segunda-feira, 29 de julho de 2019

Enforcer: Adicionando Novos Elementos ao Seu 80's Heavy Metal



Após cerca de 3 anos do último trabalho de estúdio, os suecos do Enforcer apresentam "Zenith", seu quinto álbum em 15 anos de carreira. A banda tem seu estilo moldado e inspirado no Heavy Metal e Speed Metal 80's, inclusive incorporando essa inspiração em suas performances e figurinos de palco. Muitas vezes a música do Enforcer pode soar clichê, mas os caras fazem tão bem feito que, quem curte o estilo vai abraçar a ideia toda.

Em "Zenith" a banda manteve a estética 80's, mas tirou um pouco o pé do acelerador, tendo predominância de músicas com andamento mais cadenciado, como "Die for the Devil", carregada de elementos do Heavy e Hard 80's, naquela levada hit de arena ("Shout at the Devil" do Mötley, por exemplo), refrãozinho pra lá de grudento; e "Zenith of the Black Sun", menos Hard Rock que a anterior, mas em que esse andamento mais meio tempo funciona bem também, destacando os corais épicos.


Também nessa levada mais meio tempo, porém naquele estilo "hino", como em "Forever We Worship the Dark", que pode soar um pouco "brega" demais para alguns ouvidos.

O álbum vai tocando e é fácil notar mais presença de melodias grudentas e elementos do Hard Rock, adições bem marcantes, com a banda trazendo até mais teclados, arranjos orquestrais e coros, fazendo com que sua sonoridade se torne mais acessível. Temos por exemplo a balada "Regrets", com arranjos de piano, refrão e coros bem melodiosos. Acredito que é a primeira balada em um disco do Enforcer. Lembrou-me alguma coisa de Stryper, além de honrarem a escola sueca de criar melodias grudentas e marcantes.
                      
O Speed Metal, muito mais presente nos álbuns anteriores, não foi abandonado, e faixas como "Searching for You" e "Thunder and Hell" vão satisfazer os fãs da velocidade.


Um álbum em que o Enforcer buscou trazer novos elementos, com maior ênfase nas composições em andamento meio tempo, além das melodias mais "fáceis" e mais marcantes, somadas ao estilo sueco de criar canções cativantes. Fugiu daquela ciranda do auto-plágio, e creio que a banda foi bem sucedida nessa sua evolução sonora, embora para alguns possa soar mais acessível, e as melodias e nuances Hard Rock terem se sobressaído ao Speed Metal. 

Enfim, diversão garantida com muitos riffs, refrão e melodias marcantes, e a inspiração no Heavy Metal e Hard 80's ainda batendo muito forte no peito. 

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Enforcer
Álbum: "Zenith" 2019
País: Suécia
Estilo: Heavy Metal, Speed Metal, Hard Rock, Heavy Metal 80's
Produção: Olof  e Jonas Wikstrand
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records
Facebook Oficial


Line-Up:
Olof Wikstrand: Vocais e guitarras
Jonathan Nordwall: Guitarras
Tobias Lindqvist: Baixo
Jonas Wikstrand: Voacis, Bateria e Teclados

Tracklist:
1. Die for the Devil
2. Zenith of the Black Sun
3. Searching for You
4. Regrets
5. The End of a Universe
6. Sail on
7. One Thousand Years of Darkness
8. Thunder and Hell
9. Forever We Worship the Dark
10. Ode to Death
11. To Another World (Bonus Track)      


       


        

domingo, 7 de julho de 2019

Forkill: "Realmente, tocar numa banda de Metal é muito difícil pelas circunstâncias, mas amamos isso e assim seguimos em frente.”


Entrevista por: Renato Sanson


O Metal nacional e sua “sina” de ter grandes nomes, mas pouca visibilidade. Porém alguns artistas descartam essa pressão de “reconhecimento” a curto prazo e curtem o seu trabalho fazendo essa tarefa árdua chegar ao natural em seus pilares. Dizer que o Forkill não ama tocar Thrash Metal seria um sacrilégio, pois os caras nasceram para isso e curtem cada momento, e quem sai ganhando? Nós os apreciadores do estilo e do Heavy Metal em geral.

