terça-feira, 27 de março de 2018

Cobertura de Show – Angra Fest: Angra, Massacration, Noturnall (26/11/2017 – Tom Brasil – SP)


O espaço para as bandas nacionais é algo que não será disperso neste ciclo contemporâneo. Mas devido ao grande número de shows internacionais, a concorrência de poupar o seu lugar entre os grandes é incumbida de custos e modos que qualificam o caráter musical do conjunto. Relevando a importância do Metal brasileiro, o pessoal do Angra resolveu montar seu primeiro festival reunindo grandes nomes da cena: Noturnall, Massacration e, claro, o Angra, celebrou a comunhão desse gênero no denominado Angra Fest, ocorrido no último dia 26/11 no Tom Brasil (SP).

Quando vem a palavra ‘festival’ da a entender que se trata de um evento com mega produção, contando com um gigantesco espaço ao ar livre, palcos com estrutura de primeira linha e entre outros recursos que não faltam em grandes festivais. No caso do Angra Fest, os organizadores não precisou de muito coisa para puxar o publico até o Tom Brasil. O lugar fechado ofereceu não só segurança e proteção para os que foram prestigiar esse momento oportuno, mas sim comodidade para curtir a trinca de shows de maneira prudente (defendido de qualquer ameaça de chuva), já que a oscilação de tempo era constante.


Noturnall: Com os Reforços de Mike Orlando e Henrique Pucci, o Grupo Segue Divulgando  "9"




A abertura dos portões foi cumprida pontualmente às 18h. O número de público dentro do local era razoável e o suficiente para recepcionar a primeira atração da noite: a Noturnall, que subiu no palco às 19h05. O trio, chefiados por Thiago Bianchi (vocal, no estilo super herói), Fernando Quesada (baixo) e Junior Carelli (teclados), preparou uma pequena turnê de divulgação do mais recente álbum, “9”. Com o baterista Aquiles Priester morando em Los Angeles (USA) e o guitarrista Léo Mancini com a agenda reservada, couberam ao guitarrista Mike Orlando (Adrenaline Mob, Sonic Stomp) e o baterista Henrique Pucci (ex-Project46) preencherem a ausência de ambos nesse período.

O inicio do show ficou por conta da eletrizante “No Turn At All”, que apresentou uma instabilidade no microfone do Bianchi, nivelando entre o baixo e alto volume. “Fight The System” adicionou ainda mais pressão e fervor, presenteando todos com um balão gigante da banda, que intercalou por vários cantos da casa durante toda a apresentação. As zombies pole dancers roubaram a cena em “Zombies” e desfilaram uma performance amedrontante.


Voltando ao formatado normal do palco, Bianchi mostrou que estava sendo um prazer enorme de tocar em casa novamente e muito feliz de poder se unir com o Angra, no qual o todos tem uma história com os mesmos, alegando que eles sempre fizeram a diferença dentro do Metal nacional. E como parte da divulgação do “9”, “Mysterious” foi executada no bom sentido, sendo uma das preferidas do vocalista. E o Power Metal frenético acabou titubeando os PAs em alto volume.

Há dois anos, a banda esteve (junto com o Angra) a oportunidade de tocar no palco Sunset do Rock In Rio, tendo um convidado ilustre na época. E sem mais delongas, Bianchi chamou imediatamente o vocalista Michael Kiske, só que tudo passou de uma tradicional pegadinha do malandro. Mas para chegar próximo a isso, o sexteto executou o clássico “I Want Out”, do Helloween, que teve um timbre parecido com a versão original, onde o Juninho curtia a performance de seus colegas com o seu sea board, além do público corresponder com a parte deles no refrão.


Vindo de mais uma surpresa, Bianchi chamou ao palco o prodígio guitarrista Bruno Henrique para tocar “Sugar Pill”, e este mostrou os seus dotes no instrumento com extrema habilidade e técnica. Vale ressaltar também as praticidades do Mike Orlando (totalmente em forma depois trágico acidente com o Adrenaline Mob) e do Henrique Pucci, que demonstraram eficiência em cada música da banda, pondo fim com a célebre “Nocturnal Human Side”.


Massacration: Sob o Signo do Deus Metal!


Saindo da fúria progressiva, era a vez de se transportar ao Metal cômico do Massacration. Depois de um hiato que durou 4 anos, Detonator (vocal, Bruno Sutter), Metal Avenger (guitarra solo, Marco Antônio), Headmaster (guitarra rítmica, Adriano Pereira), El Muro (baixo) e El Perro Loco (bateria, Ricardo Confessori), encheram os presentes de muito bom humor e diversão, começando a hilária apresentação com “Metal Is The Law”, contando com a participação do novo guitarrista da banda, Red Head Hammet (Franco Fanti), que se recusou a ficar no palco por ser sujo, jogando enfurecidamente sua guitarrista de vassoura pra bem longe.

Não poupando a estima, Detonar atacou com suas piadas, dizendo que o Angra comprou a ideia do festival, que na verdade era pra ser o Massa Fest. Mas com tanta choradeira, resolveram vender o nome pra banda, entendendo que serão humilhados pelo quinteto, secundando o set com “The Mummy”, que retrata sobre um amigo tarado do Deus do Metal, tendo a participação especial do rapper Egypcio. 

Perguntando se todos gostam de Heavy Metal, auferido de um enorme SIM, Detonator apresentou um horrendo funk do MC 2K, fazendo parodia para a pavorosa “Chupa”. Apesar dos aplausos, o vocalista pedia pra não aplaudir, pois o mesmo acha um absurdo, mas, no final das contas, ele pedia para todos continuarem, seguido do primeiro single com “Metal Massacre Attack”, que teve o refrão cantado de maneira efusiva.


Enquanto Detonator contava suas histórias, despretensiosamente, houve um blecaute no Tom Brasil, faltando energia em todos os cômodos da casa. O momento sem luz deu ensejo para a banda poder fazer o seu teatro no palco e tirar onda com o público. Sabotagem ou não, a culpa foi direcionada ao empresário Paulo Baron, que na visão do vocalista, a apresentação do Massacration estava sendo muito melhor. Bom, com tudo restabelecido, “The Bull”, ao lado do ilustre Little Garçom, completou a metade do set contagiando os corações apaixonados.

Para os que gostam de mulheres mais velhas, e a todas as mamães bonitas e conservadas que não deixam de mamar, “Metal Milf” esbravejou o poder sólido e vigoroso, estando fixada na mente do público após alguns meses de lançamento deste que é o mais recente single da banda.

Restando somente duas músicas, e contando novamente com a presença de Red Head Hammet, essa com uma guitarra extra-gigante, “Evil Papagali” e a “Metal Bucetation” (onde todos ergueram as mãos fazendo símbolo do Metal em formato, digamos, erótico) encerram a segunda parte do festival pra lá de animada.



O restante da noite ficou para a banda que dá nome ao festival, o Angra, que teve um atraso que durou meia hora, deixando muitos ansiosos para o começo show. Mas tamanha euforia tinha motivos significativos, pois o show reservava convidados especiais e a chance de poder ouvir, com exclusividade, uma nova música que estará presente no novo álbum da banda, “OMNI”, há ser lançado dia 16 de fevereiro.

Angra: A Hora dos Donos da Festa e Seus Convidados Especiais


Pondo fim na espera, Fabio Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra), Rafael Bittencourt (guitarra e vocal), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), dispondo também dos coadjuvantes Bruno Sá (teclados) e Dedé Reis (percussão), iniciou as suas atividades, às 22h15, com uma trinca matadora, inaugurando o repertório com “Newborn Me”, “Acid Rain” e “Final Light” (essas duas últimas com os tambores do Dedé bem encaixados na música, com Lione perdido na parte final da última esquecendo a letra).

