Entrevista por: Renato Sanson
Músico entrevistado: Fernando Iser (guitarra/vocal) da banda Malediction
666 de Suzano/SP.
Em relação ao debut, quais os pontos que você enxerga de evolução em
“We, Demons”?
São oito anos que separam o debut
do novo álbum, então posso dizer que sim, houve uma grande evolução tanto nas
composições como produção. Como somos uma banda ativa nos palcos, procurei
compor músicas que pudéssemos executar da forma mais próxima possível das
gravações oficiais – pensando nos fatores execução + energia. Assumindo toda a
produção do álbum, aprendi ainda mais algumas técnicas que pretendo utilizar
nos próximos trabalhos.
O Malediction 666 se estabeleceu como duo, mas atualmente foi anunciado
uma formação completa para a banda, certo?
Sim. Senti a necessidade de convocar mais um guitarrista
para conseguirmos alcançar uma melhor performance nos palcos. Desta
forma eu posso beber mais e dividir a responsabilidade das guitarras com ele
(risos). A formação que gravou o álbum “We, Demons” sou eu Fernando Iser nas
cordas e vocais e Bruno Mastemas na bateria. Durante o ano de 2019 após o
lançamento do álbum, fizemos três apresentações com o baixista Fabio Falco (The
Malefik – SP) e assim ele foi efetivado na banda. E agora em 2020 incorporamos
Kevin Bedra (Funeral Age, Seattle – USA) na segunda guitarra. Desta forma
seguimos nos preparando para as apresentações que foram canceladas após o
início da pandemia.
Uma das coisas que chamam muito a atenção em “We, Demons” são os solos
e melodias que nascem ao meio do caótico Black Metal. Quais influências
predominam?
Cara, o método de composição é sempre baseado nas letras. Me envolvo completamente nos temas e tento extrair o máximo de feeling que eles me trazem. Não existe uma fórmula nem cálculo, as ideias vêm em momentos totalmente aleatórios. Mas as minhas influências como guitarrista, baixista e vocal vêm claramente do Metal antigo. Posso citar bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Morbid Angel, Slayer, Rotting Christ, Dissection, Emperor, etc. Pois são bandas com sonoridade que circula no meu sangue e dominam minha mente há mais de 30 anos.
Fernando, além do Malediction 666 você faz parte de vários projetos, poderia nos falar um pouco deles e qual a expectativa de futuro?
Me envolvo com projetos dentro do
underground desde que criei o Malediction 666 em 1997. Então, foram realizados
os seguintes trabalhos:
Malediction 666, com 3 demos:
- “The Eighth Vision” de 1998
- “...
the third part...” de 2002
- “Abismal
Wrath” de 2006
-
a coletânea de 10 anos “Ten years
of Blasphemy” de 2007.
Três álbuns oficiais:
- “Innoculation” de 2010
- “The
First 20 years” de 2017
- “We,
Demons” de 2019.
Ainda em 2019, participamos do
Tributo a horda Bestymator com um hino negro feito por mim, intitulado “Hail to
the Black Goats” e do tributo brasileiro ao Bathory com uma versão para
“Reaper”.
Sou membro fundador, guitarrista
e vocal.
No início de 2000, criei a horda
Shantak ao lado de guerreiros da capital e gravamos a demo ensaio em 2002.
Gravei as guitarras. Esta horda se findou em 2006.
Ainda em 2000, lancei duas
edições do Zine “The Darkness”, que contou com entrevistas de várias hordas que
lançaram materiais na época e anos anteriores.
Também organizei os festivais
“The Mystical Meeting” aqui na cidade de Suzano, onde tivemos apresentações de
hordas como Mausoleum, Unholy Flames, Goat Prayers, Empire of Souls, Devilish,
Abolish, entre outras.
Em 2003, entrei para o exército
do Kaziklu Bey, onde gravei as cordas em “Sob o Julgo do Martelo da Morte” em
2005 e “Contos da Empalação” em 2012. Gravei também o baixo no relançamento da
demo “War Black Metal” em 2008. Esta horda findou-se com a morte de Carpathian
Tepes em 2013.
Em 2006 entrei para o Obscure
Mind, fazendo o baixo em vários shows da horda. Não chegamos a gravar com esta
formação, apenas ensaios. Esta horda encerrou suas atividades.
Em 2008 criamos o Morte Negra com
a mesma formação do Malediction 666, visando fazer hinos negros voltados ao
Black Metal tradicional – diferentemente do Malediction, que tem uma sonoridade
Death/Black Metal – cantada em português. Lançamos “Metal Negro Ortodoxo” em
2009 e “Que a Desgraça Caia Sobre a Humanidade” em 2013. Meu posto é o de
compositor, letrista, guitarrista e vocal. Hoje em dia estou sozinho na horda,
e recentemente participamos do tributo ao Kaziklu Bey.
