Quando
anunciado o show do lendário ex-vocalista do Judas Priest, Tim Owens, ninguém
imaginaria que a apresentação iria ser grandemente complementada com a
participação do show de outro vocalista de nível internacional, Edu Falaschi. Isso
aconteceu no centro do estado do Rio Grande do Sul que recebeu esses dois
gigantes em uma noite quente de quinta-feira.
Primeiro
há que se parabenizar a iniciativa da Mitnel Produções em apostar nesse evento,
haja vista que Santa Maria, cidade com cerca de 270 mil habitantes, há certo
tempo não recebia artistas de tamanha expressão do mundo Metal. Apesar de
algumas mudanças de última hora, atrasos e certa confusão com a sessão de
autógrafos e Meet & Greet, a verdade que tiro o chapéu para a organização,
pois sei de perto como é difícil apostar em evento desse porte atualmente no Brasil.
Mas
vamos ao que interessa. A banda responsável por iniciar uma verdadeira ode ao
Heavy Metal foi a clássica banda paranaense Dominus Praelli. Apesar de 18 anos
de estrada, muitos dos presentes não conheciam o trabalho do grupo e certamente
saíram com uma ótima impressão e a certeza de que é uma excelente banda de
Heavy Metal.
Iniciando
com o público ainda tímido, foram precisos umas duas a três músicas para o
público começar a chegar perto do palco e a dar alguma resposta durante o show.
Um
aspecto que atrapalhou foi a qualidade do som entregue ao público. Vários
presentes apontaram o volume excessivamente alto que acabou “embolando” o som,
especialmente nos vocais, tanto que em todo o show da Dominus ficou difícil
compreender as vozes. Porém, sabemos que um dos pontos que dificultam também é
a falta de “habilidade”, digamos assim, por parte dos responsáveis pelo som,
como se não fosse possível dar uma qualidade melhor quando se trata de show de
Metal. Mas isso é um ponto que certamente não tirou o brilho da grande noite,
mas que deveria ser observado em qualquer evento seja pequeno, médio ou grande
porte.
Ao
som de “Jugulator”, Tim Owens e banda mostraram a força da fase do vocalista no
Judas Priest, cobrindo parte da década de 90 e início da seguinte. Se a volta
de Rob Halford foi comemorada pela grande maioria dos fãs, verdade seja dita:
Tim Owens fez seu legado na banda e a prova foi sentida pelos presentes neste
show da “Jugulator & Demolition Latin American Tour”.
Obviamente
que a seleção de músicos que o acompanhou, dentre eles o guitarrista Vulcano
(Hellish War), também foi decisiva para fazer com que o show do também ex-Iced
Earth fosse o melhor da noite.
Fazendo
uma mescla entre as principais faixas dos dois discos e clássicos, como “Burn
in Hell” (a mais clássica da sua fase na banda), “Bullet Train” (que inclusive
concorreu como melhor música do Metal no Grammy na época, segundo informou o
vocalista ao apresentá-la), “Hell is Home”, “Lost and Foud” (lindíssima balada
Heavy) e encerrando com “One on One” (segundo Owens a sua faixa preferida do
“Demolition”), o show foi recebido muito bem pelo público, claro que reagindo
com mais ênfase nas mais populares, incluindo clássicos absolutos que ficaram
imortalizados na voz do Owens, mesmo que tenham sido gravadas pelo Halford,
como “Painkiller” (para mim o ponto alto de todo o show), “Hell Bent for
Leather”, “Grinder” (que riff fenomenal) e “Living for the Midnight” (cantada a
plenos pulmões por todos os presentes).
Outros
destaques do show foram a interação do vocalista com o público que, não poucas
vezes, fazia poses para as fotos, cumprimentando as dezenas de mãos que se
erguiam na primeira fila a frente do palco. Também tivemos uma “palinha” de
“Heaven and Hell”, clássico do Black Sabbath imortalizada por Ronnie James Dio
(aliás, Owens canta no Dio Disciples e é empresariado por Wendy, viúva de Dio)
e o vocalista chegou a arriscar tocar guitarra em clássico do AC/DC. Ocorre que
o que provavelmente seria uma música inteira, acabou no início, pois a microfonia
era imensa. Infelizmente o vocalista sofreu com problemas de retorno e
equipamento (um momento trágico-cômico foi quando o microfone “desmontou” no
meio de uma das músicas, mas que foi contornado com bom humor pela estrela).
Aqui
ocorreu algo muito legal. Alguém do público, após reclamação do vocalista,
falou “Brasil!”, no sentido de que por ser aqui que ocorriam esses problemas,
ao que foi respondido por Owens dizendo que não se pode dizer algo assim do
Brasil, que podem existir problemas em todo lugar do mundo e que o Brasil é o
melhor lugar para tocar e que estava muito feliz com a turnê em todas as
inúmeras vezes que veio, o que foi recebido muito bem pelo público.
Por
fim, um momento especial foi em “Breaking the Law” com a participação de Edu Falaschi
que logo após subiria ao palco. Os dois vocalistas dividiram a canção aclamada
mundialmente e também pelo público que via certamente uma das melhores
apresentações de Heavy Metal que poderiam desejar.
Poucos
minutos depois Falaschi retorna ao palco com a banda de músicos locais
(excelente, diga-se de passagem) para executar clássicos do Metal de bandas
como Iron Maiden, Deep Purple, Metallica, Ozzy Osbourne, dentre outros. Dois
pontos se destacam: a voz do Edu estava excelente (considerando que houve
período em que teve alguns problemas com ela, mas que parece ser passado) e a
simpatia do músico que, entre uma música e outra, conversava com o público,
contava histórias engraçadas e interessantes da sua experiência.
Como
a proposta era de uma noite de clássicos, deixou de fora músicas de seus outros
shows (no momento tem trabalhado com a Rebirth of Shadows, tocando músicas da
fase Angra), apesar de pedidos do público (mas o vocalista pediu apoio da
cidade para poder retornar com essa turnê de clássicos do Angra). Mas o
vocalista atendeu o público que pedia “Pegasus Fantasy”, música tema do
Cavaleiros do Zodíaco, cantando-a a capela e acompanhado pelo público em coro,
algo bem legal de presenciar, emocionante até.
Devido
a atrasos e compromissos dos demais artistas, subiu ao palco a banda local
Vakan como última atração, já quase no meio da madrugada, o que os prejudicou
em termos de público, já que uma boa parcela deixou o Clube ao término do show
de Falaschi. Apesar disso, a banda cumpriu muito bem seu dever, executando suas
músicas autorais (deve-se dar crédito e valorizar muito isso!) que são
composições de grande inteligência, mas que ficaram um pouco prejudicadas pelos
problemas de som que ocorreram toda a noite. Ponto alto foi a apresentação de uma
das partes de uma canção que estará no debut e que tem tudo para ser,
literalmente, épica.
Com
a sensação de ter visto 4 ótimos shows e com a alma lavada por poder ver Tim
Owens pela primeira vez em alto nível, deixamos o local muito satisfeitos e
contentes por ver, mias uma vez, Santa Maria reunindo pessoas de todo estado
para um evento desse nível e que teve uma boa resposta do público. Para este
redator, que na adolescência ouviu incontáveis vezes “Demolition”, jamais
imaginaria que poderia ver de perto, conversar e tirar fotos com esse que é,
sem dúvidas, uma das grandes vozes de todos os tempos da música pesada: Tim
Owens.
Texto
e fotos: Eduardo Cadore
Adendo:
meus agradecimentos aos colegas do Road to Metal por manterem firme e cada vez
mais forte este site que ajudei a criar. Uma honra e emoção, passados anos
desde que deixei a área, retornar, pelo menos para este singelo registro,
apesar de estar um pouco enferrujado (risos). Obrigado a você, leitor, que
acompanha o trabalho desses caras e que leu esta escrita até aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário