quarta-feira, 27 de maio de 2020

Entrevista: Cacau Pinheiro - Vencedora Concurso "Quarentena King" do Soulspell



Com o intuito de fazer sua parte pelo Metal Nacional nessa quarentena, a banda SOULSPELL METAL OPERA anunciou no fim de abril a promoção “QUARENTENA KING", uma versão virtual de seu tradicional concurso, que já revelou grandes talentos na cena Metal brasileira. O prêmio para o vencedor seria gravar um vídeo com o Soulspell, além da exposição na mídia especializada, participando de entrevistas em diversos sites e canais.

O concurso foi realizado de forma on-line, tendo 3 etapas. Foram 212 inscritos!! Os candidatos enviaram vídeos que foram avaliados por um júri composto por membros da imprensa especializada em Heavy Metal, críticos musicais, professores de canto, vocalistas renomados e músicos da Soulspell. Além do júri de 32 pessoas, ainda teve o voto do público a partir da segunda etapa. 

Dentre os 212 incritos inicialmente, restaram 15 finalistas na terceira e última etapa. Todos mostrando grande qualidade e personalidade, trazendo uma grande dificuldade para os jurados e a decisão final sendo muito apertada, e a vencedora, CACAU PINHEIRO, se destacou pela versatilidade, cantando inicialmente um clássico do Kansas e depois músicas de bandas mais contemporâneas, Killswitch Engage e Jinjer, onde alternou vocais limpos e guturais. 

Conversamos com a grande vencedora, Cacau Pinheiro, paulista de Santos, nascida em 02/03/1996, e que canta desde os 5 anos de idade, tendo como grande influência e incentivador o seu pai, que também é cantor. Praticamente uma autodidata, que sente que nasceu para isso, Cacau recebeu muitos elogios dos jurados e público, mostrando um futuro promissor, e nos conta um pouco sobre suas influências, planos e como foi participar desse disputado concurso!

"Ainda não caiu a ficha! Tô muito feliz e ansiosa em relação aos meus próximos passos "
RtM: Antes de mais nada, parabéns pela conquista, e nos conte como está se sentindo quanto a repercussão da sua vitória no concurso realizado pelo Soulspell? Teve um corpo de jurados bem diversificado e experiente e 212 inscritos!
Cacau Pinheiro: Ainda não caiu a ficha! Tô muito feliz e ansiosa em relação aos meus próximos passos. De começo confesso que não sabia quem eram os jurados, entrei despretensiosamente no concurso. Quando fiquei sabendo de nomes como Régis Tadeu e Paulo Baron, o coração tremeu! 

RtM: O vídeo que você enviou para a final, interpretando uma música do Jinjer, causou excelente impressão,  legal que até a banda repostou seu vídeo!
Cacau: hahaha Sim, o baixista da banda (Eugene) viu meu vídeo através das hashtags que eu coloquei na publicação que fiz no Instagram, de um trechinho do vídeo da final. Postei e larguei o celular... quando eu voltei, tomei um puta susto! hahahaha Muita gente curtindo - majoritariamente gringos - e quando fui descendo a listinha vi as curtidas do Eugene e também da conta oficial da banda, que compartilhou o vídeo no story. Ganhei meu ano!

RtM: Como surgiu o seu interesse pela música, quem foram suas primeiras influências e principais incentivadores?
Cacau: Meu interesse surgiu através do meu maior incentivador, meu pai, também cantor. Eu canto desde os 5 anos e as minhas primeiras influências além de MPB - Elis Regina, Milton Nascimento, Secos e Molhados - foram bandas clássicas dos anos 70, como o Grand Funk Railroad, Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, etc. 

"O que preenche meu coração e que me faz vibrar sempre foi a música! "
Antes da pré adolescência adorava um Nu Metal - Linkin Park, Korn, Incubus, também a mistura de rap com rock - Rage Against The Machine e já puxando pro groove/funk rock, pirava no Red Hot Chilli Peppers. Já no auge da minha adolescência bebi da fonte do Alice in Chains, Nirvana, Pearl Jam, Kittie, Bikini Kill, The Breeders, The Runaways, Sex Pistols, Megadeth, Slayer, entre muitos outros!

RtM: E especificamente vocalistas, cite alguns que você se inspira. 
Cacau: Gosto muito da versatilidade do Mike Patton (Faith No More), ele vai do gutural ao melódico em várias tessituras! Também não posso deixar de citar a Joan Jett, grande influência pra mim como figura principalmente, por todo o impacto que ela causou através da sua personalidade e música. Brody Dalle (The Distillers) - voz rasgada de punk, eu amo! 

Tatiana Shmailyuk (Jinjer) também, grande referência por mesclar gutural com melódico - e falando nisso, Howard Jones (Killswitch Engage) é um deus da voz né! Angela Gossow (Arch Enemy) que ruge como uma leoa hahaha! Janis Joplin, Aretha Franklin, Tina Turner - grandes vozes do Soul. Tem realmente muitos... mas por último citarei o Mark Farner, do Grand Funk Railroad, que foi minha influência desde pivete através do meu pai, ele faz a guitarra base e solo excepcionalmente, toca gaita e teclado e de quebra tem um timbre de voz e execução perfeitos!

RtM: E quando você começou a levar mais a sério, tipo "eu quero fazer isso profissionalmente"? 
Cacau: Na verdade eu sempre quis (risos). Além do incentivo do meu velho, eu sempre soube que eu nasci pra fazer isso. Eu amo desenhar, amo cozinhar, tenho uma pontinha no Design Gráfico. Enfim... Faço mil coisas. Mas o que preenche meu coração e que me faz vibrar sempre foi a música! Eu tentei ser profissional com 13/14 anos, mas o medo me impediu de seguir em frente. 

Como eu via grandes nomes, como o Michael Jackson por exemplo, que desde criança já estava na mídia e não teve uma infância e adolescência tranquilas pela exposição, meu medo era esse! O tempo foi passando e eu fui ficando desesperada hahahaha "24 anos e eu ainda não fiz nada!". Daí surgiu a oportunidade desse concurso através do meu ex-professor de guitarra que me indicou e agora estou aqui, pronta pra qualquer desafio!

"Tenho ambição de estudar e evoluir tanto como vocalista quanto na guitarra."
RtM: Nos conte um pouco sobre sua formação, como é sua rotina de estudos, o que você faz para cuidar da voz e para buscar uma evolução como musicista? 
Cacau: Eu cheguei a fazer aula de canto com a ex-professora do meu pai, naquela época em que eu talvez fosse engatinhar pro profissional - com 13/14 anos - mas foram apenas 2 meses. Eu já sabia cantar e ela era professora de canto lírico. Pedi pra que ela me ensinasse as técnicas em canto popular (apesar de ter potencial pro lírico eu não me interessava). Acabei saindo da aula pois era em São Paulo (capital), toda quinta feira meus pais me levavam lá! Apesar de amar a professora eu comecei a achar cansativo o fato de ter que "viajar" e resolvi parar. 

Anos depois, fiz 1 ano de aula de guitarra - já sabia tocar violão também e aprendi sozinha - com o ex-professor de guitarra que me indicou pro concurso Quarentena King - grande Luiz Oliveira, guitarrista excepcional. E desde então nunca mais estudei, apenas treino em casa. Recebendo uns toques do meu pai, lógico, mas na grande maioria das vezes, fui e sou autodidata. Sempre gostei de fazer gravações e harmonizações caseiras!Quanto aos cuidados da voz, sinceramente eu não cuido muito não (risos). Preciso mudar isso! Com certeza tenho ambição de estudar e evoluir tanto como vocalista quanto na guitarra. Pretendo voltar aos estudos assim que possível!

RtM: E o que você ouve em casa? Conte-nos um pouco do que você está ouvindo atualmente. 
Cacau: Atualmente eu estou digerindo bastante Death, Slayer, Megadeth, Mastodon, Lamb of God, Hatebreed, Walls of Jericho, Whitechapel, Cannibal Corpse, Jinjer (claro, hahaha) e tem muitas outras. Alice in Chains por exemplo não sai da minha playlist desde a minha adolescência hahaha! São subgêneros diferentes, mas todos muito bons!

RtM: Ah, é legal abrir o leque e ouvir vários estilos, amplia horizontes. Falando nisso, que critérios você usou para escolher as músicas para sua participação no concurso? Foi bem interessante você iniciar com uma banda mais clássica, como o Kansas, e depois ir diversificando, mostrou bastante competência ao interpretar estilos diferentes.
Cacau: Primeiramente, obrigada ️ Eu quis começar com o melódico/drive que digamos que é a minha língua fluente hahaha! Mas depois quis arriscar no gutural pra mostrar um pouco de versatilidade. Essas duas primeiras escolhi, porque além de amar as duas canções, eu achei que supriria a impressão vocal que eu queria passar. 

Somente a última (Perennial - Jinjer) que eu realmente pensei no conceito geral, sobre o que a letra fala - que tem tudo a ver com o que estamos vivendo agora - além da dificuldade em executar gutural e melódico simultaneamente, o que a segunda (My Curse - Killswitch Engage) já tinha, também é uma canção forte e com um pouco mais de dificuldade no melódico. Deve ter sido um choque pros jurados (?) sair de um Kansas, ir pra um Killswitch Engage e depois embalar num Jinjer! hahaha!  (VEJA O VÍDEO ABAIXO)

                                           
                                         
RtM: Analisando sua participação e fazendo uma autoanálise, quais você acredita serem seus pontos fortes e em quais pontos você quer buscar uma melhora? 
Acho que meu ponto forte é o melódico com certeza, apesar de eu ter me destacado por ter feito gutural também. Quero melhorar minha presença, interpretação e também meus guturais - que comecei não faz muito tempo, de uns 3 anos pra cá.

RtM: Se você fosse chamada para um show com o Soulspell, que músicas você gostaria de cantar e que você acha que se encaixariam melhor ao seu estilo? 
Cacau: A Soulspell tem um estilo bem específico e eu me dispus a entrar na onda em que eles quiserem surfar (risos). Apesar disso, temos coisas em comum também. Por mim (e acredito que por eles também), com certeza alguma do Arch Enemy, Dream Theater, Slayer ou do Sepultura entraria pra lista!

RtM: Você, que almeja entrar no cenário musical, como você vê a situação atual para as bandas autorais de Heavy Metal? 
Cacau: Com o vírus complicou geral né? O que realmente sustenta as bandas hoje em dia são os shows! E agora nem show dá pra fazer. Uma saída nesse atual momento é criar conteúdo digital pra colher no futuro. E principalmente as bandas underground da cena apoiarem umas às outras.

RtM: Com o mercado atual, onde as vendas de discos reduziram, as plataformas digitais, por um lado servem de divulgação, mas por outro, dão pouquíssimo retorno financeiro, e shows também é um mercado difícil. 
Cacau: Realmente não tem muito pra onde correr no quesito 'retorno financeiro'... somente Merch - venda de camisetas, CD físico, posters e patches - mas mesmo assim, não sei se é possível sustentar os projetos com isso (principalmente se a banda não tem muito reconhecimento ainda). Temos que ter paciência nesse momento... Quando tudo voltar ao normal (o que também não temos previsão) as agendas de shows vão voltar com tudo. Espero que todos se levantem quando essa hora chegar e que o meu futuro projeto só com mulheres já esteja em andamento!

RtM: Pra finalizar, um joguinho de respostas rápidas:

3 vocalistas que você gostaria de dividir o palco:
Joan Jett (The Runaways/& the Blackhearts)
Tatiana Shmailyuk (Jinjer)
Morgan Lander (Kittie)

3 bandas que você gostaria de abrir um show:
Nervosa
Lamb of God
Jinjer

3 álbuns que você mais ouviu na vida:
Vou ter que citar 4, mas tá valendo vai. Dois são da mesma banda hahaha!
Dirt - Alice In Chains
New American Gospel e Ashes of The Wake - Lamb Of God
Torture - Cannibal Corpse

3 lugares ou festivais que você sonha em tocar um dia:
Dynamo Metal Fest
Download Festival
Wacken Open Air

No mais, agradeço à Road to Metal pela entrevista!

Rtm: Obrigado e sucesso na sua caminhada Cacau!




Entrevista: Carlos Garcia

Siga Cacau Pinheiro no instagram 
Youtube

Siga o Soulspell:
Soulspell Site Oficial
Soulspell Youtube
Soulspell Instagram

Já possui o DVD "X Years of Soul"? Confira a loja no site oficial!


Veja abaixo os demais vídeos que Cacau Pinheiro concorreu e também vídeo do anúncio dos finalistas, com comentários de Heleno Vale:

                                         
       


       


       


                                   

                                         


domingo, 24 de maio de 2020

Guilherme Costa: Criatividade e Melodias Cativantes em Full-Lenght de Estreia



Após um EP de estreia do seu trabalho solo em 2017, o guitarrista mineiro Guilherme Costa apresenta agora seu full-lenght, "Light of Revelations". O álbum traz uma ótima primeira impressão, mostrando que o músico seguiu buscando evolução em seu trabalho, e em vários aspectos, seja na parte técnica, composições e produção.

"Light of Revelations" traz a produção de Gus Monsanto e Celo Oliveira, trabalho muito bem feito, equilibrado e com ênfase nas composições. Guilherme usa a técnica e habilidade para forjar melodias e arranjos cativante e de bom gosto, sem sobras e exageros, não limitando seu trabalho a um nicho somente, ou seja, não é aquele tipo de disco direcionado somente a quem gosta de discos instrumentais, ou para o ouvido de outros músico.

São 8 faixas, mais o EP "The King's Last Speech" de bônus, entre elas, 3 faixas com vocais, o que abre ainda mais o leque de possibilidades dentro da boa diversidade do álbum, que segundo o guitarrista, busca transmitir nas músicas os diversos estados de espírito que passamos durante a vida. 


"Fight Agains My Self", já abre como um dos destaquesum Hard Rock que soa moderno, lembrando grupos dos anos 90, com melodias cativantes e agradáveis, o uso dos teclados também preencheu muito bem o instrumental. Nesta temos os vocais de Gus Monsanto. Excelente cartão de abertura; "Bloody Wars" é mais rápida, diria uma típica faixa de álbum de guitarrista, e, segundo o release, inspirada nos games dos anos 90.

Depois temos duas mais calmas, "Inside My Mind", mais introspectiva, com passagens bem interessantes, lembrando alguns grandes nomes da guitarra contemporânea e indo até o Blues, e é interessante essa mescla de influências que Guilherme traz, que passa pelas nuances mais clássicas do instrumento, até as mais contemporâneas.


Depois dela, "Rising Star", outra que merece um destaque extra, traz os vocais de Jefferson Gonçalves, é uma balada com bastante feeling e emoção, a melodia principal e refrão cativam de imediato. A música foi inspirada naquele triste fato, em que um cão foi espancado em frente uma famosa rede de supermercados.

"The Sound of Hope", soa também com uma mescla de influências contemporâneas com mais tradicionais, tendo uma levada Hard/Rock & Roll e também com uso bem legal dos teclados; "An Invitation to the Soul" é outra mais introspectiva, usando violão acústico, indo por caminhos bem folk.

"Light of Revelations" é a mais explosiva, mesclando Power Metal Melódico e Neoclássico, novamente com os vocais de Gus Monsanto. O instrumental é veloz e dinâmico, bumbos duplos e aquela cama de teclados bem melodiosa. Tem até um interessante duelo de solos da guitarra e teclas;
"Homeland" encerra a parte inédita do álbum, com Guilherme se utilizando de diversas nuances, com a base Hard/Heavy alternando melodias típicas brasileiras, como o baião.

Um trabalho que mostra um músico que buscou evolução, deu mais alguns passos na carreira, e apresentou um álbum dinâmico, com vários momentos que mostram criatividade e capacidade acima da média. A ideia de trazer canções com vocais também deu outra dimensão ao trabalho de Guilherme. Com certeza está trilhando o caminho certo, de revelação, já é praticamente uma afirmação.

Texto: Carlos Garcia


Ficha Técnica:
Guitarras: Guilherme Costa
Baixo: Celo Oliveira
Vocais: Gus Monsanto e Jefferson Gonçalves
Produção: Gus Monsanto e Celo Oliveira
Mixagem e Masterização: Celo Oliveira
Arranjos de teclado e flauta: Celo Oliveira
Assessoria: Island Press

Tracklist
1. Fight Against Myself (feat. Gus Monsanto)
2. Bloody Wars
3. Inside my Mind
4. Rising Star (feat. Jefferson Gonçalves)
5. The Sound of Hope
6. An Invitation to the Soul
7. Light of Revelations (feat. Gus Monsanto)
8. Homeland


       



quarta-feira, 20 de maio de 2020

Moolight Haze: Versatilidade no Metal Sinfônico Italiano


O Moonlight Haze foi fundado em 2018 por dois ex – integrantes da banda Temperance, Chiara Tricarico e Giulio Capone. “Lunaris” é o segundo álbum da banda e seu lançamento está previsto para 12 de Junho.

Indo direto ao ponto, o álbum começa bem animado com a música “Till the End”. Como sempre os incríveis vocais de Chiara se destacam. A faixa seguinte, “The Rabbit of the Moon”, inicia com um toque meio folk e explode em uma orquestração incrível. 

Gostei como eles misturam diversos elementos sem que soe simplesmente como uma bagunça. Destaque para a faixa título, “Lunaris”, uma das minhas favoritas. Em seguida, “Under Your Spell”, uma balada com refrão cativante e uma ótima melodia. “Enigma” é cantada em italiano, mas há uma versão em inglês no fim do álbum.

Confesso que prefiro a primeira versão, mas de qualquer forma a melodia nos leva à um cenário épico enquanto Chiara mostra todo o seu potencial.


Em “Wish Upon a Scar” o holofote é todo para a versatilidade vocal de Tricarico, que alterna entre vocais mais suaves e um refrão forte e poderoso. “The Dangerous Art of Overth...” é a mais épica do álbum inteiro, e apesar dos elementos sinfônicos, consegue uma sonoridade moderna.

E quando eu achava que não havia mais nada para me surpreender Chiara arrisca vocais mais agressivos e eu amei!! “Without you” possui um refrão com riffs rápidos e belos vocais, impossível colocar defeito no trabalho de Chiara. 

A seguir, a introdução suave da balada folk “Of Birth and Death”, com direito à participação do violinista da banda Elvenking, Fabio Lethien Polo. E finalizando com chave de ouro, “The Nameless City”, super viciante e com melodias vocais muito bonitas, minha favorita do álbum.

De modo geral, todas as faixas do álbum são empolgantes, inclusive as mais lentas. Apesar de já conhecer o trabalho da Chiara desde os tempos de Temperace, sinto que seus vocais estão cada vez melhores.


