A vinda do Def Leppard e do Mötley Crüe pela américa latina e, claro, aqui no Brasil, era projetada logo que eles finalizaram a The Stadium Tour, ano passado, junto com o Poison e a Joan Jett & The Blackhearts. Sem a presença dos dois últimos, Leppard e o Crüe presentearam o público latino depois de anos de espera seguindo praticamente com o mesmo formato da turnê passada, só que com outro nome, The World Tour, que teve o penúltimo giro pelo continente no último dia 7 (terça feira), no Allianz Parque, em São Paulo. Além deles, teve Edu Falaschi como convidado especial.
Vindo de uma bem-sucedida turnê do seu primeiro álbum solo,
Vera Cruz, que foi encerrada no dia 21 de janeiro com show no Tokio Marine Hall
ao lado da Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, Falaschi e sua banda teve
uma ótima recepção de todos que conseguiram chegar a tempo para poder assisti-los,
tendo até que bastante gente nos setores de pista, porém alguns só conseguiram
pegar os momentos finais por conta do horário de pico e do trânsito caótico que
a cidade enfrentou durante a hora do show.
Com um set curto, a banda, que ainda conta com o tecladista
Fabio Laguna, guitarristas Roberto Barros e Diogo Mafra, baixista Raphael
Dafras, baterista Jean Gardinalli e os vocais de apoio do Fabio Caldeira
(Maestrik) e de Raissa Campos, subiu ao palco, às 18h15, para mandar logo dois
clássicos da fase do Edu no Angra: Acid Rain e Heroes of Sand. Do Vera Cruz só
deram espaço para a Speed Fire With Fire. A balada Bleeding Heart teve destaque especial
com o público iluminando o estádio com as luzes dos celulares a pedido do
vocalista. O fim venho com Nova Era, outra do aclamado álbum Rebirth (2001).
Apesar de ser um estilo totalmente diferente das atrações principais, o público curtiu o que viu e agitou bastante, o que deixou Edu e os demais da banda felizes. Para Edu, que venho do berço do Hard Rock, teve um significado especial. Durante os primeiros momentos, ele falou ser muito fã das duas bandas, principalmente o Def Leppard, a qual cresceu e passou toda a adolescência ouvindo eles nos anos oitenta. Com certeza deve ter sido uma realização e tanto.
Sem brechas para se locomover, a pista – que foi reduzida
para estender o palco mais a frente – estava tomada de gente com camisetas do
Mötley. Após Requiem in D minor, K. 626, do Mozart, às 19h30, uma espécie de
telejornal sobre o show, intitulado MCNN (alusão ao canal CNN), apresentado por
Tom Frank, era exibido nos telões antes do Vince Neil, Nixx Sixx, Tommy Lee e
John 5, junto das Nasty Habits, arrebatar todo mundo com a trinca de Wild Side,
Shout at the Devil e Too Fast for Love com um ótimo som vindo dos PAs e dos timbres
matadores dos músicos.
O repertorio, usando as palavras do Vince, abrangeu somente
os clássicos – não foram incluídas às músicas do homônimo disco (com John
Corabi nos vocais) Generation Swine e do fraco New Tatto. Falando do Vince, que
anos atrás sofreu críticas a respeito da sua condição vocal, melhorou um pouco desde
que a banda anunciou o retorno em 2019, mas ainda assim longe da sua condição
ideal, dependendo ainda de bases pré-gravadas para que tudo saia ok.
Depois de ter dito algumas palavrinhas, Vince pegou o violão para dar andamento com a balada Don’t Go Away Mad (Just Go Away), do álbum do Dr. Feelgood (1989), seguida da pesada Saints Of Los Angeles – faixa título do último e pouco lembrado álbum de estúdio – e temas mais antigos como a rápida Live Wire e a agitada Look That Kill, que estão presentes nos dois primeiros discos, Too Fast for Love (1981) e Shout at the Devil (1982).
