Se abrirmos o manual de instrução de como deve ser feito Heavy
Metal, e ainda o dicionário com os nomes mais significativos da história do som pesado, com certeza
o Judas Priest estará nas primeiras páginas desses livros. A banda realmente define essa cultura, tanto na parte sonora quanto na visual, e produziu clássicos que explicam (precisamente) o estilo mais pesado do planeta. Carregando
quatro décadas de atividade sobre os ombros, o grupo emerge o verdadeiro espirito Heavy Metal no
seu 18º disco da carreira, “Firepower”.
Depois de gerar controvérsias nos últimos três lançamentos,
o Priest recupera o seu nível mais classudo e
tradicional, trazendo os elementos principais que caracterizam a musicalidade triunfal do grupo. Energia é o que não falta no coração desses senhores, resgatando novamente a
inspiração apoteótica numa visão que une o clássico, mas soando atual, merecendo ser aclamado como o melhor disco desde a volta do vocalista Rob Halford.
As expectativas só aumentaram quando Tom Allom (responsável
pelas modelações clássicas dos anos 80) foi anunciado para produzir o disco,
mas se não fosse por Andy Sneap – que assumiu a parte de co-produção – “Firepower”
não seria o que é hoje, com todo respeito ao lendário produtor. O trabalho em
conjunto resultou em uma
sonoridade íntegra e clássica e ao mesmo tempo atual, incluindo-se aí uma calorosa arte, criada
por Claudio Bergamin, bem ao estilo tradicional de capas como "Screaming for Vegeance", "Defenders of Faith" e "Painkiller".
Se temíamos que viria só mais um disco somente para cumprir contrato, respiramos aliviados e esperançosos logo nas primeiras amostras, e entre os poucos dinossauros que
estão na ativa, o Judas Priest ainda mostrou que tem o poder de fundir o que chamo de obra-prima. E
o álbum soa perfeito, encontrando tudo o que se espera em se tratando de riffs
pesados e solos soberbos – comandados pela dupla Glenn Tipton e Ritchie
Faulkner – seguida da cozinha rítmica intensa de Ian Hill e Scott Travis,
faltando palavras pra descrever a performance do Metal God, Rob Halford, que
consegue atingir notas agressivas e agudas em alto nível.
O disco possui 14 faixas que evidenciam o poder de fogo da
banda, abrangendo linhas ríspidas e vertiginosas logo na faixa-título,
“Firepower”, onde já nos primeiros segundos já se pode identificar que é uma canção dos Metal Gods ingleses! A versatilidade vocal do mestre Halford entra em evidência em “Lightning
Strike”, impondo vigor e riffs exuberantes. Direções cadenciadas aparecem em “Evil
Never Dies” (que música! Metal never dies!), trafegado da agressividade a requintados solos
de guitarra, fazendo um maravilhoso elo de peso e melodia com a cadenciada “Never The
Heroes”; atalhos duros dão o tom em “Necromancer”, enquanto que o memorável refrão é destaque na “Children
of the Sun”.
Introduzida por lindas notas de piano, “Guardians” prepara o
terreno pra “Rising From Ruins”, com boas doses peso, trazendo ares vanguardistas pra “Flame Thrower”, que possui uma linguagem
mais Rock n' Roll; os nossos pescoços entram instantaneamente em movimento com a arrastada
“Spectre”, entubado das boas dobras de guitarras temos em seguida a “Traitors Gate”; a simplicidade de “No Surrender” mostra como é fácil pra quem sabe; a envolvente
“Lone Wolf” traz passagens cadenciadas, e encerrando o álbum, a bela “Sea Of Red”, permeada de lindos arranjos
acústicos e riffs carregados, podendo ser denominada como a "balada" do disco.
Pois é meus amigos... se por acaso esta maravilha for a última da história da banda, ficará mais uma
surpreendente obra dentro do grande legado dos Metal Gods. E essa despedida se aproxima e parece mais próxima após Glenn Tipton ser diagnosticado
com Mal de Parkinson, o que inclusive o impediu de tocar na turnê de divulgação do álbum, dando lugar ao produtor Andy Sneap.
Finalizando, “Firepower” não só é, provavelmente, o melhor disco de 2018, mas tem tudo para ser um novo marco nesses 44 anos de estrada.
Texto:
Gabriel
Arruda
Edição/Revisão:
Carlos
Garcia
Fotos:
Divulgação
Ficha
Técnica
Banda:
Judas
Priest
Álbum:
Firepower
Ano: 2018
Estilo:
Heavy
Metal
Gravadora:
Epic
Records (Imp.) / Sony Music (Nac.)
Formação
Rob Halford (Vocal)
Glenn Tipton (Guitarra)
Ritchie Faulkner (Guitarra)
Ian Hill (Baixo)
Scott Travis (Bateria)
Track-List
1. Firepower
2. Lightning
Strike
3. Evil
Never Dies
4. Never
the Heroes
5. Necromancer
6. Children
of the Sun
7. Guardians
8. Rising
From Ruins
9. Flame
Thrower
10. Spectre
11. Traitors
Gate
12. No
Surrender
13. Lone
Wolf
14. Sea of
Red
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Um comentário:
Que resenha grandiosa! Só esperamos que Firepower não seja a despedida do JP do cenário do metal... Isso é o que eu chamo de um álbum perfeito!
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