quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Living Metal: entre o fogo e o aço da espada!

Entrevista por: Renato Sanson


 

Músico entrevistado: Rafael Romanelli (guitarra) – Banda: Living Metal (SP)

 

Como surgiu a ideia de criação do Living Metal? E como Amílcar e Fernanda Lira chegaram até a gravação do EP?

O Living Metal surgiu de algumas composições que eu tinha direcionado ao Heavy Metal Tradicional. Eram músicas que não encaixavam nem em minha antiga banda o Leatherfaces (que tinha uma proposta mais voltado ao Thrash Metal), e nem no Zumbis Do Espaço onde também já toco guitarra a alguns anos. Então resolvi que gravaria essas músicas e soltaria na internet, sem pretensão nenhuma de banda ou coisa do tipo. Tanto o Amilcar quanto a Fernanda já são amigos pessoais de longa data. No caso, a princípio, eu gravaria todas as guitarras, baixo e vozes e ficaria apenas a bateria, que é um instrumento que não sei tocar. Então tendo um amigo como o Amilcar, um dos melhores bateristas de Metal do mundo, foi inevitável não chama-lo para gravar, coisa que ele topou na hora, quando escutou algumas demos que eu já tinha feito. A Fernanda veio bem depois, quando já estávamos quase finalizando o disco, e o Living Metal já teria sido definido como uma banda, onde imaginei alguns backing vocals femininos nas músicas. Mas não com a voz Thrash/Death Metal dela que normalmente todos conhecem. Mas sim a voz limpa, que sempre achei maravilhosa, então ela topou e aproveitamos isso.


A ideia inicial era apenas de um projeto ou você já tinha idealizado o Living Metal como banda?

A princípio era apenas um projeto “solo”. Sem pretensão alguma de formar e atuar como uma banda de verdade.  Foi um período em que minha antiga banda Leatherfaces já tinha entrado em estado de coma e eu estava bem estabilizado com o Zumbis do Espaço, gravando discos, fazendo shows e turnês. Então eu não queria saber de mais uma banda, ainda mais começando do zero, pois é algo muito trabalhoso e que requer muita dedicação e trabalho. Na realidade eu estava meio que de saco cheio. Mas durante as gravações dessas músicas do EP, tanto o produtor Rafael Augusto Lopes do Studio CasaNegra, quanto o Amilcar, meio que começaram a martelar na minha cabeça que as músicas tinham um grande potencial para ser uma banda de verdade, fazer shows e etc... E mesmo eu insistindo que não, ao passar do tempo fui vendo que eles estavam certos! Assim acabei chamando para os vocais o Pedro Zupo, para o baixo o João Ribeiro e como para o Amilcar ficaria inviável assumir a responsa em mais uma banda, por conta do Torture Squad, chamei o Jean Praelli para assumir as baquetas. Futuramente já com a banda formada chamamos o Jonas Soares para assumir a segunda guitarra.

O EP de estreia do Living Metal – “Living Metal” (18) – de fato forjado no aço da espada e remetendo diretamente a bandas como Judas Priest e Manowar, soando mais true que os próprios em seu auge hahahaha! Uma musicalidade calcada nos anos 80 que nos transporta a este passado glorioso do Heavy Metal. Conte-nos o processo de criação das composições e as inspirações para o mesmo.

“Soando mais true que o Priest e o Manowar” é sacanagem né?! Haha. É algo inalcançável!  Mas de qualquer forma fico grato e feliz em ler isso! Apesar do Leatherfaces ter sido uma banda de Thrash Metal, e o Zumbis do Espaço ser uma banda de rock selvagem, misturando diversos estilos do Rock, de Rockabilly a Ramones. Eu sempre fui na realidade um fã do Metal Tradicional, minhas bandas favoritas sempre foram bandas como o Judas Priest (minha favorita), Saxon, Accept, Manowar, Running Wild, Satan, Metal Church e etc... Então cedo ou tarde algo em mim sairia para compor coisas do estilo. Já fiz algumas tentativas, mas acho que não era o momento certo. E uma coisa que pouca gente sabe, é que essa ideia e conceito do Living Metal, ser uma banda do jeito que é, surgiu em um show que teve do Metalucifer aqui em SP, no Hangar 110. Nessa noite eu estava quebrando um galho para uns amigos da banda MadDog, fazendo a guitarra solo, e abrimos o show para o Metalucifer. Eu fiquei tão empolgado com aquele show, vendo aquele Heavy cru e direto, com riffs marcantes e que todos cantavam as músicas, que ali me deu um estalo e pensei: eu preciso fazer algo assim! Lembro que no dia seguinte o nome Living Metal surgiu, e criei todos os títulos das músicas que tem no EP, e assim comecei a compor em casa, sozinho mesmo. Mais tarde fui para o Studio CasaNegra e o produtor Rafael Lopes me ajudou a desenvolver algumas linhas de batera eletrônica e assim demos continuidade como já falei acima.


Uma nova formação foi anunciada, agora com cinco integrantes. Um novo lançamento já está sendo planejado?

Sim! Na realidade o Jonas já está conosco desde 2018, fizemos apenas dois shows sem ele. E sim estamos em estúdio gravando o nosso primeiro full álbum que tem prévia de lançamento para o segundo semestre.

 

Além de músico você também é tatuador. Como é conciliar as duas atividades? Referente a arte, são dois mundos extremamente próximos, não?

A verdade é só uma: eu virei tatuador para poder ser musico! Antes eu trabalhava em escritório como a maioria das pessoas, e isso me impedia muito de poder correr atrás de coisas relacionadas a música. Como sempre trabalhei com ilustrações, artes gráficas e etc. Me veio à cabeça que poderia ser tatuador e assim conciliar as duas coisas, sem precisar depender de dias da semana ou horários em empresas. No caso eu faço meus horários e meus dias de trabalho e consigo administrar ambas as coisas. E com certeza tem tudo a ver uma coisa com a outra... arte é arte! Se tem uma coisa que é Metal pra caramba é tattoo! Então amo minha profissão e me ajuda na outra profissão que também amo, que é ser músico!

Quanto o Covid-19 impactou em sua vida pessoal e profissional?

Infelizmente sim. A classe artística se ferrou muito com isso, e ainda está se ferrando. Eu só faço duas coisas da vida: tatuo e toco. De repente de uma hora para outra não podia mais tatuar e nem fazer shows, e aí? Fiquei mais de 6 meses parado sem tatuar, pois não sabia o que fazer, como tratar clientes em cima disso, então foi um período terrível, agora que estou conseguindo aos poucos me recuperar. Do lado pessoal, tive amigos que pegaram o Covid, outros se foram, não está sendo fácil. Muita gente acha que está tudo bem, melhorando, mas não. Enquanto todo mundo não estiver vacinado, nada vai estar seguro.


Com todo esse caos que assolou o mundo, a indústria musical sofreu um rasgo irreparável. Em sua opinião, o que poderia ser feito a longo prazo para estancar esse ferimento?

Olha eu ainda sou pessimista e acredito que logo mais todos estarão vacinados e poderão voltar a fazer shows como era antes. Talvez a volta de tudo isso seja a única “solução” para estancar um pouco esse ferimento tão grave que a classe artística está sofrendo. E por que digo isso? Querendo ou não, todos estão sedentos para poder ir a um show, ver os seus artistas favoritos e ter um respiro de tranquilidade de que somos mais fortes que esse vírus de merda. Então talvez, com a volta dos shows tudo possa ser recuperado de uma forma até rápida, com esse fervor de tudo ter voltado, casas de shows lotadas, pessoal comprando material, roadies voltando a trabalhar. Somos uma classe muita trabalhadora, isso afeta muita gente, não é só quem está ali no palco cantando ou tocando. Existe toda uma equipe por trás que faz isso a anos. Então o modo de recuperar tudo isso é voltando com força total as turnês, lançamentos de discos e tudo mais. E digo mais, por mais merda que seja a situação atual, artistas que estão só dormindo em casa e não estão produzindo algo agora, quando voltar, talvez nunca se recupere. Então esse é o momento para todo mundo que depende e vive de música, trabalhar, compor, gravar, fazer contatos em todo mundo. Ficar o mais preparado possível, para quando “abrir a porteira” chegar com os dois pés junto, por que se não, vai ficar pra trás.


Com o passar dos anos o Heavy Metal em si vem passando por mutações, e em muitos casos se modernizando. Porém o som pesado raiz não deixa de estar cada vez mais forte e por mais que tenhamos uma onda moderna, o old school ainda prevalece com muita força. Como você enxerga estes dois momentos distintos?

Acho que tudo muda, em tudo na vida e no mundo existe uma “mutação”, é natural. Algumas coisas aparecem, explodem e ao mesmo tempo somem. Outra existiram a vários anos atrás, morrem e depois voltam. E tem outras que são muito antigas e por mais que se apaguem um pouco ao decorrer de anos, ela sempre está lá. E para mim essa coisa é o Heavy Metal Tradicional. Acho que por mais que o estilo se atualize, tenha essa mutação, vire outra coisa, seja mais experimental, mais agressiva, mais progressiva ou seja lá o que for dentro do Metal, O Metal Tradicional será sempre a base de tudo isso. O cara lá que toca o Brutal Death Metal vai sempre falar que o disco que mudou a vida dele é o Powerslave do Iron Maiden ou o Paranoid do Black Sabbath. Não tem jeito, é a base. No caso do Living Metal nós estamos aqui pra deixar esse Metal “raiz” nunca morrer. Queremos não só fazer o estilo nunca ser esquecido, como também não queremos que nos esqueçam. Então pode acontecer o que for dentro do Metal, pode mudar quantas vezes precisar, não nos importamos com isso. Nós do Living Metal vamos manter a chama do Metal Tradicional da sua forma mais pura viva, até o ultimo dia.

Quais são suas influencias fora do Heavy Metal?

Acho que minhas influencias fora do Heavy Metal são as que ajudaram a formar o Heavy Metal. Escuto muito Country Music, Rock Clássico, Blues…. Até mesmo muito Punk e Rockabilly. Se um dia você aparecer de surpresa em minha casa, é muito provável que me encontrará ouvindo Willie Nelson, John Fogerty , ZZ Top ou Neil Young. Mas claro o Heavy Metal nunca deixa de rolar, Judas Priest é algo que escuto todos os dias da minha vida rs.

 

Para finalizar, nos fale de sua playlist atual do Spotify e deixe para os leitores algumas dicas de bandas nacionais que você recomendaria. Muito obrigado pela atenção e continuem firmes na luta!

As mais tocadas recentemente no meu Spotify:
- A Hard Days Night – The Beatles


- True Metal List – Fuck The Posers (esse é um playlist que eu fiz com o mais puro Heavy Metal, sigam lá)


- Stray Cats – Stray Cats
- This Is Neil Young
- Master Of Reality – Black Sabbath
- Defenders Of The Faith – Judas Priest
- To Mean To Die – Accept
- Abbey Road – The Beatles

Atualmente as bandas nacionais de Metal que eu recomendo é o Torture Squad e o Nervosa.

Eu que agradeço a todos vocês pelo espaço e oportunidade, espero poder voltar para divulgar o nosso primeiro full álbum que em breve vai estar aí nas pistas! Obrigado a todos que nos apoiam, de verdade. HAIL THE TRUE METAL!

 

Links:

https://www.youtube.com/watch?v=BxRZuNK1WV4&ab_channel=LivingMetal-Band

https://www.facebook.com/LivingMetalOfficial

https://www.instagram.com/livingmetal_official/

Um comentário:

Unknown disse...

Baita entrevista. Caraca, respostas curtas e muito boas. Parabéns