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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Entrevista - Eclipse: Erik Martensson fala sobre a trajetória da banda e a volta ao Brasil: "Mal posso esperar para tocar rock and roll com vocês!"

Por Gabriel Arruda 

Fotos: Paula Cavalcante

Erik Martensson é um dos músicos mais capacitados do hard rock na atualidade. À frente do Eclipse, banda que rapidamente se tornou referência no gênero nos últimos anos, ele conquistou fãs com composições marcantes que unem a energia do hard rock a melodias envolventes. Além de vocalista e guitarrista, Erik também é produtor e compositor, talento que lhe rendeu o título de “novo Desmond Child” graças à sua habilidade em criar músicas empolgantes, seja com sua própria banda, seja em projetos como o W.E.T. (ao lado de Jeff Scott Soto e Robert Säll, do Work of Art) e o Nordic Union (com a voz experiente de Ronnie Atkins, do Pretty Maids e Avantasia). 

Antes de desembarcar no Brasil para se apresentar com o Eclipse no próximo sábado, dia 30, na Hard N’ Heavy Party, Erik bateu um papo descontraído que você confere a seguir:

A gente não poderia começar essa conversa sem falar da vinda do Eclipse, um ano depois da apresentação no Summer Breeze. No seu caso, Erik, é a segunda vez participando da Hard N' Heavy Party, mas a primeira com o Eclipse. Quais são as expectativas para esse show, que será o primeiro internacional do novo Manifesto?

Erik: Bem, eu estou super empolgado por estar de volta ao Brasil, para começar tomando caipirinhas, conhecendo todas as pessoas maravilhosas, encontrando amigos e tocando um pouco de rock and roll.

No show do Summer Breeze do ano passado, notei que muita gente estava assistindo vocês — ainda mais considerando que foram a primeira banda a tocar no dia em um dos palcos principais. Muitos, inclusive eu, já conheciam a banda por causa do Carlos, da Animal Records. Mas, por ser um festival com tantas atrações, também houve quem conhecesse vocês ali pela primeira vez. Esse forte apelo dos brasileiros já era sentido nos shows na Europa e nos Estados Unidos, mas eu sei que havia a ambição de sentir isso aqui no próprio Brasil. Podemos dizer que foi um sonho realizado?

Erik: Com certeza! Nós queríamos tocar na América do Sul desde que começamos a banda. E finalmente aconteceu no ano passado depois de receber aqueles comentários clássicos de 'come to Brazil' em todos os posts que fazemos nas redes sociais. Foi super empolgante fazer parte do festival Summer Breeze, e havia tantas bandas incríveis lá. E foi engraçado ver tantas bandas suecas no festival também. Tinha, acho que o The Night Flight Orchestra, o HammerFall, o Dark Tranquillity também, se não me engano. E ainda tivemos alguns amigos dinamarqueses do King Diamond (Mercyful Fate) tocando também. Então foi ótimo.

Nos últimos anos, o Eclipse tem tocado nos principais festivais, e este ano a banda passou bastante tempo na estrada fazendo shows pela Europa. Como foi essa experiência e o que mais marcou vocês nessa turnê?

Erik: É realmente um privilégio poder ver o mundo viajando e tocando música. Não são muitas as pessoas que têm a sorte de viver essa experiência, e nós nos sentimos muito sortudos por isso. Conhecer o Brasil, conhecer o Japão, os Estados Unidos, toda a Europa… Viajar é incrível, exceto ficar sentado nos aviões, isso não é divertido. Mas passar um tempo em lugares diferentes e tocar rock and roll é maravilhoso.

Megalomenium II, lançado no ano passado, é o mais recente trabalho do Eclipse. Quem acompanha a banda sabe que vocês costumam lançar discos regularmente, mas desta vez foi de um ano para o outro, já que o primeiro Megalomenium saiu em 2023. O que motivou vocês a lançarem um novo álbum tão rapidamente?

Erik: Na verdade é um disco duplo, então, para nós, é o mesmo álbum. Nós escrevemos todas as músicas, já tínhamos todas prontas antes de começar a gravar. Então, para a gente, é realmente o mesmo disco, mas queríamos fazer esse álbum duplo. Só que sabíamos que seria um suicídio comercial lançá-lo todo de uma vez, especialmente com o streaming, porque isso significaria que pelo menos 16 músicas seriam completamente esquecidas nas plataformas. Por isso decidimos dividir e lançar com um ano de diferença. Foi uma quantidade enorme de trabalho fazer esses dois discos. E, agora, provavelmente vamos esperar um pouco para que os fãs tenham tempo de absorver e ouvir as músicas.

Falando ainda sobre o álbum, ele é muito especial e traz músicas que facilmente tocariam em qualquer rádio de rock, como Apocalypse Blues, The Spark — que é a minha favorita —, Falling to My Knees e Still My Hero, que é uma homenagem ao seu pai. Mais do que um ótimo trabalho, ele mostra que o Eclipse não é uma banda parada no tempo, pois está sempre experimentando coisas novas. Como líder da banda, como é compor cada álbum sem que ele soe igual ao anterior, mas ainda agradando os fãs que esperam ouvir algo no estilo que já amam?

Erik:  Sim, cada álbum é diferente porque você evolui como pessoa a cada vez que faz um novo disco. E alguns fãs acham que ‘Ah, vocês soam completamente diferentes agora de quando me apaixonei pela banda, eu amo o primeiro disco’, enquanto outras pessoas adoram o fato de estarmos sempre mudando. Mas nós não podemos escrever o mesmo álbum repetidas vezes, precisamos encontrar novas formas de fazer música para manter o interesse tanto para nós quanto para os fãs. Nunca se sabe o que esperar de um novo disco. Nós ainda não começamos a compor o próximo, então não tenho nenhum plano de como ele vai soar. Pode ser um álbum acústico, pode ser um álbum de metal… não tenho nenhum plano até agora. Vamos ver para onde a inspiração nos leva este ano.

Este ano foi lançado o quinto álbum do W.E.T., Apex. Por ser uma banda que não faz shows ou turnês, o público sempre espera ansiosamente por um novo trabalho. Pelo que sei, você também é o responsável por coordenar tudo — o próprio Jeff já me disse que você é a força criativa e o motor do W.E.T., uma espécie de mestre de cerimônias. Como é para você assumir esse papel e manter o projeto tão relevante, mesmo sendo uma ideia da Frontiers Records?

Erik: Sim, tudo começou como uma ideia da Frontiers Records. Eu já conhecia o Jeff antes da Frontiers nos juntar, querendo que fizéssemos um disco. Eu fui convidado para escrever algumas músicas para ele e, depois, me pediram para produzir o álbum inteiro. E eu não gosto muito desses projetos com vários compositores espalhados, onde cada música soa diferente, porque acaba parecendo apenas um projeto. Nós não queríamos isso, queríamos que soasse como uma banda. Então decidimos, junto com o Robert Säll, que é o guitarrista e também a força criativa por trás do W.E.T., escrever todas as músicas juntos, com o Jeff também, para manter tudo bem consistente. Mantivemos isso ao longo dos anos, e acho que esse é um dos motivos do sucesso do projeto. Nós realmente nos esforçamos para criar uma identidade própria.

This House of Fire é a música que mais ouvi esse ano até agora (risos).

Erik: E essa é uma música que entrou de última hora. O álbum já estava sendo mixado e eu pensei: ‘Precisamos de mais uma música animada, algo cativante’. Então, eu tinha várias ideias diferentes que já havia escrito antes e simplesmente as juntei, como um colagem, e criei essa música. Foi tipo: ‘Essa é a música perfeita para o disco, nós realmente precisamos dela’. Então, foi um acréscimo de última hora ao álbum.

Muitos não sabem, mas Apex marca o encerramento desse projeto tão especial, certo? 

Erik: Eu não tenho certeza, também não sei. Mas, de qualquer forma, é um bom disco.

Existe a possibilidade de, no futuro, você e o Jeff criarem um novo projeto no mesmo molde? Algo como um “Martensson & Soto”?

Erik: Claro, eu adoro trabalhar com o Jeff, ele é um grande amigo meu. E tocar algumas músicas do W.E.T. ao vivo com a banda de verdade, não apenas o Jeff fazendo músicas do W.E.T. no set dele, mas sim a banda completa do W.E.T. se apresentando. Seria ótimo, eu adoraria.

Você está sempre compondo e produzindo música , imagino quantas ideias deve ter guardadas no seu HD. Quando está compondo, o que você prioriza como mais importante? E, na sua visão, como decide qual ideia é ideal para o Eclipse, para o W.E.T. ou para o Nordic Union?

Erik:  Eu não tenho tantas ideias guardadas no meu drive quanto você possa pensar. Tenho algumas ideias meio bobas no meu celular, mas eu meio que componho um álbum de cada vez. Normalmente, quando é hora de trabalhar com o Eclipse, nós escrevemos músicas para o Eclipse, esse é o foco principal. Mas, claro, às vezes escrevemos uma música e pensamos: ‘Ah, isso não soa como Eclipse, soa mais como uma música do W.E.T. ou do Nordic Union’, e vice-versa. Se estou compondo para um álbum do W.E.T., posso acabar escrevendo algo que soa muito como Eclipse, então deixo guardado para o Eclipse. Mas, no geral, componho um álbum por vez.

A prioridade, ao produzir e compor um álbum, é a composição em si. A música é a base de tudo. Se você não tem boas músicas, não há motivo para gravar nada. Existem muitos discos com músicas ruins demais. Lembro que, quando criança, às vezes comprava discos com duas músicas boas e o resto muito chato, e eu não entendia por que eles colocavam tantas músicas ruins. Então, eu sempre tento, o máximo que posso, manter a qualidade das músicas o mais alta possível ao longo de todo o álbum.

Na maioria dos casos, você conta com o apoio do Magnus Henriksson. Eu sempre vejo vocês dois como o Roland Orzabal e o Curt Smith, do Tears For Fears — uma dupla que nunca se separa para fazer música. Qual é o segredo dessa parceria, que dura desde 1999?

Erik: Eu acho que, em primeiro lugar, nós realmente amamos música. Nós começamos a tocar não porque queríamos ser famosos ou gravar discos, mas porque simplesmente queríamos tocar música. Nós nos conhecemos bem jovens e crescemos ouvindo as mesmas bandas, mesmo tendo crescido tão longe um do outro. Acho que nós nos complementamos muito bem e… nós adoramos tomar cerveja juntos. Ele é como um irmão para mim, e não consigo me imaginar fazendo música sem ele.

O Eclipse tem uma boa quantidade de discos lançados. Qual disco você recomendaria primeiro para quem não conhece a banda?

Eu acho que todos são bons. Acho que todos os discos soam como o Eclipse, de uma forma ou de outra. Eu gosto muito do Wired, de 2021. Não posso dizer que o último álbum é o melhor, porque preciso de alguns anos depois do lançamento para ter o distanciamento necessário entre os discos. Normalmente as pessoas dizem que o último é o melhor, mas você nunca sabe até passar alguns anos. Então, vou esperar antes de recomendar o mais recente e recomendo o Wired (risos).

Não menos importante, gostaria de saber quais são as suas bandas favoritas, as principais influencias tanto como musico e compositor e se você tem o habito de ouvir musica no seu tempo livre. Eu sei que você veio da escola do Thrash e do Death Metal. Como essa transição para o Hard Rock?

Erik: Eu sempre ouço de tudo. Eu tenho um irmão três anos mais velho e ele tinha muitos discos: ele teve o primeiro do Mötley Crüe, o primeiro do W.A.S.P... O primeiro disco que comprei com meu próprio dinheiro foi o The Last Command, do W.A.S.P., em vinil. Eu mudo o que escuto o tempo todo, mas ainda assim o hard rock clássico é, de longe, o meu favorito. O AC/DC é a maior banda do mundo, mas também é uma das minhas bandas favoritas. Eu adoro! Ouvi thrash por muitos anos, tive uma banda cover de Slayer em que tocávamos apenas músicas do Slayer por alguns anos. E, bom, eu escuto muita música. Tenho uma coleção enorme de vinis e CDs, então praticamente ouço música o tempo todo.

Qual é o segredo para ter tantas bandas boas na Suécia, o país que originou Europe, ABBA e as outras bandas como H.E.A.T, Crazy Lixx, Ghost e Nestor?

Erik: Acho que um dos motivos é que nós temos escolas de música gratuitas, então qualquer pessoa pode frequentar sem pagar, e isso é uma parte importante. Também acho que há uma longa tradição  de música folclórica na Suécia, desde a Idade Média.

Além disso, acredito que boas bandas inspiram outras bandas. Quando eu era criança e vi o Mötley Crüe, eu não pensei: ‘Eu posso fazer isso’, porque, para mim, eles poderiam muito bem ser de Marte. Mas, quando você vê uma banda local tocando, você se inspira. É como tipo: 'se eles  conseguem fazer ótimos discos, talvez nós também possamos'. Isso é algo inspirador. Boas bandas inspiram pessoas a formar boas bandas também, pelo menos é assim que eu vejo hoje em dia.

Esse ano eu vi mais bandas suecas - Opeth, Europe, H.E.AT, Dynasty, Sabaton - do que bandas de outros países.

Erik: Tem mais uma coisa também: a Suécia é bem fria e escura durante metade do ano. O verão é ótimo, mas o inverno é muito escuro e frio, então não sobra muito o que fazer além de tocar música. Vamos ver no futuro. Agora todo mundo fica no celular, então talvez as pessoas passem a assistir Netflix ou ficar no Instagram e parem de compor músicas (risos).

Fazendo um balanço sobre sua trajetória, você tem vinte discos lançados, somando tudo com Eclipse, W.E.T., Nordic Union e Ammunition. Olhando para trás, o que mais te orgulha dessa caminhada? E, olhando para frente, qual ainda é o grande objetivo que você quer alcançar na música?

Erik:  Essa é uma pergunta difícil.  Acho que tenho orgulho de ter mantido meu interesse em compor e fazer a música que amo, o hard rock melódico e o rock, porque se eu quisesse ser bem-sucedido e ganhar dinheiro com isso, provavelmente teria seguido para algo mais pop ou outro estilo. Mas sempre me mantive fiel a esse pequeno gênero musical simplesmente porque o amo demais. Acho que tenho orgulho de ter continuado fazendo isso, de ainda estar fazendo e de conseguir viver disso, além de termos tido a coragem de seguir nossos próprios corações e escrever a música que amamos. 

Para finalizar, quais os planos do Eclipse para o futuro?

Erik: Agora é hora de sair em turnê e, claro, ir ao Brasil e aproveitar nosso catálogo de músicas e esse último álbum duplo. Vamos curtir isso por um tempo, apenas tocando ao vivo e sem passar tanto tempo no estúdio - embora eu fique no estúdio o tempo todo, já que meu trabalho diário é mixar discos de rock. Mas acho que precisamos passar bastante tempo na estrada juntos e ver o que acontece no futuro. Pela primeira vez, não temos um plano de dois anos, está tudo em aberto. Então, vamos ver o que acontece.


sexta-feira, 22 de março de 2024

Cobertura de Show: FM – 20/03/2024 – Manifesto Bar/SP

Finalmente, o Brasil vem recebendo nomes importantes da história do Hard Rock mundial. No ano passado, os vocalistas Johnny Gioeli (Hardline, Axel Rudi Pell) e Danny Vaughn (Waysted, Tyketto) fizeram shows excelentes para os apreciadores do estilo que se quer, ou jamais, imaginavam que um dia eles pudessem estar por aqui. Neste mês de março, a capital de São Paulo recebeu Crazzy Lixx, Pretty Boy Floy e Stevie Rachelle (vocalista do Tüff) no GlamMetal Fest. E para ficar ainda melhor, os paulistanos também tiveram a honra de receber os ingleses do FM.

Comemorando 40 anos de carreira, a banda teve uma rápida ascensão na década de 80 com os discos “Indiscreet” (1986) e “Tough It Out” (1989), trabalhos que até hoje são reverenciados pelos fãs de Melodic Rock e AOR. Fora o ótimo resultado que obtiveram neles, também deram suporte aos shows de grandes lendas como Bon Jovi, Foreigner, Status Quo, Gary Moore e entre outros. Na década seguinte, lançaram “Takin’ It to the Streets” (1991) e “Aphrodisiac” (1992), que não teve o mesmo alcance dos dois primeiros, fazendo com que as atividades fossem encerradas em 1995.

Mas eis que, em 2007, o quinteto recebe um convite para um único show, em Nottingham (ING). E o que era para ficar só nisso, acabou resultando na volta definitiva da banda, que até hoje continua fazendo shows e lançando ótimos trabalhos através da Frontiers Records. 

Da formação original, só estão o vocalista (e também guitarrista) Steve Overland, o baixista Merv Goldsworthy e o baterista Pete Jupp (antigos membros do Samson) – o guitarrista Jim Kirkpatrick (assumindo o posto que já foi de Chris Overland e Andy Barnett) e o tecladista Jem Davis completam o atual time.