Curto e breve, Lione estava muito feliz em poder realizar o primeiro Angra Fest, enunciando que o evento tem como objetivo fortalecer a cena Metal brasileira, agradecendo a presença do público e de todos os convidados, deixando todos entusiasmado com a nova música, suspeitando que o novo álbum vai surpreender muito. Questionando bravamente se querem mais e se todos conhecem o álbum “Temple Of Shadows”, o vocalista pediu pra todos cantarem com ele na aclamada “Waiting Silence”, que logo transportou para a climática “Ego Painted Grey”, do “Aurora Consurgens”.
A envolvente “Time” e a progressiva “Upper Levels” (pouca executada ao vivo), espelharam em momentos do primeiro e último disco, não demorando muito pra Bruno Valverde explodir com seu vertiginoso solo de bateria.

Lione e Geoff Tate
Tendo o palco só pra si, Rafael se centralizou para comunicar que estava com muita saudade dos fãs, e que toda campanha que fizeram de vídeos no Youtube, aproximou demais a banda com os fãs. E a motivação, que deixa a banda inteira empolgada por estar fazendo música, no pensamento do Rafael, são os fãs, alegando que seria triste terminar o ano sem um show. Querendo mais, o guitarrista uma linda composição de estreladas (cambiados pelos flashs dos celulares) na emocionante “Silent Call”, voltando a bombardear tudo com mais uma do “Temple Of Shadows”, concluindo a primeira parte do show com “Angels And Demons”.

Espere... “Gate XIII” sendo reproduzida? Calma, o show não acabou! Novamente no centro do palco, Rafael explicou sobre o novo ciclo que a banda está iniciando com o OMNI, aproveitando para explicar o conceito retratadona nova música, que tem a ver com a conexão entre os humanos num longínquo ano. E em alto e bom som, “Travellers Of  Time” hipnotizou a atenção de todos! E o que o Lione está cantando nessa canção é de cair o queixo!

Alírio Netto
Voltando ao palco, era hora de chamar a primeira convidada da noite, e quem deu ponta pé na chuva de convidados foi a vocalista Dani Nolden, do Shadowside, interpretando a balada “Heroes Of Sand”, que ficou compatível com sua textura vocal (beirando ao limpo e agressivo). Sem poupar ninguém, foram a vez do ex-baixista Luis Mariutti e do ex-baterista Ricardo Confessori fazerem a sua parte em dois momentos do álbum “Holy Land”, são elas: “Silence And Distance” e “Nothing To Say”, que foi cantada inteiramente pelo vocalista Alirio Netto.

Relembrando a adolescência, Rafael recordou que a primeira banda que ele ouviu, tendo misturas do Rock Progressivo do Rush, Genesis, Yes e Pink Floyd, e com o Heavy Metal do Black Sabbath e do Iron Maiden, foi o Queensrÿche, assumindo que as músicas do “Angels Cry” são quase cópias da banda. E nessa ânsia alegria que o mesmo chamou o convidado internacional da noite, o nada menos que o vocalista Geoff Tate, que logo já mostrou sua elegância e finesa em “Empire”.

Dani Nolden
Com Geoff Tate permanecendo no palco, Lione logo deu as caras rasgando ceda ao vocalista, testemunhando que o Queensrÿche foi à primeira banda que ele escutou. E ainda, depois de 25 anos, ele considera o cantor como o melhor de todos os tempos. E é nessa onda de elogios que os dois interpretaram uma música do Angra juntos, e a escolhida foi “Make Believe”, sendo, até então, o ápice da noite.
Evocando mais Queensrÿche, Geoff Tate a faixa que, pra mim, é a mais marcante do “Operation Mindcrime”, a magnifica “Eyes Of a Stranger”, encerrando sua participação com a clássica “Silent Lucidity”, do disco “Empire”, terminando a segunda parte do show com “Rebirth”.

Faltava poucos convidados pra terminar a noite com chave de ouro, e a bola da vez foram para o guitarrista Edu Ardanuy e o vocalista Bruno Sutter, que estava assistindo o show inteiro na plateia, relembrando os seus tempos de moleque quando conheceu o Angra e sentindo-se honrado em poder participar da festa. Levado ao palco pelo público que ele, junto com Ardanuy, executou I’II See The Light Tonight, do guitar-hero sueco Yngwie J. Malmsteen.

