sábado, 10 de setembro de 2022

Iron Maiden - Legacy of the Beast - Estádio Morumbi SP 04/09



Após uma série de shows da Europa, o Iron Maiden voltou ao Brasil entre o fim e começo de setembro desse ano com sua turnê Legacy Of The Beast após 2 anos de pandemia. Essa 12º segunda passagem da donzela teve um gosto especial por ser o único país da América Latina a ser incluída nessa segunda parte da tour, o que trouxe fãs de todo continente para ver a banda em algum dos 4 shows que foram marcados por aqui. E o Road, mais uma vez, pôde cobrir o último show (04/09), no Estádio do Morumbi, em São Paulo. 

O tempo na cidade de São Paulo não era um dos mais agradáveis, diferente do que foi em Curitiba, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, que tiveram um clima um pouco mais ensolarado. O frio (e indícios de chuva) fez que muita gente tirasse suas jaquetas de couro para encarar a temperatura baixa, que estava entre 10º à 12º graus . Mas nada disso tirou o ânimo de quem estava na fila (que chegava a dobrar o anel do estádio desde cedo) com o ingresso na mão até o horário da abertura dos portões, pontualmente aberto às 16hrs. 



Os suecos do AVATAR fazem as honras de abertura


Por volta das 18h45, som de uma intro surgia no sistema de som instalado no Morumbi para que os suecos do Avatar começassem a esquentar a noite. Eles também tiveram a honra de abrir os shows de Curitiba e Ribeirão Preto, exceto RJ. Por mais que maioria não os conhecesse, muita gente ficou surpreso e contente com o que viu. 


Caracterizado por um visual circense assustador, e o som calcado mais para o Death Metal moderno, o quinteto mostrou muita energia e peso no curto tempo de apresentação. Praticamente, o quinteto não cansava de baguear os pescoços em cada riff executado o show inteiro. Creio que deve haver muito exercício e preparo para fazer isso em todos shows, pois pelo som insano que executam é necessário tal prática.




Também fica meu elogio ao vocalista Johannes Eckerström, que mostrou não só ser um ótimo ‘front-man’, mas também pela sua criatividade nas performances teatrais, pelas boas caras e bocas, técnica vocal (equilibrando bem voz rasgada e natural) e empatia com todos no tempo que sobrava para se comunicar com o público. Demais membros – Jonas “Kungen” Jarlsby e Tim Öhrström (guitarras), Henrik Sandelin (baixo) e John Alfredsson (bateria) – também se mostraram seguros em toda apresentação.



Destaques para as insanas “Hail the Apocalypse”, “Let It Burn”, o refrão chicletoso de “Colossus”; “Paint Me Rad” com suas ótimas dobras de guitarra e a empolgante “Smells Like a Freakshow”. 



Ouviu "Doctor, Doctor" nos Alto Falantes? Era a Hora da Donzela de Ferro Espantar de Vez o Frio no Morumbi


Restavam poucos minutos para que a ansiedade de todos que estavam no lotadíssimo Morumbi, que teve os ingressos todos esgotados muito antes da data do show “Doctor, Doctor”, clássico dos ingleses do UFO, foi o prenúncio de que o sexteto mais famoso do mundo estava pronto para adentrar ao palco após 10 minutos de atraso (show estava marcado pra começar às 20hrs).



Em um cenário com características orientais, Bruce Dickinson (vocal), Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers (guitarras), Steve Harris e Nicko McBrain (bateria) dedicaram os primeiros 20 minutos de show pra três músicas do mais recente disco, “Senjutsu”, que completou um ano de lançamento na véspera do show. 


A faixa que dá nome ao disco tirou minha cisma de que não seria uma música ideal para abertura de show (não só eu, mas como de muita gente). Ao vivo ela trouxe uma atmosfera ainda melhor do que em estúdio, e nela marcou a presença do Eddie samurai perfilando com sua espada e curtindo a música junto com a banda.


“Stratego”, por ser mais rápida, agitou bastante o público com direito a “Hey, Hey, Hey”. “The Writing On The Wall”, considerada a melhor faixa do disco, teve o refrão cantado com clamor que até o Bruce deixou uma parte para o público cantar sozinho. E nela foi exibido um trecho do vídeo clip nos telões enquanto Adrian introduzia as melodias iniciais e o Bruce pedindo o apoio de todos durante os riffs iniciais do Murray.



Depois de 2 minutos colocando o cenário que evidencia a Legacy Of The Beast, era hora de sacar os grandes clássicos, iniciando com a marcante “Revelations”. Incrível (e o quão agradável é) ver o Bruce cantando com emoção as partes mais melódicas, o que mostra que ele ainda continua em plena forma. “Blood Brothers”, que não era incluída no set-list há muito tempo, arrancou os corações de irmãos mais novos e irmãos mais velhos presentes (usando um pouco do que o Bruce dize antes de anuncia-la).


Antes dela ser tocada, Bruce brincou com o clima do dia: “Normalmente, nós, quando a gente vem pro Brasil, é pelo brilho do sol. Está sempre ensolarado, não chove, não tem nuvens... Mas hoje não é esse dia! O clima pode mudar. Quem se importa com o clima?”. 


O set seguiu com “Sign Of The Cross”, outra que dispensa comentários e presente no injustiçado “The X Factor”. Gravada originalmente na voz de Blaze Bayley, a música parece que foi composta especialmente pro Bruce de tão perfeita que fica na voz dele. E como sugere o título da música, o mesmo carregava um crucifixo que se ascendia cada vez que apunhava pro alto. Outro detalhe especial é às labaredas de fogo que se levantavam no refrão e a explosão de fogos antes dos solos do Murray e do Gers. 



Se o show já estava bom, ficou melhor ainda quando chegou a vez de “Flight Of The Icarus”. Todo mundo, assim como eu, foi à loucura quando o anjo Ícarus apareceu atrás do palco e o Bruce armado de um lança chamas. O que me incomodou muito nesse momento era o tanto de pessoas que estavam fazendo filmagens com o celular, o que prejudicou a visão de quem estava mais ou menos no final da pista premium. 


A próxima etapa do show reservou os hits mais populares (comerciais, melhor dizendo) da carreira do Maiden. Hoje em dia, alguns fãs mais antigos reclamam da repetição de músicas no set, esperando que, no futuro, a banda tire uma delas pra dar espaço a temas que não são executados a décadas. Querendo ou não, ambas provocaram sentimentos inigualáveis.



Os que estavam na arquibancada comandaram um espetáculo de luzes nas melodias iniciais e do tradicional “Oh, Oh, Oh” em “Fear Of The Dark”, destacando também o trajado do Bruce (bem ao estilo Dandis da Inglaterra antiga) e da lamparina esverdeada a qual manipulava;


“Hallowed Be Thy Name” exigiu uma performance mais teatral do vocalista por conta da mini cela e do cordão de enforcamento, relevando também o hábito do quarteto de ferro (Murray, Smith, Gers, Harris) de sempre tocarem o riff principal perto um do outro; e em “Iron Maiden” tivemos o palco tomado pelo Eddie demoníaco, que também teve o clima mais “capirotesco” na música que a antecedeu, “The Number Of The Beast”.



Sob os gritos “Olê, Olê, Olê, Maiden, Maiden”, a banda gesticulava agradecimentos antes de partir para os momentos finais do show. Nicko McBrain, sempre muito simpático e ovacionado por todos enquanto jogava baquetas e peles de bateria. Deixo aqui também o meu enaltecimento a ele, que ainda continua tocando ensurdecedoramente bem e imprimindo ótimas viradas. Se ele achava que quando chegasse aos 70 anos (idade atual) não ia conseguir tocar mais determinadas músicas, parece que ainda esse dia não chegou.


“The Trooper”, outra que não é dispensada nas turnês que a banda realiza, abriu o encore da noite. Com Bruce trajado de soldado inglês e empunhado da bandeira do Reino Unido, Eddie (da mesma feição que simboliza o single do álbum “Piece Of Mind”) rouba a cena novamente para um duelo de espadas com o vocalista. E para alegria de todos, Bruce fez questão de trocar a bandeira do Reino Unido pela bandeira do Brasil nos minutos finais da música. 



O backdrop que faz alusão ao filme “Coração Valente” (1985), protagonizado por Mel Gibson, preparou o terreno para “The Clansman”, outra da época do Blaze e apreciada pelo Bruce Bruce. O ambiente costuma receber da torcida do São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, os gritos de TRICOLOR, mas neste dia em especial foram substituídos por “FREEDOM”.


Sabemos que o time não anda bem das pernas nos campeonatos que estão disputando (ndr: na quinta agora conquistou vaga a final da Sul Americana), mas o time pode ficar feliz por ter recebido dois shows ‘sold-out’ das duas melhores bandas de Heavy Metal da história (4 meses antes, o Morumbi também recebeu o show do Metallica, o qual este que vos escreve também estava presente). 


Restavam só 2 músicas para aproveitar cada segundo do termino do show. “Run To The Hills”, diferente de turnês passadas, vem sendo tocada num ritmo mais lento.



Nesta turnê, Bruce aciona TNT para que ocorra uma explosão de fogos ao finaliza-la, só que a explosão saiu um pouco antes do dispositivo ser acionado (risos). E por fim, após o clássico discurso de Churchill’s Speech (e tendo o gigantesco avião da segunda guerra mundial flutuando no palco), “Aces High”, que era a música de abertura do show na primeira parte da tour, pôs o ponto final de mais um show histórico na cidade de São Paulo.



Os fãs paulistanos novamente saíram de alma lavada e com a certeza de que eles estarão de volta em um futuro bem breve. Ter o Iron Maiden ainda em atividade dá a esperança de que muitas surpresas podem estar por vir, pois cada show deles traz uma experiência inovadora.


No show havia desde crianças com pais que cresceram ouvindo a banda quando eram mais jovem, adolescentes e pessoas de mais idade. Enquanto surgir novos fãs, sejas eles de qualquer faixa etária, o Iron Maiden irá continuar o tempo que for possível para trazer a melhor experiência na vida dessas pessoas. 

Up The Irons!


Texto: Gabriel Arruda 

Fotos: André Tedim | Instagram: @andretedimphotography

Edição/Revisão: Carlos Garcia 


Produção: Move Concerts

Assessoria de Imprensa: Midiorama 


Avatar

Hail the Apocalypse 

Let it Burn

Colossus

Paint Me Red

Bloody Angel 

The Eagle Has Landed 

Smells Like a Freakshow


Iron Maiden

Senjutsu

Stratego

The Writing on the Wall 

Revelations

Blood Brothers 

Sign of the Cross 

Flight of the Icarus 

Fear of the Dark

Hallowed Be Thy Name 

The Number of the Beast 

Iron Maiden 

***Encore***

The Trooper 

The Clansman

Run to the Hills 

***Encore 2***

Churchill’s Speech/Aces High





Nenhum comentário: