domingo, 14 de dezembro de 2025

Cobertura de Show: P.O.D. – 09/12/2025 – Tork N' Roll/CWB

P.O.D. e Demon Hunter lotam o Tork N´Roll em pelo alerta de tempestades em Curitiba

Novamente, o começo de semana foi de comemoração em Curitiba, as bandas estadunidenses P.O.D. e Demon Hunter aquecem os motores dos headbangers em plena terça-feira, dia 09 de dezembro de 2025, com sua turnê conjunta, muito aguardada por aqui. A mesma é apresentada como um encontro de gerações e estilos, sendo o P.O.D., com suas três décadas de estrada e mostrando seu Nu Metal e Rock Alternativo e o excepcional Demon Hunter, contrastando com seu Metalcore e com temáticas Cristãs. Conforme algumas mídias aqui no Brasil, a iniciativa é descrita por produtores e fãs como histórica, devido à combinação de trajetórias longas e estilos complementares.

Apesar de pouco espaço disponível para descrever este encontro, não pela tecnologia, mas sim, em prol da paciência de nossos leitores, vamos tentar ser breve. A casa de eventos escolhida foi o Tork N´Roll, que atualmente reina absoluta na preferência das produtoras de shows, voltados ao Rock e Metal. Tal escolha se fortalece devido a estrutura que o local oferece ao público de todas as idades. Repetindo uma resenha anterior: “o lugar possui toda a estrutura para deixar qualquer público confortável, ar condicionado, camarotes com jogos, muitas mesas, praça de alimentação completa, incluindo estação central de bebidas e uma adega para os amantes do vinho”.

Convém ressaltar, que nesta noite houve a separação de pista normal e pista premium, além do camarote de costume. Mas ao contrário de algumas casas noturnas da capital, a pista premium é pequena e serve mesmo para aqueles que gostam de ficar colado na grade e ver seu artista cara a cara (situação da qual me incluo desde a adolescência), portanto nada que prejudique aqueles que optaram pela pista comum. E convenhamos, a esta altura do ano e a enxurrada de anúncios de shows para 2026, o brasileiro está precisando economizar. Então uma dica básica, caso o orçamento esteja curto, só opte por premium se a banda realmente mora em seu coração. E caso, dinheiro não seja problema, aproveite todos os shows que puder, pois a vida é curta!


Demon Hunter 

Agora vamos ao que interessa, a casa começou a encher no começo da apresentação do Demon Hunter, como foi um dia de semana complicado, não foram todos que venceram o trânsito, até as 19:30 da noite, mas o fluxo de pessoas chegando não parou, e em pouco tempo a frente do palco já estava tomada, tanto premium, quanto a pista normal. Como de costume, os horários são respeitados e a festa já estava rolando no máximo volume lá pelas 19:50! 

Assim que a banda subiu ao palco, já demonstrou força, energia, habilidade e empolgação, e o setlist escolhido não deixava a “vibe” esfriar. O som estava excelente, as luzes mereceriam um pouco mais de atenção, mas não comprometeram o espetáculo. 

A banda formada em 2000, na cidade de Seattle, ainda está em alta, e os vocais e presença de Ryan Clark continuam arrasadores. foi de longe uma das minhas melhores surpresas do ano de 2025, em se tratando de shows ao vivo. A banda possui uma vasta legião de fãs, vestidos com as camisetas do grupo e entoando os refrões para o resto do público. Foi impossível ficar parado! Os destaques vão para a abertura com “Sorrow Light the Way” que já estabelece o tom denso e reflexivo da noite, preparando o terreno para “Heaven Don’t Cry” e “Collapsing”, que aprofundam a atmosfera melancólica sem perder impacto. 

E então, chega a vez de “The Heart of a Graveyard” que mantém a construção emocional anterior, enquanto “I Will Fail You” surge como um dos primeiros pontos de maior conexão com o público, equilibrando peso e melodia de forma envolvente. Aliás, o público ficou concentrado na parte frontal do Tork, deixando para abastecer a garganta após o término da apresentação. 

Por fim, chegamos no meio para o fim, e o show ganha força com “Infected” e “Cut to Fit”, faixas que resgatam o lado mais direto e agressivo da banda, elevando a intensidade da apresentação. Por volta das 20:10 da noite, surgem “Peace” e “Dead Flowers”, esta última, minha favorita, funcionam como momentos de transição, trazendo um respiro emocional e reforçando o caráter introspectivo (não significa que o público tenha ficado mais calmo, longe disso!) que marca a identidade do Demon Hunter ao vivo. Temos ainda, a música “Cold Winter Sun” que traz olhos vidrados do público em direção ao palco. 

O Demon Hunter despediu-se de Curitiba, por volta das 20:30, com as forças poderosas de “The Last One Alive” e “Storm the Gates of Hell” e foram merecidamente ovacionados durante vários minutos por toda a platéia. 

