segunda-feira, 27 de julho de 2020

Entrevista: Secret Rule - "Continuamos a Fazer Música, Como Sempre Fizemos"


O Secret Rule foi fundado na Itália, em 2013, e faz um Metal moderno, mixando riffs pesados e melódicos, incursões de elementos sinfônicos e eletrônicos, aliados aos vocais de Angela Di Vicenzo, construíram uma identidade musical forte.   (English Version)

A banda também possui um planejamento bem elaborado, que a permite lançar praticamente um álbum por ano, apesar de todas as dificuldades do mercado atual, e início desta ano lançou "Against", via Pride & Joy Music.

A pandemia mundial, em que a área de shows e entretenimento foi bastante afetada, modificou um pouco e postergou alguns planos. Mas o Secret Rule não parou, e nesse tempo de isolamento e quarentena, seguiram planejando e divulgando seu trabalho, inclusive até lançando mais um álbum! "Quarantine Sessions - The Other Side of Us", com versões de músicas de artistas que os integrantes gostam.

Conversamos com Angela Di Vicenzo, que nos contou um pouco mais sobre os novos álbuns, a maneira que a banda trabalha, cuidando de vários detalhes além da composição e produção, como mídias sociais, agendamentos de shows e etc, comentou também sobre o mercado musical, e claro, como foi ou está sendo esse período de pandemia na Itália, país que foi bastante atingido, tendo sido necessário medidas como um Lock Down. Confira a seguir:


RtM: Falando sobre o trabalho mais recente, "Against", a cada álbum a banda mostra novidades. Para você, quais são as principais mudanças em "Against"? Pessoalmente, senti que há mais peso nas músicas, os teclados também estão mais presentes.
Angela: Oi Carlos, sim, "Against" é a evolução natural do nosso som. Certamente, é um pouco mais pesado e agressivo e há mais sons industriais nele. A verdadeira novidade é que cuidamos de toda a produção deste CD por nós mesmos. Pensamos, escrevemos, gravamos, mixamos e masterizamos tudo nós mesmos. Criamos os gráficos, preparamos as fotos, cada detalhe foi tratado por nós. Foi um grande desafio, mas agora estamos totalmente satisfeitos com isso.

"Achamos limitante quando nos descrevem como Metal Sinfônico"
RtM: O primeiro single foi "Purgatory", que também ganhou um vídeo. Comente mais sobre essa música e por que vocês a escolheram para o primeiro single?
Angela: Queríamos algo diferente. Muitas vezes, nos últimos anos, as pessoas que descrevem nosso som nos descrevem como metal sinfônico. Achamos um pouco limitante, certamente há muitas atmosferas sinfônicas em nossa música, mas não apenas essas. O riffing é mais agressivo e totalmente diferente das bandas sinfônicas, usamos muitos loops eletrônicos e sons industriais ... estes não é exatamente o que você encontra na música sinfônica. Então, o "Purgatory" foi a música certa para marcar que algo havia mudado. Esta mensagem foi principalmente para outras pessoas, não para nós ... porque continuamos a fazer música como sempre fizemos.


RtM: Duas das minhas favoritas no álbum são "Against" e "Deep Solitude", que tem belas melodias e um refrão cativante. Eu gostaria que você nos contasse um pouco mais sobre eles e a inspiração para as letras.
Angela: "Against" também é uma das minhas favoritas. O novo álbum começou a partir dessa música e conceito, na verdade, também é o título do álbum. Eu sofro com este mundo, esta sociedade. Não consigo entender como é possível ver tanta violência, racismo e injustiça e como tudo é sempre guiado por dinheiro e poder. Voltando à questão da manipulação da sociedade, tudo é filtrado por todas as formas de mídia e, pior ainda, pelas redes sociais. Então essa música é o meu grito, convidando as pessoas a serem mais fortes, para que possam encarar essa vida todos os dias e lutar pela liberdade.

"Deep Solitude", é sobre a dificuldade que temos em entender nossos sentimentos. Por isso, muitas vezes acabamos machucando as pessoas que mais amamos. Nós somos complicados. Muitas vezes caímos em nossa solidão, incompreendidos, incapazes de formar e manter relacionamentos, mas nosso silêncio é o grito mais alto quando precisamos pedir atenção.

RtM: A mudança de selo parece ter aberto novas portas, a banda tendo um tratamento melhor, vários vídeos, lançando álbuns regularmente, até tivemos uma edição limitada especial de "Against". Eu gostaria que você comentasse sobre isso e a viabilidade das bandas continuarem lançando novos álbuns, porque elas nem sempre têm retorno quando se autofinanciam ou não têm o apoio adequado de uma gravadora.
Angela: Hoje, se você quer ser músico, tem que vir de uma família rica! (risos)
Essa é a realidade das coisas. Tudo o que fazemos, fazemos sozinhos. Como eu disse, cuidamos de tudo e pagamos por tudo. Os selos hoje oferecem pouca ajuda para distribuição, nada mais.

Por exemplo, a promoção nos webzines e revistas não é tão importante hoje em dia, porque na maioria das situações, os escritores são jovens que trabalham de graça ou com pouco dinheiro, sem formação musical, sem cultura musical e seu álbum termina sendo analisado por pessoas com dezoito anos e que, em um bom número de casos, ouvem um gênero musical diferente do que você toca. Felizmente, também existem escritores profissionais, mas ficou difícil para eles também trabalharem. 

Hoje, uma banda antes de ser uma banda deve ser um gerente de mídia social especialista, um gerente de música especialista, um promotor especialista e um booker, então você pode ser um músico. O mundo está indo nessa direção e aqueles que não estão preparados para isso terão uma vida difícil.

