domingo, 17 de dezembro de 2023

Cobertura de Show: Abbath – 19/11/2023 – Vip Station/SP

Em um domingo chuvoso e sombrio, o ícone do Black Metal e um dos fundadores do IMMORTAL – uma das bandas pioneiras mais relevantes do Black Metal norueguês –, Olve Eikemo (vulgo ABBATH), com sua banda de mesmo nome, fez uma excelente apresentação no Vip Station, em São Paulo, promovendo seu mais recente álbum, “Dread Reaver”. As bandas de abertura souberam preparar muito bem o público para o caos, as quais foram os cariocas do SANGUE DE BODE, os paulistas do INFAMOUS GLORY e os colombianos do VITAM ET MORTEM.

Na ativa desde 2017, SANGUE DE BODE (do Rio de Janeiro) entrou no palco pontualmente às 16:30 com muita energia, mostrando um som extremo diversificado com influências desde Death/Black Metal e Thrash Metal crossover no mínimo interessante. Mesmo com um público ainda tímido, a banda – formada por Verme (vocal), Nekrose (guitarra), Zé (baixo) e Sinue (bateria) – agradou o pessoal que chegou cedo. Destaque para a performance agressiva de Verme. Fizeram um set de 30 min com músicas de seus dois álbuns “A Sombra que Me Acompanhava Era a Mesma do Diabo” e “Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz”.


Sangue de Bode
Minha Refeição é no Lixão
Jazigo
Necroprimata
O Habitante da Sua Mente
Cinza
Comendo Lixo
Messias de Merda
Filho de um Manequim
Possuído Dentro da Vala
A Praga Humana
Dez Furos na Cabeça
A Celebração
Chafariz de Sangue
Ando Esquisito e Meio Doente


Mais uma galera foi chegando, e foi a vez dos veteranos do INFAMOUS GLORY dominarem o palco com seu Death Metal visceral – muito bem trabalhado nos moldes old school – sendo bem recebido pelo público. Formada por Coroner (vocal), Kexo (guitarra/vocal), André Neil (guitarra solo), Tonhão (baixo) e Gustavo Piza (bateria), a banda começou em 99, e seu set de 30 minutos teve clássicos de vários álbuns de toda sua carreira, incluindo dois novos sons do próximo álbum, “Algor Mortis”, que será lançado em 2024. Destaque para os solos intrincados de André.


Infamous Glory
The Funeral Horde (Idem, single, 2021)
The Last Spell (The Conjuring, EP, 2015)
Sovereign Of Darkness (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
Drowned in Obscurity (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
Ruthless Inferno (Algor Mortis, álbum, 2024 - a ser lançado)
Abysmal Grief (An Ancient Sect Of Darkness, album, 2019)
In The Cold Mist of Death (Algor Mortis, álbum, 2024 - a ser lançado)


Com o Vip Station um pouco mais cheio foi a vez do VITAM ET MORTEM, outra banda veterana, a destilar seu Blackened Death Metal calcado com elementos de sua cultura indígena colombiana. Formada em 2002 por Julian Trujillo (vocal/guitarra), Irkalla (baixo), Julian Rodriguez (vocal/bateria) e acompanhado de Arley Florez (guitarra). 

Foi uma performance muito interessante, com direito a muitos aplausos do público, o que deixou os colombianos muito felizes. O set, de 40 minutos, teve músicas de seus seis álbuns lançados, destaque para o uso de flauta, os vocais de Julian Trujillo e a batera ultra rápida de Julian Rodriguez, que também fez vocais ferozes.


Vitam Et Mortem
Bienvenido al reino de los muertos
Barquero de los muertos
La danza de los gallinazos
Oro y dolor
El animero
Looking my decomposition


Confesso que o tempo de quase uma hora, desde o fim do show do Vitam Et Mortem até começar a performance do Abbath foi um pouco cansativo, ainda mais que o festival começou cedo. 

Aos poucos a pista ia sendo preenchida, e o pessoal começava a se espremer perto do palco, ansiosos pela chegada de Abbath, que entrou no palco por volta das 20h com “Triumph”, uma ótima escolha do álbum “Damned In Black”, do Immortal, seguido de “Dream Cull”, do novo álbum “Dread Reaver”, a poderosa "Hecate", (“Outsrider”), e “Acid Haze”, outra do novo álbum.

Abbath se mostrou bem focado e empolgou a galera indo de um lado ao outro, porém, de início, o som ainda estava pecando nos vocais, que estavam um pouco baixos, ou talvez a massa sonora estivesse muito intensa.