Edu Ardanuy e Bruno Sutter
Terminando o ciclo de convidados, o vocalista Marcello Pompeu, do Korzus, destruiu com “Walk”, do Pantera. E ficou claro que houve umas derrapadas por parte dele, não lembrando totalmente a letra da música.

Concluindo, os vocalistas Thiago Bianchi, Alirio Netto e Bruto Sutter uniram-se a banda para cantarolar um dos hinos do Metal nacional, fechando o set com a memorável “Carry On” e “Nova Era”, onde cada um cantou cada verso de ambas às músicas.

Marcelo Pompeu (Korzus)
Que seja o primeiro de muitos Angra Fest, que dessa vez seja mais amplo e cheio do que o primeiro. Agora é contar os dias e horas para o lançamento do tão aguardado OMNI.

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Dener Ariani

Noturnall
1.    No TurnatAll
2.    Fightthe System
3.    Zombies
4.    Mysterious
5.    I Want Out (Helloween)
6.    Sugar Pill
7.    NocturnalHumanSide


Massacration
1.    Metal is The Law
2.    The Mummy
3.    Metal Massacre Attack
4.    The Bull
5.    Metal Milf
6.    EvilPapagali
7.    Metal Bucetation

Angra
1.    Newborn Me
2.    AcidRain
3.    Final Light
4.    WaitingSilence
5.    Ego PaintedGrey
6.    Time
7.    UpperLevels
***Drum Solo***
8.    SillentCall (Acoustic)
9.    AngelsAndDemons
***TravellersOf Time (New Song)***
10. HeroesOfSand (Dani Nolden)
11. SilenceAndDistance (LuisMariutti, Ricardo Confessori)
12. NothingToSay (Alirio Netto, LuisMariutti, Ricardo Confessori)
13. Empire (Geoff Tate)
14. MakeBelieve (Geoff Tate, Fabio Lione)
15. EyesOf a Stranger (Geoff Tate)
16. SilentLucidity (Geoff Tate)
17. Rebirth
***Encore***
18. I’II See The Light Tonight (Edu Ardanuy e Bruno Sutter, original byYngwie J. Malmsteen)
19. Walk (Marcello Pompeu, original byPanter)
20. CarryOn / Nova Era (Fabio Lione, Thiago Bianchi, Alirio Netto, Bruno Sutter)

quarta-feira, 21 de março de 2018

Judas Priest: Os Metal Gods Mostram seu Poder de Fogo





Se abrirmos o manual de instrução de como deve ser feito Heavy Metal, e ainda o dicionário com os nomes mais significativos da história do som pesado, com certeza o Judas Priest estará nas primeiras páginas desses livros. A banda realmente define essa cultura, tanto na parte sonora quanto na visual, e produziu clássicos que explicam (precisamente) o estilo mais pesado do planeta. Carregando quatro décadas de atividade sobre os ombros, o grupo emerge o verdadeiro espirito Heavy Metal no seu 18º disco da carreira, “Firepower”.

Depois de gerar controvérsias nos últimos três lançamentos, o Priest recupera o seu nível mais classudo e tradicional, trazendo os elementos principais que caracterizam a musicalidade triunfal do grupo. Energia é o que não falta no coração desses senhores, resgatando novamente a inspiração apoteótica numa visão que une o clássico, mas soando atual, merecendo ser aclamado como o melhor disco desde a volta do vocalista Rob Halford.


As expectativas só aumentaram quando Tom Allom (responsável pelas modelações clássicas dos anos 80) foi anunciado para produzir o disco, mas se não fosse por Andy Sneap – que assumiu a parte de co-produção – “Firepower” não seria o que é hoje, com todo respeito ao lendário produtor. O trabalho em conjunto resultou em uma sonoridade íntegra e clássica e ao mesmo tempo atual, incluindo-se aí  uma calorosa arte, criada por Claudio Bergamin, bem ao estilo tradicional de capas como "Screaming for Vegeance", "Defenders of Faith" e "Painkiller".

Se temíamos que viria só mais um disco somente para cumprir contrato, respiramos aliviados e esperançosos logo nas primeiras amostras, e entre os poucos dinossauros que estão na ativa, o Judas Priest ainda mostrou que tem o poder de fundir o que chamo de obra-prima. E o álbum soa perfeito, encontrando tudo o que se espera em se tratando de riffs pesados e solos soberbos – comandados pela dupla Glenn Tipton e Ritchie Faulkner – seguida da cozinha rítmica intensa de Ian Hill e Scott Travis, faltando palavras pra descrever a performance do Metal God, Rob Halford, que consegue atingir notas agressivas e agudas em alto nível.

O disco possui 14 faixas que evidenciam o poder de fogo da banda, abrangendo linhas ríspidas e vertiginosas logo na faixa-título, “Firepower”, onde já nos primeiros segundos já se pode identificar que é uma canção dos Metal Gods ingleses! A versatilidade vocal do mestre Halford entra em evidência em “Lightning Strike”, impondo vigor e riffs exuberantes. Direções cadenciadas aparecem em “Evil Never Dies” (que música! Metal never dies!), trafegado da agressividade a requintados solos de guitarra, fazendo um maravilhoso elo de peso e melodia com a cadenciada “Never The Heroes”; atalhos duros dão o tom em “Necromancer”, enquanto que o memorável refrão é destaque na “Children of the Sun”.


Introduzida por lindas notas de piano, “Guardians” prepara o terreno pra “Rising From Ruins”, com boas doses peso, trazendo ares vanguardistas pra “Flame Thrower”, que possui uma linguagem mais Rock n' Roll; os nossos pescoços entram instantaneamente em movimento com a arrastada “Spectre”, entubado das boas dobras de guitarras temos em seguida a “Traitors Gate”; a simplicidade de “No Surrender” mostra como é fácil pra quem sabe; a envolvente “Lone Wolf” traz passagens cadenciadas, e encerrando o álbum, a bela “Sea Of Red”, permeada de lindos arranjos acústicos e riffs carregados, podendo ser denominada como a "balada" do disco.

Pois é meus amigos... se por acaso esta maravilha for a última da história da banda, ficará mais uma surpreendente obra dentro do grande legado dos Metal Gods. E essa despedida se aproxima e parece mais próxima após Glenn Tipton ser diagnosticado com Mal de Parkinson, o que inclusive o impediu de tocar na turnê de divulgação do álbum, dando lugar ao produtor Andy Sneap.

Finalizando, “Firepower” não só é, provavelmente, o melhor disco de 2018, mas tem tudo para ser um novo marco nesses 44 anos de estrada.

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Judas Priest
Álbum: Firepower
Ano: 2018
Estilo: Heavy Metal
Gravadora: Epic Records (Imp.) / Sony Music (Nac.)

Formação
Rob Halford (Vocal)
Glenn Tipton (Guitarra)
Ritchie Faulkner (Guitarra)
Ian Hill (Baixo)
Scott Travis (Bateria)

Track-List
1.    Firepower
2.    Lightning Strike
3.    Evil Never Dies
4.    Never the Heroes
5.    Necromancer
6.    Children of the Sun
7.    Guardians
8.    Rising From Ruins
9.    Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red

Contatos


       


       

terça-feira, 13 de março de 2018

Wintersun: Uma Nova Viagem Epic/Folk



Formado inicialmente como um projeto paralelo de Jari Mäenpää (Enfiserum), o Wintersun acabou tendo um ótimo retorno, com seu auto-intitulado debut (lançado em 2004) sendo tratado por muitos como uma pérola do estilo, no caso o Folk Metal. Com o tempo, o projeto foi crescendo, e Jari recrutou músicos para as apresentações ao vivo e também formando uma banda "convencional", sendo que o debut foi todo composto e tocado por ele, com exceção da bateria.


Em 2012, o segundo álbum, "Time I", é lançado, sendo que já era planejada uma obra em duas partes, porém "Time II" não pode ser concluído, por não possuírem equipamentos e estúdio necessário para finalizar a obra. Jari fez um acordo com a gravadora que entregaria um novo projeto, e foi criada uma campanha para arrecadar fundos para construção de um estúdio para a banda gravar "Time II" e possivelmente os seus demais trabalhos.


Com o adiamento de "Time II", o terceiro álbum do Wintersun é "The Forest Seasons", anunciado em janeiro de 2017 e lançado no segundo semestre do mesmo ano, e com o título que lembra "The Four Seasons", de Vivaldi, mas não ligação nenhuma quanto a conceito ou sonoridade. 

Esta nova viagem Epic/Folk é dividida em 4 faixas (as quatro estações da floresta), e mesmo sendo um trabalho que traz as características conhecidas da banda, parece que, sendo uma espécie de "Plano B", acabou ficando aquém das expectativas, embora tenha seus bons momentos e qualidades.


A viagem Epic/Symphonic/Folk Metal do Wintersun transita também por elementos do Black Metal e incursões atmosféricas e melodiosas, e mesmo não tendo aquele brilho e criatividade dos antecessores, é um trabalho que serve para aplacar a sede dos fãs, já que havia a expectativa do lançamento de um novo álbum. As faixas vão trazendo atmosferas correspondentes às quatro estações, onde encontramos trechos extremos, pesados e densos, alternando com linhas sinfônicas e limpas, assim como os vocais, que transitam pelo limpo e gutural.


Um trabalho que pode decepcionar se a expectativa sobre ele for muito alta, já que era esperada a continuação de "Time I", e Jari vinha trabalhando intensamente nos últimos 5 anos, mas se você for apreciar o trabalho despido dessa expectativa criada, vai encontrar um álbum que vai manter o interesse se você for fã da banda, aplacando um pouco da ansiedade por "Time II". Agora, se você ainda não tem familiaridade, melhor pegar para ouvir os álbuns anteriores antes, para ter uma dimensão maior a respeito do trabalho de Jari Mäenpää, que sem dúvidas é um músico e compositor acima da média.

Resumindo, "The Forest Season" é um bom álbum, uma interessante viagem Epic Folk Metal e mística,  mas que ficou um pouco aquela sensação de que não recebeu o devido tempo de maturação, sendo uma transição ou preparação para "Time II", onde aí sim a responsabilidade sobre a banda e as expectativas estarão bem mais pesadas.

Texto: Carlos Garcia


01. Awaken From The Dark Slumber (Spring)
02. The Forest That Weeps (Summer)
03. Eternal Darkness (Autumn)
04. Loneliness (Winter)






sexta-feira, 2 de março de 2018

Jag Panzer: Heavy Metal Clássico Fiel às Suas Raízes



Digno representante do "American Heavy Metal", termo que se tornou usual para para descrever a sonoridade mais pesada - com aquele pé no Thrash, das bandas Norte Americanas de Heavy Metal - o Jag Panzer iniciou sua carreira lá no começo dos anos 80, recebendo forte influência da NWOBHM, junto a grupos como Metal Church, Helstar e Vicious Rumours. A banda teve sua trajetória prejudicada pelas constantes "implosões" de seu line-up, tanto que após o debut "Ample Destruction" (1984), voltando a lançar um trabalho somente em 1997, o "The Fourth Judgement", conseguindo manter-se fiel a sonoridade clássica, e seguindo assim, por mais alguns álbuns, destacando "Thane to the Throne" (2.000), e tendo novamente um hiato após "The Scourge of Light" (2011), com uma nova separação da banda. Curiosamente esse álbum até então havia alcançado as melhores posições na história do Jag Panzer.

Bom, o grupo ficou um tempo hibernando e retornou, fazendo novas aparições em festivais como o Keep it True, inclusive contando com membros da formação original, como o guitarrista virtuoso Joey Taffola e o vocalista Harry "Tyrant" Conklin, e logo surgiram informações de que a banda estaria trabalhando em um novo álbum, contando com integrantes da formação original, em contra partida também houveram comentários de que o grupo procurava um novo vocal.


As notícias sobre o novo álbum se confirmaram, inclusive com Tyrant nos vocais, além de Joey Tafolla (guitarras), Mark Briody (guitarras), Stjernquist (bateria) e Tetley (baixo), formando um line-up com integrantes da formação original ou que estiveram na banda nos anos 80, e com "The Deviant Chord" (2017), um novo trabalho do Jag Panzer vê a luz do dia.

A capa já dá uma boa impressão, com a arte do artista sérvio  Dosan Markovic trazendo elementos de ficção científica, com o personagem lembrando vilão Lagarto, inimigo do Homem Aranha. E as boas impressões não ficam só na arte de capa, pois "The Deviant Chord" traz o "American Power Metal" do Jag Panzer revestido por uma sonoridade mais atual, mas mantendo a chama daquela sonoridade clássica, inclusive a NWOBHM, e empolga logo na abertura com a veloz "Born of the Flame", onde saltam os olhos o trabalho das guitarras, com técnica e melodia, a cozinha consistente e o timbre característico de Tyrant, logo na sequência.

"Far Beyond all Fear" também empolga, com tradicionais riffs "cavalgados", guitarras gêmeas e grandes melodias no refrão; a faixa título é mais lenta e climática, iniciando com linhas acústicas, para crescer em seguida, com uma levada cadenciada, destacando os vocais altos de Tytant. Felizmente a ótima impressão segue por todo o disco.


O Jag Panzer construiu um álbum sem momentos fracos, realmente um excelente "retorno". Heavy Metal e Power Metal edificado por um belo trabalho de guitarras, tanto nos riffs como nos solos e melodias, e há de se destacar que Harry "The Tyrant" parece não sentir os efeitos do tempo, ao contrário, parece estar no seu melhor momento. O grupo também soube dosar as 10 faixas, alternando músicas com andamentos mais cadenciados, com outros mais rápidos, assim como power ballads e também canções que alternam trechos mais melodiosos, com mais pesados e moderados.

Entre as faixas que, além das duas iniciais, ao me ver também se sobressaem estão "Foggy Dew", canção tradicional irlandesa que a banda transformou numa, digamos, "War Metal" song, e que com seu ritmo marcial nos convida a cantar de punhos cerrados ao ar! "Long Awaited Kiss", uma power ballad, onde Tyrant mostra sua capacidade em criar linhas mais melodiosas e suaves, destacando também as linhas de piano e violino, cujo efeito foi emulado na guitarra.


"Fire of Our Spirit" é dinâmica e com belo trabalho nas guitarras, sempre com técnica e cuidado nas melodias. É um respiro de NWOBHM clássico em tempos atuais . Os coros no refrão dão um ar épico. E fechando com excelência, "Dare", canção com ares épicos, onde os andamentos cavalgados e melodias e licks das guitarras gêmeas mais uma vez se sobressaem. Na levada daquelas clássicas faixas épicas que fechavam os álbuns, coisa que o Iron Maiden fazia tão bem, e infelizmente desaprendeu.

Este retorno de vários membros das formações clássicas dos anos 80, funcionou muito bem, e em"The Deviant Chord", o Jag Panzer entrega Heavy Metal clássico, com um grande trabalho de guitarras e mostrando Harry "Tyrant" em ótima forma. Tem tudo para agradar em cheio quem já é fã, e também ao fã regular do Heavy Metal Tradicional, NWOBHM e American Heavy Metal.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Jag Panzer
Álbum: "The Deviant Chord" (2017)
País: EUA
Estilo: Heavy Metal, NWOBHM, American Power Metal
Produção: John Herrera
Selo: SPV/Shinigami Records

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Line-Up
Harry "Tyrant" Conklin - Vocais
Joey Tafolla -  Guitarras
Mark Briody - Guitarras & Keyboards
John Tetley - Baixo

Rikard Stjernquist - Bateria

Tracklist:
1. Born of the Flame
2. Far Beyond All Fear
3. The Deviant Chord
4. Blacklist
5. Foggy Dew
6. Divine Intervention
7. Long Awaited Kiss
8. Salacious Behaviour
9. Fire of Our Spirit
10. Dare