domingo, 26 de novembro de 2017

Sunroad: doses fortes de melodias e uma sonoridade bem peculiar

Resenha: Renato Sanson


Se manter ativo por mais de vinte anos no underground não é fácil, mas agora imagine isso com trocas de formação e mesmo assim se mantendo relevante e com suas características intactas.

É isso que os goianos do Sunroad nos proporcionam, tendo apenas o baterista Fred como único membro da formação original e nos trazendo em 2017 seu sexto full, “Wing Seven” (17), onde o Hard n’ Heavy continua intacto e pomposo.

A proposta da banda sempre foi essa mistura entre o Heavy Metal oitentista e o Hard Rock “farofa”, mas com muita homogeneidade, que mesmo parecendo uma sonoridade simples, é nos detalhes que notamos a grandeza do Sunroad.

Tendo agora a sua frente o estreante André Adonis nos vocais, o rapaz não decepciona e casa muito bem com a musicalidade, mostrando um ótimo timbre e saindo muito bem tanto nas composições mais Heavy como nas baladas mais grudentas.

E nesse ponto “grudento” o Sunroad mostra ser uma das bandas mais marcantes do cenário nacional, que não basta muitas audições para você sair cantarolando suas melodias e refrões. A produção sonora e a arte gráfica soam precisas e casam com esse novo momento em que vivem, grandiosa, orgânica e transbordando vida.

Doses fortes de melodias e uma sonoridade bem peculiar e enérgica, o Sunroad se destaca mais uma vez e nos mostra mais um grande trabalho de sua carreira.

Links:

Tracklist:
1. Destiny Shadows
2. White Eclipse
3. In the Sand
4. Misspent Youth
5. Tempo (What is Ever)
6. Whatever
7. Skies Eyes
8. Day by Day
9. Craft of Whirlwinds
10. Drifting Ships
11. Brighty Breakdown
12. Pilot of Your Heart
13. Last Sunray in the Road

Formação:
André Adonis - Vocais, teclados, violão, baixo
Akasio Angels - Baixo, vocais
Netto Mello - Guitarras, violão, backing vocals
Fred Mika - Bateria, percussão, backing vocals



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Concept of Hate: agressividade e competência

Resenha: Renato Sanson


A raiz noventista do Thrash Metal dá as caras no primeiro EP dos paulistas do Concept of Hate, onde imprimem influencias grooveadas e intensas em “Black Stripe Poison” (14).

Os riffs quebrados são um dos destaques, as composições passam aquela fúria que sentíamos em bandas como Pantera e Lamb of God (bem no começo da carreira), que aliado aos flertes do Hardcore nova-iorquino mostram muita agressividade e competência.

A produção é acima da média e traz bastante peso, o que deixa seu som ainda mais visceral.

Uma ótima estreia, que seguindo esse caminho podem brilhar ainda mais no underground.

Links:

Formação:
Flávio Giraldelli - Vocais
Daniel Pereira - Guitarras
Rafael Biebrach - Baixo
Takashi Maruyama - Bateria

Tracklist:
1. Black Stripe Poison
2. In Human Nature
3. Chaospiracy
4. Sanity is not an Option

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Human: consistência e homogeneidade

Resenha: Renato Sanson


Transições bem sacadas entre o Metal Tradicional e o Prog Metal, fazem de “Sad Modern World” (17 – Debut dos baianos) do Human um álbum diversificado e bem trabalhado.

As melodias e os riffs casam com as quebras de tempo e passagens mais amenas, o peso é perceptível, mas a sonoridade é mais pomposa e com um ótimo equilíbrio entre a técnica e feeling.

Porém a produção crua demais deixou o lado mais sofisticado e trabalhado quase que no escuro, os timbres secos tiraram o brilho de muitas passagens, mas que podem ser corrigidos no futuro, pois mesmo com uma produção não a altura de sua sonoridade conseguiram mostrar muita qualidade e competência.

As passagens acústicas que aprecem também são belíssimas e dão esse toque progressivo a lá Fates Warning e Queensryche, já que as linhas vocais não decepcionam e fazem seu papel corretamente e sem exageros.

Em termos de composição muita consistência e homogeneidade, já a produção precisa ser resolvida em um próximo trabalho para não perderem o brilho da grandeza que percebemos em sua música.

