Por: Renato Sanson
Fotos: Ze Carlos de Andrade
Doze anos se passaram desde a última vinda do Metallica a Porto Alegre. Falar dos americanos e de toda sua importância para a música em si, já é manjado e cansativo. São 40 anos de estrada e uma história de altos e baixos, mas sempre regada de muito sucesso e exposição.
Pois bem, no dia 05/05/22 tivemos a terceira passagem do quarteto do apocalipse pela capital gaúcha (a primeira foi em 1999 no Jóquei Clube). Inicialmente marcado para o show acontecer na Arena do Grêmio, mas logo em seguida alterado para o Estacionamento da Fiergs. O que gerou um grande descontentamento entre os fãs, já que o local em si já é famoso por sua estrutura duvidosa e localidade de difícil acesso.
Em termos de estrutura fica aqui meus questionamentos a produtora, que mesmo sabendo que receberia um público em torno de 40 mil pessoas se demonstrou despreparada mais uma vez. Já que, as filas para banheiro e alimentação eram quilométricas sem contar o espaço destinado as pessoas com deficiência (PCD), que de fato não suportava a quantidade de pessoas no local. Muitos acabaram ficando fora, pois não tinha mais espaço em uma estrutura falha e precária, e claro, em uma posição no mínimo horrível para se poder assistir ao show adequadamente. Lembrando, que tirando eu naquele espaço que sou Imprensa, os demais eram pagantes, e muitos ali pagaram a “bagatela” de muito e muitos reais. Para um local sem o mínimo de suporte.
Indo para o show em si, passado um pouco das 21h começa nos PA’s a clássica “It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock 'n' Roll)” do AC/DC abrindo portas para uma das introduções mais incríveis do Heavy Metal, “The Ecstasy of Gold” do gênio Ennio Morricone com os telões apresentando o clima ideal e nostálgico para a abertura com a poderosa “Whiplash” do Debut “Kill ‘Em All” (83). Levando o público sedento por shows a loucura e fazendo a alegria dos bangers da velha guarda. Que ainda foram brindados com “Ride the Lightining” do clássico homônimo de 84 (que em minha opinião poderia ser trocada por qualquer outra do mesmo disco, pois ao vivo não funciona), abrindo alas para a pesada e indigesta “Harvester of Sorrow”.
Pode-se dizer que a banda não se encontra em sua melhor forma e entrosamento, pois ficou nítido que só “engrenaram” a partir de “Seek & Destroy” e com aquele “q” de estranheza, pois quem é fã de Metallica principalmente os fãs mais antigos, devem ter estranhado o modo como um de seus maiores clássicos foi apresentado ao público, com uma interação tímida de James como se fosse só mais um som e um show protocolar de sua extensa turnê.
Poderia ficar horas discorrendo a minha tristeza em ver o Lars em tão baixa performance (há anos é fato) e também nenhum pouco preocupado se estava errando ou no tempo, ficando claro em “No Remorse” e “One” o tamanho do seu desleixo como baterista.
A falta de potência no som também é um dos pontos a se ressaltar, pois pelo menos de onde eu estava não ouvi em nada o baixo de Trujillo, a não ser em “For Whom the Bell Tolls”, mas por que será?
A pirotecnia, show de luzes e lasers estavam realmente incríveis, deixando tudo mais teatral e grandioso, assim como a estrutura de palco e seus telões intercalando diversas imagens conforme as músicas apresentadas. O show de fogos em “One” e as labaredas de fogo espalhadas pela Fiergs em “Fuel” foram de cair o queixo.
Mas o que não foi de cair o queixo foi a apresentação do quarteto. Que soou protocolar. Assim como o próprio carisma de Kirk Hammett, que apenas solava sem muita expressão.
Mas tivemos duas gratas surpresas nesta noite: “Welcome Home (Sanitarium)” (Master of Puppets” 86) e “Blackened (“..And Justice for All” 88).
Para o bis as já manjadas “Nothing Else Matters” (que acabou ganhando um sentido muito especial para a minha pessoa depois desta noite) e “Enter Sandman” levando o público a êxtase total com sua chuva de fogos de artifício.
BANDAS DE ABERTURA:
Para aquecer o público tivemos a
banda nacional Ego Kill Talent e a americana Greta Van Fleet. Que fizeram bons
shows em suas propostas, mas que não chegaram a tirar grandes energias dos
presentes, mas mostraram vontade e empolgação de estarem diante de uma plateia
gigantesca. O que certamente ajudará ainda mais em seus trabalhos e
divulgações.
Ainda que protocolar e com certa
falta de energia em palco, o Metallica entregou o que poderiam, mas é aquela
história: temos que saber a hora de parar. E penso que o Metallica já deveria
ter dado um “tempo” dos shows.
Saber a hora de parar é essencial e indo nessa leva, pode ser que esse seja a última cobertura desse que vós escreveis.
Setlist:
It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock
'n' Roll) (AC/DC song)
The Ecstasy of Gold (Ennio Morricone song)
Whiplash
Ride the Lightning
Harvester of Sorrow
Seek & Destroy
No Remorse
One
Sad but True
Moth Into Flame
The Unforgiven
For Whom the Bell Tolls
Fuel
Welcome Home (Sanitarium)
Master of Puppets
Encore:
Blackened
Nothing Else Matters
Enter Sandman
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