O espaço para as bandas nacionais é algo que não será
disperso neste ciclo contemporâneo. Mas devido ao grande número de shows
internacionais, a concorrência de poupar o seu lugar entre os grandes é
incumbida de custos e modos que qualificam o caráter musical do conjunto.
Relevando a importância do Metal brasileiro, o pessoal do Angra resolveu montar
seu primeiro festival reunindo grandes nomes da cena: Noturnall, Massacration
e, claro, o Angra, celebrou a comunhão desse gênero no denominado Angra Fest,
ocorrido no último dia 26/11 no Tom Brasil (SP).
Quando vem a palavra ‘festival’ da a entender que se
trata de um evento com mega produção, contando com um gigantesco espaço ao ar
livre, palcos com estrutura de primeira linha e entre outros recursos que não
faltam em grandes festivais. No caso do Angra Fest, os organizadores não
precisou de muito coisa para puxar o publico até o Tom Brasil. O lugar fechado
ofereceu não só segurança e proteção para os que foram prestigiar esse momento
oportuno, mas sim comodidade para curtir a trinca de shows de maneira prudente
(defendido de qualquer ameaça de chuva), já que a oscilação de tempo era
constante.
Noturnall: Com os Reforços de Mike Orlando e Henrique Pucci, o Grupo Segue Divulgando "9"
A abertura dos portões foi cumprida pontualmente às
18h. O número de público dentro do local era razoável e o suficiente para
recepcionar a primeira atração da noite: a Noturnall, que subiu no palco às
19h05. O trio, chefiados por Thiago Bianchi (vocal, no estilo super herói),
Fernando Quesada (baixo) e Junior Carelli (teclados), preparou uma pequena
turnê de divulgação do mais recente álbum, “9”. Com o baterista Aquiles
Priester morando em Los Angeles (USA) e o guitarrista Léo Mancini com a agenda
reservada, couberam ao guitarrista Mike Orlando (Adrenaline Mob, Sonic Stomp) e o
baterista Henrique Pucci (ex-Project46) preencherem a ausência de ambos nesse
período.
O inicio do show ficou por conta da eletrizante “No Turn
At All”, que apresentou uma instabilidade no microfone do Bianchi, nivelando
entre o baixo e alto volume. “Fight The System” adicionou ainda mais pressão e
fervor, presenteando todos com um balão gigante da banda, que intercalou por vários
cantos da casa durante toda a apresentação. As zombies pole dancers roubaram a
cena em “Zombies” e desfilaram uma performance
amedrontante.
Voltando ao formatado normal do palco, Bianchi mostrou
que estava sendo um prazer enorme de tocar em casa novamente e muito feliz de
poder se unir com o Angra, no qual o todos tem uma história com os mesmos,
alegando que eles sempre fizeram a diferença dentro do Metal nacional. E como
parte da divulgação do “9”, “Mysterious” foi executada no bom sentido, sendo
uma das preferidas do vocalista. E o Power Metal frenético acabou titubeando os
PAs em alto volume.
Há dois anos, a banda esteve (junto com o Angra) a
oportunidade de tocar no palco Sunset do Rock In Rio, tendo um convidado
ilustre na época. E sem mais delongas, Bianchi chamou imediatamente o vocalista
Michael Kiske, só que tudo passou de uma tradicional pegadinha do malandro. Mas
para chegar próximo a isso, o sexteto executou o clássico “I Want Out”, do
Helloween, que teve um timbre parecido com a versão original, onde o Juninho
curtia a performance de seus colegas com o seu sea board, além do público
corresponder com a parte deles no refrão.
Vindo de mais uma surpresa, Bianchi chamou ao palco o
prodígio guitarrista Bruno Henrique para tocar “Sugar Pill”, e este mostrou os
seus dotes no instrumento com extrema habilidade e técnica. Vale ressaltar
também as praticidades do Mike Orlando (totalmente em forma depois trágico
acidente com o Adrenaline Mob) e do Henrique Pucci, que demonstraram eficiência em
cada música da banda, pondo fim com a célebre “Nocturnal Human Side”.
Massacration: Sob o Signo do Deus Metal!
Saindo da fúria progressiva, era a vez de se transportar
ao Metal cômico do Massacration. Depois de um hiato que durou 4 anos, Detonator
(vocal, Bruno Sutter), Metal Avenger (guitarra solo, Marco Antônio), Headmaster
(guitarra rítmica, Adriano Pereira), El Muro (baixo) e El Perro Loco (bateria,
Ricardo Confessori), encheram os presentes de muito bom humor e diversão,
começando a hilária apresentação com “Metal Is The Law”, contando com a
participação do novo guitarrista da banda, Red Head Hammet (Franco Fanti), que
se recusou a ficar no palco por ser sujo, jogando enfurecidamente sua
guitarrista de vassoura pra bem longe.
