrar em seu coração.


Após sair do Angra, Confessori montou o Shaman e lidera o grupo até hoje, mesmo tendo voltado ao Angra em 2009



RtM: Um ponto marcante da carreira da banda, com certeza, deve ter sido a gravação do DVD com a Buslav Orchestra (República Tcheca) no festival “Masters of Rock”. Como foi a escolha do setlist e como se dá um trabalho de orquestração de músicas que foram compostas, originalmente, sem esses elementos tão evidenciados?

TB: Bom, foi um sonho com certeza. Não sei explicar e com certeza se tentasse, iria precisar de alguns gigas de espaço em seu site para conseguir passar um pouco do que sentimos ao fazer aquele DVD. (risos)

O que vale ser dito é que sentimos que representamos nosso país, com honra e dedicação extrema, como nossos fãs merecem, tanto que depois de nosso show, fomos “tietados” por não só membros da platéia, mas também de outras bandas que participaram do evento, como o pessoal do RAGE, NIGHTWISH e algumas outras...
Capa do DVD recente

A escolha do setlist foi bem tranqüila, testamos as que se encaixaria melhor na situação “com orquestra” e o resto vocês podem conferir no DVD, principalmente na parte de “Making of”, que já seguindo nossa tradição, é diversão garantida para o público que o assistir.

RtM: É de praxe que bandas brasileiras levem mais público aos shows no exterior, especialmente Ásia e Europa, do que no seu próprio país. Isso já acontece há décadas. Pensando nisso, como vocês percebem a aceitação internacional da banda e nos conte um pouco dos países que você esteve com a banda e que marcaram a sua carreira, seja pela estrutura, seja pelo público.

TB: Nosso público, como disse acima, é muito similar em todos os lugares que passamos. São todos muito esclarecidos e inteligentes, além de terem contato muito diferenciado com os detalhes da existência do que o resto das pessoas. Acho que isso que verdadeiramente os diferenciam do resto da massa. Portanto, aqui ou em qualquer lugar do mundo, você poderá perceber que fã de SHAMAN é fã da vida!

RtM: Temos uma cena nacional com inúmeras bandas de Power Metal ou Prog/Power Metal. Você, sendo também um produtor, tem contato com várias bandas que estão começando. Com essa sua experiência, qual recado pode deixar para a rapaziada que sonha em tocar o som que bandas como Angra, Hangar e o próprio Shaman foram grandes responsáveis pelo gênero no Brasil?

Leo Mancini e a orquestra que acompanhou o Shaman no show

TB: Façam música pelo coração e não por qualquer outro motivo. Com certeza assim, as coisas serão verdadeiras e muito mais próximas de algo realmente concreto e verdadeiro, coisa que não tem acontecido em várias áreas do mundo ultimamente. Sendo assim, automaticamente, você se destacará.

RtM: Como anda a agenda do Shaman? Quais os planos para 2012 será que vai rolar um novo trabalho, novo disco ao vivo...

TB: Muitos shows e atividades em geral. Já um disco, ainda é cedo pra dizer, mas assim que souber, prometo que conto. (risos)

RtM: Recentemente você divulgou que está retomando um antigo projeto, o Arena. Conte-nos mais sobre essa idéia e o que podemos esperar?


TB: UM PUTA DISCO. Sem mais. (risos). Em alguns dias, vocês poderão ouvir e chegar a suas próprias conclusões, por enquanto, essa é a minha. (risos) [Nota do editor: entrevista realizada antes da divulgação da música “Trust”, que você pode ouvir no nosso player)


RtM: Já que estamos falando de seu trabalho fora do Shaman, qual a situação do Karma? Vocês possuem um grande trabalho, mas o grupo não lançou mais nada desde a sua chegada ao Shaman.

TB: É cedo pra dizer, mas com certeza voltaremos a trabalhar juntos, só não é a hora ainda...





Sobre o dia do Metal nacional

RtM: No ano de 2011 você se envolveu em diversos projetos para reerguer a cena metal nacional, inclusive com declarações um tanto polêmicas. Como surgiu está idéia de levantar a bandeira do metal nacional?


TB: Pela própria situação que se encontra o Metal Nacional. Vamos ver o que mais poderemos fazer nesse ano de 2012.

RtM: Essas manifestações acabaram gerando inúmeras polêmicas tanto na mídia, como com músicos e fãs. Quais foram os pontos negativos e positivos que você conseguiu identificar?

TB: Muita crítica e pouca atitude por parte do público. Parece às vezes, que o povo se deixa levar, pela falta de noção de alguns. Tenho certeza que isso muda um dia, mas com certeza não estamos vivendo esse dia, por enquanto.

RtM: Após esse primeiro passo que você deu em nome da cena, muitos músicos se manifestaram também, o que você pensa sobre estas manifestações?

TB: Ótimas, todos foram muito solícitos e manifestaram suas idéias diretamente a mim, coisa que me agradou muito, pois mostrou postura de muito caráter dessa galera, além de mesmo os contra, também terem mostrado imediata abertura para ajudar no que fosse preciso para a melhora da cena... Assim nasceu o Dia do Metal, com a união dessa galera.

RtM: Recentemente em São Paulo você organizou um grande evento somente com bandas nacionais, mas o que marcou o evento foi o baixo público. Thiago, você pretende dar continuidade a este projeto? Pois esse foi o festival Power Metal como informado, teria planos para dar continuidade com bandas de outros estilos?

TB: Não, o que marcou o evento, foi o evento em si. O “tal baixo público” ficou por conta das declarações do Edu Falaschi sobre isso no dia do evento. Não foi realmente o público esperado, mas deu lá suas 600 pessoas, o que é quase normal para um evento num domingo chuvoso. Agora, digo quase, pois aí sim, consegui provar o que disse nas tais cartas criticando a postura dos metaleiros. Aí está a prova. Quem dizia que não estávamos num “abismo” do estilo, pode conferir como as coisas estão de verdade.

Com certeza farei mais eventos, enquanto sentir que o estilo precisa de minha ajuda ajudarei. Acho que todos deveriam ter esse tipo de atitude com as coisas que amam como a cena do Metal Nacional. Mas hey, quem sou eu pra querer algo de diferente nesse país, conformista e hipócrita? Né? (risos)

RtM: Em nome de toda a equipe Road to Metal, agradecemos sua disponibilidade de tempo. Thiago deixe uma última mensagem aí para os leitores do blog. Obrigado!

TB: Obrigado pelo espaço. Beijo no coração de todos, principalmente nos que precisam de mais amor!

Entrevista: Renato Sanson/Eduardo Cadore
Revisão: Renato Sanson/Eduardo Cadore
Introdução: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação, Diana Vigasova

Acesse e conheça mais sobre o trabalho do vocalista e suas bandas
Shaman:

Thiago Bianchi:
Myspace

Assista aos dois vídeos do disco "Origins": "Finally Home" e "Ego (Part I & II)"