Também sobrou espaço para a nova The Dirt (Est. 1981),
presente na trilha sonora do filme de mesmo nome, mas sob os artifícios de
samplers e da voz pré-gravada de Machine Gun Kelly, que fez participação tanto
na faixa quanto no filme interpretando Tommy Lee. Independente de tudo, a
música ficou muito legal sendo executada ao vivo.
Carregando a bandeira do Brasil, Nikki, sempre muito
simpático, foi até a ponta da passarela para dar a sua saudação. Em meio a esse
momento de interação, o baixista chamou uma garota para subir ao palco, que
acabou ganhando um bonequinho e uma selfie com o líder da banda. Após isso foi
a vez de John 5 roubar a cena para mostrar suas habilidades na guitarra com
direito a palinha de Eruption, do Van Halen. John, que durante essa turnê, vem
mostrando ser a pessoal ideal para ocupar a ausência do icônico Mick Mars, que no
final do ano passado anunciou a aposentadoria dos palcos por conta da
espondilite anquilosante, doença que vem enfrentando durante anos. O engraçado foi ele ter pego uma peça intima que uma fã jogou no palco e colocou no
pedestal que vinha do alto com crucifixos que se ascendiam e mudava de cor.
Medley de covers com Rock and Roll Part 2 (Gary Glitter),
Smokin’ in the Boys Room (Brownsville Station), Helter Skelter (Beatles),
Anarchy in the U.K. (Sex Pistols) e Blitzkrieg Bop (Ramones) foi o último
momento de êxtase antes de executar Home Sweet Home. Introduzido por Tommy Lee,
que também saudou o público enquanto a equipe ajeitava o piano no centro da
passarela. Sem perder o bom humor, ele brincou com as garotas pedindo para que mostrassem
as suas “titas”, ou melhor dizendo, tetas. E não é preciso detalhar o quanto
foi emocionante ver essa balada – uma das melhores da história – sendo
executada ao vivo do começo ao fim.
Dr. Feelgood e Same OI’ Situation (S.O.S.), outros dois
grandes sucessos da carreira, fez com que a poeira levantasse novamente após o
momento de calmaria. Girls, Girls, Girls contou com a presença de dois gigantes
e infláveis mulheres robôs nas laterais do palco e da performance das cantoras
e dançarinas Hannah Sutton e Ariana Rosado, que compõem o chamado Nasty Habits.
Primal Scream, com uma performance impecável de Sixx, e a
energética Kickstart My Heart puseram ponto final na melhor (e inesquecível) apresentação
que o Crüe fez em território brasileiro. A banda, que já teve duas passagens
aqui no Brasil no extinto Credicard Hall (e hoje Vibra SP), em 2011, e no Rock
In Rio, em 2015, tiveram, sem dúvida, a melhor experiência comparado aos shows
que fizeram no passado. Que as atividades da banda perdurem por um longo tempo
para que eles voltem novamente...
Nunca imaginei que algumas pessoas fossem embora após o show do Mötley Crüe, a confirmação disso foi percebida assim que senti uma certa liberdade na pista premium e de amigos que estiveram no show. Quem se ausentou perdeu um baita show dos ingleses do Def Leppard, outro grande ícone do Hard Rock que sabe como ninguém em fazer shows em grandes arenas e estádios.
Joe Elliot (vocal), Phil Collen e Vivian Campbell
(guitarras), Rick Savage (baixo) e Rick Allen (bateria) logo aparecem no palco,
às 21h20, assim que o relógio exibido no telão terminou a contagem de seis
minutos com Take What You Want, faixa que abre o mais recente trabalho de
estúdio, Diamond Star Halos (2022), que não empolgou muita gente. O ânimo só
venho na música seguinte, Let’s Get Rocked, e das clássicas Animal, Foolin’ e
Armageddon It, que até hoje são músicas que polui qualquer playlist e hard
party’s no planeta.
Se Take What You Want não despertou muito impulso, Kick,
outra do Diamond Star Halos, não foi diferente, que antes de executa-la, Elliot
– que hoje está mais para sósia do Billy do Jogos Mortais – relembrou que as
músicas do último disco foram compostas durante a fase de pandemia. Dependendo
também de bases pré-gravadas, ele se saiu bem no show em São Paulo e nos
anteriores depois do susto do último dia 24 de fevereiro (NT.: Elliot precisou
ser internado um dia antes do show em Bogotá-COL).
Love Bites, que virou sucesso aqui no Brasil graças a releitura do Yahoo, atacou os casais apaixonados e solitários, como eu, de dar aquela cafungada de quem estava perto de uma gata. Promisses, do álbum Euphoria (1999), completou a primeira metade do set para que Elliot, Collen, Campbell e Savage pudessem ir à frente da passarela e instalar a calmaria com as acústicas This Guitar e When Love and Hate Collide.
A intensidade voltou de forma rápida com Rocket, mas a serenidade
voltou novamente para dar seu penúltimo respiro com a balada Brigin’ On the
Heartbreak. Phil Collen – que nunca deixa de mostrar sua forma física mesmo com
graus abaixo de zero – e Vivian Campbell esbanjaram toda técnica que tem na
guitarra com a instrumental Switch 625, seguida de um rápido solo do guerreiro
Rick Allen.
Quem já teve oportunidade de ver o Leppard ao vivo sabe muito bem que boa parte do set só tem músicas do Hysteria (1987), disco que fez elevar o patamar da banda e alcançar o merecido sucesso mundial, e os minutos finais foram dedicados a três músicas desse álbum: a climática faixa título – com direito a ‘Oh, Oh, Oh’ no final –, a emblemática Pour Some Sugar on Me e Rock of Ages, encerrando com Photograph, outra que é indispensável do set da banda, do álbum Pyromania (1983).
O público nunca foi ingente nas poucas vezes que o Leppard e o Crüe estiveram aqui no Brasil, exceto quando tocaram no Rock In Rio. Mas isso tem explicação: ambas as bandas tiveram pouca divulgação em um país onde o Hard Rock é pouco valorizado, apesar ter dado uma crescida nos últimos tempos, mas ainda assim é pouco. Os que estiveram presentes, que pagaram caro o ingresso, e enfrentou o cansaço no dia atípico para shows, foram recompensados com dois espetáculos de dois grandes nomes do gênero.
Deixo meus parabéns para a Live Nation, responsável por ter
trazido a turnê aqui para o Brasil apesar de todas as dificuldades, e pela
organização do evento como um todo, que não teve nenhum imprevisto e atraso.
Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Leandro Almeida Renato Sanson
Edição/Revisão: Renato Sanson
Produção: Live
Nation
Assessoria de Imprensa:
Motisuki PR
Edu Falaschi
Acid
Rain
Heroes
of Sand
Fire
With Fire
Bleeding
Heart
Nova
Era
Mötley Crüe
Wild
Side
Shout
at the Devil
Too
Fast for Love
Don’t
Go Away Mad (Just Go Away)
Saints
of Los Angeles
Live
Wire
Looks
That Kill
The
Dirt (Est. 1981)
Rock
and Roll, Part 2 / Smokin’ in the Boys Room / Helter Skelter / Anarchy in the
U.K. / Blitzkrieg Bop
Home
Sweet Home
Dr.
Feelgood
Same
OI’ Situation (S.O.S.)
Girls,
Girls, Girls
Primal
Scream
Kickstart
My Heart
Def Leppard
Take
What You Want
Let’s
Get Rocked
Animal
Foolin’
Armageddon
It
Kick
Love
Bites
Promises
This
Guitar
When
Love and Hate Collide
Rocket
Bringin’
On the Heartbreak
Switch
625
Hysteria
Pour
Some Sugar on Me
Rock
of Ages
Photograph
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