domingo, 30 de julho de 2017

Entrevista - Ruins of Elysium: "Metal extremamente Épico e de Arranjos Complexos"


Apesar de sua recente carreira, a promissora banda mineira Ruins of Elysium já lançou um EP e seu primeiro álbum full-lenght, “Seeds of Chaos and Serenity”, o qual traz inovações para o Symphonic Metal, além de conceitos líricos inspirados em temas como mangás e jogos de videogames, além de assuntos atuais como a luta da comunidade LGBT pela igualdade de direitos.

Conversamos com o vocalista Drake Chrisdensen que nos contou um pouco sobre suas influências musicais e suas inspirações na hora de compor, os conceitos do álbum e sua repercussão, e ainda nos deu uma prévia do que ainda podemos esperar para o próximo álbum. Confiram!! (English Version Here)


RtM: Oi Drake!! Parabéns a você e aos outros integrantes do Ruins of Elysium pelo belo trabalho do álbum “Seeds of Chaos and Serenity”. Qual é a sensação de ter o primeiro álbum full-lenght lançado? 
Drake: Oi Raquel, equipe da Road to Metal e leitores desse portal incrível, muito obrigado pela oportunidade de conceder essa entrevista! Bom, lançar um álbum como o "Seeds Of Chaos And Serenity" foi uma experiência no mínimo intensa. Desde o começo da Ruins Of Elysium eu sempre tive pra mim bem claro o tipo de som que eu gostaria de fazer: Metal extremamente épico, com arranjos orquestrais complexos, e o SoCaS é o epítomo de tudo o que eu aprecio como músico e como metalhead. 
Ouvir esses 75 minutos de puro Epic Symphonic Metal e ter o privilégio de compartilhar com vocês é algo muito emocionante porque eu sinto que o primeiro grande passo da carreira da Ruins of Elysium no cenário Metal foi dado e com louvor. 

RtM: A receptividade tem sido a esperada? Quais são os próximos passos para expandir a divulgação do álbum?
Drake: Eu me sinto muito agradecido, muito privilegiado de poder ter executado esse trabalho e estar recebendo reviews tão boas. Um portal americano disse que o "Seeds of Chaos And Serenity" é um dos melhores álbuns da história do metal brasileiro e ler aquilo me trouxe às lágrimas. Temos muito a crescer e sei que esse primeiro passo vai abrir caminho pra desenvolvermos um trabalho cada vez melhor! 

"Metal extremamente épico, com arranjos orquestrais complexos..."Seeds of Serenity and Chaos" é o epítomo de tudo o que eu aprecio como músico e como metalhead. "
RtM: Conte um pouco sobre a sua formação musical, como você se interessou pelo canto clássico? Você pretende expandir ainda mais seus horizontes?
Drake: Eu comecei a cantar no coral da minha escola, isso já fazem 15 anos. Eu sempre me interessei por música, meu pai tem excelente gosto musical e me apresentou músicos incríveis, então eu era bem criança e já escutava Queen, Sarah Brightman, Iron Maiden, Placido Domingo, Montserrat Caballe, dentre outros que me despertaram em mim a vontade de cantar. Estudei canto popular por um tempo mas foi no canto erudito onde me achei e me encontro até hoje, morei por uns tempos na Noruega, na Alemanha e nos Estados Unidos para estudar e tive a honra de ter professores incríveis como Melissa Ferlaak, Eliseth Gomes, Fernanda Giardini, MarishkaWierzbicki e Janet Williams. Sempre me perguntei o motivo de não existir uma banda de Symphonic Metal que contasse apenas com o vocal clássico de um Tenor. Era um som que eu queria escutar e, como não existia ninguém fazendo (e ainda não existe, eu acho), resolvi montar a minha banda.


RtM: Ainda sobre inspirações, quais bandas você gosta de ouvir, existe alguma que tenha forte influência em seus trabalhos?
Drake: Minhas cinco maiores influências, e sei que isso pode chocar algumas pessoas, são Cradle Of Filth, Dimmu Borgir, Septicflesh, Wintersun e Fleshgod Apocalypse. Eu sempre trago elementos desse quinteto nas músicas da Ruins of Elysium e acho que por isso nossas composições soam tão pesadas mesmo não sendo uma característica do estilo. Por incrível que pareça, eu mal escuto Symphonic "puro" ou Power Metal. Escutava muito Xandria, mas não curti o último álbum deles....Leaves Eyes, minha banda favorita, acabou ano passado...estou esperando Visions of Atlantis e Dark Moor lançarem material novo porque eu sou doente com aqueles caras, inclusive, gostaria de dizer pro Alfred Romero que estou solteiro e só esperando um inbox dele (risos)

O Icaro e o Vincenzo adoram prog metal, o que já não me atrai tanto, do mesmo jeito que Icaro não é muito chegado em Extreme Metal, que eu adoro, mas a gente consegue equilibrar nossas influências de uma forma que tem dado certo!


RtM: Você já declarou algumas vezes ser fã da banda Visions of Atlantis, conte-nos como foi ter aulas com Melissa Ferlaak.
Drake: Visions of Atlantis é uma banda que eu tenho um carinho imenso por vários motivos. Eu conheci o VoA quando eles estavam começando, ainda no primeiro álbum, e me apaixonei com o som deles. Eles sempre foram muito simpáticos com os fãs brasileiros e foi através deles que eu descobri que eu conseguia e podia cantar Metal, pois desde que comecei a estudar técnica vocal eu cantava as músicas deles pra desenvolver e crescer. Como tinha contato direto com a banda, conheci a Melissa Ferlaak, uma das vozes mais lindas do mundo na minha opinião, e comecei a tomar aulas com ela. Ter a Mel como professora de técnica foi mais que uma honra e uma oportunidade incrível, eu me sinto muito privilegiado de ter sido ensinado por uma das minhas cantoras favoritas e de poder chamá-la de amiga.

"Simplesmente tive essa epifania: 'Vou fazer uma Sinfonia/Opera Metal epica sobre Sailor Moon' "
RtM: Você poderia falar um pouco mais sobre o conceito da faixa título “Seeds of Chaos and Serenity”?
Drake: Bom, eu sou muito fã de Sailor Moon, inclusive ao ponto de tê-la tatuada no meu braço, então unir essa paixão com a paixão do Epic Symphonic Metal era uma questão de tempo. Eu não sei exatamente como surgiu a ideia, sei que em uma noite eu simplesmente tive essa epifania: "vou fazer uma sinfonia/opera Metal epica sobre Sailor Moon" e falei com um amigo muito querido imediatamente. Eu tinha escrito uma música chamada "Seeds Of Chaos And Serenity", que veio a se tornar o primeiro arco da sinfonia, e comecei a expandi-la para abranger todos os 5 arcos do anime/manga, daí foi nascendo essa sinfonia linda que deu nome ao nosso primeiro álbum. 

RtM: A arte da capa também é maravilhosa.
Drake: Wesley Souza, que é o artista responsável por todas as nossas artes da era "Seeds Of Chaos And Serenity", não conhecia nada de Sailor Moon, mas conversei com ele sobre a história (que é muito densa e detalhada, acho que muita gente não percebe o quão profundo Sailor Moon é) e ele veio com a ideia de uma Deusa da Lua criando e equilibrando o Universo. Bem como Sailor Cosmos faz no final do quinto arco, Stars. A arte casou perfeitamente com a proposta épica de "Seeds Of Chaos And Serenity".

RtM: Vocês pretendem produzir algum clipe ou lyric vídeo? Se sim qual faixa você gostaria de divulgar?
Drake: Existem duas faixas que eu gostaria muito de lançar como single/video. "Kama Sutra", por ser mais direta, envolvente e trazer bastante sensualidade sem deixar de ser rápida e pesada, e "The Birth Of A Goddess". Essa última é minha faixa favorita do álbum por ser uma celebração do orgulho LGBT, uma ode às cores da nossa comunidade e das nossas vitórias na busca por direitos igualitários. Ainda temos muito a lutar, mas o movimento LGBT está conquistando cada dia mais espaço e está na hora desse espaço ser também no Metal!

