quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Cobertura de Show – Michale Graves + Furia Ic. – 03/12/2022 – Carioca Club/SP


Depois de 3 anos da sua última vinda, Michale Graves, ex-vocalista da banda de horror/punk Misfits, retornou (no último sábado, 03/12), ao Carioca Club, em SP, para mais uma perna da sua bem-sucedida turnê American Monster II, que faz referência aos discos “American Psycho” (1997) e “Famous Monsters” (1999) – discos que, até hoje, são verdadeiras obras-primas do Punk Rock e da história dos americanos de Nova Jersei. 

Não é de se surpreender que São Paulo é a principal rota de shows internacionais aqui no Brasil por ter as melhores casas e a maior gama de público do Brasil, porém, justo nesse dia, fomos surpreendidos com 3 shows de grandes bandas: The Exploited (Hangar 110), Lucifer (Fabrique Club) e, claro, Michale Graves. E com contatos com colegas de imprensa, todos eles tiveram ótima média de público, mas foi difícil ter que escolher somente um pra ir. 

Sem muita espera, os paulistanos do Furia Inc. se encarregaram de esquentar os motores com o seu Heavy Metal moderno conforme horário combinado, 17h40. Com bastante rodagem e realizações nos 12 anos de atividade, a banda – liderada pelos irmãos Neto (bateria) e Gustavo Romão (guitarra) – ganhou sangue novo com o novo vocalista, Ber Aghazarm, que tinha na titularidade Victor Cutrale – completa a formação o baixista Fish Nothing. 
Não abalados com, até então, baixa presença de público (que merecia muito mais pelo ótimo trabalho que fazem), o quarteto surpreendeu todos com músicas dos dois últimos álbuns, que começou o show com a intrínseca “The Endless Void” e da Thrash/Death Metal, “Crash”, do ‘debut’ álbum “Murder Nature”.

Felizes por estar abrindo para o Michale Graves, logo mandaram o novo single Reborn (até então única faixa que tem Aghazarm nos vocais) para evidenciar o novo momento da banda. Já que a noite seria de muito Punk Rock, a banda mandou um medley matador de clássicos do gênero que levantou o astral de todos com “American Jesus” (Bad Religion), “God Save The Queen” (Sex Pistols) e “Poison Heart” (Ramones), que teve a participação do guitarrista do Laboratori, Rogerio Wecko. 

O restante do set abrangeu mais momentos da curta discografia da banda, trazendo ainda mais ardência com as pesadas “Pitchblack Downfall” e “The Cage”, donas de riffs grudentos de pura impetuosidade. A última citada teve um apagão sonoro no seu decorrer, mas que não demorou para restabelecer tudo e retomar de onde parou. “Light The Fire” (outra que possui riffs fortes) e a derradeira “Slaves to the Blood” carregou a vitalidade de todos para o que viria a seguir.

Este foi meu terceiro show do Furia Inc. e, mais uma vez, tenho que tirar o chapéu para esses caras, pois ao vivo eles sempre entregam uma apresentação animalesca.

A banda acertou na escolha de Aghazarm, que a todo momento mostrou energia e forte interação com o público, além de possuir (olhando de longe) uma certa semelhança com Björn Strid (vocalista do Soilwork, The Night Flight Orchestra). Sem querer puxar saco, não posso deixar de elogiar a linda camiseta do time que o Neto Romão estava usando. Quem me conhece vai saber do que estou falando... 

Previsto para as 19hrs, a entrada do Michale Graves ocasionou um atraso de quase uma hora. O acontecimento de 2019, que não vale a pena ficar relembrando, pairou na cabeça de muita gente nessa hora... Pra amenizar a espera e a ansiedade, o grande DJ das noites paulistanas, Edu Rox (Lokaos Rock Show, Skulls Talk Show), embalou a festa com grandes hits do Punk, Heavy Metal e até do Hard Rock, indo de Turbonegro, The Stooges e Dead Kennedys à Pantera, Hatebreed e Guns N’ Roses (que novidade da parte dele, não é mesmo?). 

A Hora da Festa do Horror Punk

Cortinas abertas, Justin Parks (guitarra), Ricardo “Ritchie” Vazquez (baixo) e Tito Rojas (bateria) logo executaram as primeiras notas da medonha intro, Abominable Dr. Phibes, para que o dono da festa – trajado de uma camisa de força e estilizado com sua amedrontante maquiagem – entrasse em cena para que a roda descomunal e o caos sonoro estabelecessem a noite com uma trinca pra lá de infernal com “American Psycho”, “Speak Of The Devil” e “Walk Among Us”. 


Nesse primeiro ato, com “American Psycho” tocado na integra, mostrou o quão brutal as músicas desta pérola se portam ao vivo. O vigor e o alento emanado das músicas (substantivos que se alastraram ainda mais em “The Hunger”) também culminaram na fauce do público, que não parava de cantar um segundo a cada música que vinha, principalmente aquelas que tem o tradicional ‘oh, oh, oh’. “Dig Up Her Bones”, maior sucesso da carreira da banda, é a melhor definição e clareza desse argumento.


Outro ponto forte da apresentação são os notáveis ‘stage diving’ e a ida dos fãs ao palco para poder tentar cumprimentar, dar um abraço e até mesmo tirar uma rápida foto com o Graves tendo os seguranças sempre por perto para que nenhum imprevisto acontecesse com o vocalista. Afinal, toda segurança é importante nessa hora – momentos esses que foram bem representados em “Resurrection” e “This Island Earth”. 


Que o carisma do Graves é de uma tremenda castiça todo mundo sabe, mas ele também gosta de contar histórias, relembrar de momentos difíceis que passou na vida, vigiar as maldades que andam acontecendo no mundo e de sempre estar caindo e se levantando (que nem acontece nos ‘moshs’) para não desistir e seguir em frente. O mais engraçado foi ele permitindo os seguranças a encher o tanque dos que estavam comprimidos no palco com diversos tipos de bebida.


Muitas garotas também estavam espremidas na frente do palco. Preocupado ele quis saber se todas estavam bem, oferecendo água e entre outras coisas; e quem estava acompanhada de um cara, namorado ou marido, pediu para cuidar bem delas igual ele cuida da Lindsey, que deve ser namorada ou esposa dele. Esse carinho pelas meninas foi mostrado em “Day Of The Dead”, onde ele fez questão de estar abraçado com uma garota na parte final e mais climática da música. 


O arrepiante ‘oh, oh, oh’ tomou conta novamente quando chegou a vez de “The Hauting”, que daí em diante, até encerrar o ciclo de “American Psycho” com “Don’t Open ‘Till Doomsday”, a galera (com presença significativa na pista) não se reprimia em vocalizar cada verso e de estar envolta na temida roda, que cada vez mais se alargava conforme ia passando o show.
Acho que se estivesse na pista, até arriscaria em adentrar nela, porém acabei assistindo ao show no camarote e o meu físico não está em dia para eu cometer esse risco. Quem sabem numa próxima... 


Era chegada a hora de despojar as pérolas contidas em “Famous Monster”. O calor, que já foi estrondoso no set anterior, fervilhou quando começou a sequência com as emblemáticas “Kong at the Gates”, “Forbidden Zero”, “Lost in Space” e “Dust To Dust”. O agito e a recepção dela foi tão surpreendente que parecia que o show estava só começando.

Assim como foi no primeiro ato, Graves não deixava de interagir e conversar com todo mundo. Não muito contente de assumir todo seu poder sozinho, ele fez questão de compartilhar sua força com todos antes de tanger a vibrante “Scream”, que proporcionou o momento mais lindo (como ele mesmo disse) e emocionante da noite ao ver todos antecipando o começo dela com o costumeiro ‘oh, oh, oh’. 


O amor pairou no ar quando chegou a vez de “Saturday Night”, e segundo fontes, vários casais começaram a namorar ao som dessa música. Não restam dúvidas que alguns deles estavam no show para testemunhar isso. A pancadaria logo voltou à tona com “Pumpkin Head” até “Helena” – essa última encerrando a noite de forma apoteótica. O show, que bateu 2h30, e teve que ser encerrado meio que as predsas para não atrasar a programação normal do Carioca Club, tanto que o Graves saiu sem se despedir de todo mundo.

Indescritível em poder apreciar todos esses clássicos, que com certeza não só eu (como outras pessoas) fizeram a escolha certa em estar presentes neste verdadeiro caos enquanto outros shows estavam acontecendo ao mesmo tempo. Mesmo quem não é muito familiarizado com as músicas do Misfits, vale a pena a experiência de sentir a energia matadora que Michael Graves coloca nos seus shows. 

Texto: Gabriel Arruda | Instagram @gabrielarruda07

Edição/Revisão: Carlos Garcia | Instagram @cacogarciaroadtometal 

Fotos: André Tedim | Instagram @andretedimphotography

Produção: Dark Dimensions

Assessoria de Imprensa: JZ Press 

Agradecimentos: Johnny Z (Metal na Lata, por ceder as fotos) e Luana Beco (Lu Beco Artes, pelas traduções) 

Furia Inc. 


Raw / The Endless Void

Crash

Reborn

American Jesus (Bad Relegion) / God Save The Queen (Sex Pistols) / Poison Heart (Ramones)

Pitchblack Fall

The Cage 

Light The Fire

Slaves To The Blood



Michale Graves


American Psycho

Abominable Dr. Phibes (instrumental)
American Psycho
Speak of the Devil
Walk Among Us
The Hunger
From Hell They Came
Dig Up Her Bones
Blacklight
Resurrection
This Island Earth
Crimson Ghost
Day of the Dead
The Haunting
Mars Attacks
Hate The Living, Love The Dead
Shining
Don’t Open ‘Til Doomsday
Hell Night


Famous Monster

Kong at the Gates (instrumental)
The Forbidden Zone
Lost in Space
Dust to Dust
Crawling Eye
Witch Hunt
Scream!
Saturday Night
Pumpkin Head
Scarecrow Man
Die Monster Die
Living Hell
Descending Angel
Them!
Fiend Club
Hunting Humans
Helena
Kong Unleashed (instrumental)

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