Conversamos com o líder e guitarrista Ronnie Giehl que nos fala do novo momento da banda, as dificuldades em suas lacunas e da superação com o novo álbum lançado, que vem abrindo portas e mostrando que os cariocas já são uma realidade.


Assim como qualquer banda do nosso cenário, o início sempre é complicado, seja pelas adversidades de estabilizar uma formação, conflitos da direção sonora e etc... 

“Apesar da demora em lançar o novo álbum (6 anos), o Forkill sempre esteve em atividade. Tivemos muitos problemas com trocas de formação, (hora batera, hora vocal/guitarra), e atrapalhou muito a banda que tem por finalidade fazer um trabalho sério. Infelizmente muitos músicos que passaram por aqui, não tiveram o comprometimento e seriedade necessária para fazer um trabalho correto e quando começam a atrapalhar o andamento é hora de trocar.”

Mas nada melhor que superar as barreiras com um novo lançamento, e é isso que o Forkill fez e nos brindou com um dos melhores álbuns de Thrash de 2019.

“The Sound of the Devil's Bell significa muito, marca um trabalho de luta, dedicação, insistência e que temos muito orgulho de conseguir lançar e superar os problemas. Ao mesmo tempo a banda tem como principal característica, nunca se acomodar com situações adversas e sempre enfrentar e vencer desafios e todas dificuldades que aparecem. Isso nos fez crescer e nos deixa mais fortes sem dúvida. O Forkill sempre foi uma banda de palco pois é lá que as coisas acontecem e nele nos sentimos mais à vontade para mostrar nosso trabalho. Realmente, tocar numa banda de Metal é muito difícil pelas circunstâncias, mas amamos isso e assim seguimos em frente.”


Foram seis anos de espera até “The Sound of the Devil's Bell” nascer, e a evolução entre o Debut (“Breathing Hate” – 13) e o novo lançamento são latentes, como explica Ronnie:

“Acho que o principal foi o amadurecimento da banda e esse álbum marca bem isso. Sempre procuramos melhorar em todos os pontos e tivemos em nosso produtor – Daniel Escobar – uma forte parceria em nos auxiliar em termos de sonoridade ao longo da gravação. Ficamos mais experientes também, aprendemos bem como trabalhar nossas principais características, para assim moldar e encontrar o nosso próprio estilo.”

Mas para essa evolução foi necessária uma mudança brusca em sua formação, como explica o guitarrista:

Não é fácil depositar confiança num músico e da noite para o dia ele resolve abandonar tudo, te deixar na mão em termos de agenda e compromissos importantes. Mas mudanças quando necessário, são inevitáveis para a engrenagem voltar a rodar a todo vapor. Tem o ditado que diz: “à males que vem para o bem” e nesse caso aqui é muita verdade. Não adianta dar soco na ponta de faca e insistir com alguém que te puxa para baixo, não demonstra força de vontade e dedicação em busca de objetivos específicos em comum. Ninguém é insubstituível e temos uma metodologia de trabalho a cumprir. Se o músico não corresponde mais a nosso método, é hora dele partir e assim tem acontecido infelizmente. Claro que isso torna o nosso trabalho mais difícil, atrasa todo planejamento, e perdemos oportunidades importantes, mas mesmo assim acreditamos em nosso potencial e lutaremos por ele. Temos amor ao Metal e fazemos isso pois gostamos de tocar e principalmente nos divertir tocando Thrash Metal. As dificuldades são muitas a toda hora e é aí que sabemos separar quem serve de verdade, de quem está brincando.”


“The Sound of the Devil's Bell” apresenta uma arte formidável pelo grande artista Rafael Tavares, rica em detalhes e ao mesmo tempo agressiva. Ronnie comenta como foi a escolha do artista e da arte em si.

“Já acompanho o Rafael Tavares a muitos anos e sempre achei que ele faz um trabalho fantástico! Desde o começo da gravação, queria a arte da capa assinada por ele e assim foi. Passamos as idéias, e ele captou muito bem o que tínhamos em mente. A capa retrata muitas situações do que passamos nas letras num todo, representa muito bem a temática das músicas e Rafael fez uma arte incrível, ajudando a valorizar ainda mais o disco.”

Assista ao videoclipe: https://www.youtube.com/watch?v=n7dmxp-eQ00
Com um novo material lançado nada melhor que divulga-lo através de shows e claro, tendo aquela bela ajuda das redes sociais, o que hoje é inevitável para os artistas que querem mostrar sua música para o mundo.

“Estamos promovendo o álbum através de shows e das redes sociais que ajudam muito! Tem rolado um bom retorno, resenhas superpositivas e também grandes oportunidades.

Aproveitamos também e lançamos o clipe do primeiro single para a música “Emperor of Pain”, o retorno foi sensacional e abriu muitas portas. Penso que o vídeo clipe hoje em dia é muito importante para a banda e vamos investir mais nesse formato em breve. Sem dúvida ele nos possibilitou uma maior visibilidade ao público e sentimos que a aceitação foi sensacional! Em breve também, estaremos lançando o nosso primeiro Lyric Vídeo para a música “Warlord” e vai ser o segundo single a promover o álbum. Mas é nos shows que recebemos o retorno para valer. Ver a galera cantando as músicas junto, batendo cabeça e se divertindo no mosh pit nos dá força para seguir em frente.”


Em tempos em que a era digital domina, não é sempre que vemos uma banda underground lançando seu material em formato físico, ainda mais em edição luxuosa, porém o Forkill se preocupa com esse quesito, e pensa ser tão importante quanto o lançamento nas plataformas digitais.

Sempre fui colecionador, ainda acho o CD/vinil muito mais legal e sempre vai fazer parte da cultura dos Headbangers! Ainda uma parte do público do Metal mantém essa tradição viva e esse CD é em especial para esse pessoal, que coleciona. Montamos o formato do CD (Slipcase, pôster, encarte com as letras, fotos e informações com 20 páginas) em parceria de idéias com nossa gravadora (DarkSun Records) e que apostou em fazer assim, dando esse lindo material aos fãs que adquirem o formato físico. É claro que sabemos da importância das plataformas digitais que ajudam a atingir um grande público, com muita rapidez e temos nos adaptado bem a essa era. Muitos conheceram a banda ali, escutaram, curtiram o álbum e acabaram adquirindo o CD.”

A máquina não para e o Forkill já está trabalhando em um novo material, e Ronnie nos adianta o que podemos esperar para o futuro.

“Estamos com novas idéias, muitos riffs e até algumas músicas prontas. Temos planos de aproveitar o bom momento e lançar um EP em breve!

Aproveitando gostaria de agradecer pela a oportunidade e pelo espaço. Espero encontrar com muitos de vocês nos shows!  Apoiem as suas bandas preferidas do underground, pois isso é muito importante para elas...

See you in the Pit!”


Acesse e conheça mais sobre o Forkill:



quinta-feira, 4 de julho de 2019

Turilli/Lione's Rhapsody: Renascimento e Evolução



Precisamos de mais uma versão do Rhapsody? Essa pergunta me veio a mente quando a dupla Turilli e Lione anunciaram que estavam trabalhando em um novo álbum, fruto das boas energias reunidas com a Farewell Tour, celebrando os 20 anos do Rhapsody original.

 Essas tours nesses moldes, reunion/anniversary, são meio que caça-níqueis, mas tem o outro lado, aquele de que muitos fãs terão chande de ver alguns músicos no palco juntos novamente (Pumpkins United, por exemplo), ouvir alguns clássicos, então acho válidas, bom para o fã e para o artista, e quem não curte não vai e pronto.

Álbuns reunindo formações e ou parte delas também seguem por essa linha, então, depois da bem sucedida Farewell Tour do Rhapsody com Lione e Turilli, era quase certo um trabalho reunindo a dupla.


 Respondendo a pergunta que me fiz, eu acredito que sim, uma versão do Rhapsody com Lione e Turilli seria válida, e gostaria de ouvir algo novo vindo deles. Para mim a voz do Rhapsody não tem outra, é Lione e ponto final. O Rhapsody Of Fire lançou um trabalho novo recentemente, um álbum legal, mas nada que realmente empolgasse, longe ainda dos primeiros discos quando existia uma versão só.

Chegou a hora e a dupla, acompanhada de outros músicos que passaram por formações do Rhapsody, apresentam ao mundo "Zero Gravity (Rebirth and Evolution)", e posso afirmar, não é um álbum simplesmente para ir na carona dos bons resultados da tour, e aproveitar a curiosidade e expectativa, é um excelente álbum de Epic Symphonic Metal, e traz um ar de renovação para o estilo.