Em 2009 entrei para a horda
Torqverem, e me tornei o baixista participando da tour com o Horna em 2011 e
Pátria em 2014. Atualmente a horda se encontra conspirando um novo ataque.
Em 2010 criei meu projeto Lalssu,
com músicas que não se encaixavam em nenhuma das outras hordas, pela proposta
diferente. Gravei todos os instrumentos no CDR Demo “Skepseis” e lancei em 2012.
Em 2016 foi lançado o álbum “The Death of a Star” e no final do último mês de
Setembro foi lançado o álbum “The Elements”.
2010 também foi o ano em que
entrei para o Exterminatorium, gravando o baixo na demo “Preludium of
Armageddom”. No momento a horda se encontra em stand by, compondo novas
músicas.
Em 2011 fui convidado a
participar das hordas Iron Woods e Blackwar de Taubaté, e assumi o posto de
backing vocal e guitarrista das mesmas. Com o Iron Woods, participei das
gravações do álbum “Iron Woods” e do EP “Death Hail and Glory” em 2013, do
álbum “Gods and Men” em 2016 e do Split com a horda Hecate, com previsão de
lançamento ainda para este ano.
Ainda em 2011 entrei para o Evils
Attack, e finalizamos a terceira demo em 2014, intitulada “Devassas Deveras”,
onde gravei as guitarras. A horda segue divulgando o trabalho, e recentemente
também participou do tributo ao Kaziklu Bey.
Em 2013 fui convidado a integrar
a horda colombiana Nebiros, participando dos shows que fizeram no Brasil no mês
de março. Tocamos no sudeste e nordeste.
Ainda em 2013 fui convidado a
integrar o Devilish como guitarrista e vocal e fiquei na horda por um ano,
lançando o DVD Live in Atibaia em 2014. Sai da horda em 2015.
Em 2014, formei o Herege ao lado
dos guerreiros sobreviventes do Kaziklu Bey, com o posto de guitarrista e
vocal. Em 2015 lançamos o CDR “Satanic War Metal”, que posteriormente foi
lançado em tape após uma apresentação em SP Capital. Devido à problemas físicos
com o baterista Parsifal, a horda está em stand-by, aguardando o retorno ás
atividades.
Em 2017 integrei a horda Fenrir
de Cerquilho/SP, e estamos aguardando a prensagem do primeiro álbum que sairá
ainda neste ano, intitulado “Condessa Sangrenta”.
Em 2018, apoiei dois eventos de
retorno da horda Necrosound como guitarrista.
Ainda em 2018, formei o Mávra,
horda de Occult Metal que em breve disponibilizará o primeiro material.
Neste ano de 2020 fui convidado
para apresentar algumas bandas gregas na Dark Radio Brasil, e tenho um programa
mensal chamado “Hellenic Metal Attack - De Alfa a Ômega”, onde apresento bandas
gregas e brasileiras em ordem alfabética.
Aproveitando a era digital,
disponibilizei o álbum “We, Demons” do Malediction 666 no Spotify, eis o
acesso: https://open.spotify.com/artist/07UKvD8vnTasySNhoXdnge?si=bUn5l_ivQxeXLU7uQ4hgvg.
Em breve espero contribuir ainda
mais para o necrounderground nacional trazendo mais trabalho para a apreciação
dos irmãos e irmãs profanos.
Teremos um novo álbum da Malediction 666 para 2021?
Espero que sim!!! Pois esta é a formação mais
comprometida que a banda já teve, e estão surgindo ótimas idéias para novas
composições. Espero que continuemos nesse ritmo e possamos gravar em
breve. Mas como somos uma banda totalmente independente, existem fatores que
podem levar tal lançamento a um certo atraso. Empenho e dedicação não irão
faltar.
“We, Demons” conta com duas ilustres participações, as lendas: Stephan
Necroabyssious (Varathron) e Sakis Tolis (Rotting Christ). Como surgiu estes
contatos e oportunidade?
Tenho contato com ambos desde os
anos 90, e já havíamos conversado sobre a possibilidade de gravarmos juntos.
Então aconteceu. Sempre conto com participações de amigos nos trabalhos do
Malediction 666, com exceção da primeira demo onde precisávamos mostrar nossa
cara feia para o mundo.
Em um ano tomado pelo caos, o que você indicaria aos leitores do Road
To Metal em volta da literatura e música para consumirem sem moderação?
Indico toda forma de subversão
cultural e anticristã possível, com destaque para as bandas e autores brasileiros.
Pois aqui sofremos uma repressão que tende a aumentar ainda mais com esse
fanatismo desenfreado e inconsequente que tem atrasado a evolução cultural do
nosso país. Somos
Resistência e assim será até nosso último suspiro!
Obrigado Renato pela oportunidade,
e Salve As Artes Negras!!!
Links:
Streaming: https://open.spotify.com/artist/07UKvD8vnTasySNhoXdnge?si=bUn5l_ivQxeXLU7uQ4hgvg
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