O Lacuna Coil é uma banda que, ao longo de 10 álbuns, sempre teve o seu som em evolução. Esse constante realinhamento da sua sonoridade divide a carreira dos italianos em três eras distintas: a primeira, uma banda cheia de melancolia, com arranjos lentos e polidos e flertando com o gótico, que culminou no clássico terceiro álbum, Comalies.
Com o Karmacode , o Lacuna Coil modernizou sua música inspirado nas bandas novas (New/Nu Metal) que tomaram de assalto meados dos anos 2000 (Korn, Meshuggah) e deixando um pouco de lado sua personalidade meio Doom/Gótica. Essa fase do meio durou por quase uma década, até o mais sombrio Broken Crown Halo .
Dessa fase atual, com um som mais fresco e energético, chegou ao seu auge com o incrível Black Anima , atingindo o equilíbrio entre o Groove da fase do meio e o peso gótico e melodia de suas origens. O Sleepless Empire logo é uma continuação evolutiva do seu antecessor, mais pesado, com flertes ao passado (eu imaginava essa possibilidade com a gravação do Comalies XX) e se voltando para o futuro da banda.
Todas as 11 músicas do novo álbum funcionam incrivelmente bem juntas, como um conjunto coeso. Recomendo ouvi-lo a primeira vez de cabo a rabo, engrandece a experiência sonora."The Siege" mantém uma tradição da banda, abrindo sempre com uma ótima música, e aqui já podemos perceber um dos destaques das novas composições: o rosnado gutural de Andrea Ferro é denso, feroz, brilha... Ou melhor, amedronta! Quando contrastado com a linda voz melódica de Cristina Scabbia, temos uma receita que é única e perfeita no Metal, é quase sobrenatural.
"Gravity", "Oxygen" e "Scarecrow" são extremamente pesadas, a primeira mais melódica, com uma introdução que é puro Lacuna Coil do Velho Testamento, um dos pontos altos dessa jornada; a segunda é um show de interpretação de Andrea e Cristina, e os riffs são gigantescos. E aqui tem que se destacar o trabalho do Marco Coti Zelati, que assumiu as guitarras além das habituais funções como baixista, compositor e produtor; a terceira é pesada, hipnótica e seus teclados criam uma atmosfera sombria.
Aí temos "I Wish You Were Dead", divertida, animada e... dançante! É Glam Rock, é puro Ghost para mim. E no bom sentido, até porque adoro a banda do Tobias Forge. São menos de três minutos delicioso, e tem um vídeo musical que desde já é um clássico. Ah, as dancinhas, as dancinhas, veremos o que acontece nos shows que irão acontecer no Brasil, começando no dia 15 de março em São Paulo no Carioca Club e passando por Curitiba, Belo Horizonte e Brasília, nos dias 16, 18 e 19 de março respectivamente.
E temos as participações de Randy Blythe, do Lamb Of God, e Ash Costello, do New Years Day, respectivamente em "Hosting The Shadow" e "In The Mean Time", mas são músicas do Lacuna, e a primeira realmente é melhor que a segunda e me dá uma vontade imensa de algum dia vê-los juntos no palco performando essa paulada.
"In Nomine Patris", "Sleepless Empire" e "Sleep Paralysis" são visitas ao passado da banda nos anos 2000, num ótimo album não são as melhores composições, mas novamente, dentro da temática do album, funcionam bem.
E fechando esse novo trabalho temos "Never Dawn", que já havia sido lançada a algum tempo, um belo fechamento.
Sleepless Empire é um passo para o futuro, com um olho no passado. E deixa a banda no lugar exato que precisa estar em 2025. Longa Vida Lacuna Coil.
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