"Hoje, uma banda antes de ser uma banda deve ser um gerente de mídia social especialista, um gerente de música especialista, um promotor especialista e um booker..."
RtM: É uma realidade totalmente diferente daquele tempo em que gravadoras investiam muito dinheiro.
Angela: Nós fazemos um álbum por ano porque queremos fazer isso. Com ou sem gravadora. Nos últimos anos, encontramos uma boa pessoa como a proprietária da Pride & Joy Music, ela é uma das poucas pessoas corretas nesse mercado de música, certamente é muito importante ... mas só com isso, você não pode sobreviver neste mundo. Não é o suficiente.

Planejamos nossa atividade ano após ano ... sabemos exatamente o que faremos nos próximos 12 meses. Esse é o nosso segredo. Planejamento, programação, trabalhando duro todos os dias, a cada hora.

RtM: Vocês lançaram recentemente o álbum "Quarantine Sessions - The Other Side of Us", com versões de músicas de artistas que você gosta. Conte-nos um pouco sobre como surgiu a idéia e como foi o processo de gravação.
Angela: Durante a quarentena, planejamos lançar alguns vídeos com alguns covers. Quando lançamos a cover do Ozzy ("Gets me Through") e "The Bitter End" do Placebo, recebemos muitos pedidos de nossos fãs que nos pediram para lançar um álbum inteiro de covers. Por isso, pensávamos que só o faríamos se conseguíssemos em duas semanas ... antes que a quarentena terminasse, caso contrário, não faria sentido.

Então, escolhemos as outras músicas e começamos a trabalhar imediatamente na produção ... e em duas semanas estávamos prontos para lançar o álbum. Foi auto-produzido e auto-lançado. Sobre a produção, foi bastante fácil para nós, porque cada um de nós tem seu próprio estúdio e no final das sessões o Andy mixou e masterizou tudo. Então, tudo foi muito divertido.

RtM: E nesse álbum, quais músicas você mais curtiu cantar e por quê?
Angela: É difícil escolher, porque todas as músicas são muito diferentes. Certamente eu gosto de "Not Afraid" porque gosto de sua energia e foi um desafio para mim cantá-la. Eu não sou uma rapper! (risos) Eu amo "Back to Black" porque amo muito essa música! "I Think I'm Paranoid" é tão enérgica e rock, como "The Bitter End" também! "The Swan Song" porque eu amo a voz de Sharon (Within Temptation), e me diverti cantando essa música com uma abordagem diferente em relação à versão original. Mas no final, eu gosto de todas as músicas!

"Lançamos alguns vídeos de covers na quarentena, e os fãs começaram a pedir mais, então fizemos um álbum inteiro."
RtM: Bem, é impossível não perguntar como você se sente ao passar por esse "clima de guerra" na Itália. Conte-nos um pouco sobre como foram esses dias e a rotina por aí.
Angela: Não diria um clima de guerra, há muito silêncio. Todo mundo está vivendo sua vida trancado em casa, com sua família, passando o tempo com todas as coisas que não tiveram tempo de fazer durante a vida cotidiana. Eu fiz o mesmo. Estou passando mais tempo com meus gatos Posi & Nega, comecei a cozinhar muitos bolos diferentes e trabalhei muito mais na Secret Rule.

Não sei se esse vírus foi criado ou se realmente foi um acidente, nem é difícil acreditar em nenhuma explicação. Mas esse foi outro grande desafio que a humanidade foi chamada a enfrentar. Houve pessoas estúpidas (vi pessoas cuspirem em outras para aterrorizá-las, ameaçando infecções e ameaçando aquelas que não queriam seguir todas as regras), mas também muita solidariedade e, certamente, quero ver o lado positivo da situação. A pandemia, aquela que levou as pessoas a cuidar de si mesmas. Neste momento, estamos voltando à normalidade e esperamos retornar completamente à normalidade para sempre.

RtM: E o que você fez para passar o tempo, para manter a sanidade física e mental?
Angela: Eu me sinto bem em casa. Eu assisti filmes, brinquei com meus gatos e trabalhei com a banda em novas estratégias. Como sempre temos pressa, aproveitamos todo esse tempo para planejar os próximos passos da melhor maneira possível. Comecei a me exercitar todos os dias para me manter em forma e me sinto muito melhor!

RtM: E como você vê a situação de bandas e músicos em geral agora com essa parada, sem fazer shows. E acho que ainda não há perspectiva de retorno nos próximos meses.
Angela: Certamente é um momento difícil. Para nós, é difícil porque perdemos o palco e o contato com nossos fãs. A troca de energia é o melhor lado de ser músico. Tivemos que adiar nossas turnês e esperamos poder fazê-las em setembro e dezembro. No início da pandemia, eu vi muitas bandas expressando suas dificuldades financeiras, mas depois de um tempo, todas começaram a transmitir shows e encontraram outras maneiras de se conectar com seus fãs.

A chance de encontrar outra maneira de se expressar também se mostrou uma forma de arte, seja streaming de shows, atividades on-line, inventando um novo emprego etc.). Como em qualquer mercado e empresa, uma banda precisa aceitar o risco do negócio e encontrar outras maneiras de sobreviver. Eu acho que é normal.

RtM: Você assistiu muitos filmes e séries durante a quarentena? Qual você recomenda?
Angela: Eu me apaixonei por "La casa de Papel", é claro, e "Vis a Vis", que eu assisti durante toda a pandemia. Gostei muito da atriz "Najwa Nimri" presente nas duas séries. Então eu assisti "Glitch", mas acho que é apenas para certas pessoas. Enfim, gostei. Então, se você não viu "Vis a Vis", comece logo! (risos)
"A Pandemia é um momento difícil para nós músicos... perdemos o palco e a troca de energia com nossos fãs."
RtM: Hahaha, ok, eu vi alguns episódios, mas prometo que vou retomar. Você assistiu o filme "Rocket Man"? Um momento muito legal é quando Wilson diz ao jovem Elton John que "você precisa matar a pessoa em que nasceu para se tornar a pessoa que deseja ser". o que você pensa a respeito? O que a música mudou em você?
Angela: Uau! Isso é verdade! Quando comecei a cantar, por volta dos quinze anos, lembro-me de que era muuuuito tímida. Antes de subir ao palco, eu tinha que correr para o banheiro ... às vezes eu também vomitava antes. No palco, eu ficava quase bloqueada. Mas eu queria ser diferente porque adorava cantar. Então, dia após dia, eu tive que matar meus "limites" e me forçar a vencer minha timidez, meus medos. Quando olhava para grandes cantoras como Cristina Scabbia ou Sharon Den Adel, ficava muito encantada com sua naturalidade e espontaneidade. Foi um processo longo e eu sempre continuo trabalhando isso.

RtM: Obrigado pela entrevista, sempre um prazer falar com você. Tome cuidado e espero que em breve superemos essa pandemia e que boas coisas virão depois de tudo isso.
Angela: Obrigada Carlos, é o mesmo para mim. Obrigado por este espaço e a todos os leitores que nos apoiam.

Entrevista: Carlos Garcia

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Interview: Secret Rule - "We Just Continue to Make Music, as We Have Always Done".



Secret Rule was founded in Italy, in 2013, and makes modern Metal, mixing heavy and melodic riffs, incursions of symphonic and electronic elements, combined with Angela Di Vicenzo's vocals, have built a strong musical identity.  (Versão em português)

The band also has a well elaborated planning, which allows it to release practically one album per year, despite all the difficulties of the current market, and earlier this year released "Against", via Pride & Joy Music.

The world pandemic, in which the area of ​​concerts and entertainment was greatly affected, changed a little and postponed some plans. But Secret Rule did not stop, and in this time of isolation and quarantine, they continued to plan and publicize their work, including even releasing another album! "Quarantine Sessions - The Other Side of Us", with versions of songs by artists that the members like.

We have talked with Angela Di Vicenzo, who told us a little more about the new albums, the way the band works, taking care of various details in addition to composition and production, such as, promotional photos, social media, booking and etc., also commented on the music market, and of course, how was this pandemic period in Italy, a country that was hit hard, and measures such as a Lock Down were necessary. Check it out below:


RtM: Talking about the most recent work, "Against", with each album the band shows news, what are the main changes in against for the others? I personally felt that more weight was put into the songs, keyboards are also more present.
Angela Di Vicenzo: Hi Carlos, yes, "Against" is the natural evolution of our sound. Surely, it's a bit more heavy and aggressive and there are more industrial sounds on this one. The real news is that we took care of the whole production of this CD by ourselves. We thought, wrote, recorded, mixed, and mastered everything by ourselves. We created the graphics, prepared the photos, every little detail was handled by us. It was a great challenge, but now we are fully satisfied with it.

RtM: The first single was "Purgatory", which also won a video. Comment more about this song and why you chose it for the first single?
Angela: We wanted something different. Often in recent years, people to describe our sound put us near symphonic metal. We found it a bit limiting, surely there are a lot of symphonic atmospheres in our music, but not only those. The riffing is more aggressive and totally different from symphonic bands, we use a lot of electronic loops and industrial sounds...these are not exactly what you find in symphonic music.  So, Purgatory was the right song to mark that something had changed. This message was mostly for other people, not for us...because we just continue to make music as we have always done.

"Today, a band before being a band must be an expert social media manager, an expert music manager, an expert promoter, and a booker then you can be a musician."
RtM: Two of my favorites are "Against" and "Deep Solitude", which has beautiful melodies and a catchy chorus. I would like you to tell us a little more about them and the inspiration for the lyrics.
Angela: Against is one of my favorite ones too. The new album started from that song and concept, in fact, it's also the album title. I suffer this world, this society. I can't understand how it’s possible to see so much violence, racism and injustice, and how everything is always guided by money and power. Getting back to the matter of the manipulation of society, everything is filtered through all media forms and worse still through the social networks. So this song is my scream inviting people to be stronger so they can face this life every day and fight for freedom.

Deep Solitude is about the difficulty we have in understanding our feelings. Because of this, we often end up hurting the people we love most. We're complicated. So often we fall into our solitude, misunderstood, unable to form and maintain relationships, but our silence is the loudest scream we have to ask for attention.

RtM: The label Change seems to have opened new doors, the band having a better treatment, several videos, releasing albums regularly, we even had a special limited edition of "Against". I would like you to comment on this and the viability of the bands to continue launching new albums, because they do not always get a return when they self-finance, or do not have adequate support from a label.
Angela: Today, if you wanna be a musician you have to come from a  rich family! (laughs)
This is the reality of things. Everything we do, we do by ourselves. As I said to you, we take care of everything and we pay for everything. Labels today, they offer very little help for distribution, nothing else.

For example, promotion on the webzines and magazines is not so important these days, because in most situations, the writers are very young people who work for free or for little money, without a musical background, without a musical culture, and your album ends up being reviewed by guys who are eighteen and who in a good number of cases listen to a different musical genre from what you play. Fortunately, there are also professional writers but it has become hard for them too to work.

Today, a band before being a band must be an expert social media manager, an expert music manager, an expert promoter, and a booker then you can be a musician. The World is going in this direction and those who are not prepared for this, will have a hard life.

We make one album per year because we want to do it. With or without a label. In the past few years we found a good person in the owner of Pride & Joy Music, she's one of the few correct people in this music market, surely it's very important...but with only this, you can't survive in this World. It’s not enough.

So, we plan our activity year after year...we know exactly what we'll do in the next 12 months. This is our secret. Planning, scheduling, working hard every day, every hour. 


 " (The Song) 'Purgatory' marks that something had changed... This message was mostly for other people, not for us...because we just continue to make music as we have always done."
RtM: You have released recently the album "Quarantine Sessions – The Other Side of Us", with versions of songs by artists that you like. Tell us a little about how the idea came about and how the recording process went.
Angela: During the quarantine, we planned to release a couple of videos of cover songs. When we released the Ozzy cover ("Gets me through") and Placebo's "The bitter end", we received a lot of requests from our fans who asked us to release a whole album of cover songs. So, we thought we would only if we were able to do it in two weeks...before the Quarantine ended otherwise it wouldn't have made sense.  

So, we chose the other songs and started immediately working on production...and in two weeks we were ready to release the album. It was self-produced and self-released. About the production, it was easy enough for us, because every one of us has their own studio and at the end of the sessions...Andy mixed and mastered it. So, everything was really fun.

RtM: And from this album, which songs did you like to do the most and why?
Angela: It's difficult to choose because all songs are so different. Surely I like "Not Afraid" because I like its energy and it has been a challenge for me to sing it. I'm not a rapper! LOL I love "Back to Black" because I love that song so much!

"I think I'm Paranoid" is so energic and rock, like "The Bitter End" too! "The Swan Song" because I love Sharon's voice and I had fun in singing that song with a different approach in respect to the original version. But at the end, I like all the songs!

"When we released Ozzy and Placebo covers, we received a lot of requests from our fans who asked us to release a whole album of cover songs."
RtM: Well, it's impossible not to ask how do you feel to have to go through this war climate there in Italy. Tell us a little about how these days have been and the routine there?
Angela: It's not a war climate, there is a lot of silence instead. Everyone is living their life locked in at home, with their family, spending their time with all those things they didn't have time to do during their ordinary life. I did the same. I'm spending more time with my cats Posi& Nega, I started to cook a lot of different cakes, and I worked much more on Secret Rule. 

I don't know if this virus was created or if it really was an accident, neither explanation is difficult for me to believe. But this has been another great challenge humanity has been called to face. There have been stupid people (I have seen people spit on other people to terrify people by threatening infection and those who didn't want to follow all rules) but also a lot of solidarity and surely, I want to see the positive side of the pandemic, the one which has moved people to take care of themselves. At this moment we're getting back to normality and we hope to return completely to normality for good.

RtM: And what have you been doing to pass the time, to maintain physical and mental sanity?
AngelaI feel good at home. I watched movies, I played with my cats and I worked with Secret Rule on new strategies. We're always in a hurry so we took advantage of all this time to plan the next steps to the best of our abilities. I started to exercise every day to keep in shape and I feel much better!

RtM: And how do you see the situation of bands and musicians in general now with this stop, without doing shows. And I think there is still no prospect of a return in the coming months.
Angela: Surely it's a difficult moment. For us, it's difficult because we miss the stage and the contact with our fans. The exchange of energy is the best side of being musicians. We had to postpone our tours and we hope we'll be able to do them in September and December. 

At the beginning of the pandemic, I saw a lot of bands expressing their money difficulties but after a while, all bands started streaming concerts and found other ways to connect with their fans. The chance to find another way to express oneself has also proved an art form, be it streaming concerts, online activities, inventing a new job, etc). As in any market and any company, a band has to accept the business risk and find other ways to survive. I think it's normal.

 "For us, it's difficult because we miss the stage and the contact with our fans."
RtM: Have you been watching many movies and series during the quarantine? Which do you recommend?
Angela: I fell in love with "La casa de Papel" of course and "Vis a Vis" that I've been watching all during the pandemic. I liked a lot the actress "Najwa Nimri" present in both the series. Then I watched "Glitch", but I think it's only for certain people. Anyway, I liked it. So if you haven’t seen "Vis a Vis", you should start with that :)

RtM: Ha ha ha!ok, i saw just some episodes, but i promise i will watch. Did you watch the movie "Rocket Man"? A really cool moment is when Wilson  sayds to young Elton John that "  You gotta kill the person you were born to be in order to become the person you want to be." what do you think about? What has the music changed about you?
Angela: Wow! That’s so true! When I started to sing, around age fifteen, I remember that I was soooo shy. Before going on stage, I had to run to the toilet…sometimes I also vomited beforehand. On stage, I was almost blocked. But I wanted to be different because I loved singing so much. So, day after day, I had to kill my "limits" and force myself to beat my shyness, my fears. When I looked at great singers like Cristina Scabbia or Sharon Den Adel, I remained so enchanted by their naturalness and spontaneity. It has been a long process and I always keep working on myself.

RtM: Thanks for the interview, always a pleasure to talk to you. Take care and hopefully soon we will overcome this pandemic and good things will come after all this.
Angela: Thank you Carlos, it's the same for me. Thank you for this space and to all the readers who support us.

Interview by: Carlos Garcia


Pride & Joy Music


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sábado, 25 de julho de 2020

Segregatorum: “A cena é muito mais forte que isso”


Entrevista por: Renato Sanson


Entrevista – Banda: Segregatorum de Bento Gonçalves/RS


2020 marcou o lançamento do Debut “Lemarchand's Dominus” trazendo o Death/Doom como proposta principal. Como se deu o processo de composição do mesmo?

A Segregatorum sempre foi focada em música autoral, então eventualmente íamos ter material gravado. Mesmo antes do lançamento virtual do primeiro EP, já estávamos trabalhando em outras faixas, que futuramente apareceriam no debut, mas o fizemos sem pressão para lançar. Um de nós chegava no ensaio com uma ideia nova, e a partir disso, trabalhávamos as outras linhas, num processo bem democrático, até atingir o som “ideal”.


Em relação as críticas, a receptividade do disco perante público e imprensa tem correspondido o esperado?

A receptividade tem sido bem acima do esperado, na verdade. Até ficamos surpresos positivamente com as críticas, pois trata-se da primeira experiência em estúdio da maioria dos membros, e não sabíamos bem o que esperar.


Em breve vocês estarão lançando um novo material, o EP “Live In Desolation”. Com músicas gravadas para a terceira edição do “Quarentena Rock Online Fest”. Como surgiu esta ideia?

Desde abril estávamos pensando o que fazer durante a quarentena, já que ensaios não eram possíveis aqui na cidade. De repente, surgiu a oportunidade de participar do cast do QROF, e não tendo equipamentos para gravar de casa, tivemos a ideia de gravar um ensaio, contendo a setlist tocada no festival (3 faixas). Então o Matheus Carrer, do Cosmic Music Studio, aqui de Bento Gonçalves mesmo, nos deu todo o suporte necessário para fazer isso acontecer, e quem não pôde conferir no festival, vai poder dar uma ouvida em todas as plataformas, em setembro.


Conte-nos um pouco mais sobre os temas abordados pelo Segregatorum em suas letras, que são em sua maioria baseados nos filmes de terror da série Hellraiser, certo?

Precisamente. As letras retratam cenas do filme e buscamos remeter a atmosfera do mesmo, mas visamos ir além da parte gore e repugnante do filme (haverá músicas com muito gore/trash nas letras, afinal também tocamos Death Metal, certo?). Há também, detalhes emocionais e sobre a índole de cada personagem retratado, o que resulta em uma aproximação no ouvinte, que poderá se identificar com características dos personagens da trama. O tema central das letras é a busca pela caixa de Lemarchand, que é capaz de entregar prazeres além da compreensão humana, para quem portá-la. Tão importante que virou nome e capa de álbum, hehehe.  A busca incessante que Frank, um dos personagens, faz por este objeto maligno, é cerne de toda nossa jornada, que será desenvolvido nos próximos trabalhos.


Sobre suas influências, o que elas impactam diretamente no som da banda?

As influências foram/são essenciais, não só para atingirmos o som que pode ser ouvido no Lemarchand’s Dominus, mas também parte da identidade sonora como banda. Cada membro vem de um subgênero distinto do metal. Lucas (Carbonera), baixista, tenho inspirações que partem do prog metal (vide Opeth antigo, Mastodon) até o tech death (Obscura, Archspire, The Faceless), enquanto que Carlos, baterista (Chris Adler, Aquiles Priester, Eloy Casagrande), e Cabelo, guitarrista, mais thrash e groove (Megadeth, Lazarus AD, Sepultura). Quanto ao vocal, Lucas (Lazzarotto) tem influências que variam desde Sentenced, Hipocrisy, até Moonspell e Paradise Lost. Essas diferenças ficam evidentes, pois há faixas mais melódicas, lentas, e outras mais groove, rápidas, com o vocal variando entre o gutural e o rasgado, ajustando-se à situação retratada na letra. Com a entrada de Cristian, no final de 2019, assumindo a guitarra solo, agrupamos outras influências, tanto instrumentais, quanto vocais, que serão retratadas no segundo álbum de estúdio.


Atualmente o mundo passa por um colapso pandêmico. Onde bandas e músicos foram atingidos sem dó e nem piedade. Na visão de vocês, como o cenário musical pode se recuperar desta situação?

Por um lado, vemos como uma oportunidade das bandas se reinventarem, refazer planos para o curto e médio prazo, aproximar-se mais de seu público (usando as mídias sociais), e aproveitar o período para produção de material. Por outro lado, não haverá um grande investimento de gravadoras em bandas novas, já que fomos afetados como um todo, no âmbito financeiro. Acreditamos que essa recuperação pode ser feita, mais do que nunca, baseada na união da classe musical, seja ela em questão de shows (locais, nacionais, internacionais) ou outras atividades presenciais. A cena é muito mais forte que isso.


Um Single inédito está nascendo da banda a composição “Silver Ov Light”, teremos o lançamento desta faixa inédita ainda este ano?

Claro! Já criamos um evento virtual, em parceria com a Wargods Press, para marcar a data do lançamento do EP, dia 18/09. E já adiantar que um segundo álbum de estúdio já está em fase de produção. Muito obrigado pelo espaço, Renato!


Link para o evento no FB:

Redes sociais da Segregatorum:

domingo, 19 de julho de 2020

Segregatorum: melodioso, intrincado e soturno


Resenha por: Renato Sanson


O Doom Metal sempre teve aquele “pezinho” no Death Metal e quando misturados, a sinergia entre os estilos se torna latente. Podemos reparar isso nos grandes nomes dessa fusão como: November’s Doom, Paradise Lost e Moonspell.

Os gaúchos de Carlos Barbosa da Segregatorum são adeptos a tal “mistura” e apresentam em seu Debut – “Lemarchand's Dominus” (20) – um ótimo Death/Doom Metal regado a melodias soturnas, peso, passagens intrincadas e cadenciadas.

A influência de Paradise Lost é notável, assim como a dos portugueses do Moonspell, em especial nas linhas vocais, mas as estruturas das composições casam com tais influencias e é possível enxergar nitidamente a personalidade da banda em cada parede composicional.


As variações rítmicas chamam a atenção, a chuva de riffs e melodias são despejadas com muita naturalidade, e as alternâncias entre cadencia e certa fluidez mais ríspida tornam a audição rica em detalhes, não soando cansativa, mas sim diversificada. Porém nada disso seria possível se não tivéssemos uma produção de alto nível e “Lemarchand's Dominus” traz está excelente lapidação em suas lacunas, mas sem soar artificial. Méritos do produtor Ernani Savaris.

A parte gráfica da bolacha também se destaca, a capa em si desenvolvida pelo vocalista Lucas faz menção aos sete pecados capitais e toda forma de imperfeições e falhas humanas, casando perfeitamente com o tema lírico do álbum.

A Segregatorum marcha muito bem em sua estreia e já coloca o seu pelotão de frente pronto para a batalha, quem sabe se distanciando um pouco mais de suas influencias podem com toda a certeza alçar voos maiores.

Tracklist:
1 - Gli Scultori Di Carni
2 - Lemarchand’s Dominus
3 - We Have Eternity To Know Your Flesh
4 - Hex Ov N’Guize
5 - Purge Ov The Carnal Sins Through Transcendental Tortures
6 - Nemecic Inferi
7 - More Than Eyes Can See
8 - Nourished Wounds (Elysium part 1)
9 - Initium Dolorum
10 - Threnody

Links:


Formação:
Carlos Acosta - Bateria
Cristian Gedoz - Guitarra Solo
Lucas Carbonera - Baixo
Lucas Lazzarotto - Vocais
Luiz Felipe Flores - Guitarra Base

sábado, 18 de julho de 2020

Cerberus: "Não existiria nada no Metal se não existisse o público"

Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Nicolas Cardoso (vocalista) – Banda: Cerberus de Torres/RS


2015 foi o ano de lançamento da Demo “Legacy”. O material trouxe uma boa resposta do público?

Agradeço ao Road To Metal por essa oportunidade e desejo que continuemos muito fortes nessa luta pelo Heavy Metal Tradicional. Nós saudamos vocês! Bom, o que eu posso te dizer sobre tua pergunta é aquilo que ouvimos da boca das próprias pessoas nos pós SHOW descendo dos palcos. TODOS sempre trouxeram críticas incríveis. Não houve um show sequer que não tenhamos sido abordados pelas pessoas e parabenizados como a melhor banda que tocou no evento daquela noite. Em nossas apresentações, enquanto nossa intro toca, nos reunimos fechados em círculo em cima do palco, nós quatro, um olhando na cara do outro, e reafirmamos para nós mesmos que vamos fazer o melhor show que aquelas pessoas vão ver na noite. Não admitimos nos apresentar ao vivo sem chutar bundas. Enquanto tocamos ao vivo nós gostamos de olhar no olho de cada um lá em baixo, de fazê-los sentir o que sentimos. Não existiria nada no Metal se não existisse o público, eles são brutais. São tudo para nós!

Se alguém nos acha ruim ou não curte o som nunca veio me dizer. Até porque se alguém não gostar do que fazemos não daremos a mínima. Continuaremos fazendo o que acreditamos independente de críticas. É assim que o verdadeiro Metal deve ser.



Lembro que nesta época o material foi gravado exclusivamente para a banda Hibria levar junto para a sua turnê asiática. Como surgiu está oportunidade?

Eu, Nicolas Cardoso, aprendi tudo que sei em matéria de voz com o Iuri Sanson (ex-vocalista do Hibria). Somos amigos e ele como um dos melhores seres humanos que já conheci na época comentou comigo da viagem que eles fariam, me oferecendo a oportunidade de levar alguns CD's nossos para o público e produtores japoneses. Os retornos foram bem interessantes! Somos orgulhosos de termos uma bandeira fincada em terras asiáticas. Na nossa Demo a produção das vozes foi feita pelo Iuri, e tem até algumas vozes dele lá. Prêmio para quem descobrir aonde.


São dez anos de estrada e de tributo ao Dio a Cerberus passou ao som autoral. Como foi está transição?

Faz dez anos do nosso primeiro show no Steel Festival em Criciúma - Santa Catarina. Temos orgulho de termos sido figurinha carimbada neste que foi o maior evento de Metal do extremo sul catarinense. Não é qualquer evento que tem mais de cinquenta edições além de realizações MENSAIS! Tu conheces algum produtor que organizou perto de 12 eventos underground num ano? O Geni - Produtor do STEEL FESTIVAL e owner no selo mais brutal que existe no Brasil, o RAPTURE RECORDS - é o cara! Somos muito gratos a ele! Assim como não é qualquer banda que tem dez anos DE PALCO. Ensaiar na garagem e brincar em frente ao computador não conta! Somos uma banda de verdade e não uma banda de estúdio ou internet. Nosso lugar é na estrada! Com a galera!

Sobre o processo de composição foi algo bem natural. Nós fazíamos covers variados de clássicos do Heavy Metal nos primeiros anos, mas DIO sempre foi uma paixão de todos na banda, performamos com orgulho alguns shows como TRIBUTO AO DIO (maior vocalista que já caminhou sobre a terra) e isso realmente colaborou muito para formar nossa identidade. Honestamente eu desconfio que o nosso guitarrista deveria fazer um teste de DNA (esse cara deve ser filho do Tony Iommi), ele simplesmente pega a guitarra e solta riffs incríveis um atrás do outro. Felizmente temos essa vantagem, os sons geralmente vêm dos riffs do Cristian Nunes e eu meto voz e letra em cima, depois aprumamos os outros instrumentos e linhas complementares. Nós temos músicas compostas desde 2010, temos material que acabou não indo para a Demo que foi composta e que vai performar no nosso CD full deste ano.


O retorno da Demo e das apresentações fizeram a banda seguir em outro nível, já que neste período realizaram aberturas importantes como Dr. Sin e Paul Dianno, certo?

Sim de fato a Demo abriu muitos caminhos. Tivemos o prazer de abrir o maior show de Metal que já existiu em nossa cidade natal, Paul Dianno, além de termos sido convidados para abrir o show de encerramento do Dr. Sin pela própria organização do evento.

Tivemos um retorno bem legal sobre a DEMO LEGACY dos irmãos Busic e do Edu. Os caras adoraram! Entregamos cópias em mãos para eles e o Edu (maior guitarrista brasileiro) autografou a guita do Cristian Nunes. Temos contato até hoje.


Algo que chama a atenção na Cerberus é a estabilidade em sua formação. Neste período ativo vocês tiveram apenas uma troca de integrante!

Sim! Nós acreditamos na longevidade e estabilidade das bandas como um fator determinante para uma melhor sonoridade. Ter uma banda por muitos anos é difícil, mais difícil ainda é mantê-la unida. Nós tivemos dois outros baixistas além do atual, Rodrigo, infelizmente o nosso primeiro baixista decidiu ir tocar Hard Rock e o segundo casou-se e mudou de cidade. Pretendemos morrer com essa formação.


Em relação ao Debut, já temos uma previsão de lançamento? Como estão as gravações do mesmo?

Entraríamos em estúdio no começo do ano, em março. Era quando o produtor do estúdio teria agenda livre para nos receber. Mas devido ao Covid-19 paralisamos os trabalhos e reajustamos a data para dezembro deste ano. Estamos sujeitos a questão global, mas o tempo está ao nosso favor, é como fazer um bom vinho, quanto mais tempo passar mais brutais as músicas ficarão. Algumas músicas estão totalmente prontas e outras estamos em fase final de produção de guias para a gravação profissional.


A Cerberus executa um Heavy Metal Tradicional forte e intenso. Remetendo a grandes nomes do estilo como Grave Digger e Manowar. Em termos líricos qual será a influência e direcionamento para o primeiro álbum oficial?

Nós temos uma grande influência em toda a escola de Heavy Metal Tradicional. Os supracitados obviamente compõem posição elementar na nossa identidade, mas não dá para deixar de fora Accept e Judas Priest. Estão enganados aqueles que pensam que apresentamos tudo que sabíamos fazer no nosso DEMO CD. O nosso álbum de estreia será GRANDIOSO, PODEROSO E BRUTAL!


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domingo, 12 de julho de 2020

Requiem’s Sathana: obscuro, experimental e brutal


Resenha por: Renato Sanson


O Black Metal em si é visto não apenas como um estilo musical, mas sim como uma filosofia de vida, trazendo o impacto em sua sonoridade ríspida com letras desafiadoras para muitos. Mas engana-se quem pensa que o estilo se limita, e muito já vimos o experimentalismo se aliar ao som negro e pútrido.

A Requiem’s Sathana de Novo Hamburgo do Rio Grande do Sul traz essa proposta, com a faceta do Black Metal, a velocidade do Death e o experimentalismo, com passagens intrincadas e progressivas, o que deixa o Debut autointitulado – lançado neste ano (20) – bem diversificado.

O trio gaúcho se uniu em 2017, porém experiência é o que não falta em suas lacunas já que os músicos são figurinhas carimbadas do underground extremo com passagens por bandas como: Bloodwork e Dyingbreed.

São apenas cinco faixas com o trabalho tendo a duração de um pouco mais de quarenta minutos, o que você já pode imaginar o que terá das composições ao apertar o play, pois esqueça aquele som sujo e muitas vezes tosco do Black Metal old school de meados dos anos 90, mas sim hinos longos e cheios de variações, tendo até mesmo flerte com o Heavy Metal Tradicional, mantendo a estética obscura, mas com diversificações que fazem toda a diferença em sua sonoridade que vai na contramão do estilo.

A produção do álbum é de alto nível e muito cristalina. Não deixando você perder nenhuma alternância entre as músicas, além é claro, do peso na dose certa para a proposta. A parte gráfica com uma arte em preto e branco traz essa obscuridade e intensidade que a Requiem’s Sathana mostra em sua musicalidade, casando perfeitamente com sua estética.

Fãs de Enslaved, Dimmu Borgir, Paradise Lost e afins, deleitem-se, pois é mais que um prato cheio.

Ótima estreia!


Links:

Formação:
Rex Mendax (baixo)
Rex Guture (vocal)
Rex Inferii (guitarra)

Tracklist:
01 Legion
02 Perfect Silence
03 Now It’s War
04 Mordgier
05 Requiem’s Sathana

sábado, 11 de julho de 2020

Initiate Decay: aguardando o fim de um caos para o caos sonoro continuar


 Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Tiago Vargas (baixo/vocal) – Banda: Initiate Decay de Esteio/RS

Dois anos já se passaram desde o lançamento do EP “Awaken the Extinction”. Teremos material novo em breve?

Teremos sim. Na verdade, antes deste imprevisto relativo ao covid-19 já tínhamos planejado para esse ano a gravação de um full-lenght, o qual estávamos com mais de 80% do material concluído. A ideia é retomar a pré-produção deste trabalho o quanto antes. Porém, estamos aguardando uma normalização deste atual cenário de pandemia, que infelizmente pegou desprevenido não apenas nós, mas também muitas outras bandas e produtores.

De quarteto a trio (a banda teve a saída do guitarrista/vocalista Diego Araújo). O que muda esteticamente no som da banda?

Esteticamente o nosso som se compõe para duas guitarras. Trabalhamos bastante com dobras intervalares, e levadas polifônicas com as guitarras trabalhando de forma bastante abrangente. Nossa ideia é adicionar novamente um quarto integrante. Durante algum tempo, o Wagner Santos da banda Revogar esteve substituindo o Diego Araújo, chegou a fazer alguns shows conosco, mas infelizmente não conseguimos conciliar as agendas.

Após a saída do Wagner chegamos a realizar alguns shows como trio, adaptamos alguns arranjos no baixo para cobrir a ausência desta segunda guitarra. Mas pretendemos em breve anunciar um novo integrante para a segunda guitarra.


Musicalmente o som do Initiate Decay é o mais ríspido Death Metal, mas com passagens altamente técnicas e estruturadas. Como funciona o processo criativo?

Parte do processo ocorre individualmente e parte em estúdio. Contudo, dentro de estúdio. Geralmente eu e o Aires trazemos uma estrutura mais maturada para as músicas e o Alexandre realiza os arranjos em estúdio. Nós gostamos muito de trazer vida e significado à música tanto nas variações rítmicas quanto riffs alternados, para moldar a música de fato, diferente do padrão convencional de composição.

2020 e a pandemia. Um ano praticamente para se esquecer – ou não – o que vocês tiraram de positivo de todo esse caos?

Como eu consigo ficar em casa sem tornar isso um problema, eu consegui me organizar para me focar de forma produtiva tanto na música quanto em outros projetos pessoais que estavam na gaveta. Musicalmente tenho trabalhando letras e composições tanto do Initiate Decay quanto do Carcinosi (que é a outra banda que eu atuo), além também de gravar áudio e vídeo de covers no molde “at home” com amigos de outras bandas. Além da música, no âmbito tecnológico sigo também trabalhando em projetos como edição de vídeos, lyric vídeos, elaboração de sites, lojas virtuais, etc. Tudo uma questão de tentar utilizar o tempo da forma mais produtiva possível.

Entre nós da banda, mesmo que a distância, seguimos conversando constantemente. O Aires e o Alexandre também seguem utilizando o tempo disponível de forma produtiva.


O EP “Awaken the Extinction” foi lançado de forma independente no formato físico. Qual a importância de ainda ter o lançamento físico ao meio das facilidades do mundo digital?

O formato físico ainda se faz necessário. Principalmente para boa parte do nosso público que ainda considera o material físico um artefato de valor. Eu particularmente vejo o CD físico como algo necessário. Estamos numa fase de transição, mas o CD físico ainda é necessário. Embora não mais como antes, ainda assim, existem números expressivos de vendas de CDs tanto em lojas físicas quanto lojas virtuais.

Em termos de repercussão, o EP alcançou o seu objetivo?

Podemos dizer que sim. Pois conseguimos dar ênfase ao nome da banda que foi formada em 2016. Conseguimos divulgar o EP em muitos países da América Latina e Europa. Inclusive o encarte do EP foi destacado como um dos melhores das bandas da américa latina. Tivemos resultados muito positivo e expressivos para uma banda com pouco tempo de vida.


Pensando lá na frente em 2021, quais os planos futuros para o Initiate Decay?

Queremos dar continuidade a composição das novas músicas e a produção deste novo full-lenght. E assim que possível divulgar novidades do nosso line up e principalmente voltar a pisar nos palcos novamente.


Links:



sábado, 4 de julho de 2020

Noldor: “Acredito que nenhum horror consegue ser tão brutal quanto os criados por nós mesmos”


Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Patrick Marçal (one-man-band) – Projeto: Noldor de São Paulo/SP


São cinco álbuns de estúdio e uma proposta sonora voltada ao Death Metal Melódico. Conte-nos sobre a trajetória da Noldor até o presente momento.

A Noldor desde o começo eu imaginei dentro do gênero death metal melódico, até por questões de influencias, é um gênero bem flexível, você pode adicionar riffs e grooves pesados sem deixar de lado os refrões com melodias mais “grudentas”.

Essa ideia partiu quando eu estava no colégio ainda, em 2014, não encontrava ninguém para montar uma banda, e então decidi fazer tudo sozinho mesmo, eu sempre tive contato com softwares de produção musical, então não foi algo tão complicado no inicio.

O primeiro álbum teve um feedback legal e então decidi continuar a compor, mesmo tendo algumas dificuldades com mixagem e masterização que parecia um bicho de 7 cabeças para mim na época, eu fui seguindo essa trajetória até a sonoridade que a Noldor se encontra hoje, não só na produção, mas em composição também, busquei sempre manter uma característica para não perder a originalidade da proposta inicial.


A Noldor é uma one-man-band. Quais as facilidades e dificuldades de manter o projeto sendo capitaneado por apenas um músico?

Acaba sendo mais fácil registrar as ideias quando você não depende unicamente de um estúdio, o grande problema são os equipamentos, a evolução da qualidade de gravação de cada álbum depende muito do equipamento que você tem naquele momento, muitas vezes isso compromete o resultado final e atrasa o lançamento das musicas.


“Banned from Light” é o mais recente trabalho da Noldor, trazendo grandes composições e estruturas cheias de feeling. Como se deu o processo criativo do mesmo?

Grande parte das musicas saíram de forma espontânea, eu sempre costumo tocar e gravar as ideias, eu deixo a estrutura principal pronta e vou adicionando o que falta até levar as musicas para o software de mixagem para o resultado final, compor é um processo prazeroso e de momentos, eu sempre aproveito para criar algo quando sinto vontade e então guardo as musicas para um uso futuro.


Como está sendo a repercussão do álbum em si?

Está sendo uma surpresa, eu não esperava um feedback tão incrível sobre este trabalho, isso me motiva a continuar e evoluir como musico, o apoio do público é muito importante e influencia bastante no trabalho do artista, só queria agradecer a todos que estão apoiando, divulgando e ajudando esse projeto de alguma forma, vocês são demais!


Em termos líricos a Noldor aborda em suas letras transtornos psíquicos e a complexidade mental dentro de nós. Comente mais a respeito.

Eu sempre tento trazer letras com duplo sentido, tanto oculto, quanto interno, você pode interpretar de forma apocalíptica, mas também como uma guerra interna, todos nós lutamos contra nossos demônios todos os dias, e quem tem distúrbios psíquicos passa por isso em dobro, o que eu imagino em minhas letras quando eu escrevo, são as 2 faces da destruição humana, os dois lados da moeda, o seu fim pode ser por causas externas, mas também por si próprio. Acredito que nenhum horror consegue ser tão brutal quanto os criados por nós mesmos, para muitas pessoas a mente é o próprio pesadelo.


Estamos atualmente assolados pela pandemia, o que isso implicou nos projetos musicais?

A pandemia atingiu os músicos de forma inesperada, eu tinha feito uma reserva para melhorar o home-studio, infelizmente tive que pausar e usar a reserva para outros fins.

Na questão de shows e eventos, eu tinha algumas apresentações com a Hardgainer e uma possível continuação no processo de gravação da Neshamot, ambos foram adiados e estão parados, sem shows, sem ensaios... É complicado, mas espero que fique tudo bem no final, a arte não pode parar.


Existe a possibilidade da Noldor se tornar uma banda completa para shows em um futuro próximo?

Sim, com certeza, estou amadurecendo essa ideia e fazendo mais amizades no meio musical dentro do estilo, provavelmente isso ocorra em breve.


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