segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Soulfly: Entre o Fogo e o Espírito

Shinigami Records (Nac.) / Nuclear Blast (Imp.)

Por Paula Butter

Enfim a oportunidade de apreciar o novo lançamento do Soufly, banda de longa data, fundada por Max Cavalera, após sua saída do Sepultura. É sempre uma expectativa boa, perceber os elementos característicos da banda, como parte da composição, bem como das letras, sempre muito bem trabalhadas e que refletem muito bem os ardores da humanidade. Max é sempre genial no que faz, talvez por isso o Soufly está na ativa a tanto tempo, sem contar alguns hiatos, claro, mas mesmo assim entrega, faz o dever de casa com maestria. 

Segundo o próprio vocalista, o álbum “Chama” é uma espécie de continuação do conceito apresentado em “Totem” de 2022. Inclusive já na música que dá nome ao álbum pode se perceber uma mistura de peso característico da banda, mas com riffs melódicos, seguindo uma linha mais instrumental do meio para o fim da canção. 

Destacam-se os elementos instrumentais, com solos de guitarras mais ao fundo, e objetos de percussão bem definidos e em destaque, contrastando com o peso dos vocais e o característico som Thrash e Groove Metal da banda. 

Com a finalidade de deixar as dicotomias mais claras dentre as dez faixas, destaco “No Pain = No Power”, quase um grito de guerra, “Favela/Dystopia” e a excelente “Nihilist”, dedicada a Lars Göran Petrov (ex-vocalista do Entombed, que nos deixou em 2021), como sendo as mais poderosas e pesadas do álbum, tanto nas letras quanto na música. Apesar da voz ter ficado um pouco em segundo plano, talvez propositalmente. Mas mesmo assim, dignas de serem cantadas em plenos pulmões ao vivo. 

Por outro lado, destaque para a mistura de ritmos e melodias em “Chama”, o single muito bem escolhido “Storm the Gates” digna do mainstream. Também convém citar os vocais em portugues, muito bem ritmados, na faixa “Always Was, Always Will Be”, esta última minha favorita do álbum. 

Para finalizar, as últimas canções fecham muito bem a obra, dando maior destaque ao instrumental e elementos ritualísticos culturais, com solos melodiosos de guitarra e diversidade de sons. A última canção, propriamente dita, lembra literalmente algo espiritual e complexo, deixando o ouvinte com um silêncio que lembra a noite, e nada mais. Uma obra impossível de ouvir apenas uma vez, e que vai agradar a todos os públicos do Heavy Metal. Para aqueles que não prestavam muita atenção a banda, chegou a hora de acordar!

Jim Louvau


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