Não é só o logo que está diferente, que abandonou o estilo medieval do original - esse ficou com o Rhapsody of Fire, as influências neo-clássicas saíram um pouco de cena para dar lugar à um tom mais futurista. 


A dramaticidade, arranjos sinfônicos e incursões eruditas estão presentes, com esses novos elementos, que também incluem trechos utilizando instrumentos e sonoridades étnicas (indiana e persa, por exemplo), além de melodias que remetem ao Queen, como na ótima "I Am", que mixa o Symphonic Metal com trechos operísticos, com muita dramaticidade, tempos moderados com arranjos de piano e saxofone ao fundo.

Da mesma forma é em "Decoding the Multiverse", que também traz Lione em vocais bem dramáticos e trechos com DNA do Queen, porém com arranjos mais velozes nas partes Symphonic Metal, e  claro. melodias marcantes não faltam.

O "Cinematic" ou "Hollywood Metal", como eles gostavam de definir o seu som, pode ser usado aqui, e em faixas como a abertura "Phoenix Rising", onde temos aqueles elementos que o fã encontrava nos primeiros álbuns, ou seja, arranjos grandiosos e melodias marcantes. Simphonic Metal explosivo, dramático e com essa nova roupagem futurística e incursões de instrumentos étnicos. 


Lione está no seu habitat, e as suas linhas vocais são uma marca fortíssima na identidade do Rhapsody, e fez um trabalho excelente, com grandes interpretações, usando de muita dramaticidade e teatralidade (foram gastos 3 meses somente nas gravações das vozes, então, eles realmente trabalharam para trazer o melhor álbum possível).

Em "Zero Gravity", a faixa título, por exemplo, ele alterna vocais dramáticos e melodiosos com maestria. Turilli também está ótimo, criando grande melodias e solos, e a química da dupla é incontestável; E nesta mesma faixa, além dos arranjos com melodias orientais, há belos arranjos de teclados e trabalho majestoso de guitarras.

Os belos arranjos de piano são o destaque na balada "Amata Immortale", que traz outra característica do clássico Rhapsody, que são as canções em italiano. Com o acompanhamento de vocais femininos, Lione mostra seus dotes de cantor clássico. Também em italiano temos a grandiosa faixa final, "Arcanum (Da Vinci's Enigma)", com vocais clássicos e corais fantásticos.


E claro, além das faixas que destaquei, seguindo essa mesma linha, com muita coesão dos elementos, e  "D.N.A.", que traz Elize Ryd como convidada, e já foi apresentada como single, e provável foi já usada por ser um Symphonic Metal mais tradicional, para apresentar gradualmente essa nova fase,  "Fast Radio Burst", "Multidimensional" e "Origins" são também muito boas.

"Zero Gravity " reflete o que seu sub-título diz "Rebirth & Evolution", renascimento e evolução. Um belo de um trabalho, sonoridade renovada em uma obra de Metal sinfônico, futurístico, progressivo e operístico, carregado de dramaticidade e melodias memoráveis. Realmente, a química da dupla Turilli e Lione é um diferencial. Desse Rhapsody a cena precisava.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Turilli/Lione's Rhapsody
Álbum: "Zero Gravity (Rebirth & Evolution)" 2019
Estilo: Symphonic Metal
País: Itália
Selo: Nuclear Blast

Lançamento no Brasil via Shinigami Records

Turilli / Lione RHAPSODY online:
www.tlrhapsody.com
www.facebook.com/tlrhapsody

www.nuclearblast.de/turilli-lione-rhapsody

Line-up:
Luca Turilli | guitars, keyboards, piano
Fabio Lione | vocals
Dominique Leurquin | guitars
Patrice Guers | bass
Alex Holzwarth | drums


Tracklist:
1. Phoenix Rising 6:14
2. D.N.A. (Demon and Angel) 4:19
3. Zero Gravity 5:53
4. Fast Radio Burst 5:07
5. Decoding The Multiverse 6:19
6. Origins 2:27
7. Multidimensional 4:42
8. Amata Immortale 5:04
9. I Am 7:15
10. Arcanum (Da Vinci's Enigma) 6:25