sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Cobertura de Show: Tim Owens e Edu Falaschi – Santa Maria (05/10/17)


Quando anunciado o show do lendário ex-vocalista do Judas Priest, Tim Owens, ninguém imaginaria que a apresentação iria ser grandemente complementada com a participação do show de outro vocalista de nível internacional, Edu Falaschi. Isso aconteceu no centro do estado do Rio Grande do Sul que recebeu esses dois gigantes em uma noite quente de quinta-feira.

Primeiro há que se parabenizar a iniciativa da Mitnel Produções em apostar nesse evento, haja vista que Santa Maria, cidade com cerca de 270 mil habitantes, há certo tempo não recebia artistas de tamanha expressão do mundo Metal. Apesar de algumas mudanças de última hora, atrasos e certa confusão com a sessão de autógrafos e Meet & Greet, a verdade que tiro o chapéu para a organização, pois sei de perto como é difícil apostar em evento desse porte atualmente no Brasil.

Mas vamos ao que interessa. A banda responsável por iniciar uma verdadeira ode ao Heavy Metal foi a clássica banda paranaense Dominus Praelli. Apesar de 18 anos de estrada, muitos dos presentes não conheciam o trabalho do grupo e certamente saíram com uma ótima impressão e a certeza de que é uma excelente banda de Heavy Metal.


Iniciando com o público ainda tímido, foram precisos umas duas a três músicas para o público começar a chegar perto do palco e a dar alguma resposta durante o show.

Um aspecto que atrapalhou foi a qualidade do som entregue ao público. Vários presentes apontaram o volume excessivamente alto que acabou “embolando” o som, especialmente nos vocais, tanto que em todo o show da Dominus ficou difícil compreender as vozes. Porém, sabemos que um dos pontos que dificultam também é a falta de “habilidade”, digamos assim, por parte dos responsáveis pelo som, como se não fosse possível dar uma qualidade melhor quando se trata de show de Metal. Mas isso é um ponto que certamente não tirou o brilho da grande noite, mas que deveria ser observado em qualquer evento seja pequeno, médio ou grande porte.

Ao som de “Jugulator”, Tim Owens e banda mostraram a força da fase do vocalista no Judas Priest, cobrindo parte da década de 90 e início da seguinte. Se a volta de Rob Halford foi comemorada pela grande maioria dos fãs, verdade seja dita: Tim Owens fez seu legado na banda e a prova foi sentida pelos presentes neste show da “Jugulator & Demolition Latin American Tour”.
Obviamente que a seleção de músicos que o acompanhou, dentre eles o guitarrista Vulcano (Hellish War), também foi decisiva para fazer com que o show do também ex-Iced Earth fosse o melhor da noite.


Fazendo uma mescla entre as principais faixas dos dois discos e clássicos, como “Burn in Hell” (a mais clássica da sua fase na banda), “Bullet Train” (que inclusive concorreu como melhor música do Metal no Grammy na época, segundo informou o vocalista ao apresentá-la), “Hell is Home”, “Lost and Foud” (lindíssima balada Heavy) e encerrando com “One on One” (segundo Owens a sua faixa preferida do “Demolition”), o show foi recebido muito bem pelo público, claro que reagindo com mais ênfase nas mais populares, incluindo clássicos absolutos que ficaram imortalizados na voz do Owens, mesmo que tenham sido gravadas pelo Halford, como “Painkiller” (para mim o ponto alto de todo o show), “Hell Bent for Leather”, “Grinder” (que riff fenomenal) e “Living for the Midnight” (cantada a plenos pulmões por todos os presentes).

Outros destaques do show foram a interação do vocalista com o público que, não poucas vezes, fazia poses para as fotos, cumprimentando as dezenas de mãos que se erguiam na primeira fila a frente do palco. Também tivemos uma “palinha” de “Heaven and Hell”, clássico do Black Sabbath imortalizada por Ronnie James Dio (aliás, Owens canta no Dio Disciples e é empresariado por Wendy, viúva de Dio) e o vocalista chegou a arriscar tocar guitarra em clássico do AC/DC. Ocorre que o que provavelmente seria uma música inteira, acabou no início, pois a microfonia era imensa. Infelizmente o vocalista sofreu com problemas de retorno e equipamento (um momento trágico-cômico foi quando o microfone “desmontou” no meio de uma das músicas, mas que foi contornado com bom humor pela estrela).


Aqui ocorreu algo muito legal. Alguém do público, após reclamação do vocalista, falou “Brasil!”, no sentido de que por ser aqui que ocorriam esses problemas, ao que foi respondido por Owens dizendo que não se pode dizer algo assim do Brasil, que podem existir problemas em todo lugar do mundo e que o Brasil é o melhor lugar para tocar e que estava muito feliz com a turnê em todas as inúmeras vezes que veio, o que foi recebido muito bem pelo público.

Por fim, um momento especial foi em “Breaking the Law” com a participação de Edu Falaschi que logo após subiria ao palco. Os dois vocalistas dividiram a canção aclamada mundialmente e também pelo público que via certamente uma das melhores apresentações de Heavy Metal que poderiam desejar.


Poucos minutos depois Falaschi retorna ao palco com a banda de músicos locais (excelente, diga-se de passagem) para executar clássicos do Metal de bandas como Iron Maiden, Deep Purple, Metallica, Ozzy Osbourne, dentre outros. Dois pontos se destacam: a voz do Edu estava excelente (considerando que houve período em que teve alguns problemas com ela, mas que parece ser passado) e a simpatia do músico que, entre uma música e outra, conversava com o público, contava histórias engraçadas e interessantes da sua experiência.

Como a proposta era de uma noite de clássicos, deixou de fora músicas de seus outros shows (no momento tem trabalhado com a Rebirth of Shadows, tocando músicas da fase Angra), apesar de pedidos do público (mas o vocalista pediu apoio da cidade para poder retornar com essa turnê de clássicos do Angra). Mas o vocalista atendeu o público que pedia “Pegasus Fantasy”, música tema do Cavaleiros do Zodíaco, cantando-a a capela e acompanhado pelo público em coro, algo bem legal de presenciar, emocionante até.


Devido a atrasos e compromissos dos demais artistas, subiu ao palco a banda local Vakan como última atração, já quase no meio da madrugada, o que os prejudicou em termos de público, já que uma boa parcela deixou o Clube ao término do show de Falaschi. Apesar disso, a banda cumpriu muito bem seu dever, executando suas músicas autorais (deve-se dar crédito e valorizar muito isso!) que são composições de grande inteligência, mas que ficaram um pouco prejudicadas pelos problemas de som que ocorreram toda a noite. Ponto alto foi a apresentação de uma das partes de uma canção que estará no debut e que tem tudo para ser, literalmente, épica.

Com a sensação de ter visto 4 ótimos shows e com a alma lavada por poder ver Tim Owens pela primeira vez em alto nível, deixamos o local muito satisfeitos e contentes por ver, mias uma vez, Santa Maria reunindo pessoas de todo estado para um evento desse nível e que teve uma boa resposta do público. Para este redator, que na adolescência ouviu incontáveis vezes “Demolition”, jamais imaginaria que poderia ver de perto, conversar e tirar fotos com esse que é, sem dúvidas, uma das grandes vozes de todos os tempos da música pesada: Tim Owens.


Texto e fotos: Eduardo Cadore


Adendo: meus agradecimentos aos colegas do Road to Metal por manterem firme e cada vez mais forte este site que ajudei a criar. Uma honra e emoção, passados anos desde que deixei a área, retornar, pelo menos para este singelo registro, apesar de estar um pouco enferrujado (risos). Obrigado a você, leitor, que acompanha o trabalho desses caras e que leu esta escrita até aqui.

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