domingo, 22 de julho de 2018

Ministry: Mais Um Capítulo da Louca Mente de Al Jourgensen



Do Pop Eletrônico ao peso do Thrash/Industrial, o Ministry de Al Jourgensen teve seus altos e baixos, pois nem sempre suas “mutações” surtiram efeito ou caíram no gosto do público. Eu fui prestar atenção na banda quando esta iniciou sua fase mais Metal, com “Psalm 69” (1992), e descobri o grupo através dos vídeos de “Just one Fix” e da insana “Jesus Built My Hot Rod”, onde Ministry também estreava o guitarrista Mike Scaccia (também do Rigor Mortis, e falecido em 2012). Aquele peso e loucura era algo que valia a pena em meio a tanta coisa, digamos, estranha que surgia nos anos 90.

Passado o tempo, o grupo seguiu entre altos e baixos, sem, em minha opinião, jamais chegar a chegar perto da revolução que foi “Psalm 69”. Jourgensen imerso em problemas com substâncias ilícitas e a perda do parceiro de longa data, Paul Barker, que deixou a banda para dedicar-se a outros projetos, até chegou a trazer o peso e agressividade de volta, mas nada de excepcional foi criado. Vez por outra, cheguei a conferir os novos trabalhos, mas nada que realmente empolgasse, inclusive o show no Rock in Rio, foi um tanto quanto chato.


“Amerikkkant”, é o mais novo trabalho de Al, e mais uma vez trata de atacar duramente a política dos EUA, além de abordar outros assuntos/problemas da sociedade norte americana, como racismo e elitismo. Com uma excelente produção do próprio Jourgensen e músicos de competência, como Roy Mayorga (bateria), Sin Quirin (Guitarra) e Burton C. Bell (vocal convidado em algumas faixas), o álbum, que também traz bastante sarcasmo, mostra-se muito interessante. Ao final, sumindo, podemos ouvir "I Want You...Get Out" (Eu quero Você...Fora Daqui).

O peso do Thrash/Industrial em passagens caóticas, pesadas e atmosféricas está bem pulverizado, e já traz a sensação de que o álbum não é mais do mesmo, como poderás perceber em destaques como a irada e metálica “We’re Tired of It”, que nos incita a uma revolução contra a opressão. Outra coisa positiva, é, se você der uma passada de olho nas letras, vai perceber um sendo de humor bem ministrado, como em “I Know Words”, onde pode ser ouvida a voz do atual presidente dos EUA falando em construir um muro.


Burton C. Bell, do Fear Factory, faz as vozes em “Wargasm”. Os efeitos eletrônicos, guitarras ultra distorcidas e batidas do industrial seguem sendo elementos constantes, e em faixas mais longas como em “Twilight Zone”, podem causar certo desinteresse aos ouvidos menos acostumados, face à dezenas de samples, além do uso de Cello e Dj Scratchs, mas o vídeo é muito legal! “Victims of a Clown”, também uma faixa mais longa, as estruturas mais atmosféricas e as camas de teclado e guitarras distorcidas, trazem uma variação mais interessante, me lembrando muito os melhores momentos da banda. Destaque para o final, onde há o sampler do discurso de Chaplin no filme “O Grande Ditador”.

A épica “Amerikkka”, a faixa títulos, tem de ser destacada, e claro, você percebeu a referência nos 3 “K’s”. Jourgensen vocifera que “isto é como os nazistas em 39, como os romanos à beira do declínio, como os russos em 68, como isto supostamente pode fazer a América grande?”, atacando o governo atual, em meio ao peso dos riffs, da bateria (sendo que temos batidas programadas e também o peso da mão de Mayorga) e samples, os mais de 8 minutos são digeridos com tranquilidade, graças às criativas variações e a liderança das guitarras.