Logo após rolou “Battalions”, de seu aclamado projeto anterior que mescla Black Metal com pitadas de Heavy Metal, I.  Na sequência rola “Ashes Of The Damned”, de seu álbum homônimo, e volta para o novo álbum tocando a grudenta faixa título, "Dread Reaver".

Ole André Farstad (guitarrista) e Andreas Fosse Salbu (baixista) estavam bem empolgados em suas performances, bangueando muito e interagindo com o público em volta, principalmente quando apareceu uma headbanger caracterizada de “Abbath” com corpsepaint e trajes característicos.  O Abbath “original” fez questão de chegar bem perto dela para admira-la, sendo um dos momentos bem-humorados do show.

Seguindo adiante, despejam as pedradas "In My Kingdom Cold" e "Beyond The North Waves", duas músicas clássicas do “Sons Of Eternal Darkness”. 

Neste momento se destaca a performance do batera finlandês Ukri Suvilehto, que é uma verdadeira máquina de brutalidade. Embora estivesse escondido atrás de um imenso logo em Metal do Abbath, estava mandando ver na bateria.

Voltando para sua carreira solo rola The Artifex, do Outsrider, e as empolgantes Winterbane e Fenrir Hunts, do álbum homônimo. No fim da música, Abbath agradeceu ao público e espera vir de novo em breve.

Warriors, de seu projeto I, foi um dos auges do show, com um público ensandecido cantando junto. No fim da música, Abbath joga uma água para o público, que a esta altura estava pegando fogo.

O pessoal gritava muito várias músicas do Immortal, mas o tempo era curto para tantos clássicos. Além do foco ser sua banda solo, que mostrou estar em pleno vigor, quebrou tudo com “Endless”. Logo após saíram do palco enquanto o pessoal gritava em êxtase, voltando rapidamente para o encerramento com "One by One”, mais um clássico do Immortal, do álbum “Sons Of Northern Darkness”.

Foi 1h15 minutos de uma intensa apresentação, mostrando um Abbath agressivo e ao mesmo tempo bem-humorado, chegando a fazer aquela dancinha de caranguejo no palco. Foi muito bom ver que este músico extraordinário tenha se recuperado e feito uma volta triunfal pela América Latina (N.T.: para quem não se lembra, em 2019, a tour sul-americana foi cancelada logo no início devido a problemas pessoais).

Agradecimentos a Alan Magno & Caveira Velha Produções.


Texto: Juliana Novo (@juliananovoakadarkmoon) 

Fotos: Leandro Cherutti (@leandro_cherutti)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)


Realização: Caveira Velha Produções (@caveiravelhaproducoes) 

Mídia Press: ASE Music Press (@ase_pres)

 

Abbath

Triumph

Dream Cull

Hecate

Acid Haze

Battalions

Ashes of the Damned

Dread Reaver

In My Kingdom Cold

Beyond the North Waves

The Artifex

Winterbane

Fenrir Hunts

Warriors

Endless

One by One

sábado, 16 de dezembro de 2023

Arde Rock - Terceiro Full Traz Mais Evidentes as Raízes Metal

 


A Arde Rock, já tradicional banda de Hard do interior do RS, completou em 2023 15 anos de estrada, e como parte das comemorações lançou seu terceiro full-lenght, "Seguir em Frente". Antes de nós atermos mais ao recém lançado álbum, vamos voltar um pouquinho no tempo para comentar os trabalhos anteriores.

Formada em 2008, inicialmente um quarteto, e depois de estabelecendo como trio, Killermano (vocais e guitarra), Thomás (bateria) e com a vocalista Simone Sattes assumindo o baixo (essa história vocês podem saber detalhes no live/entrevista com a banda pro Road AQUI).

Tendo como características letras que trazem mensagens positivas, alternância de vocais masculinos e femininos, além de também tocar versões Hard "apimentadas" de hits dos anos 80 (daí o trocadilho "Arde Rock"), a banda lançou o primeiro álbum autoral em  2012, "Velho Rock", que tem uma levada mais Rock & Roll e Hard Rock, com bons riffs e refrãos pegajosos.

Em 2017 lançam o segundo álbum, "Algo a Zelar", mostrando uma consolidação de suas características, e uma evolução com um som mais encorpado e mais diversificado, que além Hard, Rock & Roll e pitadas de Heavy, traz elementos Pop e Classic Rock.  Tem também novidades como a primeira faixa gravada em inglês, o hit "Dangerous" (Roxette), que já tocavam em seus shows ao vivo, e que recebeu aquela roupagem "apimentada". 

Falando agora sobre o novo álbum, "Seguir em Frente" mantém aquele diferencial de levar uma mensagem positiva nas letras, mas na sonoridade o que se destaca é uma tendência mais Heavy Metal, que como Killermano, principal compositor explicou, são as raízes músicais do trio, e fizeram um disco para eles mesmos. Claro, o Hardão apimentado está presente, e mais vitaminado.

Na capa minimalista, vemos uma mão empunhando uma guitarra, como se a banda dissesse "Nossa arma é a música, e vamos seguir em frente".

O disco foi precedido por três singles, "Encontrar as Respostas", numa levada bem Hard, "Conexão", Hard/Heavy que traz como convidado o ícone do Hard Gaúcho Jacques Maciel (Rosa Tattooada) dividindo os vocais com a dupla Simone e Killermano. E o terceiro single é a pesadíssima "Lei da Atração", um Heavy Metal de riffs encorpados, numa linha Judas Priest/Halford, com Killermano inclusive caprichando nos agudos.

A tônica de "Seguir em Frente" é essa pegada mais voltada ao Heavy Metal tradicional, e na abertura "Enfrente", cadenciada e pesada,  temos cozinha e bases com pegada, e Killermano utilizando harmônicos e Wha-Wha, trazendo um resultado bem legal. 

Simone Sattes (foto por Cristiano Godoy)

Destaque também para a "arrastada" e melodiosa "Caminho a Trilhar", com nuances de Blues; o Hard vibrante de "Antigo", que celebra a paixão sobre carros vintage e o heavy pesado e cadenciado de "Evolução".

"Seguir em Frente" mostra uma banda madura, que evoluiu, consolidou seu nome no interior do estado (provavelmente sendo uma das que mais faz shows) e traz doses extras de peso e energia comparado aos trabalhos anteriores. Agora é seguir em frente e levar o seu Heavy/Hard apimentado para alcançar um merecido público maior.

Thomás (foto por Cristiano Godoy)

Vale registrar que a banda tem um programa no Youtube toda terça, A Voz do Coração,  que já está na segunda temporada, e faz um trabalho nas escolas de Santa Maria, levando o Rock and Roll e um papo sobre saúde mental, apoiados por profissional da área, fruto de projeto cultural aprovado pela prefeitura de sua cidade.

Ainda sobre o álbum,  teve show especial no dia do lançamento, quinta-feira 14/12, onde o público recebeu de presente o CD físico, também  parte do referido projeto cultural.

Texto: Carlos Garcia

Fotos: Arquivo da banda e divulgação 

Site Oficial Arde Rock

Arde Rock no Jornal do Almoço RBS TV






sábado, 9 de dezembro de 2023

Cobertura de Show: Hardcore Superstar – 18/11/2023 – Carioca Club/SP

São doze discos gravados, singles e vários vídeos clipes ao longo dos anos. Esse é um breve resumo do Hardcore Superstar, banda de Hard Rock sueca, que nunca havia feito shows no Brasil e América Latina. Mas graças a produtora Dark Dimensions essa longa espera acabou, e finalmente eles estrearam em solo brasileiro em novembro último (N.T.: show era para ter acontecido em outubro).

O verão mal começou e as principais capitais tem recebido uma forte onda de calor, que bateu os 40º graus na semana que antecedeu o show em São Paulo, tanto que, por ordem política, foi determinado a distribuição de água natural em eventos ao ar livre. Os locais fechados, porém, ficaram isentos dessa regra, mas para evitar que algo de ruim acontecesse, o Carioca Club fez questão em colocar ventiladores com jato d’água para refrescar a galera.

Infelizmente, a presença de público foi abaixo do esperado, o que comprova que o gênero é destinado para um nicho específico. Porém, para quem gosta de assistir shows de forma mais reclusa,  se sentiram bem à vontade para ver os suecos e as brasileiras InluztNite Stinger, responsáveis por iniciarem os trabalhos do dia.

Devido alguns contratempos, não consegui pegar o comecinho do show da Inluzt, um dos nomes promissores do Hard Rock brasileiro. Oriunda de Ribeirão Preto e com quase meia década de atividade, o quarteto entregou uma apresentação excelente e cheia de atitude. Dentre as bandas de apoio, é a que mais se assemelha aos donos da festa em questão do som, flertando bastante com o Sleaze Rock. E falando em Sleaze, o baterista Lexxi Souza, que tocou que nem um monstro, é o que mostrou todo esse lado na parte visual; Fabz foi um herói por ter entregado toda sua energia em cima do palco quente e com pouca ventilação, chegando a pedir gelo e qualquer tipo de bebida para manter o folego até o final. Uma pessoa, em sã consciência, logo atendeu o favor – Roxx (guitarra, vulgo Nikki Sixx) e Brun (baixo) completam a formação.