RtM: Você é o responsável por todas as composições? Conte-nos um pouco sobre o processo de orquestração do álbum.
Drake: "Seeds Of Chaos And Serenity" foi composto em sua maior parte por mim, mas eu tive muita ajuda do Ícaro (bateria/teclados) nos momentos finais da produção e na orquestração, arranjos, polimento em geral das músicas, sem falar na épica e agressiva "Beyond The Witching Hour", que foi quase toda composta por ele. Eu geralmente tenho uma linha vocal na minha cabeça que eu escrevo e começo a compor os outros instrumentos por cima, sei que é basicamente o oposto do que a maior parte das bandas fazem, mas é o que funciona bem pra mim. Como estudei muito sobre orquestração nos últimos anos, tivemos condições de ter quase toda orquestra do "Seeds Of Chaos and Serenity" feita diretamente pela banda.

" 'The Birth Of A Goddess' é minha faixa favorita do álbum por ser uma celebração do orgulho LGBT, uma ode às cores da nossa comunidade e das nossas vitórias na busca por direitos igualitários."
RtM: Aproveitando que você falou do trabalho do Ícaro, em outubro do ano passado vocês o anunciaram como novo membro da banda. Como aconteceu essa parceria? O que foi agregado com a chegada dele?
Drake: O Icaro é um excelente músico, um ótimo amigo e uma pessoa incrível de se trabalhar. Nos conhecemos por uma amiga em comum, trabalhamos algumas músicas em conjunto e foi muito natural que ele entrasse pra Ruins of Elysium. Como ele entrou em um momento em que o "Seeds Of Chaos And Serenity" estava quase todo "montado", não tivemos muitas composições originais dele naquele álbum, o que já está sendo acertado pro próximo! Icaro tem excelentes ideias e elas estão sendo usadas nas músicas que estarão em nosso álbum de 2018, já adianto que são as melhores músicas que fizemos até hoje! Vocês vão adorar!

RtM: “Shadow of the Colossus “ foi inspirado no jogo de vídeo game, você acha que existe algum jogo mais que também tenha um enredo inspirador para uma futura música?
Drake: Nossa, vários! Jogos me inspiram muito pois são minha forma de arte favorita, é meu escape do mundo real que tem estado um verdadeiro lixo. Já tivemos músicas sobre Dragon Quest, Final Fantasy, "Shadow Of  The Colossus" e, para o próximo álbum, uma das músicas é baseada em uma das minhas franquias favoritas, Bayonetta. Zelda, outra de minhas paixões, também inspirou algumas músicas bem épicas que vocês ouvirão em breve. Eu gostaria muito de escrever algo sobre Xenoblade, mas é uma série tão complexa e fantástica que ainda não acho que estou no nível de escrever algo baseado nela, mas espero poder no futuro! Inclusive, Zelda foi uma inspiração pra Iris, que tem um ar de "música tema de castelo", o que foi ideia do Ícaro.

"Alguns dizem que "menos é mais", mas eu, pessoalmente, acredito no "mais é mais" e levo isso à risca com a Ruins Of Elysium!"
RtM: Recentemente você divulgou no Facebook que o material para o próximo álbum já está pronto. O que podemos esperar do novo trabalho da Ruins of Elysium?
Drake: Bom, tenho ótimas notícias sobre isso! O álbum de 2018 já está todo montado e estamos agora na fase de polimento das harmonias, orquestração e em breve vamos iniciar o processo de gravação. São 12 músicas no total e estamos fazendo algo totalmente novo nesse trabalho: uma volta ao mundo musical! A sonoridade está muito mais puxada pro Folk Metal, mas não apenas o céltico já "clichê" do estilo. Sim, teremos umas gaitas de fole e uns duendes dançantes, mas podem esperar instrumentos étnicos japoneses, chineses, escalas típicas do oriente médio, muita percussão africana e ritmos tipicamente brasileiros em conjunto com a grandiosidade monstruosa das músicas da Ruins of Elysium. Alguns dizem que "menos é mais", mas eu, pessoalmente, acredito no "mais é mais" e levo isso à risca com a Ruins Of Elysium!

Entrevista: Raquel de Avelar
Edição: Carlos Garcia

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