Links:

Tracklist:
1. Beyond Good and Evil
2. Make Your Choice
3. Sad Modern World
4. Evolution at Any Cost
5. Checkmate
6. We Can Live Our Time
7. Sweet Home of Stars
8. Ideal Created, Reality Denied
9. Break the Chains of Your Mind

Formação:
Pedro Neto - Vocais
Níass - Guitarras
Rafael Sampaio - Baixo
Clauzio Maia - Bateria





domingo, 19 de novembro de 2017

Venom Inc: Honrando o Passado, mas Olhando para o Futuro


Voltando um pouco na história e também recapitulando brevemente como se deu a origem do Venom Inc., que é a reunião de dois dos fundadores do Venom, Jeff "Mantas" Dunn (guitarras) e Anthony "Abaddon" Bray (bateria), com o vocalista e baixista Tony "Demoliton Man" Dolan, o qual fez parte do grupo nos anos 90, substituindo Cronos. Após um período de hiato e retorno da banda em 1995, trazendo a formação clássica, Abaddon e Mantas acabaram deixando o Venom novamente, permanecendo apenas Cronos, que acabou prosseguindo com o nome, após consentimento verbal de Mantas, segundo o guitarrista revelou.

Cronos meio que se apoderou da marca, e deu declarações de que ele era o fundador, desmerecendo os demais membros, e gerando desde lá várias "tretas" com os ex-companheiros, como impedir Mantas e Tony de usarem o nome "Venom" na divulgação de seus shows com o M:Pire of Evil. Inclusive o grupo usa o nome Venom Inc com o logo tradicional unicamente porque foi criado por Abaddon.

Todo mundo sabe, e os ex-companheiros não cansam de dizer, que Conrad "Cronos" é um "asshole", que só pensa mesmo na grana e sobrevive as custas da marca "Venom", pois mesmo com álbuns pouco criativos ou interessantes, sempre lhe garante bons contratos e vendas. Bom, falamos no M:Pire of Evil, e foi através da banda de Mantas e Dolan que surgiu o estopim para o Venom Inc, quando Dolan convidou Abaddon para uma participação no festival Keep it True, a partir daí, arestas foram aparadas entre Mantas e Abaddon, e o line-up partiu para novos shows (os músicos não escondem que o nome "Venom inc" trouxe muito mais atenção do que o M:Pire of Evil), e solidifica essa reunião com "Avé", álbum lançado pela Nuclear Blast (e em edição nacional via Shinigami Records).


Em "Avé" podemos encontrar conexões aos elementos dos primeiros álbuns do Venom, como aquele Thrash e Speed Metal ríspido e meio "sujo", mas o trio, adicionou novas nuances, principalmente do Metal tradicional. A maturidade e experiência adquirida foram bem usadas, com o trio entregando um material de qualidade, bem acabado, onde o que mais se sobressai é o trabalho de guitarras de Mantas, com muitos bons riffs e bases e também boa performance nos solos. O trabalho destacado da guitarra tem o suporte da voz rasgada e anasalada de Tony e o peso do seu baixo, e claro, a pegada firme de Abaddon, evidenciando outro aspecto diferente dos primórdios, de que atualmente são melhores músicos. 

Aquela aura "maligna" está mantida também, no trabalho de arte da capa e em elementos sonoros e líricos que aparecem em vários momentos. A tétrica abertura de "Ave Satanas" com a canção clássica "Ave Maria" no comecinho faz essa conexão direta com a essência do clássico Venom, em uma faixa de andamento mais cadenciado, com muito peso e atmosfera dark, permeada por muitos bons riffs; "Dein Fleisch", também tem uma "aura pesada", inicia com o baixo de Tony se destacando, trazendo ao fundo vozes lamuriantes, que junto ao vocal forçando um sotaque germânico, traz um clima meio...acho que "paranoico" seria a palavra, destaque também para os solos.


O Thrash, o Speed Metal e nuances meio Mötorhead estão presentes em "Forged in Hell", destacando novamente os riffs e a bateria frenética e com uso de alguns pedais duplos, sendo que mais faixas enérgicas e velozes estão no tracklist, como "Black n' Roll", esta sim, remete muito a Mötorhead,  e ainda "Metal We Bleed" e a frenética "The Evil Dead", mostrando que, apesar de mais experientes, ainda são capazes de mostrar aquela energia que antes era o maior atrativo do grupo, só que agora com mais apuro técnico.

É muito bom sentir a energia dessas faixas mais Speed Metal, mas o Venom Inc, além da faixa de abertura, traz faixas mais cadenciadas, carregadas de peso e agregando novos elementos, como na ótima "Preacher Man", que traz elementos do Metal tradicional mesclados a timbres mais atuais. Tony entrega uma performance furiosa nos vocais, enquanto seu baixo explode em graves pesadíssimos, e Abaddon também não economiza no peso, apresentando boas variações e viradas. Mas o destaque maior é por conta novamente dos riffs secos e pesados de Mantas. E ainda "I Kneel to God", iniciando com pedais duplos, baixo trovejante e riffs cavalares, numa simbiose que confere um peso absurdo! Elementos mais tradicionais se fundem a timbres mais modernos e tonalidades mais baixas.


O Venom Inc mostra um trabalho superior ao que Cronos vem apresentando com o Venom, com um material mais interessante, trazendo uma ligação às características dos primeiros álbuns do grupo inglês, um dos precursores do Black Metal (não tanto em questões sonoras, como em atitude e temática), com melhor qualidade instrumental e em termos de criatividade, energia e produção. Mas acima de tudo, soando bem mais honesto, demonstrando que Mantas, Abaddon e Dolan estão com gana de mostrar um trabalho consistente, e não somente viver às custas de uma marca e glórias do passado. Estou do lado daqueles que proclamam este o "verdadeiro Venom"!

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Venom Inc
Álbum: "Avé" 2017
Estilo: Thrash/Speed Metal, Heavy Metal
País: Inglaterra
Produção: Jeff Dunn
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami

Line-Up:
Tony "Demolition Man" Dolan: Baixo e Vocais
Jeff "Mantas": Guitarras
Anthony "Abaddon": Bateria


Tracklist:

1. Ave Satanas
2. Forged in Hell
3. Metal We Bleed
4. Dein Fleisch
5. Blood Stained
6. Time to Die
7. The Evil Dead
8. Preacher Man
9. War
10. I Kneel to No God
11. Black N' Roll

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sábado, 18 de novembro de 2017

Prong: Thrash, Groove e Caminhos Mais Acessíveis



Na estrada com o seu Prong desde 1986, salvo o hiato entre 1997 e 2002, Tommy Victor tem produzido muito, pois além de quatro álbuns de estúdio e um ao vivo nos últimos 5 anos, ainda gravou dois discos com Glenn Danzig. Quantidade não é sinônimo de qualidade, mas Tommy tem apresentado um material interessante, principalmente em "Carved into Stone" (2012). Neste "Zero Days", temos novamente um bom trabalho, onde o guitarrista e vocalista experimenta algumas novidades.

O Prong teve ótima repercussão com seus álbuns nos anos 90, onde faziam parte já de uma nova geração do Thrash, com novos ingredientes, mais moderno, utilizando-se de muito groove e elementos industriais. O grupo ainda mantém muitas das características principais, e em "Zero Days" temos elementos do Thrash Old School, o groove, e claro, os vocais e rifferama características de Tommy, com os elementos industriais aparecendo muito pouco, e o que está mais evidente em termos de novidade, é o direcionamento mais melodioso e pop de algumas faixas, por vezes lembrando grupos como Linkin Park e Slipknot.

Temos então a abertura "However it May End", uma peça com andamento meio tempo, bateria compassada e bastante groove; "Zero Days", a faixa título, além dos vocais característicos da banda, tem nuances do Thrash old school e andamento mais veloz, muito boas faixas, já prendendo o interesse.


O lado mais "pop" e "comercial" podemos ouvir em faixas como "Divide and Conquer", com melodias de fácil assimilação na guitarra e vocais, principalmente no refrão, e em "The Whispers", que também possui aquele tipo de melodia que gruda na mente e são "assoviáveis". O groove da cozinha e os riff são muito cativantes. Sempre interessante tentar coisas novas, apesar de algumas vezes soar bem diferente do som mais característico da banda.

O lado mais Thrash e pesado aparece a contento, como na veloz e agressiva "Operation of the Moral Law", com seus riffs e "paradinhas" tradicionais do estilo, e em "Forced Into Tolerance", mais direta e vibrante. As nuances industriais e efeitos aparecem em "Waisting of the Dawn" (os elementos industriais bem mais nesta) e "Rullers of the Collective", que é uma das que trazem essa roupagem na linha das citadas Linkin Park e Slipknot, ou seja, tem um certo peso, mas mescla linhas melodiosas, quase pop e efeitos eletrônicos, além de refrão buscando esse lado mais comercial e "catchy".

Tommy Victor: Camiseta de bom gosto!
 "Zero Days" é um mix de peso, groove e nuances mais comerciais e cativantes, trazendo faixas bem características do Prong, vários bons riffs, como é de praxe de Tommy Victor, e se você não curtir as faixas com esse lado mais pop e "comercial", pelo menos deve dar crédito à tentativa da banda de buscar não trazer somente mais do mesmo, e dar atenção às faixas mais "tradicionais", que estão bem interessantes. Possivelmente vai chamar atenção de novos seguidores, que acompanham grupos desse lado mais moderno e "pop".

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica
Banda: Prong
Álbum: "Zero Days" 2017
Estilo: Groove Metal, Thrash Metal
País: EUA
Produção: Tommy Victor e Chris Collier
Selo: SPV/Shinigami Records


Line-Up
Tommy Victor: Guistarras e vocais
Art Cruz: Bateria
Mike Longworth: Baixo

Tracklist:
01. However It May End
02. Zero Days
03. Off the Grid
04. Divide and Conquer
05. Forced Into Tolerance
06. Interbeing
07. Blood Out of Stone
08. Operation of the Moral Law
09. The Whispers
10. Self Righteous Indignation
11. Rulers of the Collective
12. Compulsive Future Projection

13. Wasting of the Dawn
14. Reasons to Be Fearful (faixa bônus)