“Lunaris”  até o momento é meu álbum favorito do ano. Não há inovações, nem exageros, sem músicas que parecem que não acabam nunca, mas foi justamente isso que me deixou com a sensação de que as vezes menos é mais. Definitivamente é uma banda que vou acompanhar com mais atenção e aguardando ansiosamente pelo próximo trabalho.

Texto: Raquel de Avelar

Banda: Moonlight Haze
Álbum: "Lunaris" 2020
Estilo: Symphonic Power Metal
País: Itália
Selo: Scarlet Records

Facebook


       


       


segunda-feira, 18 de maio de 2020

Barbarity: a brutalidade da bárbarie e da não-vida



Para além dos gostos pessoais por podreiras (eu me incluo), seria clichê afirmar que a brutalidade é primal ao analisar o Brutal Death Metal qualitativamente. Justamente estou aqui tentando mostrar algum critério e penso que os clichês trabalham em extremos, aprimorando ou execrando o objeto. No caso de Barbarity temos o primeiro caso, de longe a banda se eleva dentro do estilo, é abissal a sua habilidade com a agressividade.

Os blast beats são muito bem colocados, os riffs são assassinos e o vocal é enfurecedor. No Brutal Death Metal é muito fina a variação do repertório sonoro nas músicas, é fácil uma banda soar mais do mesmo ou fazer com que você não lembre nenhuma música deles mesmo após ouvir várias vezes seu CD, isso não é demérito ao meu ver, – inclusive gosto, me sinto num loop eterno de destruição sem fim – mas não teria como não ser um mérito o som se sobressair e te marcar.

Barbarity não se esqueceu da variação necessária para uma referência ao peso extremo do som, há paradas e reduções dos andamentos, sem perder a brutalidade. Aí está a finesse dos Russos. Não estou falando que Brutal Death tem que ter progressividade, ao contrário, me parece que a banda tem mérito justamente porque percebeu que “menos é mais”, sem queimar riffs os caras te deram um prato cheio de barbaridade em Debut “Keeper of Oblivion” (2018).


Destaque para a faixa “Desfigured and Burnt”. É difícil encontrar uma banda com linhas de baixo tão enraizadas e guitarras tão ferozes em forma crua e integrada. Você sente que a música foi construída pelo baixo e que tudo parte deste peso inicial, ao ouvir você sabe que a banda funciona como um coletivo, o som é justamente o oposto daqueles sons super performáticos onde parece que cada instrumento foi para um lado e a música foi para a casa do baralho.

Outro som incrível é “When Heaven Turns Into Hell”, aqui você toma um coice de mula na fonte! A música é uma pedrada do começo ao fim, o espírito eslavo se deflagra aqui de forma devastadora nesse som, as dinâmicas lembram os momentos mais Death Metal do Sepultura com uma pitada BRUTAL. Os caras não pouparam nada.

Resenha por: Nicolas Quadros


Formação:
Roman – Vocals
Stephatred – Guitars
Bonif – Bass
Thanatoly – Drums


Tracklist:
1. Slave for the State    
2. Die in Bloodshed
3. Keeper of Oblivion
4. Suicide Is Not Weakness
5. Disfigured and Burnt
6. When Heaven Turns into Hell              
7. Under a Tombstone
8. VI
9. My Lonely Grave

Links:
barbarity.bandcamp.com

Instagram: @barbarityband

sábado, 16 de maio de 2020

Asgard: Mesclando Elementos Contemporâneos ao Progressivo e Folk


"Ragnarøkkr" é o mais recente registro do Asgard, grupo oriundo desde meados dos anos 80, que mistura sem medo folk medieval com o Heavy Metal. Diria até que as guitarras e bateria servem mais de apelo extra. Emolduram composições que não hesitam no uso de flautas, samples de teclado remetendo instrumentos medievais e cânticos também daquele período.

"Trance-Preparation" tem um começo extremamente metaleiro com o teclado mais progressivo. Logo em seguida há uma entrecortada de cantoria barda sob batidas celtas. Franco Violo conduz as coisas como um Ian Anderson para em seguida as sessões de heavy metal voltarem com força total. Toma conta um palm mute de guitarra solando numa penta menor encerrando com tappings. A guitarra se funde ao lado folk da canção e retorna ao princípio para fechar com chave de ouro.

"Rituals" toca uma batida tribal em contraste de flauta e alguma corneta medieval distorcida. O vocalista abre caminho para uma passagem sombria reforçada pela guitarra e blast beat. A guitarra dá uma revisada na melodia do começo para  depois gerar fraseados flutuantes ajudados pela harmonia leve do sintetizador. Uma gaita de foles conversa com a guitarra. São interlúdios para um recomeço meio cara de "canção pirata".


"The Night Of The Wild-Boar" tem levada melódica, um pop cara de musical. Instrumentos se empilham no objetivo de criar um forro pro canto. Apesar disso, tanto harmonia quanto melodia soam exóticas. 

"Visions" é a mais metal, tem um climão de batalha, seus vários riffs são costurados por melodias sintetizadas.

"Shaman" é iniciada por uma flauta, seu começo é extremamente tranquilo. Aos poucos atinge um clima obscuro como se o ouvinte entrasse num lugar servido de mistérios. As guitarras soam como um sino martelado. A canção no final cai numa fúria progressiva.

"Battle" ecoa uma espécie de cravo cristalino, chocalhos e acordes ressonantes na guitarra. A primeira parte se encaixaria perfeitamente num videogame. Violo puxa uma direção Serj Tankian. Na segunda metade, os teclados geram harmonias parecendo corais de igreja e a guitarra distorcida gera clima macabro. Apesar de não ser frenética, ela passa um clima de sofrimento enquanto escapam algumas ideias dançantes como se tudo não fosse encenação de um épico.

"Anrufung" tem um início cerimonial. Na outra metade vira uma dança folclórica repaginada para o peso do metal.

"Ragnarøkkr" uma das mais progressivas, fecha o disco de modo sombrio e melancólico, o guitarrista Andrea Gottoli e o tecladista Albert Ambrosi parecem mais livres para soltarem suas ideias.

       

Analisando tudo, o álbum despeja muitos conceitos e não faz cerimônias em costurá-los abruptamente. O andamento de tudo é ondulado, não há espaço para descanso. Algumas coisas poderiam ser melhor desenvolvidas mas são logo jogadas para trás, com sorte relembradas nos momentos finais das faixas.  Alguns samples no sintetizador me incomodaram um pouco, muito artificiais, acredito que espantem parte dos ouvintes também.

É uma experiência diferente. Canto e melodias conservam o espírito dos antigos trovadores e os integrantes manipulam isso com novos recursos tecnológicos. O resultado soa  inusitado. O registro é mais indicado para aqueles que já curtem trilhas sonoras épicas e metal progressivo. O excesso de informação e escolha de timbres pode afugentar a maioria.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)
Edição: Carlos Garcia

Selo: Pride & Joy Music

       

Perpetual Fate: Showing Personality in a Style Already Saturated.



Being active since 2015, the Italians from Padua have released their Debut in 2018, under the tutelage of “Cordis”, bringing a good Alternative Metal with great melodic doses and betting on a modern and more sophisticated approach. (versão em português)

The emotion in the compositions is something to stand out, either by the beautiful voice of vocalist Maria Grazia, who sounds sweet and soft, or also by the lyrical approach that goes more on the emotional side, bringing an introspective view of the feelings, what match perfectly with the beautiful keyboards and guitar very well imposed, with doses of melodies and intricate riffs.


The production is crystal clear and extremely polished, with a softer approach, but not losing the characteristic of Metal itself, but that if it had more weight the sound would certainly sound more imposing.

Even having a defined style, the compositions vary a lot, as in “Mark Any Youth” which sounds abusively (in a good sense, of course) technical and varied, making a great counterpoint to “Cannibal” and his latent emotion in each note. "The Land" also stands out for its more epic side and for the participation of vocalists Michele Guaitoli (Visions of Atlantis) and Marco Pastorino (Temperance), as well as the choruses that sticks in our minds at the first heard bringing a lot of energy and drama.

A beautiful debut where they show a lot of personality and not sounding like more of the same in a style already saturated.

Review: Renato Sanson

Line-Up:
Maria Grazia (vocals)
Gianluca (guitar)
Massimiliano (guitar)
Diego (bass)
Marco (drums)

Tracklist:
01 Rabbit Hole
02 Enslavement
03 Smothered
04 The Path (I See You)
05 Cannibal
06 Mark Any Youth
07 Rainfall
08 The Land (feat. Michele Guaitoli and Marco Pastorino)
09 Eternal Destiny
10 When They Cry
11 A Word Between You & Me

Links:

Perpetual Fate: buscando sua identidade em um estilo já saturado



Estando na ativa desde 2015 os italianos de Padua lançaram em 2018 seu Debut, sob a tutela de “Cordis”, trazendo um bom Metal Alternativo com ótimas doses melódicas e apostando em uma abordagem moderna e mais sofisticada.  (English Version)

A emoção nas composições é algo a se destacar, seja pela bela voz da vocalista Maria Grazia, que soa doce e suave, ou também pela abordagem lírica que vai mais pelo lado emocional, trazendo sua visão introspectiva dos sentimentos, que casam perfeitamente com as belas climatizações de teclados e guitarras muito bem impostas, com doses de melodias e riffs intrincados.

A produção é cristalina e extremamente lapidada soando com menos peso, tendo uma abordagem mais soft, porém não perdendo a característica do Metal em si, mas que se tivesse mais peso o som certamente soaria mais imponente.

Mesmo tendo um estilo definido as composições variam bastante, como em “Mark Any Youth” que soa abusivamente (no bom sentido é claro) técnica e variada, fazendo um ótimo contraponto com “Cannibal” e sua emoção latente em cada nota. “The Land” também se destaca pelo seu lado mais épico e pelas participações dos vocalistas Michele Guaitoli (Visions of Atlantis) e Marco Pastorino (Temperance), assim como os refrões que grudam a primeira ouvida trazendo muita energia e drama.

Uma bela estreia onde mostram muita personalidade e não soando como mais do mesmo em um estilo já saturado e batido.

Resenha: Renato Sanson

Formação:
Maria Grazia (vocals)
Gianluca (guitar)
Massimiliano (guitar)
Diego (bass)
Marco (bateria)

Tracklist:
01 Rabbit Hole
02 Enslavement
03 Smothered
04 The Path (I See You)
05 Cannibal
06 Mark Any Youth
07 Rainfall
08 The Land (feat. Michele Guaitoli and Marco Pastorino)
09 Eternal Destiny
10 When They Cry
11 A Word Between You & Me

Links:


terça-feira, 5 de maio de 2020

Nightwish: “Human. :II: Nature” Dividindo Opiniões



Depois do lançamento de "Once" em 2004, tudo o que se poder esperar do Nightwish é grandiosidade, algumas vezes entregue de forma impecável e em outras de forma questionável.

O fato é que a cada novo álbum o Nightwish tem se mostrado uma nova banda, cada vez mais se afastando daquela atmosfera “Danny Elfman” e explorando novos horizontes, algo mais folk.

Confesso que após “Endless Forms Most Beautiful” minhas expectativas em relação à um próximo álbum da banda eram bem baixas ao ponto de nem me empolgar com o lançamento de “Human. :II: Nature”, mas claro que sendo eu uma admiradora do trabalho de Floor Jansen eu não podia simplesmente ignorá-lo, então sentei e tentei ouvir com cabeça e coração abertos à novidades.


O álbum começa com “Music”, nessa faixa os arranjos orquestrais e atmosféricos estão presentes o tempo todo, destaque para a ousadia de Tuomas ao adicionar elementos tribais na introdução.

Em seguida “Noise”, que foi o primeiro single lançado. A primeira vez que eu ouvi essa música fiquei feliz ao ouvir a Floor Jansen usando todo seu potencial vocal ( algo que senti falta no álbum anterior ). Confesso que em certo momento da música é impossível não notar uma semelhança de um trecho cantado pelo coral com a abertura de Game of Thrones, mas nada que incomode, não sei se foi algo intencional mas de qualquer forma não me surpreenderia que Tuomas tenha se influenciado na épica trilha sonora da série. 

A seguir “Shoemaker” me divide um pouco pois eu gostei no que diz respeito a apresentação da voz de Floor Jansen, mas particularmente eu não consigo entender como o Tuomas tendo um vocalista como Marco Hietala preferiu dar destaque para o multi- instrumentista Troy Donockley e isso é algo que me incomodou durante o álbum todo. Eu já tinha ouvido “Harvest” quando o single foi lançado, confesso que essa é uma música difícil de digerir, novamente com vocais de Troy, nem parece Nightwish ( ou o que eu esperava ouvir da banda ).


Continuando com a fascinante “Pan” este é um ponto alto do álbum, são 5 minutos de peso e sinfonia. A próxima faixa é “How’s the Heart?”, aqui os elementos folks tomam espaço novamente, mas sem tornar a canção irritante, pelo contrário, a letra é muito bonita e a carga emocional traz uma sensação de aquecer o coração.

A seguir uma das minhas canções favoritas do álbum “Procession”, os pianos e vocais líricos dessa música me trazer uma certa nostalgia melancólica do antigo Nightwish, com belas composições de piano,  que podia soar mais suave, sem perder a característica de um som de metal.

“Tribal” é um show à parte, aqui é a chance do baterista Kai Hahto brilhar, quando se tem uma identidade muito bem estabelecida é perigoso tentar inovar, mas aqui eu senti que deu muito certo a utilização dos elementos tribais juntos ao peso dos instrumentos e vocais.

E para finalizar o primeiro CD do álbum, “Endlessness” e aqui eu preciso dizer o que mais me decepcionei com esse álbum, a subutilização de Marco Hietala, eu trocaria todos os vocais de Troy pelos do baixista sem dúvida! Precisei ouvir 8 músicas até finalmente poder ouvir sua voz!! Ao menos compensou, como sempre Marco entrega vocais versáteis, cheios de personalidade e aqui eu senti que ele é uma das razões pelas quais eu ainda insisto em ouvir os novos trabalhos do Nightwish.


Em “Endless Forms Most Beautiful”, Tuomas já havia apresentado uma obra grandiosa com a música “Greatest Show on Earth” e seus 23 minutos, mas parece que ele não se sentiu satisfeito e compôs uma música maior ainda ao ponto de demandar um álbum inteiro só para ela.

O que não é de todo ruim já que comparada com a canção do álbum anterior eu teria cortado todas as partes faladas por Richard Dawkins, que me deixou com a sensação de estar ouvindo um audiobook. Aqui em “All the Works of Nature Which Adorn the World” se você não quiser ouvir a obra completa você pode simplesmente pular para o seu trecho favorito. 

O conteúdo em si é muito bom, diria que algo cinematográfico. Tuomas a descreve como sua “carta de amor ao planeta Terra”, mas é totalmente orquestral, então fica como opção do ouvinte dedicar todo esse tempo ou não. 

Minhas considerações finais sobre esse álbum é que não é tão bom como os trabalhos anteriores ao “Endless Forms Most Beautiful”, mas também não é tão ruim quanto o mesmo. Minha maior decepção dessa vez foi a subutilização de Marco nos vocais e Emppu nas guitarras,  de modo geral eu acho que esse não será um álbum que eu ouvirei inteiro até não aguentar mais, mas tem aquelas músicas que provavelmente serão adicionadas à minha lista de favoritas.

Texto: Raquel de Avelar Lauretto
Edição: Carlos Garcia

Banda: Nightwish
Álbum:  “Human. :II: Nature” 2020
Estilo: Symphonic Metal
País:Finlândia
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records


       


       


domingo, 3 de maio de 2020

Cerberus: um início promissor


Resenha por: Renato Sanson
Read in English by clicking here


São dez anos de história e incontáveis shows em seu histórico, com uma formação sólida e prontos para nos entregar um Heavy Metal Tradicional vigoroso e empolgante. Assim caminha os gaúchos de Torres da Cerberus, prontos para destilarem o veneno do mais puro Heavy Tradicional.

Enquanto o Debut está em fase final de composição e gravação, vamos hoje falar da Demo “Legacy” lançada em 2015 e disponível para audição em seu canal no Youtube.

São apenas duas composições, mas que apresentam as nuances de sua sonoridade, calcada no Heavy Metal Tradicional, com ótimas influencias de Grave Digger e Judas Priest.


“Hand of Doom” abre os trabalhos com um riff compassado que vai ganhando força com o seguimento do baixo/bateria muito bem marcados e extremamente pesados, embalando em uma chuva de feeling com linhas vocais que se destacam pela sua vitalidade e agressividade, mas com boas melodias. Onde a música em si vai ganhando forma e variações bem interessantes.

Já em “Wake me now” temos uma composição que começa mais arrastada e com estruturas mais cadenciadas, dando mais destaque as linhas de vozes que crescem ao clima interpretativo e denso que a faixa apresenta, ganhando energia com solos bem colocados.

“Legacy” mostra uma banda com qualidade e que tem muita vontade e energia, são apenas duas faixas, mas já podemos imaginar como nascerá o Debut que virá em breve, pois o profissionalismo do quarteto já é latente, já que a Demo apresenta tanto uma ótima produção como composições muito bem construídas.

Formação:
Nicolas Cardoso - Voz
Cristian Nunes - Guitarra
Jones Machado - Bateria
Rodrigo Fernandes - Baixo

Links:


Cerberus: a promising start


Review: Renato Sanson


Ten years of history and a countless show list, with a solid formation and prepared to deliver a forceful and exciting orthodox heavy metal. This is the way  of the brazilians gauchos from Torres – Rio Grande do Sul, ready to distill the poison of the purest traditional heavy.

While their Debut CD is on it’s final composing and recording stage, today we’re going to talk about their Demo CD “LEGACY”, released in 2015 and available on their YouTube Channel.

There are only two songs, but these ones really present their sonarity nuances, based on True Heavy Metal Style, with greats influences like Grave Digger and Judas Priest.


“Hand of Doom” opens the proceedings with a compassed riff that gets stronger with the following bass/drums very well marked and extremely heavy, taken in a rain of feeling with it’s vocals lines that draw in their vitality and agressivity, but with great melodies. The music itself gets very interesting forms and variations.

In “Awake me Now” we have a composition starting in a more dragged tempo and cadenced structures. The voices get featured by it’s crescendo in a interpretative and dense aura, getting stronger with the solos arrangement.

“Legacy” shows a energic strong willed and qualified band, there are only two tracks, but we can already imagine how their upcoming Debut CD will sounds like, the professionalism of this quartet is latent, since the Demo CD shows not only a great production, but also a very well built piece of music.

Line up
Nicolas Cardoso – Vocals
Cristian Nunes – Guitars
Jones Machado – Drums
Rodrigo Fernandes – Bass

Links: