sábado, 29 de outubro de 2022

Nervosa: “A Nervosa é uma banda de Thrash!”

Entrevista por: Renato Sanson

Fotos: Uillian Vargas




É clichê eu sei, mas sabemos que manter uma banda no Brasil não é fácil ainda mais quando a formação já solidificada com os fãs muda drasticamente. Com a Nervosa esse cenário não foi diferente e Prika Amaral se viu em um momento de reformular e fazer nascer das cinzas uma nova Nervosa.

Mostrando muita resiliência e foco no objetivo, em 2021 a nova Nervosa de Prika nos brinda com “Perpetual Chaos”, mostrando sua força e sendo um dos melhores lançamentos daquele ano (o melhor para esse que vós escreves).


No dia 28/10 a Nervosa deu o ponta pé inicial a sua nova turnê nacional (como o show passou da meia noite, foi possível comemorar o aniversário da Prika também!) e Porto Alegre/RS foi agraciada com o primeiro e trazendo de novo à tona toda a resiliência da guitarrista, pois, a banda passou por mais um momento de trocas em sua formação, mas isso não é um problema para Prika!

Tivemos o privilégio de conversar com a guitarrista antes do show em POA e você confere esse incrível bate-papo nas linhas a seguir! Divirta-se e compartilhe! 


Então Prika, queria que você falasse do “Perpetual Chaos” e as mudanças que tiveram na Nervosa nesse meio tempo.

Bom, eu fui pega de surpresa no meio da pandemia e tive que remontar a banda! Sigo muitas meninas no Instagram sempre admiro todas as meninas na verdade que são musicistas, e aí quando aconteceu a separação fui no meu Instagram para fazer uma lista de meninas que mais se encaixavam na ideia da Nervosa, no que a Nervosa é em todos esses anos. 

Então cheguei nos nomes da Diva, Mia e Eleni. A Nanu estava no topo da minha lista junto com a Eleni, só que a Nanu morava na Argentina e como a banda já estava se formando na Europa eu acabei “descartando” ela por localização, porque ia ser impossível fazer uma banda com alguém que mora em outro continente tão longe e os custos seriam muito altos. 

Não ia funcionar a banda. Mas agora que a Eleni saiu por problemas de saúde a Nanu está se mudando para a Europa, a família dela já mora em Portugal é perfeito! Estou feliz (risos) porque a banda volta a ser um pouco mais latina, mais sul americana e gosto do resultado! Mas foi muito legal trabalhar com a Eleni, infelizmente ela não pode continuar por problemas de saúde mesmo.

Mas foi muito legal trabalhar com as meninas em “Perpetual Chaos” eu tive que estar mais à frente no disco, pois elas eram novas na banda e ainda estavam entendo como as coisas funcionavam e naquela vibe toda de pandemia eu tomei a frente e compus a maior parte das músicas, mas as meninas também participaram e no próximo vai ser mais equilibrado todas vão participar mais e já sabem também como funciona o processo.

Uma coisa que eu gostei em “Perpetual Chaos” é que ele é agressivo, soa mais simples que os lançamentos anteriores, mas mostra uma margem de crescimento muito grande. Tu ouve o álbum e pensa: já estão destruindo agora, imagina os próximos discos! Como foi todo esse processo tu lidando sozinha com tudo isso? Esse era o direcionamento mesmo?

Sim. Muito dos motivos da separação da Nervosa era realmente os gostos que estavam difíceis de combinar. Então assim, eu queria trazer uma Nervosa mais versátil, sabe, e Thrash Metal. A Nervosa é uma banda de Thrash! Eu gosto muito de Death Metal, mas não queria que a Nervosa se transformasse em uma banda de Death Metal. Não foi isso que a gente começou, soa até como uma resistência ali do projeto sabe (risos). 

Acho legal ter mais influências de Death Metal, mas não se tornar totalmente uma banda de Death. Porque eu particularmente não gosto que tudo soe muito igual, então assim, no “Perpetual Chaos” me senti numa liberdade muito grande de fazer aquilo que eu sempre quis dentro da Nervosa. 

Então a gente compôs algumas músicas que tem um pouco mais de Heavy Metal, outra um pouco mais Motörhead, outra totalmente Death Metal, mas a outra é totalmente Thrash, já outra mistura Thrash com Death... Essas variações! Ter variações dentro do disco é uma coisa que eu queira e acho que o resultado final ficou menos linear.

Vocês lançaram o álbum em meio a uma pandemia, que em minha opinião foi o melhor lançamento de 2021. Como foi lidar com isso?

Cara, eu acho que na verdade tudo isso só ajudou a gente. Eu não senti a pandemia no quesito de estar trancada em casa sem fazer nada, porque na verdade eu trabalhei muito durante esse período. Porque a separação da Nervosa aconteceu bem no começo pandêmico. 

Aconteceu a separação e eu já comecei a trabalhar em seguida, porque se eu demorasse muito tempo as pessoas iriam esquecer que a banda existe e perderia força. Já estava na hora também de lançarmos um material novo. Eu estava correndo contra o tempo e fazendo a distância e tudo pela internet, já que estava todo mundo parado em casa e com tempo. 

Então fomos usando todos os minutos disponíveis e colocamos todo o nosso foco nisso e foi uma experiência completamente diferente, porque em uma situação normal é totalmente o oposto, temos turnês, nossa rotina e dessa vez estávamos sem fazer nada, fazendo apenas isso e por isso também conseguimos terminar o álbum em tão pouco tempo, pois estava todo mundo focado nisso. 


"Muito legal poder voltar as origens, construir tudo de novo...ter a oportunidade de escrever a jornada da Nervosa do zero...como se fosse 'resetando' "

Então eu não senti muito a ociosidade da pandemia. Porque muita gente ficou depressiva, pois não se podia fazer nada. Claro que eu fiquei mal por tudo que estava acontecendo, uma situação horrível. Quem não ficou mal é psicopata e não tem sentimentos. 

Eu digo que não senti nada referente a ociosidade, a depressão por estar ocioso, por não poder encontrar as pessoas e na verdade a gente encontra todo mundo o tempo todo por estar na estrada... Acabou sendo um momento para descansar ao mesmo tempo e de trabalhar de uma outra forma. 

Foi bastante desafiador! Eu procurei não pensar muito em outras coisas e me focar no que eu tinha para fazer, era um desafio muito grande. Estávamos totalmente concentradas. Lançar o “Perpetual...” durante a pandemia também nos ajudou muito, porque estava todo mundo em casa e na internet. 

A divulgação foi muito boa, lançamos em janeiro, mês que as bandas não lançam muitas coisas tivemos uma atenção muito boa, a galera escutou, foi muito bem aceito e a banda cresceu muito por causa de tudo isso, desde a mudança de formação, da volta as raízes do começo da Nervosa e o “Perpetual Chaos” expressa muito bem essa volta. 

Claro que lá no começo tínhamos menos habilidades profissionais, mas fomos pegando mais experiência e faz parte da história e é muito legal poder voltar as origens, construir tudo de novo e ter a oportunidade de escrever a jornada da Nervosa do zero. Não digo do zero, você entendeu né, como se fosse resetando.

E essa pequena mudança de formação que ocorreu agora para dar continuidade a turnê? Como foram os ensaios? Porque foi muito em cima né. Como ficou essa questão de ensaiar todo um set novo com duas novas integrantes em cima da hora?

Na verdade, a gente não ensaiou porque não teve como ensaiar. São meninas muito profissionais e tocam muito bem! Elas treinaram muito na casa delas e a gente chegou a fazer um, dois ensaios no máximo. 

De resto não teve ensaio, foi cada uma fazendo a sua parte e chegamos e tocamos. O bom é que eu e a Diva já estávamos num ritmo. A Nanu antes dessa tour fez uma tour na Europa com a Nervosa, foi uma turnê curta de 10 shows, mas já foi uma experiência para ela se ajustar e chegar na América Latina 100% e ela é uma baterista incrível! Ela já chegou para fazer o primeiro show com a gente já sabendo tocar tudo perfeitamente. Tudo que a Eleni tocava ela tocava. 

A Eleni tem a técnica nos bumbos de girar os pés para deixá-los mais rápido e a Nanu também tem essa técnica, elas tocam o blast beats com facilidade e super bem. Ela tocou todos os detalhes que a Eleni tocava, porque a Eleni é muito criativa, coloca muitos detalhes, groove e não é só uma coisa reta.... A Nanu tem tudo isso também e gosta muito de música brasileira então ela já tem um groove no sangue dela. 


"A banda cresceu muito por causa de tudo isso, desde a mudança de formação, da volta às raízes."

Trocas são coisas que acontecem na vida, nada é para sempre. A gente se apoia muito! A Mia não pode vir por problemas familiares, a gente apoia ela e são coisas que acontecem e não tem o que fazer. A Eleni por exemplo tem um problema de saúde sério e ela realmente não pode acompanhar a Nervosa, porque a Nervosa é uma banda muito ativa fazemos em média 120, 130 shows por ano. 

Passamos mais da metade do ano tocando e as vezes emendamos turnês e se a pessoa tem algum problema de saúde não aguenta, a gente que está com a saúde em dia já é difícil. Então agora a Eleni está numa banda que tem menos atividades, ela é musicista e ama o que faz, então é uma banda que não sai em turnê o ano inteiro fazem no máximo uma turnê de duas semanas.

Já é completamente diferente, pois a Nervosa fez 33 shows na Europa e depois fizemos mais 23 shows nos EUA. Só aí foram 50, 60 shows em sequência. Ela quis sair, a gente apoia, desejamos sorte, continuamos em contato, mas é o que acontece não temos como obrigar alguém a ficar e são coisas que passam.

Para 2023 a Nervosa já está pensando em algum novo lançamento? O que vocês estão planejando com essa nova formação?

Sim, estamos trabalhando em um disco novo desde o ano passado, mas mais devagar já que não tivemos muito tempo, porque tocamos muito esse ano! Fizemos cinco turnês em 2022 contando com essa tour nacional. 

Então tivemos poucos espaços para compor, mas estamos com muitas ideias na estrada e já vamos anotando e se inspirando. 2023 podem esperar o novo álbum da Nervosa!

 

Links:

https://www.facebook.com/nervosa

https://www.instagram.com/nervosathrash/

https://www.youtube.com/channel/UCiw4u85PXdgzmJ27awOo5Tg

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