“Amerikkkant” mantém o Ministry no jogo, se mostrando novamente uma experiência musical interessante, com seu Metal Industrial, com boas variações, transitando por passagens pesadas, sombrias, frenéticas e caóticas. Al Jourgensen mostra aqui que sua mente ainda é capaz de produzir música carregada de peso e fúria, e se seu discurso já não é tão chocante, com certeza ainda é relevante, trazendo à tona todas essas agruras e podres do cenário político e do caos social atual.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Ministry
Álbum: "Amerikkkant" 2018
País: EUA
Estilo: Thrash Metal, Industrial Metal
Produção: Al Jourgensen
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Curtiu? Adquira o álbum AQUI


Tracklist:
1. I Know Words
2. Twilight Zone
3. Victims Of A Clown
4. TV5-4 Chan
5. We’re Tired Of It
6. Wargasm
7. Antifa
8. Game Over
9. AmeriKKKa



              



             

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Entrevista - Orphaned Land: 25 Anos Quebrando Barreiras



Formada no início dos anos 90, a banda israelita Orphaned Land foi além de ser apenas mais uma banda de Metal, pois foi naturalmente criando uma identidade sonora bem própria, agregando em sua música elementos típicos de sua região. Além das barreira musicais, também quebrou obstáculos culturais, alcançando com sua música e mensagens um público fiel, independente de credos, religiões, gêneros e outros fatores.  (English Version)

A banda comemora 25 anos com o lançamento de um grande álbum, caindo logo nas graças de fãs e crítica, que esperavam um disco de inéditas há mais de 5 anos, e completando essas comemorações,  relançou em edição especial seu debut, "Sahara".  E para os fãs do Brasil, essa comemoração de 25 anos é ainda mais especial, pois todo o catálogo do grupo está sendo lançado aqui via Shinigami Records.

Conversamos com o guitarrista Chen Balbus, que nos falou um pouco mais sobre o novo álbum, "Unsung Prophets & Dead Messiahs", os 25 anos de Orphaned Land e muito mais. Confira!


Road to Metal: Para começar, eu gostaria que você falasse sobre esses 25 anos de Orphaned Land, uma banda que quebrou muitas barreiras através de sua música, alcançando audiências independentemente de crenças, religiões, idioma ou outros fatores. Eu gostaria que você falasse sobre as realizações da banda.
Chen: Eu diria que nenhuma banda que fez isso em algum lugar pensou que chegaria tão longe. Você começa a tocar a música que ama, o que faz o seu coração se sentir bem, fala sobre o que acha que é certo ... e de repente você percebe que isso tem algum efeito sobre as pessoas. Você nunca está preparado para isso!

Road to Metal: E para o futuro do Orphaned Land? O que vocês ainda gostariam de realizar com a banda?
Chen: O sonho final e clássico é continuar crescendo. Nunca realmente quero me ver em um escritório de 9 a 5m todos os dias. Além de fazer o que eu amo para sempre? Espero que nossa mensagem rompa os limites e crie algum efeito lá fora. Nós desejamos iluminar o mundo.

"Nós não temos que gostar um do outro ou acreditar em qualquer coisa que não queremos - nós só temos que viver juntos no mesmo planeta...não é tão difícil"
Road to Metal: A música, assim como o esporte, é capaz de mudar a vida das pessoas e, por exemplo, na Copa do Mundo da Rússia, vi mulheres iranianas pedindo a intervenção da Fifa para que pudessem entrar nos estádios. Você acredita que tanto o esporte quanto a música podem desempenhar um papel maior nesta questão de derrubar barreiras, um mundo com direitos iguais para todos, mais liberdade e tolerância?
Chen: Existem muitas maneiras de promover a paz. quanto mais públicas elas são - melhor usá-las para grandes causas como essas. Seja esportes, música ou qualquer tipo de ato.

Road to Metal: 25 anos de banda bem celebrados com re-lançamentos e, claro, com o excelente novo álbum. "Unsung Prophets & Dead Messiahs". Foram 5 anos antes de seu lançamento, e valeu a espera. Quais são os principais fatores de atraso para este álbum? Eu acredito que vocês não queriam dar um prazo, fluir naturalmente, entregar as melhores músicas possíveis e, talvez, também coincidir com essa comemoração de 25 anos.
Chen: Tivemos muita sorte em gravar a maior parte do material no estúdio de Idan em Israel. Ter esse tempo livre e não ir para o estúdio com um prazo tornou tudo mais fácil - Apenas tomando nosso tempo até nos sentirmos bem com o que colocamos pra fora. Você não quer ficar estressado com o quanto cada minuto vai te custar, e isso pode causar um álbum apressado.

Road to Metal: Eu também acredito que vocês ficaram satisfeitos com o resultado final de toda a produção, bem como ótimas músicas, tudo soa fantástico, e certamente compor um álbum do Orphaned Land é complexo e requer uma produção muito bem cuidada.
Chen: Obrigado! Estamos muito felizes com o resultado final. Valeu a pena a espera e os comentários, as reações dos fãs apenas nos provaram que estávamos certos em fazer tudo a nosso tempo, em vez de apenas ter outro álbum com o qual não estaríamos satisfeitos e não se destacaria como os anteriores. Nós sempre queremos superar o trabalho anterior.

Road to Metal: Você têm um conceito central no álbum? Poderia nos falar a respeito, e as inspirações para compor toda a obra? Percebi que vocês usaram a alegoria da Caverna de Platão como inspiração também.
Chen: Sim, nós temos! Há muitos Profetas Desconhecidos e Messias Mortos ao longo da história que foram silenciados ou opostos pelo governo, aqueles que tiveram seus ideais e tentaram revolucionar o mundo, como Victor Jara, Martin Luther King e muitos outros. Toda vez que um cara quer trazer uma solução real, ele é assassinado com a ideia dele.

"O pensamento de ser como todas as outras bandas de metal era ... muito chato e não original. Assim nasceu a ideia de combinar o que é natural para nós."
RtM: Falando um pouco sobre as músicas, a abertura com "The Cave", que se refere a, traz em suas letras a frase que deu o nome ao álbum, aparecendo no final "Esses profetas e messias mortos cairão" junto com outro grande frase "Nós escolhemos viver nesta caverna escura, longe, longe da luz." Eu gostaria que você falasse um pouco mais sobre essa música.
Chen: Essa música é a minha favorita do álbum desde o meu gosto - resume o álbum inteiro. Musicalmente e liricamente. Também foi a primeira música que foi escolhida para este álbum (começou como uma música de 3.45 minutos e terminou às 8:30. Essa música tem todos os elementos do álbum.

RtM: "Chains Fall to Gravity" é outra música muito forte no álbum, trazendo Steve Hackett como convidado, eu gostaria que você falasse sobre a participação dele, e claro, sobre as letras, que tem uma passagem que gostei muito: "Quando Nasce um messias, é como o florescimento de uma flor que se ergue no submundo, águas de esperança, caindo em terra órfã ".
Chen: Steve queria ter Kobi em seu álbum solo e perguntou a Kobi se ele queria ser pago ou ter ele fazendo um solo como convidado em o nosso álbum. A resposta foi óbvia! Esta faixa, com cerca de 9 minutos de duração e muito prog - era a faixa que se encaixaria perfeitamente no estilo de Steve Hackett. Essa música se refere ao herói, o messias, o profeta que saiu de suas correntes e trocou a vida que conhecia na caverna pelo mundo exterior.

RtM: Outro destaque é "Like Orpheus", música que já merece status clássico na discografia da banda. Também traz outro convidado, Hansi Kursch, outro elemento que ajudou a tornar essa música muito especial. Então, antes de falarmos mais sobre as letras, eu gostaria que você falasse sobre a participação de Hansi e como surgiu a ideia de tê-lo nessa música?
Chen: Nós somos bons amigos há um longo tempo com o guitarrista do Blind Guardian, o Sr. Marcus Siepen, o que nos levou a fazer uma turnê juntos. Nós nos divertimos muito juntos em turnê, e todos eles são os caras mais incríveis da terra. Durante esse tempo, estávamos compondo  "Unsung Prophets & Dead Messiahs", e sabíamos que a faixa "Like Orpheus" é feita exatamente para Hansi. Felizmente ele concordou e fez isso com prazer.

RtM: O vídeo da música também é incrível, e eu até me lembrei disso quando vi o episódio sobre as mulheres iranianas na Rússia, pedindo o direito de ir aos jogos. Eu gostaria que você nos contasse mais sobre essa música e suas mensagens.
Chen: Obrigado, em primeiro lugar! A ideia por trás dessa música é obviamente sobre a iluminação interior - onde as pessoas não percebem além do que já sabem. No contexto da história, é onde o herói está fora da caverna e compreende que há um mundo totalmente novo do lado de fora do qual ele nunca soube, já que estava preso na escuridão da caverna. Assim como aquele menino judeu e a menina muçulmana - eles não sabem que ambos estão nas mesmas coisas, eles estão em sua própria caverna, longe da luz.

"Toda vez que um cara quer trazer uma solução real, ele é assassinado com a ideia dele."
RtM: "Only The Dead Have Seen the End of War" é, sem dúvida, outro ponto alto e parte importante do álbum, trazendo a participação de Tomas Lindberg. Eu gostaria que você nos contasse mais sobre essa música e sobre a participação de Tomas.
Chen: Nosso herói na história é condenado à morte pelo povo da caverna. Enquanto o herói tem notícias sobre o mundo fora da caverna e tenta esclarecer seus amigos - eles se recusam a acreditar nele e começam a chamá-lo de lunático - acabando por matá-lo. Eles estão bem com sua vida na caverna. Tomas Lindberg ajustou-se perfeitamente ao papel da multidão lunática com seus grunhidos e gritos assustadores e loucos.

RtM: Voltando às comemorações dos 25 anos, seu primeiro disco, "Sahara", recebeu um relançamento especial, e assim, como toda a discografia da banda, estão sendo lançados aqui no Brasil finalmente. Antes só tínhamos acesso às cópias importadas. Você poderia nos contar um pouco sobre esse relançamento? Nos fale um pouco sobre ele qual sua músicas favoritas do álbum?
Chen: Cada um desses álbuns faz parte da história da Orphaned Land e é responsável por moldar a banda ao longo dos anos. À medida que crescemos como banda, as pessoas geralmente ficam sabendo dos álbuns mais recentes e gostaríamos que eles conhecessem cada período do Orphaned.
Minha favorita do 'Sahara' eu escolheria - Ornaments of Gold, que nós tocamos um fragmento dela durante cada set ao vivo como a última música. Ela mantém esse espírito Orphaned Land ao meu gosto.

RtM: Um elemento que marca muito a personalidade da banda é essa mistura de Metal com ritmos típicos do seu país, além de vocês também usarem diferentes idiomas em vários momentos. Eu gostaria que você falasse sobre como vocês foram pensando e forjando essa personalidade musical da banda.
Chen: É algo que foi acontecendo muito naturalmente. O Orphaned começou como uma banda de metal querendo tocar metal, mas o pensamento de ser como todas as outras bandas de metal era ... muito chato e não original. Assim nasceu a ideia de combinar o que é natural para nós - e isso acontece naturalmente, pois bandas escandinavas falam sobre vikings e usam seus instrumentos folclóricos, digamos.


RtM: Há alguns anos, a banda participou do documentário Global Metal, gostaria que você nos contasse um pouco sobre as mudanças que você notou no Oriente Médio desde então, com relação a certas restrições e imposições culturais.
Chen: Eu não diria que muita coisa mudou desde então, já que temos os mesmos conflitos de novo e de novo. Eu realmente acredito que Israel está tentando fazer o seu melhor para o mundo e para nós mesmos. É um dos únicos países (senão o único) que permitiu e abraçou as pessoas homossexuais sem matá-las, e praticamente permitem que você fale o que pensa, independentemente de onde você é. Os árabes que escolhem viver aqui às vezes vivem melhor em Israel do que em seus próprios países.

RtM: E também seria interessante ouvirmos sua opinião sobre os conflitos no Oriente Médio.
Chen: Enquanto os termos 'Terra' e 'Fronteiras' ainda existirem - a guerra provavelmente continuará. As pessoas se recusam a entender que nada disso importa. Nós não temos que gostar um do outro ou acreditar em qualquer coisa que não queremos - nós só temos que viver juntos no mesmo planeta. não é tão difícil. Todo mundo quer implicar suas regras sobre o outro e é isso que cria a guerra.

RtM: Muito obrigado pela entrevista, eu tenho planejado fazer isso por um tempo, e é ótimo ter feito uma ocasião tão especial para a banda. Espero que você volte ao Brasil e à América do Sul em breve. Fica o espaço para sua mensagem final para os fãs daqui.
Chen: Sejam pessoas boas, respeitem um ao outro.

Entrevista: Carlos Garcia

Adquira Orphaned Land via Shinigami Records



Orphaned Land:
Kobi Farhi: Vocals
Uri Zelha: Bass
Chen Balbus: Guitars & Saz
Idan Amsalem: Guitars & Bouzouki
Matan Shmuely: Drums & Percussion

Discografia: 

Sahara (1994)
El Norra Alila (1996)
Mabool (2004)
The Never Ending Way of OrWarrior (2010)
All is One (2013)
Unsung Prophets & Dead Messiahs (2018)





       


     

Interview - Orphaned Land: 25 Years Breaking Down Barriers



Formed in the early 1990's, the Israeli band Orphaned Land was not only another metal band, as they was naturally creating a sound identity of their own, adding elements typical of their region. Besides the musical barrier, they also broke cultural obstacles, reaching with their music and messages a faithful audience, independent of creeds, religions, genres and other factors.  (Confira Versão em Português)

The band celebrates 25 years with the release of a great new album, soon falling in the graces of fans and critics, who waited for a record of unpublished ones more than 5 years. And completing these celebrations, re-released in special edition their debut, "Sahara". And for fans of Brazil, this 25-year celebration is even more special, as the entire catalog of the group is being released here via Shinigami Records.

We talked with guitarist Chen Balbus, who told us a bit more about the new album, "Unsung Prophets & Dead Messiahs", the 25th anniversary of Orphaned Land and more. Check out!


Road to Metal: To begin with, I would like you to talk about these 25 years of Orphaned Land, a band that broke many barriers through their music, reaching audiences regardless of beliefs, religions, language or other factors. I would like you to talk about the band's achievements and if you imagined, at the beginning, that your music would reach so many people around the world. 
Chen: I would say that no band that made it somewhere ever thought that they’d get this far.  You just start off playing the music you love and do what makes your heart feel good, speak about what you think is right..and suddenly you realize it does have some effect on people. you’re never prepared for that.

RtM: And for the future of Orphaned Land? What would you still like to accomplish with the band?
Chen: The ultimate and classic dream is to keep growing. Never actually want to see myself in an office from 9 to 5 everyday. Besides doing what I love forever? I hope that our message will break the boundaries and create some effect out there. We wish to enlighten the world.

"We don’t have to like one another or to believe anything we don’t want to - we just have to live together on the same planet. it’s not that hard."
RtM: Music, as sports, is capable of changing people's lives, and, for example, in the Russian World Cup, I saw Iranian women asking for FIFA to intervene so they could enter the stadiums. Do you believe that both, sports and music, can play a greater role in this issue of breaking down barriers, a world with equal rights for all, more freedom and tolerance?
Chen: There are many ways to promote peace. the more public they are - the better to use them for great causes like these. Whether sports, music, or any kind of act.

RtM: 25 years of band well celebrated with re-releases and, of course, with the excellent new album. "Unsung Prophets & Dead Messiahs". It was 5 years before its release, and it was worth the wait. What are the main factors of delay for this album? I believe that you did not want to give a deadline, to flow naturally, delivering the best songs possible, and, maybe, also to coincide with this 25-year celebration.
Chen: We were very fortunate this time to record most of the stuff at Idan’s studio in Israel. Having that free time and not going to the studio with a deadline made it all easier - Just taking our time till we feel good with what we put out there. You don’t want to be stressed about how much every minute will cost you and that can cause a rushed album.

RtM: I also believe that you are satisfied with the final result of the whole production, as well as great songs, everything sounds fantastic, and surely composing an Orphaned Land album is complex and requires a very well-kept production.
Chen: Thanks! we’re very happy with the final outcome. It was worth the wait and the reviews, the fan reactions just proved us that we were right to take our time. Rather than just having another album that we’re not happy with and does not stand out as previous ones. We always want to top previous work.


RtM: I would like you to tell us if have a main concept on the album, and the main inspirations to compose the entire work? I saw that you use Plato's allegory of the cave as an inspiration too.
Chen: Yes, we have! There are many Unsung Prophets & Dead Messiahs throughout the history that were silenced or opposed by the government, those are the ones who had their ideals and tried to revolutionize the world, such as Victor Jara, Martin Luther King and many more. Every time some guy wants to bring an actual solution - he’s murdered with his idea.

RtM: Speaking a little about the songs, the opening with "The Cave", which refers to, brings in its lyrics the phrase that gave the album its name, appearing at the end "Those unsung prophets and dead messiahs will fall" along with another great phrase "We choose to live in this darkened cave, far, far away from the light." I would then like you to talk a little more about this song, and those specific phrases, which tell me a lot about the album title.
Chen: This song is my personal favorite out of the album since in my taste - it sums up the whole album. Musically and lyrically. As well it was the first song that was chosen for this album (started as a 3.45 minute song and ended up 8:30. This song has all of the elements of the album.

RtM: "Chains Fall to Gravity" is another very strong song on the album, bringing Steve Hackett as a guest, I would like you to talk about his participation, and of course, about the lyrics, which has a passage that I really like: "When a messiah is born, it's like blooming of a flower rising in the netherworld, waters of hope, falling on an orphaned land."
Chen: Steve wanted to have Kobi on his solo album and asked Kobi whether he wanted to get paid or to have a guest solo for our album. The answer was obvious!! This track, being about 9 minutes long and very prog - it was the track that would fit Steve Hacketts style perfectly. This song refers to the hero, the messiah, the prophet that got out of his chains and leaving the life he knew at the cave for the world outside.

RtM: Another highlight is "Like Orpheus", music that already deserves classic status in the discography of the band. It also brings another guest, Hansi Kursch, another element that helped make this song very special. So, before we talk more about the lyrics, I'd like you to talk about Hansi's participation and how did the idea come to have him in this song?
Chen: We were good friends for a long while with Blind Guardian’s guitar player, Mr. Marcus Siepen, which lead eventually to us touring together. We’ve had so much fun together on tour as all of them are awesome down to earth guys. During that time we were composing UPADM and we knew that the track ‘Like Orpheus’ is pretty much made exactly for Hansi. Luckily he agreed and did it with pleasure.

"The band started just as a metal band wanting to play metal music, but then the thought of being like every other metal band was...pretty boring and not original."
RtM: The song’s video is also incredible, and I even remembered it when I saw the episode about Iranian women in Russia, calling for the right to go to the games. I would like you to tell us more about this song and its messages.
Chen: Thank you, first of all! The idea behind this song is obviously about inner enlightenment - where people don’t realize beyond what they already know. In the story context it’s where the hero is out of the cave and understanding that there’s a whole new world outside he never knew about, since he was trapped in the darkness of the cave. Just like those Jewish boy and Muslim girl - they don’t know that they are both into the same things, they are in their own cave, far away from the light.

RtM: "Only The Dead Have Seen the End of War" is undoubtedly another high point and important part of the album, bringing the participation of Tomas Lindberg. I would like you to also tell us more about this song and about Tomas' participation.
Chen: Our hero in story is sentenced to death by the people of the cave. While the hero has news news about the world outside the cave and tries to enlighten his friends - they refuse to believe him and call him a lunatic - thus eventually killing him. They are ok with their life in the cave. Tomas Lindberg fitted perfectly for the role of the lunatic crowd with his crazy scary growls and shouts.

RtM: Returning to the celebrations of 25 years, your first album, "Sahara", received a special relaunch, and it, as all the discography of the band, are being launched here in Brazil finally. Before we only had access to the imported copies. Could you tell us a bit about Sahara's relaunch and, maybe difficult question, what is your favorite song on it?
Chen: Each of those albums are part of Orphaned Land history and responsible for shaping OL through the years. As we are growing bigger as a band - people usually get to know that latest albums and we’d like them to know each period of the band.
Out of ‘Sahara’ I would pick - Ornaments of Gold which we play a fragment of it during every live set as the final song for the set. It holds that OL spirit in my taste.

RtM: An element that marks much the personality of the band, is this mixture of Metal with typical rhythms of your country, besides you also use to sing using different languages at various times. I would then like you to talk about how you were thinking and forging that musical personality of the band.
Chen: That something that just happened very naturally. The band started just as a metal band wanting to play metal music, but then the thought of being like every other metal band was...pretty boring and not original. Thus the idea to combine what is natural for us was born - and it just happens naturally as Scandinavian bands would talk about Vikings and use their folk instruments, lets say.

 "Every time some guy wants to bring an actual solution - he’s murdered with his idea."
RtM: A few years ago, the band participated in the "Global Metal" Documentary, I would like you to tell us a little about what changes you have noticed in the Middle East since then, regarding certain cultural restrictions and impositions.
Chen: I wouldn’t say much has changed since then, since we have the same conflicts again and again. I truly believe that Israel is trying to be at its best for the world and for ourselves. It’s one of the only countries (if not the only) that will allow and embrace Homosexual people without killing them or pretty much allow you to speak your mind regardless where you are from. Arabic people who choose to live here sometimes live better in Israel than in their own countries.

RtM: And it would also be interesting to pass on your view about the conflicts in the Middle East.
Chen: As long as the term ‘land’ & ‘Borders’ still exists - war will probably continue. People refuse to understand that none of that matters. We don’t have to like one another or to believe anything we don’t want to - we just have to live together on the same planet. it’s not that hard. Everyone wants to imply their rules upon the other and that’s what creates war.

RtM: Chen, thank you very much for the interview, I've been planning to do it for a while, and it's great to have done such a special occasion for the band. I hope you will return to Brazil and South America soon. Make room for your final message to the fans from here.
Chen: Be good people, respect one another.

Interview by: Carlos Garcia

Official Site

Orphaned Land are:
Kobi Farhi: Vocals
Uri Zelha: Bass
Chen Balbus: Guitars & Saz
Idan Amsalem: Guitars & Bouzouki
Matan Shmuely: Drums & Percussion

Discography:
Sahara (1994)
El Norra Alila (1996)
Mabool (2004)
The Never Ending Way of OrWarrior (2010)
All is One (2013)
Unsung Prophets & Dead Messiahs (2018)


     


     

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Tales From The Porn – Trazendo de Volta Uma Era


Ciência, tecnologia, política, guerras e golpes arquivaram os anos 80 como a década perdida pelos latinos americanos, e sobressair-se desse terremoto tépido era uma batalha. Diante de todos esses lances, a música era o remédio para reverter as angústias e o Hard Rock erigiu sucessos que atacaram todo tipo de males sociais. Sob essa aura oitentista, o Tales From The Porn nos brinda com “H.M.M.V” (abreviação de "Heavy Metal Minha Vida").

Logo distinguimos que o ‘debut’ disco embarca num universo de recordações de uma época. Nas mais legitimas palavras, a sonorização dedilha um Hard Rock integralmente classudo, que submete a características abundantemente históricas, naqueles temas tradicionais do estilo, como garotas, carros, festas.

A produção alcança níveis fervorosos, opondo balanços homogêneos e conservadores, onde Henrique Baboom, do Toque Final Mix & Master Studios, apostou numa musicalidade atual, mas que também remete aos tempos áureos do Hard, regulando timbres certeiros numa mixagem/masterização de qualidade. A arte calibra proporções cínicas, traçando nuances foscas e dourada em explicita atitudes.


Menções para nomear a cadência da banda são imensas, buscando a fonte 80's de grupos como Dokken, Ratt, L.A Guns, Cinderella, Motley Crüe e entre outros. E os princípios abraçados pelo Tales mantém a chama queimando, zelando todo o peso e intensidade da ousadia do verdadeiro Hard anos 80. E tudo fica ainda mais brilhante com a presença de Stevie Rachelle (Tüff e editor-chefe do portal Metal Sludge) nos vocais, junto aos músicos brasileiros, entre eles os conhecidos Bento Mello, Igor Godoi (integrantes do Sioux 66) e Ed Avian (Supla).

Já que “H.M.M.V” saúda o cintilo Hard Rock, “Back to the 80’s” mostra-se um belo ponta pé inicial, evidenciando riffs pesados e vocais característicos de Rachelle,  aqueles rasgados típicos. Efusivas guias de guitarra e refrãos pulsantes aparecem em “Runaway Lovers”, para em seguida entrar em cena a  quente “Hot Girls Fast Cars”. Bases rítmicas vigorosas surgem a todo vapor na cançãos de mesmo nome da banda,  “Tales From The Porn”, senhora de um refrão grudento e memorável (Hey Motherfucker, You Motherfucker, We Motherfucker), e chegamos a metade do disco com a envolvente “Perfect Love”.


A festa continua em “Girls Wanna Party (In Augusta Street)”, que aborda as belas garotas na delirante Rua Augusta (SP), seguida da blues “Let It Shake”. A conhecida “Danger Zone”, composta, originalmente, por Kenny Loggins, fez parte da trilha sonora do filme “Top Gun – Ases Indomáveis”, que tem o Tom Cruise como um dos atores principais. E a releitura ficou uma pancada, bem a cara da banda, sem soar mera cover. E encerrando com louvor, mais um Hardão, “Scary Movie”.

Se a banda surgisse nos meados anos 80, com certeza o álbum ia contagiar os charts e rádios daquela época, e é por essa pegada contagiante,  que entrou facilmente na minha lista de melhores discos lançados em 2017.

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Tales From The Porn
Álbum: H.M.M.V
Ano: 2017
Estilo: Hard Rock
Gravadora: Animal Records (Nac.)

Formação
Stevie Rachelle (Vocal)
Andy Sun (Guitarra)
Bruno Marx (Guitarra)
Bento Mello (Baixo)
Igor Godoi (teclado / backing vocal)
Ed Avian (Bateria)

Track-List
1.    Back to the 80’s
2.    Runaway Lovers
3.    Hot Girls Fast Cars
4.    Tales From The Porn
5.    Perfect Love
6.    Girls Wanna Party (In Augusta Street)
7.    Let It Shake
8.    Danger Zone
9.    Scary Movie

Contatos

    

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Deep Purple: Mais Dois Concertos Clássicos Disponíveis no Brasil

 



Direcionado aos fãs de uma das maiores e mais importantes bandas do Heavy Rock e Classic Rock, a "The Official Deep Purple (Overseas) Live Series” traz uma série de lançamentos, trazendo em áudios recuperados e remasterizados materiais raros de concertos do Deep Purple em várias épocas, disponibilizando ao ouvinte performances de grandes momentos dos ingleses, e em fases diferentes nos anos 70.

Mais dois novos lançamentos dessa série foram disponibilizados no Brasil via parceria ear Music, atual distribuidora dos álbuns do grupo no exterior, com o selo brasileiro Shinigami Records, que já colocou no mercado nacional outros lançamentos dessa série, o DVD do "California Jam 74" e o o CD duplo "Live Long Beach 76". O selo também lançou no Brasil mais recente trabalho da banda, “InFinite” (2017), além de outros DVDs mais recentes, como o do show no Wacken.


O primeiro desses novos títulos da série é “LIVE IN LONG BEACH 1971”, com a MK II (Blackmore, Lord, Paice, Gillan, Glover), e que contém 4 faixas, “Speed King”, “Strange Kind of Woman”, “Child in Time” e “Mandrake Root”. O show, na Long Beach Arena, aconteceu em 30 de julho de 1971, e foi transmitido via rádio. Como era praxe do grupo, as músicas ganhavam versões com duração bem maiores ao vivo, contendo muitas improvisações, solos e trechos de outras canções, como em “Speed King”, onde a banda emenda trechos de  “Good Golly Miss Molly”, “Lucille” e outros Rocks clássicos. 

E em “Strange Kind of Woman”, o atrativo fica por conta do “duelo” de Ian Gillan e Ritchie Blackmore, que acabou se tornando tradicional nessa canção, onde o vocalista fica imitando as notas de guitarra e vice-versa. E o que falar dos vocais em "Child in Time", feliz de quem pode ver ao vivo, gora temos de nos contentar com os álbuns, pois jamais alguém conseguirá ter uma performance a altura de Gilan nesta canção, e o "Silver Voice" já não tem mais garganta para reproduzir as performances de outrora neste clássico.


O segundo é “GRAZ 1975”, trazendo já a MK III (Blackmore, Coverdale, Hughes, Lord e Paice), com o show realizado na Áustria, . Um momento bem marcante, pois depois desse concerto, o Deep Purple tocou somente mais dois shows com essa formação, com Ritchie Blackmore deixando o grupo para então se dedicar ao  Rainbow. Tivemos a partir daí um período de incertezas, mas com a banda prosseguindo com Tommy Bolin nas guitarras, e iniciando a curta era da MK IV.  


Durante esse concerto em Graz, já eram visíveis as desavenças na banda, principalmente com relação a Blackmore, que era visto distante dos demais membros. Embora houvesse já esse clima pesado, o show foi elétrico e é tido como um tesouro para os apreciadores do Purple. Até então, o concerto gravado pela equipe da banda no estúdio móvel dos Rolling Stones, não havia sido disponibilizado na integra, e agora chega as prateleiras em edição dupla e com áudios remasterizados. São 8 músicas, incluindo clássicos dos 2 álbuns daquela formação, como as faixas títulos “Burn” e “Stormbringer”.


Os lançamentos dessa série resgatam, com qualidade sonora excelente, grandes performances do Deep Purple em uma época dourada e com uma banda "selvagem" em palco. Títulos dessa série já circularam com lançamentos anteriores ou bootlegs, mas jamais com essa qualidade e também completos. Jóias imperdíveis para os apreciadores de uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos.

Texto: Carlos Garcia

Lançamento: ear Music/Shinigami Records
Fotos: Divulgação


Tracklist "Live in Long Beach 1971"
1. Speed King
2. Strange Kind of Woman
3. Child in Time
4. Mandrake Root

Tracklist "Graz 1975"
1. Burn

2. Stormbringer
3. The Gypsy
4. Lady Double Dealer
5. Mistreated
6. Smoke On The Water
7. You Fool No One
8. Space Truckin‘