Vindo direto de Curitiba e sem ter feito passagem de som, o Nite Stinger também entregou uma inolvidável performance, que teve pequenos problemas no som de início. Formado pelo vocalista Jack Fahrer, os guitarristas Bruno Marxx e Marc DeLuca – que se encaixou perfeitamente na banda –, e o baixista Bento Mello vem ganhando cada vez mais notoriedade nessa nova leva de bandas de Hard Rock que vem surgindo no país, e graças a esse reconhecimento que a banda foi escalada para tocar, ano que vem, na segunda edição do Summer Breeze Open Air Brasil.

Sempre muito carismático, Jack Fahrer mostrou toda sua pinta de ‘rockstar’, falando em inglês em determinados momentos e explicando o conceito por de trás de algumas músicas como “Let Met In” e “Gimme Some Good Lovin’”, primeiro single do até então ‘debut’  e homônimo álbum. Mas o grande destaque ficou para a nova (e esperada) “All Nite & Day”, que será lançada esse mês e que estará no próximo álbum, a ser lançado em abril do próximo ano e que tem tudo para se tornar o maior hit do gênero no Brasil. E eu posso garantir: QUE MUSICA! Originalmente, a banda conta com o lendário Ivan Busic, do Dr. Sin, na bateria. Mas sem anuncio e aviso prévio, quem comandou as baquetas foi o grande Rafael Rosa, da Sinistra.

Depois de meia hora de atraso, os donos da festa, enfim, entraram em cena para deixar o clima ainda mais quente, às 19h35. Com a capa do Abrakadabra, lançado ano passado, sendo exibida atrás do palco, Joakim Berg (vocal), Vic Zino (guitarra), Martin Sandvik (baixo) e o produtor Johan Reivén (bateria) – que vem cobrindo a ausência do Magnus Andreason – iniciou os trabalhos justamente com a faixa título do último álbum após Joakim cumprimentar todos que estavam pertinho do palco.

Quem já deve ter visto vídeos da banda tocando ao vivo sabe o quão é insano o show dos caras. E era de se esperar por intensidade, que logo se relevou nas efusivas “Electric Rider” e “Into Debauchery”, ocasionando um inesperado apagão no sistema de som, mas que não demorou muito para ser restabelecido. O ocorrido até que fez bem para o público e a banda, que estava super feliz de estar no Brasil, voltar com mais gás do que já estava no começo.

Boa parte do set abrangeu músicas do “Black Album” (não, não é do Metallica), que para muito dos fãs, é considerado o melhor da carreira e que fortaleceu o nome da banda mundialmente, e as primeiras deste clássico vieram com “Wild Boys” – onde o público acompanhou Joakim nos ‘Oh, Oh, Oh’ e ‘Yeah, Yeah, Yeah’ na melodia que antecede o final dela –, e a empolgante “My Good Reputation”. “Liberation”, do pouco lembrado “Bad Sneakers and a Pina Colada", veio na sequência.

“Aqui está mais quente que o inferno”, dize Joakim que, junto com Vic, agitaram a pequena plateia com muita adrenalina, atenuada com as calmas “Standin’ on the Verge” e “Someone Special”. 

Os apaixonados por álcool tiveram uma surpresa no final, só que antes disso acontecer, o quarteto emplacou “Last Forever”, “Moonshine” (que tem um swing contagiante) e “Bag on Your Head”, que com todo o seu peso, colocou o Carioca abaixo. 

Com a cerveja na mão de Joakim, ficou evidente que a próxima seria “Last Call for Alcohol”, maior hit da história da banda. E por ela falar justamente sobre álcool e diversão, foram distribuídos vários ‘shots’ de Whiskey (se não for me corrijam, por favor) para os que estavam bem próximos do palco.

Como a maioria deve saber, o HCSS não gosta de celebrar os domingos, deixa perfeita para mandar outro clássico, “We Don’t Celebrate Sundays”, restando três horas para virar o dia.“You Can’t Kill My Rock ‘n Roll” pôs fim no show de quase duas horas. O título, que em tradução livre significa “Você Não Pode Matar Meu Rock ‘n Roll, ganhou uma camiseta a qual o Joakim usou no show e que foi vendida no merchandising.

Um show para lá de avassalador, onde público vibrou, cantou e pulou até o último minuto, que mesmo com os problemas no início, não pararam um segundo se quer. As únicas reclamações que deixo a respeito desse show é não terem tocado “Above the Law” e “Dreamin’ in a Casket”, que foi tocada nos shows de Belo Horizonte e Curitiba. Segundo Joakim, esse show será primeiro de muitos aqui no Brasil. Espero que não demorem muito para voltar.

 

Texto: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)

Fotos: André Tedim (@andretedimphotography)

 

Produção: Dark Dimensions (@darkdimensionsbrasil)

Mídia Press: JZ Press (@jzpressassessoria)

 

Hardcore Superstar

Abrakadabra

Electric Rider

Into Debauchery

Wild Boys

My Good Reputation

Liberation

Standin’ on the Verge

Someone Special

Last Forever

Moonshine

Bag on Your Head

Last Call for Alcohol

***Encore***

We Don’t Celebrate Sundays

You Can’t Kill My Rock ‘n Roll

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Cobertura de Show: Saxon – 15/11/2023 – Tokio Marine Hall/SP

Muitos devem se recordar que, em abril deste ano, o Saxon estava confirmado para se apresentar no Monsters Of Rock, e uma parte significativa dos ingressos vendidos foi adquirida com o desejo de vê-los ao vivo. No entanto, para a frustração de muitos, a banda anunciou o cancelamento de sua participação apenas um mês antes do festival, em decorrência da aposentadoria do guitarrista Paul Quinn. Na minha opinião, essa razão não justificava o cancelamento. O lado positivo é que a espera pela nova apresentação não foi longa, e ela ocorreu neste mês de novembro. Para ocupar o lugar deixado por Paul, foi convidado uma verdadeira lenda do Heavy Rock britânico: Brian Tatler, do Diamond Head.

Intitulada Seize The Day, a turnê passou por quatro capitais do Brasil: Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Em São Paulo, a expectativa era de casa cheia, uma vez que 70% dos ingressos já haviam sido vendidos nos dias que antecederam o show. Muitos fãs, algumas horas antes da abertura dos portões, já dominavam os arredores do Tokio Marine Hall. Porém, poucos mostraram interesse em conferir a apresentação do Madzilla, banda de apoio dessa turnê latina.

Natural de Las Vegas, David Cabezas (vocal/guitarra), Ian Garcia (guitarra), Daniel Gortaire (baixo/vocal) e Luiz Zevallos (bateria) entraram no palco às 19h10 demonstrando talento e habilidade no som contemporâneo que oferecem. Toda atenção foi atraída não apenas pela composições, mas também pela empatia, especialmente de David, que se comunicou em bom português com todos os presentes. Daniel, que também arriscou a falar nosso idioma, não parou um instante de vibrar com seu baixo estilizado.

A banda apresentou alguns singles e faixas de seu álbum de estreia, “Asphyxiating Cries” (2021), diante de uma audiência tímido, bem diferente do que viria a seguir. Muitos, inclusive este que vos escreve, ainda não tinham ouvido falar deles. Aqueles que decidiram assistir ao show tiveram uma resposta muito positiva em relação ao quarteto, que entregou uma apresentação carregada de peso e agressividade.

Com a casa lotada, a expectativa para a entrada de Biff Byford (vocal), Doug Scarratt e o já mencionado Brian Tatler (guitarras), Nibs Carter (baixo) e Nigel Gloker (bateria) no palco crescia a cada instante. Muitos nem perceberam o pequeno atraso, pois todos estavam com os olhos vidrados no palco, decorado com um fundo vermelho exibindo o logótipo da banda em dourado e a icónica águia em volta do espaço onde a bateria estava posicionada.

Finalmente, às 20h45, a icônica banda da NWOBHM deu início ao espetáculo de maneira impactante com “Carpe Diem (Seize the Day)”, música que intitula seu álbum mais recente, ideal para esquentar o clima antes de apresentarem os clássicos, começando com “Motorcycle Man”. 

Antes de seguir com mais sucessos, a banda apresentou "Age of Steam", também presente no último trabalho, e em seguida trouxe uma sequência matadora com “Power and The Glory”, “Dallas 1 PM” e “Heavy Metal Thunder”, todas recebidas com grande entusiasmo pelo público, a maioria na casa do 40 e 50 anos. O setlist ainda incluiu “Dambusters” e a atmosférica “The Pilgrimage”.

O Saxon nunca apresenta um show abaixo das expectativas, pois quando entram no palco, já entram com a vitória garantida, entregando exatamente o que se espera de um show autêntico de Heavy Metal. Aqueles que tiveram a oportunidade de vê-los ao vivo nas outras vezes em que estiveram no Brasil compreendem perfeitamente o que quero dizer.

O público não deixou de fazer a sua parte. Como mencionado anteriormente, todos aproveitaram cada momento e as músicas incrivelmente executadas, acompanhadas do potente som que saia dos PAs. O volume elevado, por vezes, pode ser visto como uma crítica, mas isso não representa um problema quando se trata do Saxon, pois suas performances ao vivo são ainda mais impactantes com o som no máximo.

Os músicos, que hoje estão na faixa dos 60 a 70 anos, ainda possuem energia de sobra para encarar um show de duas horas. Brian Tatler, acompanhado do excepcional Doug Scarratt, executou todas as composições com maestria; Nibs Carter, que exibe um espírito mais jovial que os demais, animou e se movimentou no palco incansavelmente; Nigel Glockler,  baterista que deveria ser mais reconhecido, arrebentou em seu kit de bateria. E o grande Biff Byford, claro, continua com uma voz impressionante! Ele não apenas interagiu com o público, mas também distribuiu água para os fãs que estavam próximos ao palco e fez questão de vestir um colete com 'patches' do Saxon e de bandas da época, recebido de um fã que estava perto do palco.

O show continuou com "Sacrifice", faixa título do álbum lançado em 2013. Sem qualquer aviso prévio, "Ride Like the Wind" trouxe a participação de Fabio Lione, vocalista do Angra, que apresentou uma abordagem mais intensa ao canta-la. Antes dela teve “Crusader”, que  proporcionou um dos momentos mais memoráveis da noite quando a plateia entoou um belo ‘Oh, Oh, Oh’ enquanto Brian iniciava as melodias. Biff tinha a intenção de substituir essa música por “Broken Heroes”, mas após uma rápida votação, “Crusader” foi a que gerou a melhor resposta da audiência. 

E as surpresas não pararam por aí! "Dogs of War" foi um grande presente para os fãs de São Paulo, uma vez que não havia sido apresentada na noite anterior em Curitiba. A primeira nota da canção fez o Tokio Marine vibrar intensamente, provando que os britânicos produziram trabalhos de alta qualidade na década de 90. Continuando em território noventista, ainda teve "Solid Ball of Rock", que, na opinião deste autor, é a música da trajetória do Saxon. Os riffs e solos dela são impecáveis e conseguem deixar qualquer fã de Heavy Metal agitado.

Para os aficionados pelo álbum “Denim and Leather”, houve uma dobradinha especial com “And the Bands Played On” e “Never Surrender”, que, por sinal, não foi tocada em Curitiba. “Wheels Of Steel”, visto como o marco inicial (muitos subestimam o álbum homônimo de 1979), finalizou a primeira parte do show, antes do primeiro bis, enquanto Biff se queixava constantemente do calor, que estava realmente insuportável. 

A partida já estava ganha, mas a banda decidiu adicionar mais músicas nas últimos momentos. Em “747 (Strangers In The Night)”, teve a breve participação do vocalista Tim “Ripper” Owens, que concluiu a sua digressão pelo Brasil no último dia 12, em Goiânia. Para os que não sabem, a letra aborda o voo 911 da Scandinavia Air Line, onde Biff fez questão de imitar um avião para ilustrar o conceito. 

“Denim and Leather” (com todos dando socos para o ar e a gritar ‘Hey’ durante os riffs) e “Princess of the Night” sinalizaram que o fim estava próximo, uma vez que esta última é a que habitualmente encerra todos os concertos. Contudo, após os gritos de ‘mais um’, a banda regressou ao palco para tocar mais uma, e “Strong Arm of Law”, que ocupa um lugar destacado no set, fechou a noite que poderia ser descrito em palavras simples: memorável e histórico.


Para quem já assistiu a shows dos Iron Maiden e Judas Priest três vezes, faltava ver um do Saxon, que considero o terceiro pilar daquilo que chamo de ‘A Tríade do Heavy Metal Inglês’. Juntamente com esses ícones da música pesada, a banda proporciona exatamente o que todo headbanger anseia: um autêntico espetáculo de Heavy Metal recheado de energia, harmonia e bastante peso.