A turnê também passou por outras cidades da América Latina (Buenos Aires, Lima e Bogotá), com pontapé em São Paulo, que não só recebeu o público local, como também de outros estados (Curitiba, especificamente) numa quarta-feira para lá de quente e com uma rápida chuva antes da abertura das portas, aberta antes do horário previsto. Mas a maioria só foi comparecer mesmo em peso no Manifesto Bar (local da apresentação) faltando uma hora para o início, o que era de se esperar pela quantidade de ingressos que foram vendidos.

Depois de um breve atraso de dois minutos e uma pontualidade que faz referência a nacionalidade do grupo, os membros desceram para o palco para ocupar os seus postos. A trinca com “Synchronized"“Tough it Out” (primeiro clássico da noite) e a melódica “Killed By Love”, intervinda da clássica introdução da 20th Century Fox Theme e de uma voz mecânica apresentando a banda, levou todo mundo ao delírio. Muito antes, Pete registrou toda reação da galera na câmera do seu celular para guardar de lembrança.

Todos que estavam presentes tinham as músicas na ponta da língua, chegando até ser emocionante ver a vibração e a alegria da maioria que estava vendo a banda pela primeira vez ao vivo num espaço intimista que é o Manifesto, deixando o público bem próximo da banda. A energia motivou Steve – principalmente – e seus demais companheiros a terem mais vontade de entregar um excelente show. Merv, por exemplo, deu um show a parte com uma baita presença de palco.

O setlist conteve oito músicas do “Tough it Out” (1989), o que é mais do que justo, pois se trata do melhor trabalho da carreira e que soou ainda melhor ao vivo. Antes de executar “Someday (You’ll Come Running)”, Steve prestou as suas primeiras palavras, dizendo que esperou 40 anos para tocar no Brasil e agradeceu os presentes por nunca terem abandonado a banda. Dando continuidade, “Let Love be the Leader” (primeira do “Indiscreet”) foi antecipada por ‘Oh, Oh, Oh’ vindo da plateia antes de anunciá-la. “Everytime I Think Of You” teve como destaque as ondas de fumaça para ajudar no clima durante performance da banda.

O repertório também teve espaço para uma música nova, “Out of The Blue”, que estará no novo álbum, “Old Habits Die Hard”, a ser lançado em maio. Steve fez questão de perguntar quem já ouviu, e poucos acabaram levantando a mão. “The Dream that Died” e "Don’t Stop" (com Steve executando o solo com extrema segurança) equilibrou bem o nível de tranquilidade com uma balada e um Hard Rock com refrão chicletoso.

Após perguntar se todos estavam se divertindo, Steve revelou que a próxima música, "American Girl", é bem antiga e que foi composta em parceria com o seu irmão. O videoclipe é uma homenagem a saudosa atriz do cinema Marilyn Monroe. 

A rápida levada de bateria de Pete (chimbal, caixa e bumbo) deu início a “Frozen Heart”, outra que foi bastante celebrada e com a maioria da plateia cantando uma parte dela à vontade. “Does It Fell Like Love?”, outra do “Tough It Out” (1989), teve seu final estendido com um solo vocal maravilhoso e Jim e Merv em cima das caixas que ficam na lateral do palco para despojar as últimas notas.

Os clássicos foram reservados faltando pouco para o final. “That Girl”, “Bad Luck” e “I Belong to the Night”, essa encerrada com um solo bem ala John Boham do Pete não só teve a sua merecida recepção, mas aclamada sob berros e gritos FM. A primeira citada foi regravada pelo Iron Maiden – presente na coletânea "Best of the ‘B’ Sides” – já a segunda foi composta por ninguém menos que Desmond Child, que tem uma certa semelhança de “Give Love a Bad Name”, do Bon Jovi e também de autoria do Desmond. “Turn This Car Around”, do mais recente álbum, “Thirteen”, completou a primeira parte do set antes do breve bis.

Enquanto Steve, Jim e Merv tomavam fôlego no camarim, Jim ficou no palco mandando lindas melodias e preparando terreno para o momento mais calmo da noite (só com teclado e voz) em “Story Of My Life”, que teve como destaque a brilhante performance vocal de Steve Overland, que no auge dos seus 63 anos, continua com a voz impecável e ovacionado pelos seus apreciadores fãs no final. A dobradinha de “Face to Face” e “Other Side of Midnight” encerram o show de forma apoteótica.

Muitos elogios e aplausos foram atribuídos depois do encerramento por tudo que entregaram. Em todos os quesitos, mereciam agradecimento de joelhos, mas os gestos prestados estão de ótimo tamanho para um dos melhores de Hard Rock em terra brasilis neste ano. 

Para quem ficou com um gosto de “quero mais”, a banda prometeu, durante o show, que voltam num futuro breve. Assim esperamos!

 

Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Paula Cavalcante

 

Realização: Onstage Agencia

Mídia Press: ASE Press

 

FM

Synchronized

Tough It Out

Killed by Love

Someday (You'll Come Running)

Let Love Be the Leader

Out of the Blue

The Dream That Died

Don't Stop

American Girls

Frozen Heart

Does It Feel Like Love

That Girl

Bad Luck

I Belong to the Night

Turn This Car Around

***Encore***

Story of My Life

Face to Face

Other Side of Midnight

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

H.E.A.T: Hard Rockers Suécos Chegam ao Sétimo Álbum e Reestreiam Vocalista


Se nos anos 80 as bandas Norte Americanas de Hard Rock e Melodic Rock eram a grande força, levando o estilo ao mainstream, quando inclusive dominavam as rádios e programas de TV, nos tempos atuais o cenário é diferente, os holofotes da grande mídia já são passado, mas o Hard Rock segue muito vivo e chutando, com muitas boas novas bandas e vários remanescentes dos anos 80 ativos e produzindo.


O celeiro principal hoje está na Europa, e a Suécia está entre os maiores exportadores de Hard Rock e Melodic Rock, com algumas dezenas de ótimos nomes, e um dos destaques sem dúvidas é o H.E.A.T, que desde sua estreia foi caindo nas graças dos fãs do estilo e aos poucos espalhando sua música à outras partes do mundo.




A banda, formada em 2007, acaba de lançar seu sétimo álbum, "Force Majeure", pela gravadora earMusic, que possui em seu catálogo bandas como Deep Purple, Alice Cooper e Skid Row. Inclusive falando nessa última, o vocalista Erik Grönwall, que gravou os quatro álbuns anteriores do H.E.A.T, saiu do grupo para se juntar justamente ao Skid Row.


Com a saída de Erik, a solução foi familiar, o vocalista original, e que gravou os dois primeiros álbuns, Kenny Leckremo, retornou aos vocais.


Erik devolvendo o microfone para Kenny(foto by Fifth Music)

E essa mudança então foi algo que praticamente não mexeu com as estruturas do que a banda vinha fazendo nos mais recentes trabalhos, e trazendo algo da sonoridade dos dois primeiros, que são mais calçados nas inspirações oitentistas e do Melodic Rock.


O H.E.A.T apresentou aos fãs seu Hard com aquelas doses altas de  energia e grandes melodias em músicas como "Hollywood", "Not For Sale", "Nationwide" e a balada "One of Us", onde destilam pitadas das influências dos anos 80, como Whitesnake, Mötley Crüe e Van Halen e estruturas mais atuais desse prolífico cenário europeu. 


A abertura com "Back to the Rhythm" traz a energia já tradicional, sendo que já possível reconhecer de cara a sonoridade dos suécos, com seus riffs e refrãos marcantes, teclado fazendo o fundo e intervindo com alguns efeitos mais modernos de forma precisa e sem exageros.



"Tainted Blood" traz uma levada mais cadenciada, com riffs vigorosos, me remetendo ao Mötley do "Dr Feelgood"; a citada "Hollywood", une as influências 80's , aquela dose de malícia e sonoridades do Hard moderno, refrão com jeitão de hino.


Embora inferior aos antecessores, que possuiam mais momentos marcantes, o H.E.A.T entrega mais um álbum com elementos suficientes para agradar seus fãs e os amantes do Hard Rock e Melodic Rock em geral, simples assim.


"Force Majeure" está disponível nas principais plataformas de streaming e também lançado em CD por aqui pela Shinigami Records.


Texto: Carlos Garcia

Fotos: Divulgação


Banda: H.E.A.T

Álbum: "Force Majeure" 2022

Estilo: Hard Rock, Melodic Rock

País: Suécia

Selo: earMusic/Shinigami Records


Site Oficial


Tracklist


1. Back To The Rhythm 2. Nationwide 3. Tainted Blood 4. Hollywood 5. Harder To Breathe 6. Not For Sale 7. One Of Us 8. Hold Your Fire 9. Paramount 10. Demon Eyes 11. Wings Of An Aeroplane







sábado, 17 de setembro de 2022

Jorn Lande: Mantendo o Nível Alto em "Over The Horizon Radar"

 


O norueguês Jørn Lande é sem dúvidas um dos melhores vocalistas do Metal na atualidade, um legítimo representante de grandes vozes de gerações anteriores como Ronnie Dio, David Coverdale ou Bruce Dickinson. 

O norueguês possui uma carreira prolífica, com participação em inúmeros projetos e bandas, destacando o Avantasia, Allen/Lande, a Ópera "Dracula" e grupos como Masterplan, The Snakes, Ark e Millenium. 

E claro, tem sua carreira solo, tendo 14 álbuns lançados, inclusive os volumes Heavy Rock Radio I e II, onde interpreta clássicos do Rock e até Pop dos anos 80, de artistas como Kate Bush. O cantor também foi além do meio Hard e Heavy Rock,  sendo convidado a fazer voz de um personagem do jogo League of Legends. 


Jørn está em divulgação de seu novo disco, "
Over the Horizon Radar", lançado mundialmente pela gravadora italiana Frontiers Records, e distribuido aqui no Brasil pela Shinigami Records. 

O álbum vem sendo muito elogiado pela mídia especializada, e traz o cantor em grande forma, mostrando o porque é considerado uma das grandes vozes atuais da música pesada, com uma carreira já consolidada.

Ao lado do parceiro de muitos anos já, o guitarrista Tore Moren, Jorn nos traz um disco que soa familiar aos ouvidos de quem acompanha sua carreira solo. 

É Hard e Heavy Metal, com flertes de Melodic Rock,  traz ótimos "ganchos", o timbre e estilo que são inconfundíveis, e as letras, as quais mostram que o vocalista é um bom contador de histórias, trazendo coisas do cotidiano da música, como na cadenciada "My Rock and Roll", tem aquela pegada que lembra a principal inspiração de Jorn, Ronnie James Dio. 


Falando de alguns dos destaques mais, a faixa título, "
Over The Horizon", abre o disco tem logo de cara melodias e riffs marcantes, linhas vocais cativantes e refrão que gruda na mente.

"One Man War", de andamento moderado, é um Metal com bastante melodia e mais um refrão marcante; "Black Phoenix" mostra um lado um pouco mais Dark e pesado.

"Ode to the Black Nightshade", com seu andamento cadenciado, traz bem clara a inspiração na sonoridade do trabalho solo de Ronnie Dio em seus riffs e melodias, e claro, linhas vocais. A mesma pegada Dio, nesse estilo pesada e cadenciada, de aplica a "Dead London", que lembra músicas naquele estilo do álbum "Dream Evil" 


"
Faith Bloody Faith", que foi a primeira música divulgada, aparece aqui em versão estendida, e traz mais evidente o lado Melódico Rock de Jorn, com seu estilo de hino e refrão ultra-melódico, e até me remeteu a algo de Slade, daquela fase de hits como "My Oh My".

Resumindo, um álbum muito bom de Hard/Heavy e Melódico Rock, sem grandes surpresas, entregando o que os fãs esperam de Jorn, trazendo sua assinatura musical e mantendo o nível alto dos seus trabalhos. 

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Banda: Jorn
Álbum: "Over The Horizon Radar" 2022
Estilo: Hard Rock/Heavy Metal, Melodic Rock
Pais: Noruega
Selo: Frontiers Records/ Shinigami Records

Adquira o álbum no site da loja/selo Shinigami.

Tracklist: 
1. Over The Horizon Radar
2. Dead London
3. My Rock And Roll
4. One Man War
5. Black Phoenix
6. Special Edition
7. Ode To The Black Nightshade
8. Winds Of Home
9. In The Dirt
10. Believer
11. Faith Bloody Faith (Extended Album Version





sábado, 6 de fevereiro de 2021

H.e.a.t: Excelência em Hard/Melodic Rock


"H.e.a.t II" é o sexto álbum dos suecos (o título "II" a banda explicou que o processo de composição foi similar ao de estreia, então seria a "continuação espritual do primeiro, brincaram também que é muito maneiro ter um II romano na capa), e o primeiro produzido inteiramente pela própria banda. 

E se os experimentalismos do anterior, "Into the Unknown", não agradou a todos (particularmente, achei muito bom também), neste eu acredito que os fãs em geral não tem nada a reclamar! Aqui eles retornam ao estilo dos 4 primeitos. Que álbum maravilhoso de Hard, cheio de ótimas melodias e refrãos marcantes.

Melodioso, muito bem executado, polido e com canções empolgantes, daquelas que dá vontade de cantar junto.

Vou citar por exemplo os riffs e teclados marcantes, e o excelente refrão de "Dangerous Ground", que inicia com uma intro de uma ignição de carro ligando para então entrar esse Hardão acelerado e empolgante; a levada Heavy/Blues da pesada e cadenciada de "We Are Gods";  "Adrenaline" e seu jeitão de hit, de ritmo empolgante e aquele refrão explosivo, com os teclados acompanhando a melodia vocal.


Grandes baladas são praticamente praxe em um álbum de Melodic Rock/Hard, e "Nothing to Say" tem todos aqueles elementos clássicos: tocantes melodias do teclado, guitarras acústicas, vocais cheios de emoção, começa naquela levada suave e explode no refrão; 

Destaco ainda o maravilhoso Melodic Rock de "Heaven Must Have Won an Angel", naquele estilo clássico de nomes como Journey ou Europe, belas melodias e solos de guitarra, riffs marcantes, levadas criativas na bateria, grandes teclados e ótimo refrão, com direito aqueles trechinhos com "ô ô ô". 

"II" é um disco dinâmico, tendo músicas explosivas, baladas, Melodic Rocks de melodias marcantes, belo trabalho de guitarras e também um excelente uso de teclados e sintetizadores, enfim, um ótimo álbum do estilo, é o clássico Melodic Rock, que soa atual e revisitado, com a personalidade do H.e.a.t. Altamente recomendado aos fãs e amantes do gênero. Realmente, a Suécia é a atual meca do estilo.

Texto: Carlos Garcia

Banda: H.e.a.t
Álbum: "II"
Estilo: Melodic Rock, Hard Rock
País: Suécia
Selo: Sound City/ear Music/Shinigami Records


Line-up

Erik Grönwall: Vocais
Dave Dalone: Guitarras
Jona Tee: teclados
Jimmy Jay: Baixo
Don Crash: Bateria

Tracklist:

1. Rock Your Body 4:04
2. Dangerous Ground 4:07
3. Come Clean 3:44
4. Victory 4:28
5. We Are Gods 4:11
6. Adrenaline 4:26
7. One By One 3:47
8. Nothing To Say 4:08
9. Heaven Must Have Won An Angel 4:42
10. Under The Gun 3:25
11. Rise 4:18



terça-feira, 2 de junho de 2020

Sapphire Eyes: Mais AOR do Celeiro Sueco



A Suécia virou celeiro de grupos dedicados a tocar AOR. Não faltam bandas reproduzindo o sentimento daquilo escutado nas estações norte americanas durante os anos 80.

O Saphire Eyes apanha o melhor dos grandes nomes desse segmento e entrega sem rodeios o esperado neste novo álbum, "Magic Moments". Há uma atenção de equilibrar harmonias sintetizadas cristalinas sem abdicar a potência das guitarras.

"Still Alive" parece a fase mais comercial do Saxon, tipo o álbum Destiny, detalhe para a voz de Kimmo Blom parelha a de Biff Byford.

"Don't Walk Away" soa algo do Journey, principalmente no brass sintetizado. Instrumentos servindo de pista para a voz, em seguida uma súbita quietude pronta para eclodir num refrão emocional.

"I Never Meant to Hurt You" é iniciada por um solo melódico simplista porém certeiro, outros também vão surgindo ao longo dessa faixa.

"Bring Back the Night" começa com umas alavancadas na guitarra, a ideia chave da música usa sequência de notas muito usuais nas canções AOR daquela época. Há também participação de vocais femininos nessa faixa (Anette Olzon, ex-Nightwish)).


"As the Day Go By" é a mais dinâmica, riffs rápidos abafados e sua construção se aproxima da fase pop do Yes.

Canções de natureza mais tranquila recheiam o álbum também: "Just Leave Me" uma power ballad com rompantes otimistas preparando terreno pro aguardado solinho emocional.

"All I Need is to Hold You", música romântica predominada por teclados e melodia serena, mesmo na hora de atingir altura. Blom já tenta bancar o CJ Snare do Firehouse na maneira de cantar.

Quem se derrete por canções piegas ficará satisfeito. É uma recriação selecionando o mais assertivo desse tipo de música. Não tentam arriscar nada, tocaria sem dificuldades numa rádio anos 80.

A previsibilidade e o excesso de reverb na bateria parecendo marretada de obra estragam um pouco o resultado final. Totalmente indicado para os apreciadores de power ballads.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)
Edição: Carlos Garcia

Banda: Sapphire Eyes
Álbum: "Magic Moments" 2020
Estilo: AOR, Melodic Rock
País: Suécia
Selo: Pride & Joy Music
Press: GerMusica

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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

The Night Flight Orchestra: Merecendo uma Boa Fatia do Mundo



Pouco mais de um ano depois de seu terceiro álbum, "Amber Galactic" (que inclusive lhes valeu uma nominação no Grammy sueco), eles estão de volta com mais um disco, "Sometimes the World is Ain't Enough", The Night Flight Orchestra, provavelmente uma das bandas mais legais da atualidade. Nascido da paixão em comum de Björn Strid e David Andersson (ambos do Soilwork) pelo Classic Rock,a dupla percebeu que havia um vazio a ser explorado na cena musical de hoje em dia, resolveram então colocar pra fora, sem grandes pretensões comerciais. 

Com sua sonoridade cativante, trazendo as influências do que era feito a partir da metade dos anos 70 e na década de 80, os suecos colocam no seu caldeirão musical o Classic Rock, AOR, Progressivo e até Disco, Black Music e Pop Rock. Em "SWAE" eles praticamente seguem a mesma fórmula bem sucedida do álbum anterior, onde parecem ter encontrado o balanço perfeito para sua sonoridade.


Há algumas diferenças, já que neste novo disco as composições estão, digamos, um pouco mais leves e ainda mais pegajosas. Destaque para a dupla fundadora, Björn Strid, que se mostrou um grande vocalista no estilo, e David Andersson, sendo que este compôs a grande maioria do material.

São 12 faixas e mais uma bônus track nesta edição nacional, todas repletas de melodias e refrãos grudentos e irresistíveis. Os backing vocals femininos, adicionados desde o álbum anterior, tornaram-se parte essencial. Os teclados com arranjos orquestrais e melodias pop e dançantes estão mais presentes também, como já podemos perceber na vibrante abertura com "This Time", que tem um comecinho que lembra a abertura de "Space Truckin'". "Turn to Miami" tem um refrão pra lá de grudento, mesclando o AOR com batida dançante; as influências da Disco aparecem bem nítidas em  "Paralyzed", que é coberta de suingue. É simplesmente tudo muito legal!


São vários hits instantâneos, como as duas primeiras faixas, já citadas acima, e algumas outras que também se sobressaem, ressaltando que é um álbum que dá vontade de ouvir sem pular nenhuma, mas preciso destacar "Lovers in the Rain", Melodic Rock absolutamente contagiante, com grande potencial "radiofônico', e além dela, as também ótimas "Can't Be That Bad", "Barcelona" e a progressiva "Last of the Independet Romantics", que tem uma certa veia de Kansas. Realmente, eles encontraram o ponto perfeito, e possuem talento inegável para forjar excelentes melodias, e fazem com criatividade e entusiasmo.

Encerrando esta matéria, transcrevo aqui trecho da entrevista de David Andersson para o Decibel Magazine, onde ele, entre outras coisas, falou sobre o conceito dos dois últimos álbuns (que seriam uma espécie de Sci-Fi Feminist Space Opera), e também sobre algo bem preocupante na sociedade atual, que inclusive estamos vivenciando aqui no Brasil, que é a intolerância. Confira abaixo:

"Há um conceito por trás de Amber Galactic e Sometimes the World Ain’t Enough”, que é uma ópera espacial com uma agenda feminista. Eu sempre sonhei em fazer álbuns baseados no espaço e ficção científica, e mesmo que não seja um álbum conceitual no verdadeiro sentido da palavra, é baseado em um conceito ideológico com sci-fi e conotações futuristas.

Eu sempre acreditei que as mulheres são um gênero superior e espero que, eventualmente, elas, juntamente com a comunidade HBTQ (também conhecida como LGBT), sejam as líderes do mundo. O livro The Spirit Level, de Wilkinson and Pickett, de 2009, onde mostram estudos bastante convincentes sobre como os níveis de igualdade em uma sociedade são um fator preditivo independente quando se trata de como a sociedade prospera em vários níveis, meio que confirmou o que eu suspeitava há muito tempo. 

David Andersson
E se você olhar para universidades na Suécia e em muitos outros lugares, hoje em dia há uma maioria de mulheres nos programas de alto status, como direito, medicina, etc. Ao mesmo tempo, há forças poderosas no mundo atualmente que querem regressar a um paradigma masculino heterossexual branco, muito conservador e intolerante."

Extremamente cativante e bem feito, a banda transforma sua influências e inspirações em uma sonoridade bem própria. O mundo talvez não seja o bastante, mas eles já merecem pelo menos uma boa fatia dele! 

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: The Night Flight Orchestra
Álbum: "Sometimes the World Ain't Enough" (2018)
País: Suécia
Estilo: Classic Rock/Melodic Rock
Produção: The Night Flight Orchestra
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

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Line-up:
Björn Strid – Vocal
Sharlee D’Angelo – Baixo
David Andersson – Guitarra
Richard Larsson – Teclado
Jonas Källsbäck – Bateria
Sebastian Forslund – Guitarra, Percussão
Anna-Mia Bonde – Backing Vocals
Anna Brygård – Backing Vocals

Tracklist:
01. This Time
02. Turn To Miami
03. Paralyzed
04. Sometimes The World Ain't Enough
05. Moments Of Thunder
06. Speedwagon
07. Lovers In The Rain
08. Can't Be That Bad
09. Pretty Thing Closing In
10. Barcelona
11. Winged And Serpentine
12. The Last Of The Independent Romantics
13. Marjorie (bônus track)

       

         

segunda-feira, 2 de abril de 2018

H.E.A.T: Sem receio de Novos Caminhos


Já antes do lançamento do seu quinto álbum, "Into the Great Unknown", os suecos do Heat anunciavam que trariam algumas novidades em sua sonoridade, e realmente, o disco apresenta um Melodic Rock com roupagem mais contemporânea, onde podemos notar um maior uso de teclados e alguns efeitos de estúdio.

Talvez alguns fãs possam não ter digerido muito bem, principalmente os mais conservadores, e eu mesmo estranhei um pouco no início, mas logo fui contagiado pela energia e qualidade da banda, que novamente entrega um álbum cheio de grandes melodias e refrãos, mergulhando em alguns caminhos diferentes, mas que funcionaram muito bem. 

Com certeza isso irá atrair outros ouvintes além do tradicional fã de Hard Rock e Melodic Rock. Méritos para o grupo, que conseguiu evoluir, mas de nenhuma maneira soa como se fosse uma nova banda, ou seja, não se desfigurou.


Não se assuste se ouvir comentários como "Melodic Rock moderno" para definir o que o H.E.A.T fez em "The Great Unknown", pois é somente uma tentativa de traduzir que a sonoridade foge um pouco dos caminhos mais tradicionais, e principalmente da sonoridade dos seus primeiros 2 discos. A produção é excelente, a ilustração de capa estilo ficção científica também é linda (concebida pelo russo Vitaly Alexius), espelhando essa roupagem mais contemporânea, e porque não, futurística, além de também fazer uma conexão com o título do álbum.

Mergulhando um pouco nas faixas, para tentar levar para vocês o que o álbum traz, balanceando de forma bem dinâmica composições mais enérgicas e Rocker, com outras mais Melodic Rock, sendo que você notará a diferença na produção mais moderna, a utilização de efeitos e flertes com o Pop Rock contemporâneo. E a abertura com os riffs de guitarra à frente em "Bastard of Society", já dá a largada com muita energia, unindo a veia mais tradicional com essa roupagem mais atual.


Em "Redefined", você vai sentir mudanças um pouco mais profundas, já com maior uso de teclados e efeitos, mas com melodias e refrão extremamente cativantes. Dá para fazer um parâmetro com bandas de Hard/Melodic Rock que são pioneiras nessa roupagem mais moderna, e até mais comercial, atingindo outros públicos, como o Mr. Big e o Aerosmith, se olharmos para a fase a partir de discos como "Permanent Vacation" e "Pump", por exemplo. Aliás, "Shit City" me lembrou demais a banda de Steven Tyler.

"Time on Our Side" é uma das que a banda arrisca mais esses novos elementos, com muitos efeitos no teclado e até no vocal. Foge da linha tradicional, digamos um Hard Pop moderno bem "radiofônico".

Na ótima "Best of the Broken" temos um refrão bem na linha conhecida do H.E.A.T; Classe e inspiração também marcam o trabalho, como em "Eye of the Storm", balada moderna, com um refrão e melodias que grudam de imediato. É ouvir e ficar com o refrão na cabeça direto! Grande música!


"Blind Leads the Blind" traz alguns efeitos, mas segue uma linha mais enérgica, com uma batida contagiante e um refrão explosivo! Na bela "We Rule", destacam-se as linhas de teclado e os vocais inspirados de Erik. E que grandes melodias! Um Melodic Rock moderno, com toques sinfônicos, que me lembram algo de Queen em alguns arranjos.

Finalizando, temos a batida moderna de "Do you Want It", com vários efeitos no teclado, e linhas vocais bem diferentes, mas que funcionaram legal, com melodias cativantes. Provavelmente a faixa em que mais inseriram elementos diferentes. A faixa título fecha, e segue a linha mais tradicional, principalmente nos riffs de guitarra, e tem um andamento mais cadenciado, um grande e melodioso refrão e bastante presença dos teclados.

O H.E.A.T mantém a qualidade em alta neste quinto álbum, trazendo uma roupagem mais contemporânea, uma excelente produção sonora, e acima de tudo, excelentes melodias, em composições cativantes e criativas. Perfeita amostra de que é possível evoluir e criar novos caminhos sem se desfigurar. Um álbum que pode agradar facilmente um público além dos tradicionais fãs de Hard Rock e Melodic Rock, ou seja, o grupo viu necessidade de arriscar, fazer algo diferente para expandir seu território.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: H.E.A.T
Álbum: "Into the Great Unknown" 2017
Estilo: Hard Rock, Melodic Rock
País: Suécia
Produção: Tobias Lindell
Selo: earMusic/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami

     

Line-up
Sky Davids: Guitarra
Jimmy Jay: Baixo
Jona Tee: Teclados
Crash: Bateria e Percussão
Erik Grönwall: Vocais

Tracklist
1. Bastard Of Society
2. Redefined
3. Shit City
4. Time On Our Side
5. Best Of The Broken
6. Eye Of The Storm
7. Blind Leads The Blind
8. We Rule
9. Do You Want It?
10. Into The Great Unknown