Em um domingo chuvoso e sombrio, o ícone do Black Metal e um dos fundadores do IMMORTAL – uma das bandas pioneiras mais relevantes do Black Metal norueguês –, Olve Eikemo (vulgo ABBATH), com sua banda de mesmo nome, fez uma excelente apresentação no Vip Station, em São Paulo, promovendo seu mais recente álbum, “Dread Reaver”. As bandas de abertura souberam preparar muito bem o público para o caos, as quais foram os cariocas do SANGUE DE BODE, os paulistas do INFAMOUS GLORY e os colombianos do VITAM ET MORTEM.
Na ativa desde 2017, SANGUE DE BODE (do Rio de Janeiro) entrou no palco pontualmente às 16:30 com muita energia, mostrando um som extremo diversificado com influências desde Death/Black Metal e Thrash Metal crossover no mínimo interessante. Mesmo com um público ainda tímido, a banda – formada por Verme (vocal), Nekrose (guitarra), Zé (baixo) e Sinue (bateria) – agradou o pessoal que chegou cedo. Destaque para a performance agressiva de Verme. Fizeram um set de 30 min com músicas de seus dois álbuns “A Sombra que Me Acompanhava Era a Mesma do Diabo” e “Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz”.
Jazigo
Necroprimata
O Habitante da Sua Mente
Cinza
Comendo Lixo
Messias de Merda
Filho de um Manequim
Possuído Dentro da Vala
A Praga Humana
Dez Furos na Cabeça
A Celebração
Chafariz de Sangue
Ando Esquisito e Meio Doente
Infamous Glory
The Funeral
Horde (Idem, single, 2021)
The Last Spell (The Conjuring, EP, 2015)
Sovereign Of Darkness (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
Drowned in Obscurity (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
Ruthless Inferno (Algor Mortis, álbum, 2024 - a ser lançado)
Abysmal Grief (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
In The Cold Mist of Death (Algor Mortis, álbum, 2024 - a ser lançado)
Com o Vip Station um pouco mais cheio foi a vez do VITAM ET MORTEM, outra banda veterana, a destilar seu Blackened Death Metal calcado com elementos de sua cultura indígena colombiana. Formada em 2002 por Julian Trujillo (vocal/guitarra), Irkalla (baixo), Julian Rodriguez (vocal/bateria) e acompanhado de Arley Florez (guitarra).
Foi uma performance muito interessante, com direito a muitos aplausos do público, o que deixou os colombianos muito felizes. O set, de 40 minutos, teve músicas de seus seis álbuns lançados, destaque para o uso de flauta, os vocais de Julian Trujillo e a batera ultra rápida de Julian Rodriguez, que também fez vocais ferozes.
Vitam Et Mortem
Bienvenido al
reino de los muertos
Barquero de los muertos
La danza de los gallinazos
Oro y dolor
El animero
Looking my decomposition
Confesso que o tempo de quase uma hora, desde o fim do show do Vitam Et Mortem até começar a performance do Abbath foi um pouco cansativo, ainda mais que o festival começou cedo.
Aos poucos a pista ia sendo preenchida, e o pessoal começava a se espremer perto do palco, ansiosos pela chegada de Abbath, que entrou no palco por volta das 20h com “Triumph”, uma ótima escolha do álbum “Damned In Black”, do Immortal, seguido de “Dream Cull”, do novo álbum “Dread Reaver”, a poderosa "Hecate", (“Outsrider”), e “Acid Haze”, outra do novo álbum.
Abbath se mostrou bem focado e empolgou a galera indo de um lado ao outro, porém, de início, o som ainda estava pecando nos vocais, que estavam um pouco baixos, ou talvez a massa sonora estivesse muito intensa.
Logo após rolou “Battalions”, de seu aclamado projeto anterior que mescla Black Metal com pitadas de Heavy Metal, I. Na sequência rola “Ashes Of The Damned”, de seu álbum homônimo, e volta para o novo álbum tocando a grudenta faixa título, "Dread Reaver".
Ole André Farstad (guitarrista) e Andreas Fosse Salbu (baixista) estavam bem empolgados em suas performances, bangueando muito e interagindo com o público em volta, principalmente quando apareceu uma headbanger caracterizada de “Abbath” com corpsepaint e trajes característicos. O Abbath “original” fez questão de chegar bem perto dela para admira-la, sendo um dos momentos bem-humorados do show.
Seguindo adiante, despejam as pedradas "In My Kingdom Cold" e "Beyond The North Waves", duas músicas clássicas do “Sons Of Eternal Darkness”.
Neste momento se destaca a performance do batera finlandês Ukri Suvilehto, que é uma verdadeira máquina de brutalidade. Embora estivesse escondido atrás de um imenso logo em Metal do Abbath, estava mandando ver na bateria.
Voltando para sua carreira solo rola The Artifex, do Outsrider, e as empolgantes Winterbane e Fenrir Hunts, do álbum homônimo. No fim da música, Abbath agradeceu ao público e espera vir de novo em breve.
Warriors, de seu projeto I, foi um dos auges do show, com um público ensandecido cantando junto. No fim da música, Abbath joga uma água para o público, que a esta altura estava pegando fogo.
O pessoal gritava muito várias músicas do Immortal, mas o tempo era curto para tantos clássicos. Além do foco ser sua banda solo, que mostrou estar em pleno vigor, quebrou tudo com “Endless”. Logo após saíram do palco enquanto o pessoal gritava em êxtase, voltando rapidamente para o encerramento com "One by One”, mais um clássico do Immortal, do álbum “Sons Of Northern Darkness”.
Foi 1h15 minutos de uma intensa apresentação, mostrando um Abbath agressivo e ao mesmo tempo bem-humorado, chegando a fazer aquela dancinha de caranguejo no palco. Foi muito bom ver que este músico extraordinário tenha se recuperado e feito uma volta triunfal pela América Latina (N.T.: para quem não se lembra, em 2019, a tour sul-americana foi cancelada logo no início devido a problemas pessoais).
Agradecimentos
a Alan Magno & Caveira Velha Produções.
Texto: Juliana Novo (@juliananovoakadarkmoon)
Fotos: Leandro Cherutti (@leandro_cherutti)
Edição/Revisão: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)
Realização: Caveira Velha Produções (@caveiravelhaproducoes)
Mídia Press: ASE Music Press (@ase_pres)
Abbath
Triumph
Dream Cull
Hecate
Acid Haze
Battalions
Ashes of the Damned
Dread Reaver
In My Kingdom Cold
Beyond the North Waves
The Artifex
Winterbane
Fenrir Hunts
Warriors
Endless
One by One