quinta-feira, 4 de julho de 2019

Turilli/Lione's Rhapsody: Renascimento e Evolução



Precisamos de mais uma versão do Rhapsody? Essa pergunta me veio a mente quando a dupla Turilli e Lione anunciaram que estavam trabalhando em um novo álbum, fruto das boas energias reunidas com a Farewell Tour, celebrando os 20 anos do Rhapsody original.

 Essas tours nesses moldes, reunion/anniversary, são meio que caça-níqueis, mas tem o outro lado, aquele de que muitos fãs terão chande de ver alguns músicos no palco juntos novamente (Pumpkins United, por exemplo), ouvir alguns clássicos, então acho válidas, bom para o fã e para o artista, e quem não curte não vai e pronto.

Álbuns reunindo formações e ou parte delas também seguem por essa linha, então, depois da bem sucedida Farewell Tour do Rhapsody com Lione e Turilli, era quase certo um trabalho reunindo a dupla.


 Respondendo a pergunta que me fiz, eu acredito que sim, uma versão do Rhapsody com Lione e Turilli seria válida, e gostaria de ouvir algo novo vindo deles. Para mim a voz do Rhapsody não tem outra, é Lione e ponto final. O Rhapsody Of Fire lançou um trabalho novo recentemente, um álbum legal, mas nada que realmente empolgasse, longe ainda dos primeiros discos quando existia uma versão só.

Chegou a hora e a dupla, acompanhada de outros músicos que passaram por formações do Rhapsody, apresentam ao mundo "Zero Gravity (Rebirth and Evolution)", e posso afirmar, não é um álbum simplesmente para ir na carona dos bons resultados da tour, e aproveitar a curiosidade e expectativa, é um excelente álbum de Epic Symphonic Metal, e traz um ar de renovação para o estilo.

Não é só o logo que está diferente, que abandonou o estilo medieval do original - esse ficou com o Rhapsody of Fire, as influências neo-clássicas saíram um pouco de cena para dar lugar à um tom mais futurista. 


A dramaticidade, arranjos sinfônicos e incursões eruditas estão presentes, com esses novos elementos, que também incluem trechos utilizando instrumentos e sonoridades étnicas (indiana e persa, por exemplo), além de melodias que remetem ao Queen, como na ótima "I Am", que mixa o Symphonic Metal com trechos operísticos, com muita dramaticidade, tempos moderados com arranjos de piano e saxofone ao fundo.

Da mesma forma é em "Decoding the Multiverse", que também traz Lione em vocais bem dramáticos e trechos com DNA do Queen, porém com arranjos mais velozes nas partes Symphonic Metal, e  claro. melodias marcantes não faltam.

O "Cinematic" ou "Hollywood Metal", como eles gostavam de definir o seu som, pode ser usado aqui, e em faixas como a abertura "Phoenix Rising", onde temos aqueles elementos que o fã encontrava nos primeiros álbuns, ou seja, arranjos grandiosos e melodias marcantes. Simphonic Metal explosivo, dramático e com essa nova roupagem futurística e incursões de instrumentos étnicos. 


Lione está no seu habitat, e as suas linhas vocais são uma marca fortíssima na identidade do Rhapsody, e fez um trabalho excelente, com grandes interpretações, usando de muita dramaticidade e teatralidade (foram gastos 3 meses somente nas gravações das vozes, então, eles realmente trabalharam para trazer o melhor álbum possível).

Em "Zero Gravity", a faixa título, por exemplo, ele alterna vocais dramáticos e melodiosos com maestria. Turilli também está ótimo, criando grande melodias e solos, e a química da dupla é incontestável; E nesta mesma faixa, além dos arranjos com melodias orientais, há belos arranjos de teclados e trabalho majestoso de guitarras.

Os belos arranjos de piano são o destaque na balada "Amata Immortale", que traz outra característica do clássico Rhapsody, que são as canções em italiano. Com o acompanhamento de vocais femininos, Lione mostra seus dotes de cantor clássico. Também em italiano temos a grandiosa faixa final, "Arcanum (Da Vinci's Enigma)", com vocais clássicos e corais fantásticos.


E claro, além das faixas que destaquei, seguindo essa mesma linha, com muita coesão dos elementos, e  "D.N.A.", que traz Elize Ryd como convidada, e já foi apresentada como single, e provável foi já usada por ser um Symphonic Metal mais tradicional, para apresentar gradualmente essa nova fase,  "Fast Radio Burst", "Multidimensional" e "Origins" são também muito boas.

"Zero Gravity " reflete o que seu sub-título diz "Rebirth & Evolution", renascimento e evolução. Um belo de um trabalho, sonoridade renovada em uma obra de Metal sinfônico, futurístico, progressivo e operístico, carregado de dramaticidade e melodias memoráveis. Realmente, a química da dupla Turilli e Lione é um diferencial. Desse Rhapsody a cena precisava.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Turilli/Lione's Rhapsody
Álbum: "Zero Gravity (Rebirth & Evolution)" 2019
Estilo: Symphonic Metal
País: Itália
Selo: Nuclear Blast

Lançamento no Brasil via Shinigami Records

Turilli / Lione RHAPSODY online:
www.tlrhapsody.com
www.facebook.com/tlrhapsody

www.nuclearblast.de/turilli-lione-rhapsody

Line-up:
Luca Turilli | guitars, keyboards, piano
Fabio Lione | vocals
Dominique Leurquin | guitars
Patrice Guers | bass
Alex Holzwarth | drums


Tracklist:
1. Phoenix Rising 6:14
2. D.N.A. (Demon and Angel) 4:19
3. Zero Gravity 5:53
4. Fast Radio Burst 5:07
5. Decoding The Multiverse 6:19
6. Origins 2:27
7. Multidimensional 4:42
8. Amata Immortale 5:04
9. I Am 7:15
10. Arcanum (Da Vinci's Enigma) 6:25


       

       

Nenhum comentário: