quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Tarja: "The Shadow Self", Solidez e Bom Gosto



Após a muito boa preparação para seu lançamento principal em 2016, com o álbum “The Brightest Void”, Tarja Turunen apresentou aos fãs o esperado “The Shadow Self”, e a produção impecável já mostrada no referido “aperitivo”, como era esperado, também impera neste álbum principal. Sobre o título, Tarja explica que a inspiração veio de uma entrevista que viu de Annie Lennox (Eurythmics), onde ela fala que todos temos um lado negro, e provavelmente apreciamos que ele exista, e os artistas gostam que esse lado se manifeste e buscam bastante inspiração nele.

Não obstante algumas das músicas presentes em “The Shadow Self” já figurarem em versões um pouco diferentes em “The Brightest Void”, inclusive até abrindo um  precedente de avaliarmos se não teria funcionado melhor ter apenas um lançamento, com uma duração um pouco maior e deixando-o ainda mais consistente? Pois considerando que temos duas canções que aparecem nos dois álbuns, em versões levemente diferentes,  mais 3 versões ou covers (sendo uma, “Supremacy”, que considero o ponto mais fraco dos lançamentos), que poderiam ser distribuídas como bônus em algumas versões do álbum.

Porém, analisando do ponto de vista comercial, e dos fãs, é muito mais legal e interessante, para os dois lados, ao invés de um single, ou ter que procurar várias versões para ter acesso a algumas faixas bônus diferentes, ter dois álbuns com material de qualidade.


Podemos notar em ambos os lançamentos, que o direcionamento está mais contido em termos de experimentalismos, tendo canções mais vibrantes, melodias mais fáceis e mais marcantes, inclusive com músicas lembram o Metal Sinfônico da sua época com o Nightwish, como a “Undertaker”, por exemplo, mas o certo é que vejo que foi encontrado um ponto de equilíbrio bem interessante, e as novas composições são direcionadas para que funcionem e encaixem muito melhor nas áreas em que a cantora se sai melhor, em um  Melodic Metal moderno, com algum acento pop, temperado a elementos sinfônicos e clássicos, além de algumas surpresas aqui e acolá, mas sem experimentalismo exagerado, consolidando o estilo do trabalho solo, ou da banda Tarja, já que são muitos colaboradores envolvidos.

Temos então 12 faixas (contando com a faixa escondida “Hit Song”), quase que em sua totalidade apresentando um Melodic/Symphonic Metal de bom gosto, com muitas melodias de fácil assimilação, andamentos cativantes e momentos criativos. “Innocence” abre com uma introdução virtuosa ao piano, dando um ar de dramaticidade, para em seguida transformar-se em um agradável e cativante faixa de Melodic/Symphonic Metal, onde Tarja alterna linhas mais melodiosas com os vocais de soprano. Uma intervenção um pouco longa de piano ao meio da música quebra um pouco o ritmo, provavelmente um interlúdio com a intenção de dar novamente um ar dramático, mas não chega a ser algo que comprometa a música, e depois de algumas audições, acabei acostumando.


“Demons in You” é uma faixa bem interessante, apesar do começo com uma linha de guitarra funkeada, depois ganha bastante peso nas guitarras, e Tarja ganha companhia de Alissa White-Gluz, que colabora com seus vocais guturais, tendo um contraponto interessante com o refrão melodioso; “No Bitter End” já é conhecida, inclusive pelo vídeo clipe, e aqui aparece em versão levemente mais Hard, talhada perfeitamente para grudar na mente de imediato com suas melodias fáceis e agradáveis.

“Love to Hate”, também é outra que traz essas doses do lado mais clássico e sinfônico com um acento pop, destacando arranjos orquestrais e as melodias que transmitem uma certa dramaticidade, além d e um trecho quase etéreo antes do final; depois temo “Supremacy”, que considero o ponto baixo, pois fazer uma versão de uma banda que considero chata pra cacete, no caso o Muse, era complicado em transformar em algo interessante (embora termos muitos casos que bandas de Metal fizeram versões muito boas de músicas sem graça). Foi até colocado um peso, e um ar meio trilha sonora, mas não me convenceu, e até os vocais de Tarja estão irritantes em alguns trechos.

Depois desse ponto negativo, temos a agradável e bela “The Living End”, canção com um ar e elementos folk, orquestrações leves e belos coros e vocais. Simplicidade e bom gosto. “Diva” vem em seguida, e impossível não procurar um certo ar de sarcasmo no título, lembrando da famosa carta da demissão do Nightwish, onde a banda dizia que Tarja achava que tinha se tornado uma Diva. Os elementos sinfônicos e os vocais operísticos se sobressaem, com o sotaque propositalmente mais carregado e uma certa dose de sarcasmo nos vocais, remetendo aqueles espetáculos circenses ou de cabaré.


“Eagle Eye”, também aparece aqui em versão levemente mais Hard, e é outra que traz esse equilíbrio entre Melodic Metal e Symphonic Metal com um acento mais pop, sempre com melodias e refrãos marcantes. Toni Turunen, irmão de  Tarja, divide os vocais com ela nesta faixa; “Undertaker”, conforme já havia comentado, além de também trazer esses elementos do Melodic/Symphonic Metal e melodias marcantes e agradáveis, se aproxima um pouco mais de algumas coisas de seu passado com o Nightwish, em faixas como “Nemo”, por exemplo.

“Calling From the Wild” tem um início meio Desert Rock/Stoner, destacando o pesado e marcante riff de guitarra, e os elementos Sinfônicos e Pop também se fazem presentes; a supostamente última faixa, “Too Many”,  tem suaves e  belas orquestrações, seguindo um estilo balada sinfônica, explodindo no refrão e destacando as linhas vocais, com Tarja usando um tom mais meio termo na maioria do tempo, e depois de um breve intervalo, a música escondida “The Hit Song” fecha de verdade o álbum, com um andamento bem veloz e pesado, além de um trecho de música eletrônica no meio, para descambar novamente no peso e velocidade. Somente uma brincadeira de 2 minutos.

Tarja segue construindo uma carreira cada vez mais sólida, com extremo cuidado em cada detalhe, e acima de tudo produzindo boa música, e embora alguns ainda torçam o nariz, traz qualidade, bom gosto e profissionalismo inegáveis. Imperdível para fãs do estilo e da musa finlandesa.


Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Artista: Tarja
Álbum: The Shadow Self (2016)
Estilo: Melodic Metal/Symphonic Metal
Produção Artística: Tarja Turunen
Selo: Ear Music/Shinigami Records

Adquira "The Shadow Self" agora mesmo na Shinigami
Versão Simples Digipack

Tracklist:
Innocence
Demons in You (com Alissa White-Gluz)
No Bitter End
Love To Hate
Supremacy (Muse Cover)
The Living End
Diva
Eagle Eye (Com Toni Turunen)
Undertaker
Calling From the Wild
Too Many




segunda-feira, 29 de agosto de 2016

PATRIA – Mantendo alto o nível de seu Black Metal



‘Individualism’ é o quinto álbum da PATRIA, cuja projeção nacional e internacional só faz aumentar, tendo tocado no Inferno Festival (na Noruega) em 2015. E todo este cartaz não é em vão. Depois de uma Intro com pouco mais de meio minuto, a Horda diz a que veio e projeta uma perfeita visão sorumbática viajante devido à profundidade e densidade de seus riffs.

A banda se mantém crua e fria em determinadas partes, mas também lançam mão de melodias cadenciadas e introspectivas, conseguindo alcançar um meio termo bastante particular para construir sua sonoridade. Percebe-se que procuraram características que a tornasse uma banda diferenciada. E conseguiram.

Acima de tudo, ‘Individualism’ é um trabalho maduro de uma banda há muito tempo pronta para almejar vôos maiores.Sons como ‘Uncrowned God Of Light’, ‘Far Beyond The Scorn’, ‘Your Rotten Heart Dies Now’ e as demais estão aptas a nortear o ouvinte à uma grandiosa audição.


Como mencionado acima, o álbum não traz aquela produção ‘perfeita’, mas condizente com a proposta da banda. Tudo está em seu devido lugar. A produção gráfica é primorosa, tendo a bela capa sido feita pelo artista romeno Costin Chioreanu (Ulver, Darkthrone, Deicide); e artes no interior do encarte feitas pelo próprio guitar da banda Mantus (Marcelo Vasco - Borknagar, Slayer, Soulfly) e também pelo designer baiano Emerson Maia.

Resumindo, Patria é chover no molhado. Grande álbum de uma banda de alto nível.

Texto: Marcello Camargo
Edição: Carlos Garcia/Renato Sanson

Acesse os canais da banda:
Lançamento: Indie Recordings

Line-Up:
Triumphsword – vocals
Mantus – all instruments


Tracklist:
1. Individualism
2. Blood Storm Prophecy
3. Uncrowned God of Light
4. Outrage
5. Orphan of Emptiness
6. Far Beyond the Scorn
7. Catharsis
8. Epiphany
9. Your Rotten Heart Dies
10. God’s Entombment
11. Requiem for the Ego

Video Oficial:

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Entrevista – Felipe Machado: Tomando Uma Nova Direção


Após uma eletrizante turnê comemorando os 25 anos do “Soldiers Of Sunrise” do Viper e divulgando o lançamento do primeiro DVD ao vivo da banda, o guitarrista e compositor Felipe Machado decidiu seguir seu rumo e soltou, no final do ano passado, o primeiro disco solo da carreira, intitulado de “FM Solo”, que contém a parceria do guitarrista Val Santos (Viper, Toyshop) e do baterista Guilherme Martin (Viper, Toyshop).

E é sobre esse assunto que o Road To Metal foi atrás dele para saber sobre esse recente trabalho, que foge do seu habitual que costuma fazer no Viper, explorando nuances e estilos diferentes.

Road to Metal: Antes de tudo Felipe, gostaria de agradecer essa oportunidade de falar com nós do Road To Metal. Pra começar, gostaria saber de onde venho a ideia de fazer um álbum solo?

Felipe: Esse álbum solo (“FM Solo”), que eu lancei no final de 2015, nasceu no final da turnê de reunião do Viper, a gente acabou fazendo muitos shows e a turnê foi bem longa. E quando acabou, eu quis continuar tocando. (risos) Eu tinha já algumas músicas, que já estava começando a trabalhar e tal. E eu comecei a me encontrar com o Val Santos, que é um amigo meu de longa data. E eu acabava mandando as músicas pra ele, ele mandava uma sugestão de bateria e começamos a fazer de uma maneira despretensiosa, até porque, eu vi que cada música era de um estilo, muito diferente do Viper. Eu fui gravando as músicas, bem na boa e em casa. Eu poderia continuar fazendo isso durante anos, mas quando chegou em 10 músicas, eu falei: ‘Val, vamos parar por aqui. Vamos mixar isso daqui para ver o que dá’. A gente acabou lançando o disco, fazendo alguns shows e tal. “FM Solo” nasceu de uma maneira despretensiosa, mas estou bem feliz com o resultado.

RtM: As composições desse disco são antigas, atuais ou são registros que já tinham sido criados na época do Viper?

Felipe: Não. Na verdade, são mais atuais mesmo. Tem a música “The Shelter”, que é do “Evolution” (Viper). Tem dois covers, um do Morrisey e outro do Athlete, que não são tão antigos, mas não são exatamente novos. E as outras músicas eu comecei a fazer quando o Viper parou e comecei a brincar com elas. Não tinha muitas músicas antigas não, elas refletiam o momento que eu estava no ano de 2014 e 2015, mais ou menos o tempo que elas foram compostas. Elas não eram antigas, elas foram criadas e gravadas nessa mesma época.

"FM Solo” nasceu de uma maneira despretensiosa, mas estou bem feliz com o resultado."
RtM: A questão de ter gravado o disco em casa ajudou a trabalhar de uma maneira mais calma e bem pensada?
Felipe: Super! Foi muito legal! Eu nem imagino, hoje em dia, trabalhando de outra forma, porque graças a tecnologia a gente consegue ter uma qualidade de gravação tão boa em casa quanto em alguns estúdios. O Val também é um ótimo produtor! E esse jeito de gravar em casa permitiu que a gente pudesse ter uma total liberdade de testar as coisas, refazer, fazer de novo e um monte de coisa. Então foi um jeito bem legal de poder criar de uma maneira mais descontraída.

RtM: O “FM Solo” que você lançou ano passado, possui uma direção muito diferente do Viper, que é um pouco mais ‘clean’ e não tão carregado. Fazer isso foi uma maneira de ter saído da área de conforto e explorar outros gêneros musicais?

Felipe: Sim. Como eu tinha liberdade total, quando você está numa banda, o estilo da banda é a soma dos integrantes. Então quando eu pude fazer sozinho as coisas, acabei fazendo uma coisa totalmente que eu queria. Não tinha a obrigação de ser Heavy Metal ou de fazer qualquer estilo mais definido, então eu pude ficar mais a vontade de fazer exatamente o que eu queria. Não tinha muita obrigação de me prender a nenhum estilo.

RtM: E também tem a questão de você assumir os vocais principais nesse disco. Como você avalia seu desempenho vocal diante do “FM Solo”?

Felipe: Ah, eu não tenho que avaliar, vocês que tem que avaliar. (risos) Foi um jeito de se expressar de uma maneira mais legal. E como eu já estava acostumado a trabalhar com outros vocalistas e queria fazer uma coisa mais minha mesmo, achei que seria legal poder cantar também. E ficou uma coisa legal, adaptei as músicas para o meu arranjo vocal e para minha capacidade vocal também. Então eu fiquei bem feliz com o resultado.

"Não tinha a obrigação de ser Heavy Metal ou de fazer qualquer estilo mais definido, então eu pude ficar mais a vontade de fazer exatamente o que eu queria."
RtM: Em especial, destaco as músicas “Perfect One”, faixa de abertura, que você até criou uma bebida pra ela; a “Dark Angel”, que tem a participação da sua afilhada, Giovana. E a instrumental “Iceland”, onde são combinados vários instrumentos eruditos dentro da música. Tem outras que você mencionaria ou classificaria essas mesmo?

Felipe: Cada música tem uma história. Na verdade, cada música tem a sua característica mais marcante. Cada uma é bem diferente da outra, e a ideia era justamente essa. E foi muito legal poder brincar com esses ritmos e estilos diferentes, porque no Viper estou um pouco mais preso no Metal. E foi legal poder me libertar um pouco e fazer coisas de outras influencias que eu tenho também.

E como foi convite de colocar a sua afilhada para fazer a participação na faixa “Dark Angel”?

Felipe: Ela é uma compositora chamada Giovana Cervera, ela tinha essa música e trouxe pra gente. Estávamos compondo ela em Campos do Jordão, brincando com o violão, e a gente acabou fazendo a música juntos. Fiquei super feliz! Em breve ela deve ter um disco solo. Então é muito legal que a gente pode fazer essa coisa em família. A minha filha também acabou gravando um backing vocal nessa música, então foi bom pra manter as coisas em família.

RtM: Saindo fora do ambiente da música, você já teve oportunidade de escrever para vários vínculos daqui de São Paulo, incluindo jornais, revistas e até publicações fora do Brasil. E também você teve oportunidades de escrever livros, como o Martelo dos Deuses, Bafana Bafana (sobre a Copa do Mundo na África em 2010) e o Ping Pong (sobre as Olímpiadas de 2008).  Como é essa experiência de escritor, saindo fora da música?

Felipe: Eu já tinha essa carreira como jornalista antes. Eu nunca penso que uma hora eu vou fazer um livro ou fazer um disco. Tudo é um pouco de se expressar, de uma maneira geral, de acordo com meu estilo e de como eu penso. Então essa é outra parte da minha carreira, do jornalismo, que eu gosto muito! E não consigo dividir muito na minha cabeça de quando eu vou fazer um projeto ou outro, eles vão aparecendo, meio que vou tomando conta e vou dando atenção para cada um deles.

Eu nunca penso que uma hora eu vou fazer um livro ou fazer um disco. Tudo é um pouco de se expressar, de uma maneira geral, de acordo com meu estilo e de como eu penso.
RtM: Agora que o Viper encerrou sua turnê de divulgação do DVD, você pretende fazer uma turnê divulgando seu trabalho solo?

Felipe: Sim. Já fiz alguns shows pelo estado de São Paulo e pretendo fazer outros pelo resto do Brasil. Quero cair na estrada!

RtM: Muito obrigado mais vez pela oportunidade Felipe! E gostaria que você deixasse uma mensagem para os leitores do Road To Metal.

Felipe: Obrigado pela oportunidade! E essa coisa da internet possibilita, realmente, pessoas que não só têm acessos as informações diferentes, mas também a produção dessas informações. Então é um exercício bem legal e uma forma de democratizar a cultura e a informação. Então parabéns aí e obrigado mais uma vez!

Entrevista: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Renato Sanson
Fotos: Divulgação

Links de acesso:


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tarja Turunen: Ótima Entrada para o Prato Principal


Para satisfazer o jejum dos fãs por material inédito, Tarja Turunen vem com dois lançamentos neste segundo semestre, e o primeiro é “The Brightest Void”, precedendo o aguardado “The Shadowself”, e trazendo músicas inéditas, com convidados especiais, mais sua música que foi trilha de filme de drama/horror, duas versões e um remix.

A produção, como vem sendo recorrente na bem cuidada carreira da cantora, tanto nos seus trabalhos voltados para o Rock e Metal, como na sua carreira na música clássica, é excelente, com parte gráfica magnífica, com o figurino de Tarja alternando o preto e o branco. A produção sonora, dividida em vários estúdios pelo mundo, principalmente Argentina e Finlândia, é impecável, com muitos profissionais envolvidos, inclusive os próprios convidados, como é o caso de Michael Monroe (Hanoi Rocks).

Em “The Brightest Void” senti uma parte musical mais vibrante e cativante, parecendo que Tarja acertou de vez o ponto de equilíbrio e a personalidade do seu trabalho solo, com menos experimentalismos do que “Colors in the Dark”. O Metal moderno e o Rock Pesado Alternativo, junto a elementos clássicos e sinfônicos, e algumas surpresas que já são praxe, estão muito coesos, e tudo vai fluindo naturalmente.


Os riffs modernos e pesados de “No Bitter End”, já conhecida do público, e aqui na versão do vídeo clipe, fazem contra ponto perfeito as belas linhas vocais e o acento pop das melodias e do refrão marcantes, uma excelente e agradável candidata a Hit; os tons mais baixos e o andamento pesado e acelerado de “Your Heaven and Your Hell”, são o fundo perfeito para o dueto com o ícone do Hard e Glam finlandês, Michael Monroe, que também toca harmônica e Sax na faixa, em um interlúdio que muda totalmente a direção da música, para depois voltar ao ritmo inicial, quase Punk Rock.

 “Eagle Eye” traz como convidados Toni, irmão de Tarja, para dividir os vocais, e Chad Smith na bateria, em mais uma canção cativante e vibrante, destacando novamente os riffs pesados, em contraponto com melodias quase que introspectivas, com belas e modernas linhas melódicas, lembrando um pouco o grupo argentino Soda Stereo; “An Empty Dream”, que é tema principal do filme “Corazón Muerto” (Mariano Cattaneo), é densa e climática, quase fantasmagórica, com os graves pulsando ao fundo.


“Witch-Hunt” é quase como se fosse uma continuação da anterior, densa e pulsante, quase hipnótica, destacando a interpretação emocional e as belas orquestrações; Depois desses momentos mais densos e climáticos, “Shameless” muda novamente o rumo, para um Hard moderno, mais pesado e direto;  em seguida, a versão de “House of Wax”, de Paul McCartney, que com seu clima dark, meio misteriosa e versos surreais, caiu perfeita no estilo de Tarja, deixando a canção com a sua cara.

Em seguida, mais uma versão, e se não ficou a altura da anterior, ficou muito boa sua releitura para “Goldfinger”, trilha do filme “007 Contra Goldfinger” (1964),e a musa finlandesa quem sabe se candidate a uma próxima canção tema de 007, afinal “O Mundo Não é o Bastante” he he he; finalizando, “Paradise (What About Us?)”, Metal Sinfônico moderno e com acento Pop, colaboração sua com o Within Temptation, que aqui aparece em uma versão remixada e com mais ênfase nos vocais de Tarja.


Em uma sonoridade moderna, densa, e ao mesmo tempo cativante e criativa, Tarja mostra que não se acomoda, segue levando muito bem suas carreiras paralelas, buscando melhora e superação a cada trabalho, e tive de aplaudir estas primeiras amostras em “The Brightest Void” enquanto aguardava ainda mais ansioso por “The Shadow Self”.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Artista: Tarja Turunen
Álbum: "The Brightest Void"
Estilo: Simphonic Metal/Alternative Metal
Produção Artística: Tarja & Mic
Lançamento: Ear Music/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami




Track List:
No Bitter End (Video Clip Version)
Your Heaven And Your Hell
Eagle Eye
Empty Dream
Witch-Hunt
Shamless
House OF Wax
Goldfinger
Paradise (What About US)



terça-feira, 23 de agosto de 2016

Broken & Burnt: Qualidade ímpar!


Peso, morbidez e melancolia. Essa é a primeira impressão que o Broken & Burnt passa em seu segundo disco, “It Comes to Life” (2016).

Um álbum carregado e temperamental, assim como suas letras, já que as mesmas são baseadas no clássico “Frankenstein”, e seguindo como a obra literária, temos os momentos fúnebres, agressivos, tensos e porque não violentos, expressados de forma ímpar e de maneira bem peculiar.

O quarteto de Espirito Santo investe numa sonoridade mais grooveada, mas que carrega consigo a atmosfera do Doom Metal e grandes influencias experimentais, como podemos notar logo de cara na faixa título ou nas intensas “Bestowings Animation” e “Eve” (faixa instrumental, mas carregada de muito sentimento).

As linhas vocais são muito bem colocadas e variam entre partes agressivas e outras mais limpas de forma mais fúnebre, que junto aos riffs arrastados e o peso martelado da cozinha transbordam um som poderoso e diferenciado. A produção sonora acertou em cheio junto a proposta do grupo, o peso é latente e predominante, mas soa clara e muito bem timbrada, deixando na cara o que queriam passar ao ouvinte. A parte gráfica carregada em tons cinzas, brancos e amarelados soa bem abstrata, mas que combina com a proposta lírica e deixou um ar mais vintage ao belo Digipack que embala o disco.

De fato, não é um álbum de fácil assimilação e pode soar azedo aos ouvidos não iniciados, mas que escutado com atenção você encontrará um grande trabalho além de uma qualidade sonora absurda e porque não original, pois não se é necessário ter técnica exuberante ou variações e quebras de tempo a todo instante para se reinventar e trazer uma sonoridade mais peculiar, e o Broken & Burnt prova isso.


Resenha por: Renato Sanson

Links de acesso:

Formação:
Hugo Ali (Guitarra/Vocal)
César Schroeder (Guitarra)
Denis Coelho (Baixo/Vocal)
Apache Moons (Bateria)

Tracklist:
Músicas:
Parte I:
1. It Comes to Life
2. Bestowing Animation
3. Unexpected Dirge

Parte II:
4. Along The Way
5. Eve
6. Dead Womb

Parte III:
7. Deep Inside the Void
8. Cold Letters
9. Darkness & Distance

domingo, 21 de agosto de 2016

Megadeth: A cobertura que quase não saiu (16/08/16 – Pepsi On Stage – Porto Alegre/RS)


Estranho começar uma cobertura de show com este título, não? Pois bem, infelizmente é verdade, e quase que o Road to Metal fica sem essa cobertura, e vou explicar a vocês nas linhas a seguir.

Antes de mais nada e que me interpretem errado, em termos de produção de show a Abstratti Produtora foi impecável, o que pesou e nos levou a temer se teríamos ou não a cobertura (isso já dentro da casa), foi a questão de acessibilidade do local.

Para quem não sabe eu (Renato Sanson) responsável por 90% das coberturas de shows do site sou cadeirante, porém em muitos casos nunca utilizei os locais devidamente marcados para pessoas com deficiência, e sempre fiquei na grade ou próxima a ela, porém nas vezes que quis utilizar os locais “apropriados” sempre tive um grande stress, e no show do Megadeth não foi diferente. O Pepsi On Stage em si é um ótimo local para se ver shows, tem banheiros adaptados, local para percorrer sem elevações, tudo que uma pessoa com deficiência precisa, porém desta vez não entendi a lógica do local marcado para pessoas com deficiência.

Sempre tive ótimos momentos no Pepsi, mas fiquei sem entender o porquê de tamanho descaso desta vez. O local apropriado colocado por eles (ou pela produtora, não sei quem teve tal ideia) era em uma das laterais da casa, que de fato não era longe do palco e seria bem agradável de ver o espetáculo dali se não fossem dois detalhes cruciais: 1°: o local era na frente da fila do bar, onde se concentra o maior número de pessoas possíveis na volta, não me entendam mal, mas aí vem o segundo detalhe, o local destinado não tinha altura suficiente para um cadeirante por exemplo ver o show dali. Conforme a fila do bar aumentava, as pessoas ficavam na frente e conforme o local enchia menos se via o palco, chegando ao ponto de a casa estar lotada e não conseguir se ver nada do espaço destinado, já que a altura que a casa ou produtora estabeleceu, não supria o que uma pessoa com deficiência necessitava para se ver o show.

Sendo assim, fui em busca de uma solução, pois estava ali a trabalho e não poderia deixar de ver o show, pois o que eu teria para escrever se não visse nada? Lembro de uma situação parecidíssima que ocorreu comigo quando fui fazer a cobertura do show do Kiss no Gigantinho em 2012, o local não supria as necessidades e tanto a produtora e a casa não achavam uma solução cabível, eis então que entrou em ação o corpo de bombeiros, que estavam no local e acharam um lugar para que eu pudesse ver o show e concluir o meu trabalho. E não é que no Megadeth aconteceu a mesma coisa? Pois é, depois de muita conversa, explicações nada se resolvia, e lá estava a brigada de incêndio, que incomodados com a situação resolveram ou melhor, tentaram achar uma solução cabível para mim poder ver o show e poder concluir meu trabalho novamente.

Eis então que eu estava ao lado direito do palco em cima das escadas próximo ao banheiro, em uma altura que sim, me proporcionava ver o palco, mas confesso que fiquei decepcionado com o local proposto originalmente, onde não se tinha uma segunda opção, é aquele e pronto. Mas e aí? O local não é apropriado, não tem como se ver nada dali, então o profissional ou cliente sai lesado e pronto? Lamentável. Lembrando que esses espaços em locais de entretenimento são obrigatórios e deveriam ser regidos corretamente, mas não tem o que se esperar de uma cidade em que 99% das casas de shows não se preocupam com isso, não é?


Voltando agora ao evento em si, pontualmente às 20h a banda gaúcha It’s All Red sobe ao palco para fazer as honras da noite, e confesso não sou um fã da banda e muito menos do estilo sonoro que fazem, mas é inegável que apresentaram um ótimo show dentro de sua proposta. A banda demonstra muita vitalidade e profissionalismo, tendo uma ótima oportunidade de mostrar seu som a várias pessoas que certamente não os conheciam. Destaco a performance precisa do baterista Renato Siqueira e a ótima versão de “Only” do Anthrax que agitou os presentes.

Após uma rápida mudança de palco era hora de receber o Megadeth, que desembarcava na capital gaúcha pela terceira vez. Porém desta vez tínhamos um atrativo a mais, além do novo álbum “Dystopia” tinha o renomado guitarrista brasileiro Kiko Loureiro (Angra). Onde muitos se perguntavam: “mas e ao vivo como o Megadeth vai soar com o Kiko?

Mesmo achando exagerado todo o falso patriotismo em volta da entrada do Kiko no Megadeth (pois temos diversos músicos brasileiros em grandes bandas mundo a fora, mas infelizmente ninguém dá o devido valor) eu tinha lá minhas dúvidas, não pela questão técnica, mas sim ao vivo, pois como já vi o Angra diversas vezes tinha aquela visão menos enérgica do mesmo.


Então era hora de ver o que teríamos com o brasileiro como novo guitarrista do Megadeth. Vale ressaltar o belo palco montado para essa tour, com diversos telões que mudavam a cada música, e já na abertura com “Hangar 18” temos uma explosão da massa com Dave Mustaine comandando e Kiko sendo muito ovacionado durante os solos.

Se faltava energia nos shows do Angra, no Megadeth Kiko quebrou a regra e agitou o tempo todo, tendo uma performance acima do esperado, e estando muito carismático. Já Dave Mustaine tem a sua clássica soberba e muitas vezes passa a impressão de não estar com vontade de tocar, sendo sempre marrento, mas um verdadeiro showman. Já Ellefson infelizmente estava com uma fratura na perna e não pode se movimentar tanto como estamos acostumados, mas mesmo assim não se poupou. E fechando o Megadeth o estreante Dirk Verbeuren (Soilwork), que não fez nada além do esperado, entregando o que as músicas precisavam em uma performance bem contida.

Seguindo o baile (que estava com som e luzes impecáveis) “Threat Is Real” do novo álbum é apresentada e mostra-se bem aceita com destaque ao trabalho preciso e coeso de Ellefson, mesmo que muitas vezes esquecido é com certeza um dos melhores baixistas do estilo.


Eis que ao final da música todos se retiram do palco e volta apenas Mustaine, onde foi bastante ovacionado e anuncia um de seus maiores clássicos “Tornado Of Souls” (“Rust In Peace” – 90), e aí amigo, a casa foi abaixo, e mostrou que Kiko já está imprimindo sua característica nos solos, onde tomou a frente do palco e fritou sua Ibanez sem dó.

Após mais uma do novo álbum “Poisonous Shadows”, era hora de arrancar lágrimas da velha guarda, e “Wake Up Dead” e “In My Darkest Hour” chegam uma emendada na outra e esquentando a casa ainda mais.

Dando ênfase ao seu novo disco (uma pena terem deixado de fora músicas dos álbuns dos anos 2000, pois ótimas composições foram criadas que cairiam muito bem ao vivo) tivemos o duo “Conquer or Die!” e “Fatal Ilusion” que mesmo sendo boas composições, esfriaram a galera, que só voltaram a se animar com o anuncio da ótima “She-Wolf” (“Cryptic Writings” – 97), onde as guitarras saltam aos ouvidos, e com Kiko esbanjando carisma junto a postura mais agressiva de Dave.

Eis então que Mustaine & cia preparavam o terreno para uma trinca arrasadora, a começar por “Dawn Patrol” onde Ellefson tomou o palco e imprimiu seu peso, abrindo as portas para a arrasadora “Poison Was The Cure” para em seguida a clássica “Sweating Bullets” entrar em cena e tomar o ar dos pulmões da plateia.


O ato a seguir do show seria um pouco mais ameno, muitos não gostam, mas são composições que caem muito bem ao vivo, e “A Tout Le Monde” e “Trust” fizeram os presentes cantarem juntos até o último verso, sendo um dos momentos mais marcantes do show.

Seguindo as divulgações do novo álbum “Post American World” e “Dystopia”, que novamente, mesmo sendo boas músicas não mexeram com o público, mas parece que o Megadeth tinha tudo calculado, e mesmo depois de ter dado uma amornada, o maior clássico da banda chega “Symphony of Destruction” e o coro “Megadeth, Megadeth i wanna Megadeth” se virilizou no Pepsi On Stage, levando a galera a histeria!

Mais uma saída de palco e Ellefson retorna sozinho e puxa a intro de “Peace Sells”, que ao seu final trouxe a palco o mascote Vic Rattlehead, pegando todos de surpresa, mas algo muito legal que deixou o show ainda mais especial.


O espetáculo se aproximava do final e não sabíamos se teríamos mais uma música ou se seria a “saidera” com “Holy Wars”. Porém Dave surpreende e retorna ao palco sozinho para ser ovacionado mais uma vez e anunciar o improvável, “The Mechanix” do Debut “Killing is My Business... And Business is Good!” (85), que foi tocada com uma ferocidade latente, estando ainda mais rápida que a versão original, onde fez muito marmanjo old school ir as lagrimas. Para quem não sabe “The Mechanix” é a primeira versão de “The Four Horsemen” do Metallica, faixa está escrita por Dave na época em que integrava o grupo.

E fechando o show de forma magistral a clássica e nunca cansativa “Holy Wars”, que veio para fechar com chave de ouro uma apresentação tecnicamente impecável dos americanos. Que tiveram uma performance um tanto “ensaiada” tudo funcionava como se fosse um reloginho, o que não é ruim, mas que fica meio engessado. Mas no mais, foi mais um grande show de Heavy Metal na capital gaúcha.

Cobertura por: Renato Sanson
Fotos: Diogo Nunes

Setlist - Megadeth:
01 Prince of Darkness (intro)
02 Hangar 18
03 The Threat is Real
04 Tornado of Souls
05 Poisonous Shadows
06 Wake Up Dead
07 In My Darkest Hour
08 Conquer or Die!
09 Fatal Ilusion
10 She-Wolf
11 Dawn Patrol
12 Poison Was The Cure
13 Sweating Bullets
14 A Tout Le Mond
15 Trust
16 Post American World
17 Dystopia
18 Symphony of Destruction
19 Peace Sells
20 The Mechanix
21 Holy Wars... The Punishment Due

sábado, 20 de agosto de 2016

Interview - Voodoopriest: Making History



After Vitor Rodrigues left the band Torture Squad, the singer has been living a new path in front of his new band, Voodoopriest, which has already become relevant in brazilian Metal scene, with the great results of the debut album "Mandu" (2014), released two years ago, talking about the indigenous warrior Mandu Ladino. We had a conversation with Vitor to talk about the current moment of his career, this two years after Mandu's release and plans for the next album.   (Versão em Português)


Road to Metal: I remember when you have leaved Torture Squad, the impact of his departure from the band was great. Sometimes, when a person leaves a band or project, usually take a break to put ideas in order, but you have been accurate and set the Voodoopriest the same year.  Leave behind a band that you was a part for 20 years and start a fresh thing, is this a kind of redemption?

Victor: Yes. In fact, remains an apprenticeship. In fact, my idea was to give a good time, then return with a band and have new members. But after the announcement of my departure from TORTURE SQUAD, I received so many messages of support, strength and positivity by the headbangers, had no idea what was the size of it, and I was only know after this happened. And from that moment, I realized the following: I was very touched, I will return with a new band and I will call members that will strengthen the brazilian metal with this band, which became the Voodoopriest.

The beginning, really, it was hard because I had to make a future musicians list. And I had many musicians who were in other bands, so I did not want to take them of their bands. But, parallel to this, I received emails from Covero and Renato Lucas. Incidentally, Covero, sent me e-mails of a few songs, and third or second e-mail, he said, 'Let's do a nice business together' And then I joined him, Renato De Lucas, who brought Bruno Pompeu (bass), and then called Edu Nicolini (drums) and Voodoopriest was formed. At first it was difficult, but after the first reherasl, the things start to happened.



RtM:To Voodoopriest start to conquer your space, you and the others had to follow a certain script. The first was fitting the line up band, the second was to discover the identity of each through tests, ideas, etc., the first EP to present the band to the public and, eventually, the final step was "Mandu", and sure, the tours. All the planning was crucial to the Voodoopriest grow quickly?

Vitor: Not only was it as being, because we always have a plan and we always try to adapt to it, which is the release of a disk, make all the propaganda on him and these things normal band. I think that helped a lot Voodoopriest was we made a strong campaign on social networks such as Facebook, Twitter and Instagram not only the EP but also the release of "Mandu" and in the future, the albums to come. So, in this work, we studied well to be able to organize, and today we have the help of the staff of "1-1", what is a very nice press office. And now they are doing this part, while we take care over the musical part, because it's hard in Brazil you have to make everything alone...you have to compose music, compose riffs, compose solos, advertise on Facebook, Twitter, enter contact sponsors and a lot of people in order to make possible to put band on the stage. But now, with "One to One" to help us, things became easier. This script not only valley in music but also in the professional sectors, because you have to follow a schedule, study planning and follow it until you reach the ultimate goal.

RtM: Talking about the album "Mandu", the lyrics are about this Indian warrior, and when I was listening to the album, I was find out about it through research that I did on the internet. And the phrase that says "good Indian is a dead Indian", translates very well what the Mandu and other indigenous passed and still pass. It has always been your desire to talk about the theme, regardless the band was showing that the Indians are not exactly paupers?

Vitor: Good question! To tell you the real, in the 19 years I've been in front of the Torture Squad, at no time was I talking about a subject related to the Indians, the indigenous culture or even of Brazil, except the song '174', the album "AEquilibrium" (2010), I talk about that guy who kidnapped a bus in Rio de Janeiro and such. But after my departure, with the creation of Voodoopriest, right away, the EP came three songs talking about this topic. And from that moment, I began to delve into, because I came from indigenous descent. And both my father and my mother, they told Indian stories, it was pretty cool. And when I rode the Voodoopriest, the idea hit me full on. And when I was researching for the first album, which was the debut album even, Full, I began researching stories, legends and folklores, and I arrived just in the review of a Piaui journalist on the book Anfrisio Lobão Castelo Branco, who spoke about the  Indian Mandu Ladino.

Unfortunately, I could not have, in hand, the first and second edition of the books because they were removed from the shelf. So I had to do a search like a puzzle, join those information I had at that time, going in libraries and delve on the internet, do some research to get to this wonderful character. I, until that moment, did not even know it existed, because in schools we learn something that is totally different than it really is. I delved me so much on this issue that what was to be only a theme for a song, became a theme for the whole album. So what I did: desmembrei whole context of it and I was playing the songs. We recorded the album at Norcal Studios, with Brendan Duffey and Adriano Daga, ending the album talking about Mandu Ladino, which is a very beautiful story, strong and cool.


RtM: And the very title track, which was chosen as a single presentation, defines this concept well. And a passage that I find explicit and very interesting in this range in specific is as follows: "They fight against slavery, fight for their land / hearts full of hatred of the white man's crimes."

Vitor: Exactly! Unfortunately, I am very sad about it. It is present because before the white man arrived here in America, in Brazil there were 11,000 Indians, more or less. And unfortunately, with the arrival of the white man, that number decreased considerably. And that's sad, because until then, they were the owners of the land that they even call themselves owners. They had a relationship with a very strong land, brotherhood, where the land was more important for them, because from the land came all food and life, but only, of course, with the greed of the white man, unfortunately many ethnicities were killed and many communities Indians were massacred by the invasion of the pioneers, Portugueses and others.


"I made sure to put the green yellow headdress with red pen, representing the blood of Indians who were killed and are still dying because we do not have a strong policy and aid policy to the Indians here in Brazil."
RtM: The album cover was created by polish artist Ralf The Might, who has worked with big names in the thrash metal world. And art, as well as being cool and very well made, he could characterize the album's theme through it. 

Vitor: Actually, I wanted a cover simple but impactful. Throw the skull itself is the ancestors of indigenous and our Brazilian people. And I made sure to put the green yellow headdress with red pen, representing the blood of Indians who were killed and are still dying because we do not have a strong policy and aid policy to the Indians here in Brazil. And this is the Mandu, is the warrior strength of the Indian. And even people who do not have indigenous descent, but who considers himself an Indian is welcome, because in fact, what we are trying to preserve, therefore, is the memory and the Indian spirituality strength that come from age to age, and that continues today fighting for their freedom.

There are many stories that we have here that have not been researched and have not been shown to the public. So surely, the person who knows nothing about the "Mandu" or Indian, consequently he will achieve with the "Mandu" get that knowledge.


RtM: In addition to "Mandu" range, highlight the heavy 'Dominate and Kill', 'Religion In Flames',' Warrior 'and' Trail Of Blood. The coolest these songs is that there is an entire indigenous atmosphere without putting typical instruments that the Indians used.

Vitor: The goal was to make an aggressive album. We don't put percussive parts to give more atmosphere in the thing. Of course, the idea was born with the album "Roots", Sepultura, and Angra's "Holy Land". And through time and history, come the Glory Opera too, which is a melodic metal band that did a very nice job that is "Rising Moangá" from several other later. And today culminated with the Voodoopriest and other bands, the Levant of Native Metal, which is very cool too. And the sound of Voodoopriest is exactly that, just took the heavy part of the riffs and guitar licks, the battery more Thrash and some parts more Death Metal. And more melodious parts, because it has a heavy metal vein in the middle of it all. And joining it there, merged and created the album's personality.


"I came from indigenous descent. And both my father and my mother, they told Indian stories, it was pretty cool. And when I rode the Voodoopriest, the idea hit me full on."
RtM: And how is being the reception of "Mandu" in Brazil and in the rest of the world?

Victor: We are celebrating two years of "Mandu", and with respect to this celebration, launched lyric-videos for all the songs on "Mandu", like chapters. And it's very interesting! We are doing well, we want to further strengthen the national scene here, which is the most important, but we also have contacts out there and we are sending to those contacts. And these contacts are propagating the band internationally. Let's see if at the end of this year or next year, we embarked on an international tour and start turning things around.

RtM: On the next album, it will be treated again on indigenous issues or will you expand on various topics?

Vitor: About themes, I'm not sure waht to say now to the Road To Metal staff, because it is a very relative thing. Maybe I can get out of here now and find a super cool theme. I do a conceptual theme again and another Indian warrior, african, i don't know, as I also can write about different themes. But in relation to music, we are doing some songs and new riffs. We are already creating  and structuring the songs that will be part of the second album.

Interview: Gabriel Arruda
Translation: Carlos Garcia





Entrevista – Voodoopriest: Marcando História

Depois que o Vitor Rodrigues deixou o Torture Squad, o vocalista vem vivendo uma nova trajetória diante da sua nova banda, Voodoopriest, que já se tornou relevante após as críticas com o álbum de estreia “Mandu” (2014), lançado há dois anos, falando sobre o guerreiro indígena Mandu Ladino. É sobre essa fase que buscamos o próprio para falar sobre o atual momento da carreira, os dois anos de “Mandu” e os planos para o próximo álbum.   (English Versions)


Road to Metal: Lembro que, quando você se desligou do Torture Squad, o impacto da sua saída da banda foi muito grande. Às vezes, quando a pessoa sai de alguma banda ou projeto, costuma dar um tempo e pôr as ideias em ordem, mas você já foi certeiro e montou o Voodoopriest no mesmo ano. Sair de um ambiente que já durava 20 anos e começar uma coisa do zero, que é sua, foi uma redenção?

Vitor: Sim. Aliás, continua sendo um aprendizado. Na verdade, a minha ideia, era dar um bom tempo, depois retornar com uma banda e ter novos integrantes. Só que depois do anúncio da minha saída do Torture Squad, eu recebi tanta mensagem de apoio, força e de positividade por parte dos headbangers, não tinha noção qual era a dimensão disso, e eu só fui saber depois que aconteceu isso daí. E a partir daquele momento, eu percebi o seguinte: emocionou muito, vou voltar com uma banda nova e vou chamar integrantes que possam fortalecer o Metal nacional com essa banda, que acabou se tornando o Voodoopriest.

O começo, realmente, foi difícil, porque eu tive que fazer uma listagem de futuros músicos. E tinha muitos músicos que estavam em outras bandas, então eu não queria tira-los delas. Só que, paralelo a isso, eu recebia e-mails do Covero e do Renato de Lucas. Aliás, o Covero, mandava nos e-mails dele algumas músicas, e no terceiro ou no segundo e-mail, ele falou: ‘Vamos fazer um negócio legal juntos?’ E aí eu juntei ele, o Renato De Lucas, que trouxe o Bruno Pompeu (baixo), e depois chamei o Edu Nicolini (bateria) e formamos o Voodoopriest. No começo foi difícil, mais depois que a banda se encaixou no primeiro ensaio a coisa começou a engrenar.

RtM: Pro Voodoopriest ter ganhado o ritmo e o saldo que está tendo hoje, vocês e os outros precisaram seguir um determinado roteiro. O primeiro foi à montagem da banda, o segundo foi descobrir a identidade de cada um através de ensaios, ideias e etc, o EP de estreia para apresentar ao público de como é a banda e, por fim, o passo final que foi o “Mandu”, fora os shows que fizeram também. Esse simples planejamento, que é tradicional de banda, foi determinante para que o Voodoopriest crescesse de forma rápida?

Vitor: Não só foi como está sendo, porque a gente tem sempre um planejamento e sempre tentamos se adequar a ele, que é o lançamento de um disco, fazer toda a propaganda em cima dele e essas coisas normais de banda. Eu acho que o que ajudou muito Voodoopriest foi que fizemos uma campanha forte nas redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram não só no EP, mas também no lançamento do “Mandu” e, futuramente, nos discos que virão. Então, nesse trabalho, a gente estudou bem para poder se organizar, e hoje a gente tem a ajuda do pessoal da 1 a 1, que é uma assessoria de imprensa muito legal, da Iris. E eles agora estão fazendo essa parte, enquanto a gente cuida mais na parte musical, porque é duro no Brasil você ter que se virar nos 30: você tem que compor música, compor riffs, compor solos, fazer propaganda no Facebook eTwitter, entrar em contato com sponsors e com um monte de gente para poder viabilizar o nome da banda no cenário. Mas agora, com a ajuda do pessoal da Um a Um, a coisa se tornou mais fácil. Esse roteiro não só vale na música, mas também em setores profissionais, porque você tem que seguir um planejamento, estudar o planejamento e seguir isso até você chegar no objetivo final da coisa.

RtM: Falando sobre o “Mandu”, o disco gira sobre esse guerreiro indígena, e quando eu estava ouvindo o disco, eu fui procurar saber sobre ele através de pesquisas que eu fiz na internet. E a frase que diz que Índio bom é índio morto, do Jorge Velho, traduz muito bem o que o Mandu e outros indígenas passavam e até hoje passam. Sempre foi um desejo seu falar sobre tema, independente de que banda estivesse mostrando que os índios não são exatamente indigentes?

Vitor: Boa pergunta! Para te falar a real, nos 19 anos que eu estive a frente do Torture Squad, em nenhum momento ocorreu de eu falar de um tema ligado ao índio, a cultura indígena ou até mesmo sobre o Brasil, salvo a música ‘174’, do álbum “AEquilibrium” (2010), que eu falo sobre aquele rapaz que sequestrou um ônibus no Rio de Janeiro e tal. Mas depois da minha saída, com a criação do Voodoopriest, logo de cara, no EP, vieram três músicas falando sobre esse tema. E a partir desse momento, eu comecei a me aprofundar, porque eu venho de descendência indígena. E tanto meu pai como minha mãe, eles contavam histórias de índio, que era muito legal. E quando eu montei o Voodoopriest, essa ideia bateu em cheio em mim. E quando estava pesquisando para o primeiro álbum, que foi o álbum de estreia mesmo, Full, eu comecei a pesquisar histórias, lendas e folclores, e eu cheguei justamente no review  de um jornalista piauiense sobre o livro do Anfrisio Lobão Castelo Branco, que falava sobre o índio Mandu Ladino.

Infelizmente, eu não pude ter, em mãos, a primeira e a segunda edição dos livros, porque elas foram retiradas da prateleira. Então eu tive que fazer uma pesquisa como se fosse quebra cabeça, juntar aquelas informações que eu tinha naquele momento, indo nas bibliotecas e me aprofundar na internet, fazer uma pesquisa para chegar até esse personagem maravilhoso. Eu, até aquele momento, nem sabia que ele existia, porque nas escolas a gente aprende uma coisa que é totalmente diferente do que realmente é. Aprofundei-me tanto nesse tema que, aquilo que era para ser apenas um tema para uma música, se tornou um tema para o álbum todo. Então o que eu fiz: desmembrei todo o contexto da coisa e eu fui jogando nas músicas. Gravamos o disco no Norcal Studios, com o Brendan Duffey e o Adriano Daga, finalizando o álbum falando sobre o Mandu Ladino, que é uma história muito bonita, forte e legal.

"O lance da caveira, em si, representa os antepassados dos indígenas e do nosso povo brasileiro. E eu fiz questão de colocar o cocar verde amarelo, com a pena vermelha, que representa o sangue desses índios que foram mortos e ainda continuam morrendo..."
RtM: E a própria faixa título, que foi a escolhida como single de apresentação, define bem esse conceito. E um trecho que eu acho explicito e muito interessante nessa faixa em especifico é o seguinte: “Eles lutam contra a escravidão, lutam por sua terra/Corações cheios de ódio dos crimes do homem branco”.

Vitor: Exatamente! Infelizmente, eu fico muito triste com isso. É atual, porque antes do homem branco chegar aqui na América, aqui no Brasil existiam 11 mil índios, mais ou menos. E infelizmente, com a chegada do homem branco, esse número diminuiu consideravelmente. E isso é triste, porque, até então, eles eram os donos da terra que nem mesmo eles se autodenominavam donos. Eles tinham uma relação com a terra muito forte, de irmandade, onde a terra era mais importante para eles, porque provinha todo alimento e toda vida, mas só que, claro, com a ganancia do homem branco, infelizmente muitas etnias morreram e muitas comunidades indígenas foram massacradas com a invasão dos bandeirantes, dos portugueses e entre outros.  E a gente vê essa realidade até hoje. Hoje, o índio, não tem direito de nada! O negro, pelo menos, ele tem o dia da consciência negra, que é feriado. O índio não tem isso, só tem a data que é a data que as escolas lembram para as crianças ficarem pintando indiozinho, entendeu? E é deprimente isso daí. Eu acho que deveria haver muito mais respeito e leis que favorecessem mais o indígena em todo o seu contexto.

RtM: A capa do disco foi criada pelo polonês Ralf The Might, que já trabalhou com grandes nomes do Thrash Metal mundial. E a arte, além de ser legal e muito bem feita, ele conseguiu caracterizar o tema do álbum através dela. Em cima disso, a intenção, desde o começo, é que a pessoa, quando for comprar o disco, olhar a capa e título do álbum, já vai saber do que realmente se trata?

Vitor: Na realidade, eu queria que a capa dele fosse simples, mas impactante, que as pessoas já olhassem de cara e que fosse impactante. O lance da caveira, em si, representa os antepassados dos indígenas e do nosso povo brasileiro. E eu fiz questão de colocar o cocar verde amarelo, com a pena vermelha, que representa o sangue desses índios que foram mortos e ainda continuam morrendo, porque não temos uma política forte e uma política de ajuda aos índios do Brasil. E é isso, o Mandu representa a força guerreira do índio. E mesmo as pessoas que não tem descendência indígena, mas quem se considera um indígena é bem-vindo, porque, na verdade, o que nós estamos querendo preservar, dessa forma, é a memória e a força da espiritualidade do índio, que venho de eras em eras, e que continua até hoje lutando pela liberdade deles.

RtM: A escola musical do Voodoopriest está ligada ao Thrash Metal e Death Metal, estilos que você já trabalhava no Torture Squad, mas unindo-se as influências do Covero, Renato, Bruno e o Edu. Como foi trabalhar nas composições do disco com eles e absorver todas as ideias musicais deles? Teve a participação de algum deles nas composições do “Mandu” ou só você foi o responsável pelas letras?

Vitor: A alquimia foi muito perfeita! Nós temos o Edu Nicolini (baterista), que é da escola do Thrash Metal dos anos 80 e tem uma veia Hardcore muito forte. Ele é Thrash puro! No baixo, temos o Bruno Pompeu, que ele consegue mesclar as influencias desde MPB até Death Metal, Thrash Metal e Grindcore. Ele emula tudo isso de forma soberba, e tem até uma parte percussiva vinda dele. E eu tive a sorte e a felicidade de ter dois guitarristas que se encaixaram muito bem, porque o Covero vem da escola do Kerry King (Slayer) e também gosta de fazer algumas ideias do estilo do Meshuggah, com aquela coisa 3 por 4, sabe? Isso vai de encontro também ao Renato De Lucas, que tem uma veia mais melodiosa, no estilo do Alex Skolnick (Testament) e do Jeff Lomis (Nevermore).

Então, com a união deles, houve essa alquimia muito legal. Conseguimos mesclar, dessa forma, uma grande personalidade no som do Voodoopriest. Então, quando você escuta, a pessoa vai saber que é o som do Voodoopriest justamente por causa disso. E no quesito das letras, como eu cheguei a ter o tema, ler e me debruçar em cima dele, naturalmente ficou para mim todo esse lance do tema. E quando a gente estava começando a criar as músicas, eu comecei a ver a posição de cada faixa no disco, dando uma dinâmica, eu queria colocar uma coisa que fosse fluindo naturalmente. E o mais interessante é que, quando começamos a ensaiar as músicas para o “Mandu”, a coisa foi engrenando. Foi um trabalho árduo, mais no final das contas foi muito gratificante.

"Com a criação do Voodoopriest, logo de cara, no EP, vieram três músicas falando sobre esse tema (cultura indígena). E a partir desse momento, eu comecei a me aprofundar, porque eu venho de descendência indígena."

RtM: Além da faixa “Mandu”, destaco as pesadas ‘Dominate and Kill’, ‘Religion In Flames’, ‘Warrior’ e a ‘Trail Of Blood’. O mais legal nessas músicas é que há toda uma atmosfera indígena sem precisar colocar os instrumentos que os índios usavam, passando somente para o instrumental. Creio que não foi muito difícil  fazer isso?

Vitor: Não foi, porque, na verdade, o objetivo era fazer um álbum agressivo. Não ligamos muito em colocar partes percussivas para dar mais clima na coisa. É claro que a ideia nasceu com o “Roots”, do Sepultura, e com o “Holy Land”, do Angra. E através do tempo e da história, venho o Glory Opera também, que é uma banda de Metal melódico que fez um trabalho muito legal que é o “Rising Moangá”, vindo outras várias depois. E hoje culminou, junto com o Voodoopriest e outras bandas, o Levante do Metal Nativo, que é muito legal também. E a sonoridade do Voodoopriest é exatamente isso, pegamos justamente a parte pesada, dos riffs e dos licks de guitarra, a bateria mais Thrash e algumas partes mais Death Metal. E também partes mais melodiosas, porque tem uma veia Heavy Metal no meio disso tudo. E juntando isso daí, mesclou e criou a personalidade do álbum.

RtM: Falando sobre o Levante do Metal Nativo, essa ideia meio que começou quando vocês lançaram o “Mandu”. E várias bandas vêm falando sobre os fatos históricos daqui do Brasil, como o Aclla no Pindorama; o Arandu Arakua, que canta na língua dos índios; Tamuya Thrash, Armahda e entre outras. Vocês meio que estão montando uma tribo do Heavy Metal em cima desse movimento?

Vitor: Legal isso daí né? (risos) Na verdade, é um grupo e, como se diz, um levante. Não tem nada a ver com panelinha e essas coisas todas, é que a gente combinou e a coisa nasceu naturalmente, porque quando o Voodoopriest lançou o “Mandu”, na mesma época, o som do Arandu Arakua estava sendo mostrado também. O Tato, do Aclla, com o Pindorama, como você falou; o Armahda também estava lançando discos falando sobre a história do Brasil; o Tamuya Thrash e o Hate Embrace (Rio de Janeiro). Temos o Morrígan, lá do norte do país e entre outros. Culminou justamente de essas bandas falarem do Brasil e naquele exato momento, então pensamos: ‘Por que não unir essas bandas num diferencial que seria, justamente, falando não só sobre a cultura indígena, mas também sobre a história do Brasil?’ E aí que nasceu o Levante do Metal Nativo, que perdura até hoje e que vai perdura por muito tempo. Queremos fazer muitos projetos a frente e vamos ver no que vai dar. Quem sabe role até um festival num futuro promissor...

RtM: Muitas bandas, que nem eu falei, estão retratando sobre a história do Brasil, até o próprio Torture Squad, que falou sobre a Ditadura Militar no “Esquadrão de Tortura”. O “Mandu” ele serve para a pessoa mais desinformada a procurar saber sobre fatos indígenas e estudar sobre eles?

Vitor: Com certeza, porque eu fui uma dessas pessoas que não sabia nada sobre o Mandu Ladino e nem da existência dele. E com a pesquisa desse índio e desse guerreiro, eu fiquei sabendo de muitas coisas. Eu fiquei sabendo de uma outra história legal, de que um dos maiores algozes dos índios, se converteu e começou a ajudar os índios, porque ele viu, no meio da mata, um índio que curava as pessoas e, de alguma forma, ele percebeu que aquele cara era espiritual e tal. Era um negócio muito louco! São muitas histórias que nós temos aqui que ainda não foram pesquisadas e não foram mostradas a público. Então, com toda certeza, a pessoa que não conhece nada respeito do “Mandu” ou do índio, consequentemente ele vai conseguir, com o “Mandu”, chegar nesse conhecimento.


Acho que eu sou a primeira pessoa que está perguntando isso. O Voodoopriest caiu nas graças do público, que quando alguém está com o disco ou com a camiseta da banda, vocês falam que a pessoa foi voodozada e tudo mais. Isso é meio que uma ação de marketing da banda?

Vitor: Isso aconteceu naturalmente em um ensaio, quando estávamos tocando as músicas, e nos mesmos estávamos empolgados com a música que a gente estava tocando, com o tema e com tudo o que estava rolando com a banda. E eu lembro que foi o Bruno que chegou com essa ideia, falando: ‘Puxa, está legal demais! Vamos voodoozar esse evento e esse show!’ Foi um negócio muito louco que pegou, então isso serviu como um jargão da banda.

RtM: Saindo do circuito do Voodoopriest, desde a sua saída do Torture Squad, você fez participações em algumas bandas, na música “Shades Of War”, do Hevilan, junto com o vocalisa Warrel Dane. E também você fez participação, que não vou lembrar a música agora, no evento Super Peso Brasil. Como foi a sensação de ter feito essas duas participações?

Vitor: Foi uma sensação maravilhosa! Eu, particularmente, tenho o maior respeito por essas bandas que fiz participações, tanto com o Stress e o Hevilan. Aliás, a do Hevilan, foi legal, porque foi um lance do meu amigo Biek, que tenho, há muitos anos, uma amizade muito grande e ele me convidou para participar. E foi bacana, porque eu cheguei lá não só fazendo a participação no disco, mas também no vídeo clip da “Shades Of War” junto com o Warrel Dane, que é um cara que tenho profundo respeito e admiração. E com o Stress também, porque eles são paraenses e meu pai também, meio que uma espécie de conterrâneo. E o Super Peso Brasil, organizado pelo Ricardo Batalha, foi fantástico, porque juntou um monte de headbangers ali tudo em prol do Metal nacional. Foi uma celebração fantástica, ou seja, são duas participações que eu tenho orgulho de ter feito.

RtM: Chegando ao final da entrevista, como você está enxergando o cenário metálico no meio de tantas plataformas digitais, downloads ilegais e às pessoas não se interessando pelo material físico?

Vitor: Então... Na verdade, as pessoas deviam participar mais indo aos shows e comprando merchandising da banda, que é dessa forma que vai fazer o cenário ainda reviver. Infelizmente, o CD hoje já é uma coisa antiga. Ninguém escuta e compra CD hoje.(N. do R.: Datavenia! O público Metal ainda é um público que compra bastante material físico)

 "Na verdade, as pessoas deviam participar mais indo aos shows e comprando merchandising da banda, que é dessa forma que vai fazer o cenário ainda reviver. Infelizmente, o CD hoje já é uma coisa antiga. Ninguém escuta e compra CD hoje."
RtM: Tanto que vocês lançaram o “Mandu”, antecipadamente, de forma virtual no Youtube.

Vitor: Exatamente! Lançamos primeiro de forma virtual e depois, mais para a frente, lançamos de maneira física. Só que muitos setores, por exemplo, o Sesc, eles não aceitam virtual e nem em MP3, eles só querem físico. Então a gente ainda manda fabricar nesse sentido. É engraçado, porque da mesma forma que hoje as pessoas estão meio que dispensando o CD, elas, por um outro lado, estão voltando a cultuar o vinil, que é muito legal. E um dos meus sonhos é poder fazer, tanto o EP como o CD “Mandu” em vinil, que deve ficar lindo pra caramba naquele tamanho todo. Mas é isso, acho que as pessoas deveriam se interessar mais e apoiar mais as bandas indo aos shows, prestigiando os músicos, compartilhando a sonoridade dos músicos e comprando o merchandising, porque é disso que a banda sobrevive. Sem isso, não vai haver banda e não haver nada! Tem que haver um comprometimento da galera aí.

RtM: E como está sendo a recepção do “Mandu” tanto aqui no Brasil quanto no exterior?

Vitor: Estamos comemorando dois anos de “Mandu”, e com relação a essa comemoração, lançamos lyric-videos de todas as músicas do “Mandu”, como se fosse capítulos. E é bem interessante! Estamos indo bem, queremos fortalecer ainda mais o cenário nacional aqui, que é o mais importante, mas também temos contatos lá fora e estamos enviando para esses contatos. E esses contatos estão propagando a banda internacionalmente. Vamos ver se no final desse ano, ou no ano que vem, embarcamos numa turnê internacional e começar a girar as coisas por lá.

RtM: Sobre o próximo disco, ele vai ser tratado novamente sobre temas indígenas ou você vai expandir sobre temas diversos?

Vitor: Sobre temas, eu não tenho certeza para dizer ai para o pessoal do Road To Metal, porque é uma coisa muito relativa. Talvez eu possa sair daqui agora e achar um tema super legal. Posso fazer um tema conceitual de novo e de um outro guerreiro indígena, africano, ou seja, lá quem seja, como também posso fazer de variados temas. Mas em relação às músicas, a gente está fazendo algumas músicas e riffs novos. Já estamos criando, mondando e estruturando as músicas que vão fazer parte do segundo álbum.


RtM: Há alguma previsão de quando vai ser lançado?

Vitor: No ano que vem com certeza, mas eu até arrisco, para o final do ano, da gente ter uma novidade legal aí para os headbangers. Agora temos que esperar né? (risos)

RtM: E quais são os seus planos tanto no Voodoopriest e fora dele?

Vitor: No Voodoopriest, queremos fazer muitos shows por aí, estamos agendando mais alguns shows. Quem se interessar, vamos deixar o link aí para vocês colocarem no site. E fora isso tem minha carreira profissional também, fazendo workshops e participações de shows em outras bandas.  E vamos indo, a gente tem mais é de não deixar a peteca cair, sempre divulgando o lance do Metal em todos os sentidos.


RtM: Vitor, muito obrigado pela oportunidade de termos essa conversa. E o espaço é todo seu para deixar sua voodozada para os leitores.

Vitor: Quero agradecer demais a você, Gabriel, ao pessoal do Road To Metal e a todos os headbangers. Estou hoje aqui graças a vocês, porque vocês, simplesmente, são a parte mais importante da minha vida. E é legal que você, com o Road To Metal, está divulgando o Metal aqui no Brasil, que é importante para nós. Hoje vivemos num universo onde a música sertaneja e o funk são ‘mainstream’ que, infelizmente, são músicas totalmente pífias, pobre de letra e até mesmo de musicalidade. E fazer Metal aqui no Brasil é um negócio muito difícil, então parabéns para você, Gabriel, e para todos os headbangers aí. Vamos voodoozar que aqui é Metal na veia! 

Entrevista: Gabriel Arruda
Fotos: Divulgação
Edição/Revisão: Renato Sanson/Carlos Garcia

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