A última semana de outubro foi repleta de shows internacionais
pela capital paulista – Machine Head, Primal Fear e Marduk estremeceu a cidade
com ótimos shows, e não foi diferente neste começo de novembro. Quem
preferiu ficar por aqui do que viajar no feriado prolongado, pode curtir desde
o Rock Alternativo do Maneskin, Metal extremo do Vader e o Power/Prog Metal do
Angra. Ambos os shows aconteceram no dia 3 de novembro (sexta feira).
Este que vos escreve foi prestigiar o show da
banda brasileira, que no mesmo dia lançou o seu décimo álbum de estúdio, “Cycles
Of Pain”. Muitos só conseguiram chegar no Tokio Marine Hall (local do show) entre o final
do show do Luiz Toffoli e o começo do Allen Key devido ao temporal que surgiu
no final da tarde. Infelizmente, não foi possível pegar toda apresentação do
guitarrista curitibano por conta do caos que atingiu a cidade.
Após quinze minutos de atraso, os paulistas do Allen Key
subiu ao palco, às 21hrs. Fundada em 2018 e revelada durante o tempo da
pandemia, a banda vem conquistando cada vez mais seu espaço graças a
oportunidade de abrir shows de nomes consagrados do Metal nacional e
internacional. Só no ano passado, o sexteto abriu para Tarja Turunen, Shaman e,
inclusive, o Angra. Eles, mais uma vez, causaram uma excelente impressão.
Seguros e compenetrados, Pedro Fornari e Victor Anselmo
(guitarras), Willian Moura (baixo) e Felipe Bonomo (bateria) entregaram o
melhor de si com extrema eficiência. Os riffs e melodias emanados foi
sentido no bom som da casa e do inflamado público, que não parava de crescer durante
o show. Mas quem roubou mesmo os holofotes foi a belíssima Karina Menasce. Dona
de um talento vocal invejável, que vai do melódico até o mais agressivo, a
cantora deu um show de carisma, empatia e presença de palco. Não à toa que ela
vem sendo uma das melhores vocalistas de Rock e Heavy Metal do país na
atualidade.
O reportório contou com músicas do até então único álbum, “The
Last Rhino” (2021). “Straw House” e a melódica “Illusionism” foram os destaques
de início antes de anunciarem “Sleepless”, que foi tocada com exclusividade na noite.
Com muita influência do Within Temptation, a música foi muito bem recepcionada,
deixando todos ansiosos para ouvir a versão gravada em estúdio, que será
lançada em breve.
A emotiva “Goodbye” teve problemas técnicos no teclado da
Karina. Sem perda de tempo, a vocalista deu andamento cantando a capela sob muitos aplausos, ideia para lá de genial para poder contornar a inesperada
falha.
O show prosseguiu com a visceral (e também nova) “Apathy” “Judas”, que originalmente é cantada pela cantora pop Lady
Gaga, ganhou uma versão brutal feita pela banda. Karina até brincou, antes de executa-la, que os metaleiros barbudos (e
tinham muitos) que não gostam de pop iriam gostar bastante da versão feita pela
banda. Dito e feito!
O encerramento veio com as pesadas “Mr. Whiny” e a faixa
título que dá nome a primeiro disco, com direito a balões gigantes rodeando a pista e um turbilhão
de papeis picados. O fim também mostrou o jeito Roberto Carlos de ser da Karina,
que distribuiu rosas brancas para os que estavam colados na grade.
O ponto negativo da noite foram os atrasos, motivo
explicado logo acima. O Angra levou um pouquinho mais de tempo, cerca de meia
hora para subir ao palco. Os fãs, soberbamente presentes, pouco ligou para a demora, afinal era dia de celebrar mais um grande momento da carreira de uma
das grandes instituições no Heavy Metal Brasileiro.
Rafael Bittencourt (guitarra), Felipe Andreoli
(baixo), Marcelo Barbosa (guitarra), Bruno Valverde (bateria) e o ‘mago’ Fabio
Lione (vocal),que desde que assumiu o microfone da banda vem ganhando cada
vez mais protagonismo pelo seu talento, estão no auge não só como músicos, mas
também como pessoas cada vez mais amadurecidas e se dando bem com um com o
outro. Antes de emplacar as músicas do “Cycles Of Pain”, o quinteto trouxe
o passado e o presente com “Nothing To Say” e “Final Light”.
Afortunado pelo bom som e produção de palco, Felipe Andreoli, que nos últimos anos consolidou ainda mais
seu nome no hall de melhores baixista da atualidade, introduziu as melodias
iniciais de “Tide Of Changes” para os que estavam ansiosos para ouvi-la ao
vivo, sendo um dos momentos mais celebrados da noite ao ver todos cantando o
refrão junto com o Lione.
Coincidentemente, no mesmo dia do show e do lançamento do
novo álbum, a banda estava comemorando os trinta anos de lançamento do primeiro
álbum, “Angels Cry” (1993). O guitarrista Rafael Bittencourt, que estava
presente naquela fase, relembrou do frio da barriga que sentiu na época e que ainda
sente quando lança um novo trabalho. E o show não poderia seguir de outra
maneira a não ser com a faixa que dá nome a este clássico.
Tirando a já citada “Tide Of Changes” e “Ride Into The
Storm”, executada mais para o final, faltou um pouquinho
mais de agitação por parte do púbico nas músicas do novo trabalho, que ao todo
foram seis: “Vida Seca” (com o Rafael cantando a parte do Lenine), “Here In The Now” e “Dead Man on Display” foram escolhidas para estarem no set. Talvez, por conta de ter sido recém lançado, alguns fãs ainda não tiveram
o tempo necessário de ouvir para estar bem familiarizado com as músicas. Mas, o
mais importante, é que todos tiveram uma boa impressão delas ao vivo.
O set também contou com músicas de todos os álbuns, exceto
do “Aqua” (2010). Na metade do show, o quinteto aproveitou para revisitar um
pouco a fase anterior com “Ego Painted Grey”, do “Aurora Consurgens” (2006),
“Wainting Silence” e “Morning Star”, ambos do aclamado “Temple Of Shadows”
(2004), que ano que vem completara vinte anos. No meio dessa trinca, teve
“Rebirth”, que contou com a participação da Vanessa Moreno, que cantou
maravilhosamente bem este que é um dos grandes clássicos da segunda fase do
Angra. A cantora, que foi bastante ovacionada, não deixou de cantar a música na
qual faz participação do novo álbum, “Here In The Now”, fazendo a primeira voz
igual ao do bônus track disponível exclusivamente para o mercado brasileiro.
Enquanto Felipe, Marcelo, Bruno e o Lione tiravam um rápido
descanso, Rafael ficou no palco, sentado num banquinho com um violão para fazer um rápido tributo ao saudoso Andre
Matos com “Lullaby For Lucifer” e "Gentle Change", que contou com o apoio do mago. A recepção que o guitarrista recebeu durante
esse momento foi algo absurdo, chegando até a receber elogios inusitados que
deve ser censurado para menores de 18 anos. Brincadeiras à parte, ele merece
todo carinho e respeito, pois se o Angra é o que é hoje é por causa dele.
“Silence And Distance” e “OMNI – Silence Inside”, do álbum
antecessor, foram as surpresas antes do encerrar a noite. Quem
esteve presente na gravação do DVD “OMNI Live”, assim como eu, deve ter
relembrado da catástrofe que aconteceu quando tocaram na época. Rafael, dessa
vez, a introduziu na guitarra ao invés no violão. Por que será, hein? (N.T.: na
época, inesperadamente, o violão do Rafael foi destroçado após ter sofrido uma
queda enquanto a executava).
De praxe, "Bleeding Heart", “Carry On” e “Nova Era” encadeou mais um show na capital paulista, onde a banda se sente
mais à vontade de tocar. O esforço por ter
enfrentado os obstáculos, causados pela rígida chuva, foi recompensado com mais um grande show que ficara marcado na memória dos fãs e na história da banda.
Texto:
Gabriel
Arruda (@gabrielarruda07)
Fotos:
André
Tedim (@andretedimphotography)
Realização:
Top
Link Music (@toplinkmusic)
Luiz
Toffoli
Human
I’m Alive
Both Worlds
The Place I Want to Be (Wish You)
As I Am (Dream Theater cover)
Frenetic Freak
Allen
Key
Granted
Straw House
Illusionism
Sleepless
Goodbye
Apathy
Judas (Lady Gaga cover)
Mr. Whiny
The Last Rhino
Angra
Nothing To Say
Final Light
Tides Of Changes Part I e II
Angels Cry
Vida Seca
Ego Painted Grey
Waiting Silence
Rebirth (feat. Vanessa Moreno)
Here In The Now (feat. Vanessa Moreno)
Morning Star
Ride Into The Storm
Lullaby for Lucifer
Gentle Change
Cycles Of Pain
OMNI – Silence Inside
Silent and Distance
Bleeding Heart
Dead Man on Display
Carry On / Nova Era