terça-feira, 31 de outubro de 2017

Chaos Synopsis: Mitologia e a Agressividade do Thrash/Death Metal



Fundada em 2005 em São José dos Campos (SP), o Chaos Synopsis chega seu quarto full-lenght, trazendo novidades na formação, e também na sonoridade, a qual é calcada no Thrash e Death Metal, e a exemplo de seus trabalhos anteriores, busca trazer algo diferente, evoluindo sua sonoridade e um cuidado especial na parte lírica, algo louvável, pois é preciso fazer a diferença para vencer neste concorrido cenário. Vale lembrar que a banda já fez tours fora do país, e este ano novamente levou a bandeira do Metal brasileiro à Europa.

A exemplo dos dois trabalhos antecessores, "Gods of Chaos" traz uma temática conceitual, desta vez voltado à diversos personagens mitológicos (os "deuses do caos"), de várias crenças e culturas, como, por exemplo, um dos mais conhecidos e comum à várias crenças, satanás, em "Raising Hell", e visitando mitologias como a eslava, em "Black God", e a grega, em "The Beast that Sieges Heaven".


A sonoridade do grupo apresenta  elementos mais tradicionais do Metal extremo, e claro, nuances mais atuais também entrecortam as 10 faixas do álbum, que possui muita pegada e peso, vocais urrados e agressivos, alternando velocidade e técnica, e nos deparamos com momentos mais melodiosos, atmosféricos e cadenciados. 

Logo na abertura com "Raising Hell", o Thrash Metal impera, alternando momentos mais cadenciados com outros mais velozes, destacando o trabalho de bateria, principalmente nos bumbos; faixas mais climáticas e trabalhadas, como "Serpent in Flames" também são uma característica marcante, onde trechos mais melodiosos e atmosféricos se alternam com peso e cadencia.

Mas agressividade e velocidade, porém com técnica e precisão, podemos sentir "na cara" em "Black God", que flerta com o Death Metal, mas apresenta breves interlúdios de calmaria, para em seguida prosseguir com a porradaria, assim como em  "The Beast That Sieges Heaven", também com trechos bem agressivos, mas alternando partes mais trabalhadas e cadenciadas, destacando o trabalho das guitarras.


Destaco ainda "Badlands Terror", que inicia extramente veloz e agressiva, com a batera colocando tudo abaixo, mas depois transita por momentos mais trabalhados e com envolventes trocas de ritmos, destacando novamente o trabalho das guitarras, principalmente na parte final, com direito a melodias e um trechinho "dobrado", bem Heavy/Trash 80's; e claro, a faixa título, "Gods of Chaos", bem atmosférica e tensa, com essa alternância de trechos agressivos com outros mais cadenciados, algo marcante no trabalho do Chaos Synopsis.

O Chaos Synopsis é um desses nomes prontos para alçar voos mais altos, o caminho não é fácil, mas qualidade e a busca por uma melhora constante são características que mostram que o grupo é diferente, e se manter o foco e estabilizar a formação, é perfeitamente plausível acreditar na colheita de muito mais bons frutos em um breve futuro.

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Chaos Synopsis
Álbum: "Gods of Chaos"
País: Brasil
Estilo: Thrash/Death metal
Produção: Friggi
Selo: Dunna Records/Black Legion

Line-up:
Jairo Vaz: Baixo e Vocais
Luiz Ferrari: Guitarras
Diego Sanctus: Guitarra
Friggi: Bateria

Tracklist:

01. Raising Hell
02.  Storm of Chaos
03.  Black God
04.  Serpent in Flames
05.  Opposer of Gods
06.  The Beast That Sieges Heaven
07.  Sixteen Scourges
08.  Badlands Terror
09.  Gods of Chaos
10.  Cocaine (cover do Andralls)

Canais Oficiais:
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sábado, 28 de outubro de 2017

EZoo: Dario Mollo e Graham Bonnet em Álbum Primoroso!



O italiano Dario Mollo já tem alguns bons anos de estrada, estreando no início dos anos 80 com seu Crossbones, banda a qual retomou e lançou um álbum em 2016 pela Frontiers Records (excelente, por sinal, e com o ótimo Carl Sentance – Nazareth, Persian Risk, Don Airey Band – nos vocais) e com um currículo em que prima pela qualidade de seus lançamentos. Esse cara tem uma discografia irrepreensível, dividindo seu tempo entre produção em seu próprio estúdio, e lançar álbuns com seus projetos como The Cage (ao lado de Tony Martin) e Voodoo Hill (com Glenn Hughes).

Para nossa sorte, em pouco tempo temos mais um trabalho do guitarrista no mercado, agora com o EZoo, projeto em parceria com Graham Bonnet (Rainbow, Impellitteri, Alcatraz, MSG), sendo que a dupla já havia trabalhado junta no que seria esse projeto, antes chamado Elektric Zoo.


Vindo de Mollo não poderia se esperar menos do que um álbum acima da média, e mais uma vez o guitarrista acerta a mão em “Feeding the Beast”, e ainda traz o veterano Graham Bonnet em grande performance. Bonnet, um autodidata, que não começou no Hard Rock e Classic Rock, vindo a enveredar-se nesses caminhos após o convite de Ritchie Blackmore para que integrasse o Rainbow. A partir daí o vocalista já tem no currículo dezenas de trabalhos em bandas do estilo.

Bonnet talvez já não alcance aquelas notas altas de outrora, algo natural, mas esbanja feeling, coisa que faz muita falta em muitos novos vocalistas. A dupla nos brinda com uma coleção de canções que transitam pelo Classic Rock, Hard Rock e até Heavy Metal clássico, primando pelos refrãos cativantes, a interpretação passional de Bonnet e as melodias, riffs e solos deste grande músico que é Dario Mollo, que desfila sua classe, feeling, criatividade e técnica, em nuances diversas, que vão do Classic Rock, passando pelo neoclássico, Heavy Metal épico e facetas mais atuais.

O Classic Rock e Hard carregado de groove e melodia da dupla passeia por momentos bem variados, entre faixas cheias de ritmo, pesadas e melodiosas, épicas e cadenciadas, como a abertura com a compassada  “You Are Your Money”, onde Bonnet solta a voz, com seu timbre característico, embora agora mais rouco, entre os riffs de Mollo; a épica faixa título, “Feeding the Beast”, com seus mais de 11 minutos, alterna momentos melodiosos e trabalhados, com trechos mais pesados, beirando o Heavy Metal clássico. Épica, climática e poderosa. Destaque para os vocais, onde Bonnet busca tons mais altos, em uma interpretação cheia de feeling e poder, e para o fantástico trabalho de Mollo nos riffs, melodias e com o belo solo, onde esbanja técnica e bom gosto.


Os momentos que remetem ao Classic Rock, especialmente o trabalho de Ritchie Blackmore, podem ser notados aqui e acolá, e para mostrar a admiração pelo trabalho de Ritchie, temos as versões para “Eyes of the World”, em que Mollo fez soar bem atual, mas sem descaracterizar os tradicionais e inconfundíveis riffs criados por Blackmore, e ainda, a praticamente obrigatória “Since you’ve Been Gone”, versão de Russ Ballard que foi destaque da época de Bonnet no Rainbow, e desde então se tornou obrigatória na carreira do vocalista.  Sempre temeroso mexer em clássicos, mas depende muito em quais mãos a música vai cair, e lógico que está em excelentes mãos. A versão aqui soa fresca e cativante, com alguns novos arranjos no piano e guitarra.

Em um álbum tão bom, difícil apontar somente algumas faixas, mas vamos lá para mais duas que estão um pouco acima das demais, como a levada cheia de groove de “Guys from God” e  a “Don’t Look Back”, “balada” pesada,com uma grande interpretação de Bonnet, destacando ainda os teclados, que dão um fundo épico, que é abrilhantado por um belíssimo solo; e a vibrante e acelerada “C’est la Vie”, que também foi o primeiro single deste trabalho. Destaque para as melodias da ponte e do refrão! Daquelas que grudam na cabeça na hora.


Grandes músicos, que já mostraram ao longo da carreira sua capacidade em criar grandes músicas, e com EZoo mostram que ainda tem muito mais para dar. Como gosto de dizer, para alguns parece tão fácil fazer música boa! Mais um acerto e excelente trabalho deste “Guitar Hero” italiano, Dario Mollo, que de quebra trouxe Bonnet de volta ao seu melhor! 

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: EZoo
Álbum: "Feeding the Beast" 2017
Estilo: Classic Rock, Hard Rock, Heavy Metal
Selo: Ear Music/Shinigami Records
Assessoria: CMM Music - Germany



Tracklist
1. You are your money 
2. The flight of the Sapini 
3. C’est la vie 
4. Guys from God 
5. Feeding the beast 
6. Eyes of the World 
7. Colder than cool 
8. Too high to be falling 
9. Motorbike 
10. Since you been gone 
11. Don’t look back 
12. CODA

     


     


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Rage: O "Resgate" Continua!


Sim! O resgate daquela sonoridade típica do Rage, que foi se perdendo em meio a experimentações, trocas de line-up e outros problemas, tem continuidade. Peavey Wagner queria retornar àquela identidade dos anos 90 (no encarte do álbum, antes das letras, há um texto dele falando claramente a respeito),e que ao meu ver se manteve até "Welcome to the Other Side" (2001), apesar de outros bons álbuns, como "Soundchaser", muita coisa foi mudando no Rage, com a influência de Terrana e Smolski pesando forte.

Uma nova era, retornando como trio, começou em 2015 e mostrou sua cara no primeiro full-lenght em 2016, com "The Devil Strikes Again", e pouco mais de um ano depois Peavey e seus companheiros apresentam "Seasons of the Black", a mais recente cria desta nova fase.

Peavey, Vassilios e o venezuelano Marcos Rodriguez formam o alinhadíssimo trio atual, destacando o guitarrista Marcos, que também canta (era vocalista em banda anteriores), e ainda tinha uma banda tributo ao Rage, e como fã, entrou de cabeça na proposta, afirmando buscar fazer músicas que ele, como um admirador da banda também, gostaria de ouvir .


Assim como seu antecessor, "Seasons of the Black" traz riff e melodias características daquela era Rage dos anos 90, em músicas que às vezes beiram o Thrash, mas sempre intercalando doses de melodia, com momentos cativantes e "grudentos".  Melodias cativantes, peso e velocidade que já se mostram presentes na faixa título, que abre o álbum. "Seasons of the Black" traz Martcos Rodriguez despejando riffs marcantes, enquanto a cozinha explode em peso e Peavey solta sua voz rasgada e característica.

E sem chance de recuperarmos o fôlego, vem um dos destaques do álbum, "Serpents in Disguise", que remete ao que o Rage apresenta de melhor, em uma faixa que varia peso e melodia, alternando trechos rápidos com outros mais trabalhados, e linhas vocais cativantes e refrão grudento.

"Blackned Karma" também transborda peso na cozinha, com o baixo de Peavey ganhando destaque. As melodias do refrão cativam de imediato, e ela tem um certo ar grandioso e clássico, assim como "Time Will Tell", outro destaque, com excelentes riffs e melodias de Marcos, cortadas pela voz áspera de Peavey. Destaque para os backing vocals, que dão mais ênfase ao refrão. Preste atenção também no solo de guitarra do venezuelano.


Apontando mais um dos destaques, a tetralogia que fecha o álbum, "The Tragedy of Man", onde Peavey discorre sobre questões da evolução e própria sobrevivência do homem: "A tragédia do homem é que ele não tem respeito pela própria espécie. Nem o assassino, nem seu juiz." , uma peça cheia de emoções diversas, algo de teatral, alternando trechos pesadíssimos com outros melódicos e sinfônicos, destacando o maravilhoso refrão da parte 2, "Justify", que transmite perfeitamente o sentimento da clássica sonoridade da banda e no que tem de melhor, quando mesclam peso, melodia e certo ar clássico e teatral. Nota 10 para letra e música!

A edição dupla, que é a que foi disponibilizada aqui no Brasil via parceria Nuclear Blast/Shinigami Records, traz um CD bônus com regravações de músicas da época que a banda ainda se chamava Avenger. As versões ficaram mais encorpadas e atuais, e claro, uma produção melhor. Quebre o pescoço com "Soutcross Union" e "Down to the Bone". Ótima oportunidade de apresentar essas músicas a novos fãs.

Rage On! Em "Seasons of the Black"  Peavey Wagner segue firme no propósito de resgatar a sonoridade mais característica do seu Rage, e pouco mais de um ano após o primeiro registro da nova fase, este novo álbum vai agradar aos fãs, com uma banda ainda mais  vontade em um trabalho levemente superior ao antecessor.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Rage
Álbum: "Seasons of the Black" 2017
País: Alemanha
Estilo: Heavy Metal
Produção: Rage
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records


Line-Up:
Peavey Wagner: Baixo e Vocais
Marcos Rodriguez: Guitarras e Vocais
Vassilios Maniatopoulos: Bateria e Vocais

Disco I
01. Season Of The Black
02. Serpents In Disguise
03. Blackened Karma
04. Time Will Tell
05. Septic Bite
06. Walk Among The Dead
07. All We Know Is Not
08. The Tragedy Of Man - Gaia
09. The Tragedy Of Man - Justify
10. The Tragedy Of Man - Bloodshed In Paradise
11. The Tragedy Of Man - Farewell

Disco II (regravações de músicas do Avenger)
01. Adoration
02. Southcross Union
03. Assorted By Satan
04. Faster Than Hell
05. Sword Made Of Steel
06. Down To The Bone

     


     

domingo, 22 de outubro de 2017

Evocati: Mantendo o Heavy Metal Tradicional Ainda Mais Vivo


É consciente que a condição da vida, de etapa em etapa, passa por uma alteração fisionômica conforme os anos passam no ser humano, e dependendo da sustância biológica, o progresso de idade tende a cevar estágios mais supinos, precisando se cuidar desde cedo para manter o bom nível. Mas no Heavy Metal, preludiado dos anos 80, não foi preciso se reinventar pra continuar relevante, sendo que, após 3 décadas, a geração mais nova sustenta as praticidades dos medalhões da época.Vindo de Recife (PE), da cidade de Moreno, eis que aparece o Evocati lançado seu homônimo álbum. 

Acatando as 9 faixas do disco, o pressentimento que temos é que estamos saboreando um passado vinho, mas que ainda é ótimo para degustar e que nunca perde o gosto, somente melhora. E depois de 7 anos, desde a fundação do grupo, o quarteto, que não conta mais com o baterista Diego Coutinho, apõem a fidelidade do Heavy Metal tradicional na apropriada minucia, irrigado de peso e versatilidade rítmica, mas que embruxa amenas melodias, principalmente nos vocais, que são bem interpretados, centrado de influências de Judas Priest, Accept e Iron Maiden. 


O trabalho cede uma produção bastante luzida, evidenciando todo montante compacto do quarteto em linhas bem mondadas, expedida pelas mãos do guitarrista Nenel Lucena, no Mr. Prog Studio, ao qual foi delegada também a mixagem e masterização do disco. A capa, ilustrada por Alcides Burn, reporta o significado do nome Evocati, que eram soldados romanos, na época da Roma Antiga, chamados novamente para servir a guerra após um período de inatividade. 

Compor qualquer coisa dentro Heavy Metal, independente de gêneros, nunca foi fácil pra qualquer banda, mas o Evocati possui uma veia sonora cativante e branda, não submetendo aos poderios superficiais ou algo que passe por cima do habitual, pelo contrário. A dedicação e o esforço de cada propiciou um grande disco de Heavy Metal, que como diria os pernambucanos: “É de Tirar o Chapéu”. 

A introdução “Genesis Bellum”, que remete a uma batalha, abre espaço para “The Battle Will Begin” incumbe de começar a batalha com um Heavy Metal tradicional afiado, carregado de peso e melodias bem encaixadas, destacando os rudimentos rítmicos, com menção ao trabalho das 4 cordas de Luiz Neto, sempre presentes e com linhas melodiosas e marcantes; “Death Is A Reality” possui um andamento mais Power, velada por nuances vocais e riffs balanceados; “The Same Blood” é a que mais difere na proposta, com linhas de guitarras rápidas que remetem ao Iron Maiden.


“Real Fight” é menos intensa, linhada por andamentos não tão vigorosos, enriquecida por melodias cheias de harmonia e feeling, transformando-a numa ótima ‘power-ballad’; “Tribe Of Jo” ruma num caminho mais Rock N’ Roll, despachado pelas riscas do Hard Rock dos anos 70, compartilhando dinamismo e técnica na perfeita medida; a faixa-titulo, “Evocati”, marcha renques arrastados, abrindo caminho para as dosagens mais Doom Metal, com uma pitada aqui e ali de Black Sabbath, abusando do experimentalismo em vários momentos da faixa, nos levando pra uma viagem musical quase sem fim, ultimada pela veloz “No Permission”, possuindo um DNA de Thrash Metal nos seus primeiros versos. 

Que esses cabras não percam a vontade de fazer Heavy Metal, e sigam a empolgar as pessoas de todas as gerações não só neste disco, mas nos próximos que virão. 

Texto: Gabriel Arruda 
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Evocati
Álbum: Evocati
Ano: 2016
Estilo: Heavy Metal
Gravadora: Independente 

Banda
Sérgio Costa (Vocal)
Nenel Lucena (Guitarra/Backing-Vocal)
Luiz Neto (Baixo)
Diego Coutinho (Bateria)

Track-List
1. Genesis Bellum
2. The Battle Will Begin
3. DeathIs a Reality
4. Cain
5. The Same Blood
6. Real Fight
7. Tribe Of Jo
8. Evocati
9. No Permission

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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Cobertura de Show: Tim Owens e Edu Falaschi – Santa Maria (05/10/17)


Quando anunciado o show do lendário ex-vocalista do Judas Priest, Tim Owens, ninguém imaginaria que a apresentação iria ser grandemente complementada com a participação do show de outro vocalista de nível internacional, Edu Falaschi. Isso aconteceu no centro do estado do Rio Grande do Sul que recebeu esses dois gigantes em uma noite quente de quinta-feira.

Primeiro há que se parabenizar a iniciativa da Mitnel Produções em apostar nesse evento, haja vista que Santa Maria, cidade com cerca de 270 mil habitantes, há certo tempo não recebia artistas de tamanha expressão do mundo Metal. Apesar de algumas mudanças de última hora, atrasos e certa confusão com a sessão de autógrafos e Meet & Greet, a verdade que tiro o chapéu para a organização, pois sei de perto como é difícil apostar em evento desse porte atualmente no Brasil.

Mas vamos ao que interessa. A banda responsável por iniciar uma verdadeira ode ao Heavy Metal foi a clássica banda paranaense Dominus Praelli. Apesar de 18 anos de estrada, muitos dos presentes não conheciam o trabalho do grupo e certamente saíram com uma ótima impressão e a certeza de que é uma excelente banda de Heavy Metal.


Iniciando com o público ainda tímido, foram precisos umas duas a três músicas para o público começar a chegar perto do palco e a dar alguma resposta durante o show.

Um aspecto que atrapalhou foi a qualidade do som entregue ao público. Vários presentes apontaram o volume excessivamente alto que acabou “embolando” o som, especialmente nos vocais, tanto que em todo o show da Dominus ficou difícil compreender as vozes. Porém, sabemos que um dos pontos que dificultam também é a falta de “habilidade”, digamos assim, por parte dos responsáveis pelo som, como se não fosse possível dar uma qualidade melhor quando se trata de show de Metal. Mas isso é um ponto que certamente não tirou o brilho da grande noite, mas que deveria ser observado em qualquer evento seja pequeno, médio ou grande porte.

Ao som de “Jugulator”, Tim Owens e banda mostraram a força da fase do vocalista no Judas Priest, cobrindo parte da década de 90 e início da seguinte. Se a volta de Rob Halford foi comemorada pela grande maioria dos fãs, verdade seja dita: Tim Owens fez seu legado na banda e a prova foi sentida pelos presentes neste show da “Jugulator & Demolition Latin American Tour”.
Obviamente que a seleção de músicos que o acompanhou, dentre eles o guitarrista Vulcano (Hellish War), também foi decisiva para fazer com que o show do também ex-Iced Earth fosse o melhor da noite.


Fazendo uma mescla entre as principais faixas dos dois discos e clássicos, como “Burn in Hell” (a mais clássica da sua fase na banda), “Bullet Train” (que inclusive concorreu como melhor música do Metal no Grammy na época, segundo informou o vocalista ao apresentá-la), “Hell is Home”, “Lost and Foud” (lindíssima balada Heavy) e encerrando com “One on One” (segundo Owens a sua faixa preferida do “Demolition”), o show foi recebido muito bem pelo público, claro que reagindo com mais ênfase nas mais populares, incluindo clássicos absolutos que ficaram imortalizados na voz do Owens, mesmo que tenham sido gravadas pelo Halford, como “Painkiller” (para mim o ponto alto de todo o show), “Hell Bent for Leather”, “Grinder” (que riff fenomenal) e “Living for the Midnight” (cantada a plenos pulmões por todos os presentes).

Outros destaques do show foram a interação do vocalista com o público que, não poucas vezes, fazia poses para as fotos, cumprimentando as dezenas de mãos que se erguiam na primeira fila a frente do palco. Também tivemos uma “palinha” de “Heaven and Hell”, clássico do Black Sabbath imortalizada por Ronnie James Dio (aliás, Owens canta no Dio Disciples e é empresariado por Wendy, viúva de Dio) e o vocalista chegou a arriscar tocar guitarra em clássico do AC/DC. Ocorre que o que provavelmente seria uma música inteira, acabou no início, pois a microfonia era imensa. Infelizmente o vocalista sofreu com problemas de retorno e equipamento (um momento trágico-cômico foi quando o microfone “desmontou” no meio de uma das músicas, mas que foi contornado com bom humor pela estrela).


Aqui ocorreu algo muito legal. Alguém do público, após reclamação do vocalista, falou “Brasil!”, no sentido de que por ser aqui que ocorriam esses problemas, ao que foi respondido por Owens dizendo que não se pode dizer algo assim do Brasil, que podem existir problemas em todo lugar do mundo e que o Brasil é o melhor lugar para tocar e que estava muito feliz com a turnê em todas as inúmeras vezes que veio, o que foi recebido muito bem pelo público.

Por fim, um momento especial foi em “Breaking the Law” com a participação de Edu Falaschi que logo após subiria ao palco. Os dois vocalistas dividiram a canção aclamada mundialmente e também pelo público que via certamente uma das melhores apresentações de Heavy Metal que poderiam desejar.


Poucos minutos depois Falaschi retorna ao palco com a banda de músicos locais (excelente, diga-se de passagem) para executar clássicos do Metal de bandas como Iron Maiden, Deep Purple, Metallica, Ozzy Osbourne, dentre outros. Dois pontos se destacam: a voz do Edu estava excelente (considerando que houve período em que teve alguns problemas com ela, mas que parece ser passado) e a simpatia do músico que, entre uma música e outra, conversava com o público, contava histórias engraçadas e interessantes da sua experiência.

Como a proposta era de uma noite de clássicos, deixou de fora músicas de seus outros shows (no momento tem trabalhado com a Rebirth of Shadows, tocando músicas da fase Angra), apesar de pedidos do público (mas o vocalista pediu apoio da cidade para poder retornar com essa turnê de clássicos do Angra). Mas o vocalista atendeu o público que pedia “Pegasus Fantasy”, música tema do Cavaleiros do Zodíaco, cantando-a a capela e acompanhado pelo público em coro, algo bem legal de presenciar, emocionante até.


Devido a atrasos e compromissos dos demais artistas, subiu ao palco a banda local Vakan como última atração, já quase no meio da madrugada, o que os prejudicou em termos de público, já que uma boa parcela deixou o Clube ao término do show de Falaschi. Apesar disso, a banda cumpriu muito bem seu dever, executando suas músicas autorais (deve-se dar crédito e valorizar muito isso!) que são composições de grande inteligência, mas que ficaram um pouco prejudicadas pelos problemas de som que ocorreram toda a noite. Ponto alto foi a apresentação de uma das partes de uma canção que estará no debut e que tem tudo para ser, literalmente, épica.

Com a sensação de ter visto 4 ótimos shows e com a alma lavada por poder ver Tim Owens pela primeira vez em alto nível, deixamos o local muito satisfeitos e contentes por ver, mias uma vez, Santa Maria reunindo pessoas de todo estado para um evento desse nível e que teve uma boa resposta do público. Para este redator, que na adolescência ouviu incontáveis vezes “Demolition”, jamais imaginaria que poderia ver de perto, conversar e tirar fotos com esse que é, sem dúvidas, uma das grandes vozes de todos os tempos da música pesada: Tim Owens.


Texto e fotos: Eduardo Cadore


Adendo: meus agradecimentos aos colegas do Road to Metal por manterem firme e cada vez mais forte este site que ajudei a criar. Uma honra e emoção, passados anos desde que deixei a área, retornar, pelo menos para este singelo registro, apesar de estar um pouco enferrujado (risos). Obrigado a você, leitor, que acompanha o trabalho desses caras e que leu esta escrita até aqui.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Tankard: Repetindo a Dose


“Por favor, desce mais uma dose de cerveja!” Quem se ambienta em pubs e bares costuma ouvir isso, além de outras coisas que fogem do normal quando todos estão fora da consciência mental, causada pelo poder do álcool, e uma trilha perfeita para a ocasião é o Thrash de um certo quarteto alemão. O barril de cerveja do Tankard, quarteto de Frankfurt (ALE), vem rendendo discos e mais discos na carreira da banda, e “One Foot in the Grave” chega sem resquícios de irrelevâncias no Thrash Metal praticado pelo grupo.

É perceptível que a discografia do Tankard é um tanto que extensa, com lançamentos a cada um ou dois anos. Sim, está soando mais do mesmo, mas continua sendo benigno e indispensável, mostrando que a ideia musical dos cervejeiros continua intacta e incomparável. E podemos esperar muito peso, riffs absurdos, base rítmica solida e letras de puras sátiras e extroversão, já que diversão e bom humor é um dos pontos fortes da carreira da banda. 

A produção de Martin Buchwalter transparece fases claras e intensas, pois cada timbre é executado de maneira absurda e precisa, deixando fluir com naturalidade certas melodias limpas, fazendo com que nos sintamos absorvidos pela musicalidade que é imposta no disco. O artista Patrick Strogulski, responsável pela arte da capa, reflete o comportamento do quarteto nos mínimos detalhes, visualizando clima recreativo e de distração. 


Precavido de fúria e descontração, “One Foot in the Grave” revela que as linhas sonantes da banda não possuem amarras, prevalecendo toda a energia no seu Thrash Metal singular, tornando o trabalho envolvente, cheio de fúria e intensidade. 

“Pay To Pray” começa chapado de riffs abafados e duros, característico do Thrash Metal alemão, além de boas doses de melodia, principalmente nos solos; “Arena Of The True Lies” segue de jeito ríspido e áspero, desvelado de um trabalho rítmico integro e consistente; “Don’t Bullshit Us!” é novamente corada de riffs agressivos e vigorosos, provida de belas melodias assim como a faixa-título, “One Foot in the Grave”, que logo muda seu jeito com estampidos provocados pelos riffs pesados; o nível de energia e revolta é aplacado com “Syrian Nightmare”; nuances “Sabbathicas” são impostas em “Northern Crown (Lament of the Undead King)”, iniciando com riffs arrastados, mas que logo se agigantam.

“Lock ‘Em Up!” molda linhas Old School e violentas; “The Evil That Men Display” da o ar de brincadeira com ondas destrutivas, e avançamos para a esguia cacetada de “Secret Order 1516”, que conta com a participação de C. (Dickutter, Disinfect e Doom Of Lilith), fechando a paulada com “Sole Grinder”, onde há uma rápido silencio, pra logo surpreender com o mar de gargalhadas no final, homenageando o mau-humorado manager Buffo Schnädelbach”. 


De bônus, pra versão nacional lançada aqui pela Shinigami Records, temos um CD ao vivo no festival Rock Hard, em 2016, contendo 12 marcantes faixas, dando destaque para as conhecidas “Zombie Attack”, “The Morning After”, “Chemical Invasion” e da clássica “(Empty) Tankard”, além de músicas mais novas como “R.I.B (Rest In Beer)”, “Fooled By Your Guts” e “A Girl Called Cerveza”. 

Para curar a depressão e desânimo, “One Foot in the Grave” é excelente pedida, além de um ótimo remédio para curar qualquer tipo de ressaca...ou abrir algumas latas mais!

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Tankard
Ano: 2017
País: Alemanha
Tipo: Thrash Metal
Gravadora: Shinigami Records (Nac.) / Nuclear Blast (Imp.)


Formação
Gerre (Vocal)
Andy (Guitarras)
Frank (Baixo)
Olaf (Bateria)

Track-List
CD 1
1. PaytoPray
2. Arena oftheTrue Lies
3. Don’tBullshitUs!
4. OneFoot in the Grave
5. SyrianNightmare
6. Northern Crown (LamentoftheUndead King)
7. Lock ‘Em Up!
8. The EvilthatMen Display
9. SecretOrder 1516
10. Sole Grinder

     

CD 2 (Rock Hard Festival 2016)
1. Intro
2. ZombieAttack 
3. The MorningAfter 
4. FooledbyYourGuts 
5. RapidFire (A Tyrant’sElegy) 
6. Rules for Fools 
7. R.I.B. (Rest in Beer) 
8. Metal to Metal 
9. NotOne Day Dead 
10. ChemicalInvasion 
11. A Girl CalledCerveza 
12. Rectifier 
13. (Empty) Tankard

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