P.O.D.

Após a tradicional pausa, entram ao palco a entidade chamada P.O.D. (Payable on Death), com seu Nu Metal, com pitadas de metal, rap, reggae e hardcore, e com letras que frequentemente abordam temas de fé, esperança e superação. Formada em 1992, na Califórnia, a banda sabe exatamente como conduzir seu público, equilibrando clássicos incontestáveis do auge mainstream, faixas de groove pesado e músicas mais recentes, tudo costurado por uma interação constante e um clima de celebração que atravessa gerações. Inclusive de cinéfilos, visto a quantidade de composições do P.O.D. que foram parar no cinema em grandes produções, mas isto já é assunto para uma segunda resenha.

Ressaltando, a abertura com “Southtown”, que já ficou evidente que o DNA Nu Metal segue intacto. É aquele tipo de música que não precisa de apresentação, o próprio público responde automaticamente, como se fosse um ritual coletivo, uma catarse. Na sequência, “Rock the Party (Off the Hook)” e “Boom” mantiveram a energia lá no alto, com riffs explosivos e uma resposta imediata da plateia, transformando o início do show em um verdadeiro convite ao caos organizado que o P.O.D. sabe criar tão bem. “Set It Off” apareceu como um dos momentos mais agressivos da noite, enquanto “Sleeping Awake” trouxe um peso mais emocional, mostrando que a banda também sabe trabalhar atmosferas mais densas.

Cabe aqui uma curiosidade, apesar da dificuldade de muitos em o reconhecerem, estava presente, no camarote do lado direito do palco, o ex-vocalista da banda Raimundos, Rodolfo Abrantes, que nos anos 90/2000 encantou uma geração de rockeiros. O músico estava prestigiando os shows e em especial do amigo Sonny Sandoval, vocalista do P.O.D.

Voltamos aos momentos que precedem o famoso “início do fim”, o bloco intermediário, que reforçou a versatilidade do grupo. “Drop” funcionou como representante natural da fase mais recente, soando totalmente integrada ao repertório clássico. “I Got That” e “Soundboy Killa” acentuaram o groove e o clima festivo, com o público acompanhando cada movimento. Um dos momentos mais bem recebidos, apesar de já esperada, foi a versão de “Don’t Let Me Down”, dos Beatles, que surpreendeu sem quebrar o fluxo do show, mostrando a liberdade criativa que o P.O.D. se permite atualmente. e sim, tiveram os desavisados e confusos no meio da multidão, o que é normal, visto a mistura de gerações presentes.

Por fim, a banda entregou exatamente aquilo que os fãs esperavam — e mais um pouco. “Murdered Love” e “Lost in Forever” destacaram a maturidade musical do grupo, enquanto “I Won’t Bow Down” reforçou a mensagem de resistência e perseverança, tão presente na trajetória do P.O.D. “Youth of the Nation”, como sempre, ocupou um espaço estratégico no set: um dos momentos mais emocionais da noite, com o público cantando em uníssono, transformando a música em um grande coro coletivo. “Will You” e “Afraid to Die” prepararam o terreno para o desfecho, com “Satellite” resgatando um clássico absoluto e “Alive” encerrando o show no ápice, como o grande hino que atravessou gerações e segue funcionando de forma impecável ao vivo.

Definitivamente, foi uma apresentação marcada por alta energia, discurso positivo e uma conexão genuína com o público. Em Curitiba, o P.O.D. mostrou que não vive apenas de nostalgia: a banda entende seu legado, respeita sua história e, acima de tudo, sabe como transformar isso em uma experiência ao vivo intensa, emocionante e profundamente coletiva. É esse equilíbrio que mantém o grupo relevante, depois de tantos anos de estrada.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Estética Torta 

Press: Acesso Music 


Demon Hunter – setlist:

Sorrow Light the Way

Heaven Don't Cry

Collapsing

The Heart of a Graveyard

I Will Fail You

Infected

Cut to Fit

Peace

Dead Flowers

Cold Winter Sun

I'm Done

The Last One Alive

Storm the Gates of Hell

Ryan Clark: vocal principal
Patrick Judge: guitarra e vocais
Jeremiah Scott: guitarra rítmica e backing vocals
Jon Dunn: baixo
Timothy “Yogi” Watts: bateria

P.O.D. – setlist:

Southtown

Rock the Party (Off the Hook)

Boom

Set It Off

Sleeping Awake

Drop

I Got That

Soundboy Killa

Don't Let Me Down (The Beatles cover)

Murdered Love

Lost in Forever

I Won't Bow Down

Youth of the Nation

Will You

Afraid to Die

Satellite

Alive 

Sonny Sandoval: vocal principal
Marcos Curiel: guitarra, programação e backing vocals
Traa Daniels: baixo e backing vocals
Zachary Christopher: bateria (substituindo Wuv Bernardo durante as turnês) 

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