Estou certo de que todos os presentes no Tokio Marine, durante o feriado nacional, saíram com a sensação de missão cumprida, uma vez que há rumores de que esta poderá ter sido a última visita deles a São Paulo e aos outros locais em que se apresentaram no Brasil. Vamos torcer para que isso não aconteça e que continuem a produzir mais álbuns e realizar turnês pelo mundo afora.

 

Texto: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)

Fotos: André Tedim (@andretedimphotography)

 

Realização: Top Link Music (@toplinkmusic)

 

Saxon

Carpe Diem (Seize the Day)

Motorcycle Man

Age Of Steam

Power and the Glory

Dambusters

Dallas 1 PM

Heavy Metal Thunder

Sacrifice

Crusader

Ride Like the Wind (participação especial do Fabio Lione)

Dogs Of War / Solid Ball of Rock

And the Bands Played On

Never Surrender

Wheels Of Steel

***Encorre***

The Pilgrimage

747 (Strangers In The Night) (com aparição do Tim “Ripper” Owens)

***Encore 2***

Denim and Leather

Princess of the Night

***Encore 3***

Strong Arm of the Law

domingo, 26 de novembro de 2023

Cobertura de Show - Blind Guardian - 23/11/23 - Bar Opinião/RS

Por: Renato Sanson

Fotos: Uillian Vargas

Uma noite épica e inesquecível. Assim posso definir a volta dos alemães do Blind Guardian a capital gaúcha. Se tornando parada obrigatória para os Bardos e sempre com casa cheia! Não seria diferente desta vez, trazendo a tour do aclamado “The God Machine”, onde o Guardian trouxe a velha forma do passado, mas, sempre olhando para o presente.

Pois bem, desta vez não tivemos banda de abertura e pontualmente às 21h a intro ecoa no Bar Opinião extremamente lotado e a euforia toma conta, com os músicos adentrando aos poucos e iniciando de forma magistral o clássico “Imaginations From the Other Side” que dispensa apresentações.

Assim como o carisma do vocalista Hansi Kürsch sempre interagindo, brincando com os fãs e com os colegas de banda. Deixando um clima mais que amistoso e todos a vontade para declarar o seu amor ao Blind Guardian. Que não possuem fãs, mas sim devotos.

Das músicas do mais recente álbum tivemos ao total de três e todas caíram muito bem ao setlist, se entrelaçando perfeitamente aos clássicos. Com destaque a cinematográfica “Secrets of the American Gods”.

A belíssima “Skalds and Shadows” (do bom “A Twist in the Myth”) também seguiu no setlist e trouxe aquele belo momento acústico e teatral que só o Blind Guardian sabe fazer, com os presentes cantando cada verso.

Mas é inegável que os acordes de “Nightfall” e “Ashes to Ashes” levaria a casa abaixo. Clássicos absolutos de uma carreira tão grandiosa deixando os fãs extasiados.

Assim como a incrível “Time Stands Still (At the Iron Hill)” e a mais bela das baladas: “The Bard’s Song – In the Forest” e um show à parte do público que a cantou do começo ao fim e Hansi ficou apreciando com um sorriso no rosto a devoção de seus fãs apaixonados.

O show poderia ter encerrado nesse momento e aposto que todos sairiam de alma lavada, mas estamos falando de Blind Guardian e mais clássicos surgiram: “Majesty” (minha preferida) e “Traveler in Time” terminando assim a primeira parte do show de forma magistral.

Vale ressaltar a ótima qualidade de som e a ótima iluminação que se adaptou a cada fase revisitada pela banda (ao total foram 9 álbuns revisitados nesta noite).

Após o “final fake” os alemães retornam a cena com “Sacred Worlds” que de fato se não estivesse no set não faria falta, apesar de ser uma boa música. Mas abriu caminho para a marcante “The Lord of the Rings” e com os fãs enlouquecidos cantando, berrando, chorando... Simplesmente fantástico!

Em seguida Hansi informa que teriam apenas mais uma música para tocar, quem sabe no máximo duas e aí tivemos a surpresa da noite – e que o Blind sempre fez em Porto Alegre de tocar uma música a mais além do set previsto – a grandiosa “Born in a Mourning Hall”. Seguida de “Valhalla” e “Mirror Mirror”. Fechando a noite com chave de ouro.

Mostrando que o Blind Guardian é ainda mais incrível ao vivo e sendo para os seguidores mais que música, mas sim uma paixão.

Um show memorável e que ficará por semanas em nossas mentes!

