quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Cobertura de Show: Nervosa – 05/12/2025 – Sesc Bom Retiro/SP

PRÓLOGO

O outrora longo ano de 2025 está chegando ao seu derradeiro fim, só que ele não passou despercebido, e se prontificou em cravar a sua permanência na história. O famoso meme de internet "Come to Brazil" deixou de ser um mero meme em si ao chegar aos olhos e ouvidos de vários musicistas ao redor do globo, que atendereram o chamado de inúmeros internautas tupiniquins: alguns o fizeram genuinamente, outros apenas para entrar na onda no famigerado engajamento. Enquanto 2024 saiu de cena com a tarefa de deixar o ano atual com um grau generalizado de excitação por quem tem como símbolo de paixão o universo da música, independente do gênero de preferência, invadindo o bolso dos entusiasmados sem perdão devido a avalanche de anúncios, há outra razão do porquê dele prometer ser tão especial desde a sua espera.

Justamente em 2025 que a potência conhecida como NERVOSA chega a uma década e meia de existência, e em um mundo de competição selvagem o qual todos os da chamada "indústria" querem o seu lugar no Sol, este não é um feito trivial. Apesar do seu QG estar localizado na Grécia e ter integrantes do Velho Continente, a outra metade da sua formação, e mais do que isso, o seu gênese, possuem DNA brasileiro, o que só tornou mais necessário atender o chamado do infame "Come to Brazil".

Após uma turnê pela América Latina no começo do ano comemorando este aniversário, fomos vítimas de uma atitude similar com o BLACK SABBATH meses atrás: o final de um ciclo deve ser onde tudo começou.

Só que ao contrário da banda britânica, acabar é algo atualmente impossível de entrar na cabeça da NERVOSA: na verdade, o oposto é verdadeiro, já que um novo capítulo se inicia em 2026.


ATO I: QUANDO DOIS FILHOS DA ARTE SE TORNAM UM

Dado o horário exato de 20:10 (N. do R = olhando em retrospecto, este leve atraso soa como intencional, pois forma o ano 2010 ao juntar os algarismos), a fundadora Prika Amaral surge no palco sozinha sob a égide de uma luz solitária para contar os anos de formação, como ela estava numa banda chamada INNER VOICES e na necessidade de arrumar um baterista, apareceu em cena um profissional chamado "Trash" da banda ARMAGEDDON recomendando de olhos fechados uma moça chamada Fernanda Terra, sinalizando que ela dá conta do recado. Se juntando ao time, durante um brainstorm, ambas discutiram a ideia de montar uma banda só feminina de Metal. Curiosidade revelada: a primeira vocalista foi uma indivídua chamada Rose.


Após um ano e meio de várias entradas e saídas de baixistas e vocalistas, e por indicação do então namorado Amílcar Christófaro (conhecido pelo poderoso TORTURE SQUAD), Fernanda Lira se juntou ao front após sair do HELL ARISE, possibilitando a gravação da famosa demo "2012":

"E aí logo depois, a gente começou a produzir o primeiro disco da NERVOSA - que foi o "Victim of Yourself" - e lembro que a gente se enfiava em tudo que era evento aqui em São Paulo. Gostaria de agradecer a todos vocês aqui, porque se não fossem por vocês, a gente não teria saído daqui de São Paulo, não teria saído do Brasil, e a nossa história começou aqui. Eu estou muito feliz por a gente ter começado a nossa turnê comemorativa em São Paulo e estar terminando aqui. Este é o último show da nossa turnê, e tem muitas coisas aqui para eu revelar aqui hoje. E foi assim que começou a história da NERVOSA". [aplauso da plateia] - pontuou


A aparição de uma fraca luz azulada dá o ar de sua graça, juntamente com a companhia das integrantes restantes: Gabriela Abud (bateria), Emmelie Herwegh (baixo) e Helena Kotina (guitarra) surgiram com uma visão em que pela iluminação, podia ser vista a silhueta das suas imagens, caracterizando uma introdução com um toque de suspense através de um hype crescente, um comportamento adequado que pintou o cenário que fora anteriormente planejado.

Apelando para as suas origens, MASKED BETRAYER ficou responsável por abrir o espetáculo no SESC Bom Retiro, sendo a primeira música composta pelo então trio paulista. Logo de cara, a animação das integrantes ficou desenhada em seus rostos, que apesar do aspecto formal trago por um teatro, isso não foi causa para que elas passeassem pelo palco.

Ato contínuo, foi a vez de URÂNIO EM NÓS tomar de assalto os ouvidos da multidão, e tomar de assalto o fez com sucesso, porque a porrada auditiva era condição sine qua non para deixar todos preparados para a famosa DEATH!, comumente tocada no repertório como uma das primeiras atrações para acalmar os ânimos da plateia (ou seria elevar?) em deixá-los mais familiarizados com os petardos que as acompanham, em especial com o poderio vocal envolvendo o seu refrão que desafia a sua capacidade vocal e nasal em união.


ATO II: A INCONFORMIDADE É O MEU SOFTPOWER PARA IR ALÉM

Concluído o primeiro ato, agora todas as integrantes continuaram no palco para a próxima narração conduzida pela natural de Bragança Paulista, bem como o apontar de luzes em cada uma delas. Sendo assim, a narração pela líder é continuada.

Após um sucesso maior do que o esperado pelo primeiro álbum (importante apontar que na época em que o Facebook era a rede social de escolha da maioria da população do planeta em plena era digital, o começo da NERVOSA recebeu um empurrão do próprio Schmier, do DESTRUCTION, na divulgação), o acordo com a  renomada gravadora austríaca Napalm Records foi solidificado, pavimentando o caminho para que o próximo lançamento fosse parido ao mundo. "Agony" foi concebido em 2016 momentos após a NERVOSA conseguir engatinhar a sua primeira saída ao país em 2015, culminando com a memorável aparição no famoso festival europeu da República Tcheca: o OBSCENE EXTREME.


Este segmento da retrospectiva emendou também a fase seguinte, sendo descrito por Prika como o instante em que a NERVOSA consolidou o seu som característico doravante e "se encontrou de vez" (em verbatim), abraçando o casamento do Thrash com o Death quando "Downfall of Mankind" nasceu, que foi quando a agora renomada baterista gaúcha Luana Dametto (CRYPTA, CHAOS RISING, NEPHASTO) fez parte do time, no lugar de Pitchu Ferraz (AS MERCENÁRIAS, CHAOS RISING), adicionando o ingrediente composto por linhas de bateria mais agressivas. Adicionalmente, vemos a vocalista Fernanda Lira mergulhar mais profundamente na técnica vocal do fry scream, característica compartilhada pelo lendário Chuck Schuldiner em seu álbum final do DEATH (N. do R = The Sound of Perseverance).

E agressividade é o sobrenome não registrado no cartório de HOSTAGES, cuja chuva dos pratos de ataque conduzidos por Gabriela em seu kit de bateria atacam deselegantemente à mais de 80km/h, sem se importar se o ouvinte aguenta o tranco ou não. Quem duvidava da sua capacidade ao entrar para a NERVOSA no começo do ano passado deve ter torcido o nariz múltiplas vezes, já que a sua competência é a corporificação da crença de que a idade, em inúmeros cenários, é só um mero número.


Dando sequência ao repertório, e tão esperada quanto arroz de festa, KILL THE SILENCE se tornou um dos carros-chefe da sua discografia, sempre descrita pela vocalista como direcionada às mulheres que estão passando por algum tipo de repressão abusiva, seja física ou mental. Por causa do seu ritmo elevado, nota-se aqui uma característica que já foi estabelecida desde a abertura por MASKED BETRAYER: a euforia que tomava conta das integrantes era manifestada em grande parte por Helena e Emmelie: "viradas no 220v", ambas ficavam se movimentando constantemente, e não era incomum vê-las trocando de lado. Outros sim, com as devidas oportunidades, Prika se aproximava do palco e estimulava a multidão a fazer um barulho que desafiasse a acústica exalada por seus instrumentos. Destaque que naquele instante que precede a repetição de toda a letra, as três membras com instrumentos de cordas realizaram uma dança ao estilo Hard Rock, perfazendo uma movimentação de 90º da esquerda para a direita seguindo o fluxo audível, exatamente como têm acontecido "naquela parte" de "Bestial Invasion", do DESTRUCTION.

Para deixar uma representação mais fidedigna de CULTURA DO ESTUPRO, a vocalista/guitarrista/líder deixou as suas mãos livres e confiou as atividades de guitarra apenas para Helena. A execução desta faixa em pleno dezembro ganha uma característica simbólica, pois é exatamente no período de final de ano que ocorre um aumento nos casos de violência física contra o gênero feminino (muitas das vezes arbitrariamente). Seja pelo acaso ou por design, dois dias depois a icônica Avenida Paulista tinha um encontro marcado com um protesto em massa em desfavor da escalada do feminicídio.


Assim como o Superman possui uma inibição em seus poderes graças aos bloqueios mentais que foram estabelecidos desde criança (em boa parte, pela criação dos seus pais adotivos), a impressão que fica é que ao ficar livre da tarefa de guitarra, tivemos o imenso prazer de testemunhar a gloriosa gutural de Prika alcançando o seu esplendor, devida a sua liberdade em se dedicar exclusivamente ao canto aqui.


ATO III: SUPERAÇÃO DIANTE DA FACE DA ADVERSIDADE

E então chegamos ao instante mais delicado da história da NERVOSA. Meses após a histórica apresentação no ROCK IN RIO 2019, a primeira grande ruptura na formação aconteceu. No mencionado ano, a CRYPTA foi formada como um projeto paralelo, mas que em 2020, passou a se tornar o principal norte das agora ex-integrantes Fernanda Lira e Luana Dametto. Por um truque do destino, Prika Amaral ficou total e completamente sozinha entre as membras:

"E aí lá fui eu, com este desafio. Na verdade, quando teve esta ruptura, recebi milhares de mensagens do mundo inteiro de meninas implorando pra mim: 'não deixa a NERVOSA morrer'. Isso não passava pela minha cabeça, mas foi muito importante receber essa mensagem, porque aí eu me dei conta o quanto era importante. E me ajudou a me manter firme e forte em não desistir e ter certeza de que eu estava fazendo a coisa certa.

(...) E a gente tinha todo o tempo do mundo. Não era habilidade, mas era disponibilidade, profissionalismo, experiência... vários aspectos (N. do R. = sobre encontrar outras integrantes no Brasil para substituir as que partiram). E aí lá fui eu, encontrei as meninas da Europa (N. do R = Diva Satânica, Mia Wallace e Eleni Nota), remontei a banda, e aí começou a era do PERPETUAL CHAOS." - concluiu Prika


A faixa-título do quarto lançamento da discografia possui uma característica incomum: apesar de ter um tempo mais lento do que se espera de uma canção de Thrash Metal, o peso dos instrumentos é magnificado, estimulando a produção de um headbanging um pouco mais sofisticado (ou o mais próximo disso). VENOMOUS entrou na sequência, reforçando a presença fortificada da mescla com o Death Metal adquirida desde o álbum anterior. Enquanto a líder executava o solo desta, a holandesa Emmelie aproveitava para mudar de posições com mais frequência do que o normal. É a segunda vinda dela ao Brasil, e foi até uma surpresa vê-la mais agitada do que na sua performance anterior no Carioca Club: seria a magia do ambiente brasileiro ou do quão especial foi esta apresentação como um todo? Quem sabe...?


A ordem cronológica dos acontecimentos era religiosamente seguida, tendo UNDER RUINS como sucessor natural de VENOMOUS. Um lembrete, porém, que ela antecede a elegante e devastadora GUIDED BY EVIL, uma das principais do "Perpetual Chaos". O título é proposital, em consequência do fato da sua introdução soletrar magistralmente M.A.L.I.G.N.O., cortesia do riff memorável executado através de uma sinergia entre as duas detentoras de guitarras. Esta canção é um conflito constante com a natureza ambiental, já que a sua intensidade e violência sonora fazem com que os ali presentes pudessem apreciar num ambiente como uma arena, por causa da produção de moshes que está embutida em sua concepção.

ATO IV: RAIOS CAEM DUAS VEZES NO MESMO LUGAR

Chegamos ao período contemporâneo: a fase do "Jailbreak". Conduzindo a narrativa da história da banda, Prika continua a elaborar:

"Uma das coisas mais complicadas é você gerenciar o sonho dos outros. Espectativas... muitas vezes, a maior parte das meninas não tem experiência, e quando encontram a estrada... E o fato de você estar muito tempo longe de casa, você não ter tempo de fazer nenhum hobby seu, nada... absolutamente nada. De não saber quanto que vai ganhar, de ter surpresas aí na estrada, de ter um parente doente e você estar longe... é muito difícil. E aí as meninas se dão conta: 'é o que quero, é o meu sonho, mas não nessa intensidade'. E eu aqui, mais uma vez, na missão em encontrar mais meninas fodas.

(...) Mas, antes disso acontecer, antes delas saírem, já havia um segredo que eu vinha aí guardando a sete chaves. Eu já tinha planos, quando a Fernanda e a Luana saíram da banda, já tinha planos de termos duas guitarristas na banda. Mas a banda iria passar de três para quatro meninas, a logística iria ficar muito complicada dessa maneira, então eu pensei: 'Uma nova guitarrista fica para o próximo álbum'. Mas a gente já estava trabalhando por trás de tudo.

Quando a gente lançou o PERPETUAL CHAOS, meses depois, já entrei em contato com a Helena, e a gente começou a se falar. Eu vi que ela se encaixava bem com as ideias da Nervosa, e ela estava disposta" - Prika, ao descrever sobre o processo que se passou entre o PERPETUAL CHAOS e o JAILBREAK


Após um passeio pela penúltima parte da peça, a tocante abertura na guitarra semi-acústica de SEED OF DEATH invadiu todo o local do teatro do SESC Bom Retiro sem pedir permissão para entrar nos ouvidos de quem estava presente. A frase em sua letra "Will Never Die" reflete o período mais difícil que a NERVOSA passou, e é uma declaração de intenção de que a mesma continuará viva de geração em geração, desde que passemos os seus ensinamentos adiante. E de maneira inusitada, estando próxima de acabar, a líder saiu do palco para trafegar na escadaria central entre os espectadores, estando mais próxima deles. A plateia ao redor vibrou com mais vigor enquanto Prika e Helena performavam os riffs finais.

A execução de BEHIND THE WALL foi a materialização da sensação de orgulho em todas as conquistas realizadas até agora. Não só isso, mas pelo semblante de alegria e satisfação que tudo aconteceu para chegar neste momento.


A dobradinha composta por NAIL THE COFFIN com UNGRATEFUL serviu para mostrar que a conexão entre Prika e Helena é tão evoluída que pode acontecer até via sinal wi-fi: à distância, e definitivamente não pode ser subestimada. Ligadas a um nível quase celular, uma complementa a outra da mesma forma que goiabada combina com queijo minas, sobremesa tradicional do cardápio do brasileiro.

O arco de "Jailbreak" vai dando passagem ao futuro com KILL OR DIE, uma das faixas mais "cruas" do supramencionado álbum, com um espírito Thrash bem "na sua cara" e direta, ao passo de ser um desafio indireto se o ouvinte aguenta o massacre audível que testa a capacidade de resistência das orelhas.


ATO V: UM AMANHÃ MAIS BRILHANTE

A apresentação que passou de leve a marca de 1:30h, uma das mais longas de sua história, chegou agora ao ato final. Prika deu continuidade para a última parte da narração da estrada até agora:

"Temos o privilégio de ter duas baixistas. Elas não tocam juntas, elas vão revezando entre as turnês e tudo mais. Tem um tema importante para a gente falar aqui: nossa outra baixista tem uma filhinha pequena, e nem sempre ela pode ir a todas as turnês. Ela tem que cuidar da filha dela, muito pequenininha, não tem com quem deixar, toda a situação e tudo mais. E a gente entende. E essa foi a maneira que a gente encontrou".

Continuou: "A gente se sentiu bastante perdida nesse momento. Eu não vou tirar ninguém da banda porque ficou grávida, ou porque tem um filho. Isso não é motivo para tirar ninguém da banda [N. do R. = momento em que a líder é ovacionada pela plateia]. A gente sempre pode encontrar um jeito de fazer todo mundo viver um sonho, e também dar a oportunidade para outras pessoas. Não é só a questão de colocar alguém para cobrir a nossa baixista oficial. E essa menina aqui está dando o sangue tanto quanto a outra [N. do R = aponta para Emmelie], e é por isso que nós temos duas baixistas oficiais: EMMELIE HERWEGH [N. do R = anuncia o seu nome em tom gutural, arrancando uma salva de palmas da plateia], e uma salva de palmas para a nossa baixista que não pôde estar aqui: HEL PYRE" [N. do R. = o mesmo acima] - concluiu a fundadora