Não poupando a estima, Detonar atacou com suas piadas,
dizendo que o Angra comprou a ideia do festival, que na verdade era pra ser o
Massa Fest. Mas com tanta choradeira, resolveram vender o nome pra banda,
entendendo que serão humilhados pelo quinteto, secundando o set com “The Mummy”,
que retrata sobre um amigo tarado do Deus do Metal, tendo a participação
especial do rapper Egypcio.
Perguntando se todos gostam de Heavy Metal, auferido de
um enorme SIM, Detonator apresentou um horrendo funk do MC 2K, fazendo parodia
para a pavorosa “Chupa”. Apesar dos aplausos, o vocalista pedia pra não
aplaudir, pois o mesmo acha um absurdo, mas, no final das contas, ele pedia
para todos continuarem, seguido do primeiro single com “Metal Massacre Attack”,
que teve o refrão cantado de maneira efusiva.
Enquanto Detonator contava suas histórias,
despretensiosamente, houve um blecaute no Tom Brasil, faltando energia em todos
os cômodos da casa. O momento sem luz deu ensejo para a banda poder fazer o seu
teatro no palco e tirar onda com o público. Sabotagem ou não, a culpa foi
direcionada ao empresário Paulo Baron, que na visão do vocalista, a
apresentação do Massacration estava sendo muito melhor. Bom, com tudo
restabelecido, “The Bull”, ao lado do ilustre Little Garçom, completou a metade
do set contagiando os corações apaixonados.
Para os que gostam de mulheres mais velhas, e a todas as
mamães bonitas e conservadas que não deixam de mamar, “Metal Milf” esbravejou o
poder sólido e vigoroso, estando fixada na mente do público após alguns meses
de lançamento deste que é o mais recente single da banda.
Restando somente duas músicas, e contando novamente com a
presença de Red Head Hammet, essa com uma guitarra extra-gigante, “Evil Papagali”
e a “Metal Bucetation” (onde todos ergueram as mãos fazendo símbolo do Metal em
formato, digamos, erótico) encerram a segunda parte do festival pra lá de animada.
O restante da noite ficou para a banda que dá nome ao
festival, o Angra, que teve um atraso que durou meia hora, deixando muitos
ansiosos para o começo show. Mas tamanha euforia tinha motivos significativos,
pois o show reservava convidados especiais e a chance de poder ouvir, com
exclusividade, uma nova música que estará presente no novo álbum da banda, “OMNI”,
há ser lançado dia 16 de fevereiro.
Angra: A Hora dos Donos da Festa e Seus Convidados Especiais
Pondo fim na espera, Fabio Lione (vocal), Marcelo Barbosa
(guitarra), Rafael Bittencourt (guitarra e vocal), Felipe Andreoli (baixo) e
Bruno Valverde (bateria), dispondo também dos coadjuvantes Bruno Sá (teclados)
e Dedé Reis (percussão), iniciou as suas atividades, às 22h15, com uma trinca
matadora, inaugurando o repertório com “Newborn Me”, “Acid Rain” e “Final Light”
(essas duas últimas com os tambores do Dedé bem encaixados na música, com Lione
perdido na parte final da última esquecendo a letra).
Curto e breve, Lione estava muito feliz em poder realizar
o primeiro Angra Fest, enunciando que o evento tem como objetivo fortalecer a
cena Metal brasileira, agradecendo a presença do público e de todos os
convidados, deixando todos entusiasmado com a nova música, suspeitando que o
novo álbum vai surpreender muito. Questionando bravamente se querem mais e se
todos conhecem o álbum “Temple Of Shadows”, o vocalista pediu pra todos cantarem
com ele na aclamada “Waiting Silence”, que logo transportou para a climática
“Ego Painted Grey”, do “Aurora Consurgens”.
A envolvente “Time” e a progressiva “Upper Levels” (pouca
executada ao vivo), espelharam em momentos do primeiro e último disco, não
demorando muito pra Bruno Valverde explodir com seu vertiginoso solo de
bateria.
Lione e Geoff Tate |
Tendo o palco só pra si, Rafael se centralizou para
comunicar que estava com muita saudade dos fãs, e que toda campanha que fizeram
de vídeos no Youtube, aproximou demais a banda com os fãs. E a motivação, que
deixa a banda inteira empolgada por estar fazendo música, no pensamento do Rafael,
são os fãs, alegando que seria triste terminar o ano sem um show. Querendo
mais, o guitarrista uma linda composição de estreladas (cambiados pelos flashs
dos celulares) na emocionante “Silent Call”, voltando a bombardear tudo com mais
uma do “Temple Of Shadows”, concluindo a primeira parte do show com “Angels And Demons”.
Espere... “Gate XIII” sendo reproduzida? Calma, o show
não acabou! Novamente no centro do palco, Rafael explicou sobre o novo ciclo
que a banda está iniciando com o OMNI, aproveitando para explicar o conceito retratadona
nova música, que tem a ver com a conexão entre os humanos num longínquo ano. E
em alto e bom som, “Travellers Of Time” hipnotizou a atenção de todos! E o que o
Lione está cantando nessa canção é de cair o queixo!
Alírio Netto |
Voltando ao palco, era hora de chamar a primeira
convidada da noite, e quem deu ponta pé na chuva de convidados foi a vocalista
Dani Nolden, do Shadowside, interpretando a balada “Heroes Of Sand”, que ficou
compatível com sua textura vocal (beirando ao limpo e agressivo). Sem poupar
ninguém, foram a vez do ex-baixista Luis Mariutti e do ex-baterista Ricardo
Confessori fazerem a sua parte em dois momentos do álbum “Holy Land”, são elas:
“Silence And Distance” e “Nothing To Say”, que foi cantada inteiramente pelo
vocalista Alirio Netto.
Relembrando a adolescência, Rafael recordou que a
primeira banda que ele ouviu, tendo misturas do Rock Progressivo do Rush,
Genesis, Yes e Pink Floyd, e com o Heavy Metal do Black Sabbath e do Iron
Maiden, foi o Queensrÿche, assumindo que as músicas do “Angels Cry” são quase
cópias da banda. E nessa ânsia alegria que o mesmo chamou o convidado
internacional da noite, o nada menos que o vocalista Geoff Tate, que logo já
mostrou sua elegância e finesa em “Empire”.
Dani Nolden |
Com Geoff Tate permanecendo no palco, Lione logo deu as
caras rasgando ceda ao vocalista, testemunhando que o Queensrÿche foi à
primeira banda que ele escutou. E ainda, depois de 25 anos, ele considera o
cantor como o melhor de todos os tempos. E é nessa onda de elogios que os dois
interpretaram uma música do Angra juntos, e a escolhida foi “Make Believe”,
sendo, até então, o ápice da noite.
Evocando mais Queensrÿche, Geoff Tate a faixa que, pra
mim, é a mais marcante do “Operation Mindcrime”, a magnifica “Eyes Of a
Stranger”, encerrando sua participação com a clássica “Silent Lucidity”, do
disco “Empire”, terminando a segunda parte do show com “Rebirth”.
Faltava poucos convidados pra terminar a noite com chave
de ouro, e a bola da vez foram para o guitarrista Edu Ardanuy e o vocalista
Bruno Sutter, que estava assistindo o show inteiro na plateia, relembrando os
seus tempos de moleque quando conheceu o Angra e sentindo-se honrado em poder
participar da festa. Levado ao palco pelo público que ele, junto com Ardanuy,
executou I’II See The Light Tonight, do guitar-hero sueco Yngwie J. Malmsteen.
Edu Ardanuy e Bruno Sutter |
Terminando o ciclo de convidados, o vocalista Marcello
Pompeu, do Korzus, destruiu com “Walk”, do Pantera. E ficou claro que houve
umas derrapadas por parte dele, não lembrando totalmente a letra da música.
Concluindo, os vocalistas Thiago Bianchi, Alirio Netto e
Bruto Sutter uniram-se a banda para cantarolar um dos hinos do Metal nacional,
fechando o set com a memorável “Carry On” e “Nova Era”, onde cada um cantou cada
verso de ambas às músicas.
Marcelo Pompeu (Korzus) |
Que seja o primeiro de muitos Angra Fest, que dessa vez
seja mais amplo e cheio do que o primeiro. Agora é contar os dias e horas para
o lançamento do tão aguardado OMNI.
Texto:
Gabriel
Arruda
Edição/Revisão:
Carlos
Garcia
Fotos:
Dener
Ariani
Noturnall
1. No
TurnatAll
2. Fightthe
System
3. Zombies
4. Mysterious
5. I
Want Out (Helloween)
6. Sugar
Pill
7. NocturnalHumanSide
Massacration
1. Metal
is The Law
2. The
Mummy
3. Metal
Massacre Attack
4. The
Bull
5. Metal
Milf
6. EvilPapagali
7. Metal
Bucetation
Angra
1. Newborn
Me
2. AcidRain
3. Final
Light
4. WaitingSilence
5. Ego
PaintedGrey
6. Time
7. UpperLevels
***Drum
Solo***
8. SillentCall
(Acoustic)
9. AngelsAndDemons
***TravellersOf
Time (New Song)***
10. HeroesOfSand
(Dani Nolden)
11. SilenceAndDistance
(LuisMariutti, Ricardo Confessori)
12. NothingToSay
(Alirio Netto, LuisMariutti, Ricardo Confessori)
13. Empire
(Geoff Tate)
14. MakeBelieve (Geoff Tate, Fabio Lione)
15. EyesOf
a Stranger (Geoff Tate)
16. SilentLucidity
(Geoff Tate)
17. Rebirth
***Encore***
18. I’II See The Light Tonight (Edu Ardanuy e Bruno
Sutter, original byYngwie J. Malmsteen)
19. Walk
(Marcello Pompeu, original byPanter)
20. CarryOn
/ Nova Era (Fabio Lione, Thiago Bianchi, Alirio Netto, Bruno Sutter)
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