8 anos de passaram depois do álbum que marcou o retorno do Carcass, com "Surgical Steel" (2013), e ao contrário de algumas bandas que ficam anos sem lançar algo, e não aproveitam praticamente em nada o tempo para criar algo relevante, Billy Steer e Jeff Walker apresentaram um álbum de excelente qualidade musical, "Torn Arteries"
Além da refinada técnica, qualidade nas composições e excelente produção, o disco traz uma apresentação gráfica curiosa e criativa, com a arte de capa e encartes trazendo um coração formado por vegetais em um fundo branco.
Em cada folha do encarte, podemos acompanhar o coração se deteriorando. Esse tipo de arte é inspirada na técnica japonesa chamada kusôzu. Outra curiosidade é o título do álbum, que é alusão a uma antiga demo da banda nos anos 80.
Musicalmente, "Torn Arteries" traz elementos que remetem a toda a discografia da banda, e mesmo que o refino técnico e melódico seja mais evidente, a brutalidade e agressividade também dão as caras.
Na faixa título e de abertura, por exemplo, "Torn Arteries", temos uma enxurrada de brutalidade e velocidade, entrecortada por passagens com melodia, fazendo a ligação do Carcass mais extremo com o mais técnico.
Aqueles toques de senso de humor também estão aí, como nas nomenclaturas longas de algumas músicas, e na brincadeira com o título de "Eleanor Rigor Mortis", que na parte sonora traz peso descomunal e andamento cadenciado, riff graves e solos de técnica e melodia.
É bom já destacar o trabalho primoroso da gravação, onde podemos ouvir com clareza todos os instrumentos, de modo que é possível perceber minuciosamente os riffs, solos e arranjos, e claro, o trabalho impressionante da bateria de Daniel Wilding.
Difícil ir apontando destaques, mas elegi três favoritas, que creio que expressam bem a capacidade musical e técnica da banda, e "The Devil Rides Out" é, sendo clichê, uma aula de Death Metal Melódico, com variações, seus riffs galopantes, trabalho primoroso nas melodias e solos das guitarras, baixo trovejante e bateria absurdamente técnica, porém veloz e brutal quando necessário.
"Flesh Ripping Sonic Torment Limited", com seus mais de 9 minutos, seria uma peça de "Progressive Death Metal"? Cheia de variações, a faixa transita por momentos de puro peso e brutalidade, contrastando com trechos límpidos e melodiosos, e claro, uma avalanche de riffs.
"Dance of Ixtab (Psychopomp and Circumstance March Number 1)", que foi um dos singles de apresentação, tem peso e "groove", e o trabalho percussivo com trechos que se assemelham a uma marcha marcial.
"Torn Arteries" fica um pouco atrás de seu antecessor, mas não é nenhum demérito, pois a qualidade aqui é muito alta, e o trio, que tem ainda o membro honorário Tom Draper nas guitarras, concebeu mais uma peça de Metal Extremo de refino técnico, com melodia e brutalidade bem dosadas.
Texto: Carlos Garcia
Álbum: "Torn Arteries" 2021
País: Inglaterra
Estilo: Death Metal, Melodic Death Metal
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records
Confira o Álbum no site do selo
Tracklist
2. Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March No. 1 in B)
3. Eleanor Rigor Mortis
4. Under the Scalpel Blade
5. The Devil Rides Out
6. Flesh Ripping Sonic Torment Limited
7. Kelly’s Meat Emporium
8. In God We Trust
9. Wake up and Smell the Carcass / Caveat Emptor
10. The Scythe’s Remorseless Swing
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