Assim como Emmelie, Gabriela também é peça-chave para o futuro da NERVOSA, anunciando a chegada de SMASHING HEADS, a primeira canção com a participação de ambas. O single, lançado em comemoração do aniversário dos quinze anos, foi tocado pela primeira vez no Brasil, e não estará presente no próximo disco, sendo uma celebração das origens da banda paulistana. Graças à qualidade acústica que um SESC habitualmente oferece, aliada com a experiência na estrada do quarteto, a faixa foi executada com alta fidelidade quando comparada à sua contraparte do estúdio.

Após as devidas apresentações de cada integrante, era a sinalização de que o final estava próximo. JAILBREAK é anunciada pela guitarrista e vocalista como uma dedicação a todos aqueles que não se contentam em fazer parte de um padrão em específico, para que todos esses tenham orgulho de ser quem são, e que carreguem a bandeira mais confortável para cada um.


Como tradição desde o lançamento do álbum, o encerramento é responsabilidade da fantástica ENDLESS AMBITION. Através de ginásticas cerebrais, o ser humano como um todo tem o deleite em se achar superior aos outros, por enganações da mente ou por problemas anteriores não-resolvidos. A "brutalidade com finésse" que envolve os decibéis de ENDLESS AMBITION é um aviso de que, ainda que sejamos a raça prevalente no planeta, em determinadas situações, ainda recorremos aos nossos instintos bestiais para nos manifestarmos de maneira mais precisa e natural, resgatando o fato de que o ser humano veio da selva.

EPÍLOGO

Chegando perto de 1:40h, a apresentação mais ousada da NERVOSA até agora é um marco da música extrema brasileira dos anos atuais. Sendo o completar de um ciclo, o horizonte aparenta ser próspero para que o novo capítulo se dê início em 2026, e acontecerá logo em Janeiro, pois o primeiro single do novo lançamento verá a luz do dia.

O nível de profissionalismo que foi observado como um autêntico presente antecipado de Natal é um testamento nada silencioso de que, assim como ANGRA e SEPULTURA antes delas, é perfeitamente seguro admitir que a NERVOSA encontrou o seu merecido lugar como uma das principais embaixadores do Metal extremo do nosso país mundo afora.


É de bom grado registrar esta nota de redator: este redator, assim como grande parte do público em geral, ficou confuso do porquê que uma apresentação da NERVOSA iria acontecer no teatro de um SESC, considerando que a própria possui um público para lotar uma casa com a capacidade tranquilamente acima do limite permitido de 291 pessoas. Um Cine Jóia com as suas 1000 pessoas seria um local mais apropriado, ou talvez uma reprise do Carioca Club no começo do ano.


Porém, no exato instante em que deu 20:10, com o apagar quase total das luzes e a música de fundo parando de tocar, tudo ficou cristalmente claro. O pensamento envolvendo a ação de "contar a história da NERVOSA" não foi uma frase bonita para se fazer média. O processo mental que envolveu este desejo significava utilizar um teatro como um local apropriado para unir dois filhos das Sete Formas da Arte de uma vez só para entregar uma experiência não apenas diferenciada, mas ainda mais completa, com o exato modus operandi em um ambiente da supramencionada integrante das Artes Cênicas, combinada com uma apresentação devastadora que se tornou o padrão da potência brasileira internacional que virou a banda em questão.

...E então a ficha caiu.

Quando há um cuidado em entregar um trabalho pensando mais na sua qualidade, ao invés de apenas um número maior de vendas, este redator passa a concordar que o termo "artista" não se categoriza mais como "pretencioso" e o considera como parte do reino da realidade. Não nos foi revelado de qual cabeça veio esta ideia, mas uma coisa é certa: essa pessoa merece um aumento para ontem.


Texto: Bruno França 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Nervosa – setlist: 

Masked Betrayer

Urânio Em Nós

Death!

Hostages

Kill The Silence

Cultura do Estupro

Perpetual Chaos

Venomous

Under Ruins

Guided By Evil

Seed of Death

Behind The Wall

Nail The Coffin

Ungrateful

Kill Or Die

Smashing Heads

Jailbreak

Endless Ambition


Agradecimentos à Roberto Bisca por ceder gentilmente o repertório

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