Formado em 2006 na Suíça por um grupo de amigos que tinham em comum o gosto pelo Classic Rock e Hard 70's, o quinteto desde então mantém o mesmo line-up, e vêm a cada lançamento evoluindo, tanto na sua sonoridade, como no reconhecimento, pois já chega ao seu quarto álbum, o segundo pelo maior selo de Metal e Rock Pesado do mundo, a Nuclear Blast Records, e conquista novos territórios gradualmente, com sua maneira natural de criar Hard Rock inspirado nos seminais nomes que ditaram e lapidaram o estilo no fim dos anos 60 e anos 70, como Led Zeppelin e Deep Purple, mas também nomes mais recentes que beberam da mesma fonte, como o Wolfmother. (English Version)
Conversamos com o guitarrista Cyrill Vollenweider, que nos contou mais sobre a banda, influências, alguns "segredos" de sua sonoridade, expectativas e claro, sobre o novo álbum, "Keep Your Love Loud", lançado no final do ano passado, disponível aqui no Brasil via parceria Nuclear Blast/Shinigami Records. Confira a seguir.
Rtm: Olá Cyrill, aqui é o Carlos do site brasileiro Road to Metal, dedicado ao Heavy Metal e Classic Rock, parabéns pelos ótimos álbuns de Rock & Roll e Classic Rock! Agora com “Keep your Love Loud”, acredito que vocês estão buscando dar mais passos rumo ao crescimento do nome da banda no mundo. Conte-nos um pouco sobre as repercussões do álbum anterior e as expectativas para este novo.
Cyrill: Olá Carlos antes de mais nada, obrigado pela oportunidade e obrigado pelo elogio. Com o último álbum, conseguimos cruzar a fronteira do nosso país e ganhar algum renome no exterior. Nosso objetivo com este álbum é com certeza ganhar renome, e o que é mais importante para nós, fazer shows cada vez maiores e em todos os lugares possíveis. Assim que for possível novamente.
Ciryll ostentando a edição em vinil de "Keep Your Love Loud" |
RTM: Vocês fazem um som inspirado no Hard e Classic Rock dos anos 70 com muita naturalidade, conte-nos como surgiu seu interesse pelo estilo e quais foram suas principais inspirações. Ouvindo o som, noto algo do Deep Purple MK III, e falando de nomes mais contemporâneos, Black Country Communion e Rival Sons.
Cyrill: Isso aconteceu há muito tempo. Todos nós começamos a ouvir clássicos antigos como Led Zeppelin ou The Doors principalmente através de antigas coleções de vinil de nossos pais. Nosso baterista tinha até uma jukebox em seu porão, onde ficava nossa primeira sala de ensaio. No começo também tocávamos muito funk e blues, mas com o passar dos anos nos tornamos uma banda de rock. Esta não foi uma decisão única, foi mais um desenvolvimento gradual que parecia natural para todos nós. Mas o rock é de longe nossa maior inspiração. Estamos ouvindo uma grande variedade de músicas e adoramos adicionar essas influências em nossas composições.
RtM: Como você vê o surgimento de várias novas bandas que seguem essa estética dos anos 70 no som e até no visual? Você vê isso como um reavival ou algo natural? Já que grandes bandas surgiram naquela época, e esse tipo de som continuará a cruzar gerações.
Cyrill: É sempre bom descobrir música nova, especialmente se tiver uma estética semelhante à nossa. E hoje em dia existem muitas bandas inovadoras por aí, que são inspiradas nos anos 70, mas adicionam seu próprio sabor, bem como outros elementos modernos. Para mim, isso é algo natural e estou curioso para saber como esse "rock dos anos 70" soará em alguns anos. E com certeza queremos fazer parte disso.
RtM: Como você vê essa fusão de rock clássico e elementos contemporâneos?
Cyrill: Em geral, por que não? Para mim a parte mais delicada dessa fusão é preservar o espírito e a atitude do Rock.
"Hoje em dia existem muitas bandas inovadoras por aí, que são inspiradas nos anos 70, mas adicionam seu próprio sabor." |
RtM: E quais são os maiores trunfos de Jack Slamer para se destacar e crescer no cenário musical?
Cyrill: Acho que nossa maior força é a nossa genuinidade e que estamos tocando o que gostamos. Não interpretamos um personagem ou tentamos o máximo que podemos para nos tornarmos famosos. Começamos como cinco amigos fazendo música e esse núcleo não mudou.
RtM: Você acredita que algum nome dessa nova geração pode se destacar a ponto de ter pelo menos parte do sucesso que os nomes dos anos 70 tiveram? Tipo, ser conhecido no mundo todo, ter uma turnê mundial como atração principal e ser o principal nome em festivais?
Cyrill: Isso seria ótimo de ver, mas sejamos realistas. Eu acho que não é possível alcançar o sucesso dessas bandas dos anos 70 hoje em dia. Eles tiveram um impacto muito maior na sociedade do que apenas estádios esgotados ou um dos primeiros sucessos. Ouvir rock era uma afirmação em si.
E hoje eu acho que os gêneros estão mais distantes de serem tão políticos ou de transmitirem uma mensagem tão forte. Hip Hop foi talvez o último gênero a fazer isso. Fora isso, acho que o rock ainda é capaz de trazer artistas que tenham um formato internacional como o Black Keys, Wolfmother ou Muse ..
RtM: As músicas "Brother" e "Sun Soul Healer" foram as duas primeiras escolhidas para apresentar o novo álbum, "Keep Your Love Loud", gostaria que nos falassem um pouco mais sobre elas e seu conteúdo lírico.
Cyrill: "Brother" é uma música para uma pessoa muito próxima que luta pela vida. E é tentar enviar-lhe uma mensagem positiva e tentar dar outro ponto de vista, antes que ele desista. O significado de "Sun Soul Healing" é basicamente um elogio à beleza da natureza.
RtM: Qual é a perspectiva da banda a partir desse último trabalho? Vocês vão preservar esse som ou talvez arriscar em outras direções?
Cyrill: Arriscaremos em qualquer direção que quisermos, mas acho que encontramos o nosso estilo e isso é algo que queremos preservar. Gostamos de desafiar nosso som e entrar em novos territórios musicais e ver como conseguimos fazer com que soe como uma música do Jack Slamer.
RtM: Nestes tempos de COVID, o que isso trouxe para o grupo que tipo de perspectivas e sentimentos? Gerou alguma ideia musical?
Cyrill: Felizmente conseguimos terminar o processo de gravação antes do bloqueio. Portanto, estávamos mais focados em outras coisas do que em escrever músicas, como fazer videoclipes, organizar o lançamento e ensaiar as novas músicas.
RtM: Você tem algumas curiosidades para nos contar em relação aos equipamento utilizados por vocês, algo que torne seu som único?
Cyrill: Desta vez usamos em estúdio muito equipamento vintage, claro. Em todos os nossos discos usamos coisas vintage. Existe uma coisa mágica com equipamentos Vintage. É muito difícil dizer o que exatamente torna nosso som único. É uma interação de tudo, equipamento, membros, composição, produtor e mixagem. Adoramos tocar instrumentos vintage, mas nem todos estão em muito boas condições. No estúdio, pegamos uma guitarra do produtor e acho que essa guitarra foi construída em 2016, então tudo, menos vintage. Mas essa guitarra soa incrível, e por algum motivo foi a escolha perfeita para diferentes partes.
Acho que para Keep Your Love Loud, sonoramente a coisa mais original é, na minha opinião, todos esses sons saborosos de guitarra. Fuzzes na frente de um overdrive ou vice-versa. Dois delays na frente de um fuzz e no final da cadeia um terceiro delay, fuzzes que soam como um sintetizador. Estávamos procurando o som perfeito e tentamos um monte de coisas e outras mais que é melhor vocês não tentarem (risos!)
"Existe uma coisa mágica com equipamentos Vintage. É muito difícil dizer o que exatamente torna nosso som único." |
RtM: Hoje o cenário é outro, a mídia física não vende mais como nas décadas de 70 e 80, a concorrência e a oferta é muito maior, a forma de consumir música mudou, então como você vê esse cenário atual e o que te move como artistas?
Cyrill: Felizmente ainda existem muitos fãs de rock que estão comprando um vinil ou um CD, mas com o streaming de mídia a música parece ser também de livre acesso. Os artistas definitivamente estão recebendo muito pouco pelos streams, mas também é uma boa promoção para shows. Então, no final, você tem que fazer shows e isso é o que mais gostamos e esperamos: poder tocar ao vivo novamente em breve.
RtM: Nós também esperamos que logo possamos ter shows e tour acontecendo! Obrigado pela entrevista, e esperamos ver vocês aqui na América do Sul!
Cyrill: Obrigado! Tudo de bom!