P/S: fica o nosso agradecimento a Abstratti Produtora pela confiança em nosso trabalho!



Setlist:

Imaginations From the Other Side

Blood of the Elves

Nightfall

Ashes to Ashes

Violent Shadows

Skalds and Shadows

Time Stands Still (At the Iron Hill)

Secrets of the American Gods

The Bard’s Song – In the Forest

Majesty

Traveler in Time

Bis:

Sacred Worlds

Lord of the Rings

Born in a Mourning Hall

Valhalla

Mirror Mirror

 

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Cobertura de Show – Gojira e Mastodon – 14/11/23 – Espaço Unimed/SP

‘The Mega-Monster Tour’: Gojira e Mastodon agitam com passagem da Tour por São Paulo!

Terça-feira (14/11), pré feriado com calor imenso na capital Paulista, o Espaço Unimed estava lotado para receber os monstros do Mastodon e Gojira, o show do Mastodon começou às 20h18 em ponto, a antecedência de dois minutos fez o público gritar ainda mais.

Mastodon abre o show com "Pain With na-Archor”, os integrantes Brann (bateria/vocal), Brent (guitarra/vocal), Bill (guitarra/backing vocal) e Troy (baixo/vocal) revessam os vocais durante todo o show, só o tecladista (o brasileiro João “Rasta” Nogueira) não canta, ele foi o músico de apoio. 


A banda foi muito bem recebida pelo público, que aplaudia e gritava ‘Mastodon, Mastodon, Mastodon’ ao final de cada faixa, os efeitos das luzes em sincronia com as imagens no telão fizeram a apresentação ainda mais incrível. Um setlist repleto de hits e surpresas, como a faixa “The Czar” – que ainda não havia sido tocada esse ano –, "Mother Punch", “Blood and Thunder" e “Steambreather”, que foi cantada inteira pelo público.

O show do Mastodon foi digno de ser co-headliner da atração que vinha a seguir, a energia foi intensa do início ao fim e teve as melhores reações do público, uma qualidade sonora incrível, muito carisma e presença de palco, não deixou a desejar como banda de abertura.

Um intervalo um tanto longo para troca de palco e alguns minutinhos de atraso, a contagem regressiva marcando 180 segundos foi colocada no telão e, ao final, o show se inicia com “Born for One Thing" – ali o público já sentiu o que viria pela frente naquela noite. 

Os integrantes Joe Duplantier (voz e guitarra), Mario Duplantier (bateria), Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (guitarra) prepararam um setlist e tanto para seus fãs que cantaram e gritavam durante todo o show com direito a uma baleia de balão, que ficou sendo jogada pelo público da pista premium.

Entre os 15 hits escolhidos na noite, os que tiveram mais reação do público foram "Backbone", "Stranded", "The Cell", "Grind" e a mais forte e emocionante de todas na noite, "Amazonia". Gojira também usou muito bem o jogo de luzes com os efeitos psicodélicos e sombrios de suas artes no telão, bem mais obscuro e menos coloridos do que a banda anterior usou, mas lindamente incrível e em sincronia perfeita com o som e a presença forte de palco desses caras.

Gojira e Mastodon provaram ainda mais que podem segurar a onda de ser headliner de qualquer festival e sustentar uma tour com casas lotadas como qualquer outra banda veterana grande do cenário do Heavy Metal. 

Momentos de destaque da noite ficaram por conta do solo do baterista Mario, que levantou plaquinhas com frases em português pedindo para galera gritar "Mais alto... porra!", e ao ser atendido levantou outra plaquinha agradecendo "Ai sim, caralho!". Além de, no final do show, o mesmo navegar na galera dentro de um bote. Esse levou o surfar na galera bem a sério.


Texto: Ingrid Evelin (@inguievelin)

Fotos: André Tedim (@andretedimphotography)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda (@gabrielarruda07)


Realização: Move Concerts (@moveconcertsbrasil)

Mídia Press: Midiorama (@midioramaoficial)


Mastodon 

Pain With an Anchor

Crystal Skull

Megalodon

Divinations

Sultan’s Curse

Bladecatcher

Black Tongue

The Czar

Halloween

High Road

More Than I Could Chew

***Encore***

Mother Puncher

Steambreather

Blood and Thunder


Gojira

Born for One Thing

Backbone

Stranded

Flying Whales

The Cell

The Art of Dying

***Drum Solo***

Grind

Another World

Oroborus

Silvera

The Chant

L’enfant sauvage

***Encore***

The Heaviest Matter of the Universe

Amazonia

The Gift of Guilt