Mais do que qualquer outra cena, um dos grandes valores da cultura do hardcore é sem dúvidas a união. Mesmo com as rixas, brigas, desentendimentos e “panelinhas” que aparecem em qualquer grupo de pessoas, não só na música, a irmandade do HC transcende toda e qualquer fronteira, inclusive as internacionais. Este foi o caso do Lionheart e do Sujeira, que apesar de estarem em continentes, saíram da jaula e lançaram “Out of the Cage”, colaboração de peso em outubro do ano passado.
Para começo de conversa, quem são o Lionheart? Na ativa pela cena de Oakland desde 2004, eles têm conquistado uma legião de fãs pelo mundo, excursionando extensivamente a Europa e América do Norte, mostrando porque são um dos pilares da nova escola do hardcore.
Fazem um hardcore brutal mesmo, recheado de groove e com riffs que beiram o thrash metal; aquele som para sair na mão até com a pia da cozinha. A turnê que os traz para a América do Sul é a de Welcome to the West Coast III, marco da carreira da banda, não só por encerrar a trilogia que fala sobre seu estilo de vida, mas também por contar com participações de nomes como Jamey Jasta (Hatebreed) e Ice-T (Body Count).
Inclusive, a vinda dos californianos estava marcada para dezembro, mas adiaram por conta de um convite de turnê com o Body Count.
Tá, mas e o Sujera? Surgindo há alguns anos nas profundezas da zona leste de São Paulo, eles têm se tornado um dos nomes mais importantes da cena underground nos últimos anos, apresentando uma fusão eletrizante do hardcore com o rap, capturando a essência real da cultura de rua paulistana.
Conseguimos um depoimento exclusivo de Marcel Serra, vocalista do Sujera, que nos contou um pouco de sua história com a banda e também cedeu detalhes sobre o processo de ter gravado “Out of the Cage”.
“A história começou quando o Sujera me chamou para fazer um feat, que depois virou um convite para fazer parte da banda, no lançamento da ‘Pátria Armada Hostil’.
Quando a gente gravou o som, o clipe, foi lançado, postado um corte do clipe nas redes, e um dos takes do clipe coincidiu de ficar parecido com um trecho de um clipe do Lionheart. Um cara que segue a banda e curte a Lionheart viu isso e comentou, ‘caramba, lembra o clipe da ‘Hail Mary’’.
Ao invés de escrever Lionheart, ele marcou o @ da banda, e quem cuida das redes provavelmente é o Rob, vocalista, e calhou de na hora do cara fazer a marcação, o cara que cuida das redes está online.
Na hora, curtiram o comentário, comentaram também na postagem, a gente ficou de cara na hora. Na sequência, acho que pegaram para ouvir e mandaram no nosso inbox uma foto do console do carro escutando nossas músicas - ‘jamming Sujera in the car’. Aí beleza, curtimos, agradecemos, e passou.
Tempos depois, fomos fazer um ensaio no estúdio do All Noise, do Wecko (Laboratori). Ele é um ícone do cenário underground, muita coisa que foi gravada, que foi criada, que foi feita, foi no estúdio dele. Fomos ensaiar lá, na época que o Fernandão (Fernando Schaefer) estava ficando com ele por lá, e quando chegamos para ensaiar, ele falou: ‘pô mano, vocês que são o Sujera? Estão fazendo um barulho por aí!
Eu não conhecia o trampo de você e você não sabe quem veio me falar de vocês!’ A gente imaginou que fosse alguém do cenário nacional, e ele falou ‘foi o Rob Watson, vocal do Lionheart! Ele veio me perguntar se conhecia vocês, tão voando e tal!’ Nesse dia até começamos uma amizade com o Fernandão, ele entrou lá, gravou uns vídeos.
Fomos gravar o clipe da ‘Sinuca de Bico’, que tem participação do Chili, vocalista da Laboratori, que é a banda do Wecko, e nesse dia, o Thiago, batera, estava com uma camisa do Lionheart. Não lembro se tirei uma foto ou fiz um story, mas marquei o Lionheart, de ousadia mesmo.
Os caras responderam e tal, começamos a trocar uma ideia, Fernandão estava lá também. Aí falei para irmos com o ‘all-in’, colocar todas as fichas na mesa e perguntar se ele toparia fazer um feat. Eles toparam na hora, foram super solícitos, de uma humildade, gentileza que a gente não imaginava.
Aí começou uma saga, eles estavam finalizando uma tour, iam entrar em estúdio para gravar CD - que seria o ‘Welcome to the West Coast III’ - eles estavam bem ocupados, então tentaram encaixar. Depois de lançar, saíram em turnê, foram para a Europa. Em resumo, para esse trampo acontecer, música e videoclipe, foram praticamente dois anos.
A gente ficava falando ‘pô, vocês precisam vir para o Brasil, vocês têm uma fanbase foda aqui, uma galera que curte demais o trampo de vocês, aí a gente foi, foi, foi trocando ideia, falamos com o Bruno Genaro (Feijão) que é o ponta de lança da New Direction, ele fez contato com os caras e aconteceu!”
Texto: Daniel Agapito
Foto: Divulgação
SERVIÇO
Lionheart em São Paulo
Data: 28 de fevereiro de 2025
Horário: 19h (portas)
Local: CityLights SP
Endereço: Rua Padre Garcia Velho, 61, São Paulo
Ingressos no 3º lote: Meia/Solidária: R$ 160,00 | Inteira: R$ 320,00
Venda online: https://fastix.com.br/events/lionheart-eua-em-sao-paulo
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