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Os pioneiros do NYHC reafirmam sua força em um disco que transpira orgulho, resistência e autenticidade
Por Guilmer Silva
Mais de quarenta anos separam o Agnostic Front de seus primeiros dias nos porões de Nova York. Ainda assim, o espírito que moveu Roger Miret, Vinnie Stigma e companhia desde Victim in Pain (1984) segue intacto em Echoes In Eternity, novo álbum dos criadores do New York Hardcore. Longe de soar nostálgico ou cansado, o disco é um grito de resistência, um tributo à vida nas ruas, à irmandade hardcore e à própria história da banda.
Gravado com produção de Mike Dijan, o álbum captura a essência crua e suada dos primeiros tempos, mas com uma pegada atual e vigorosa. O resultado é um registro que equilibra o peso metálico de Cause for Alarm com a energia punk de United Blood, criando uma ponte entre passado e presente.
O álbum se inicia com “Way of War” abre o campo de batalha com guitarras em marcha militar, bateria seca e o vocal áspero de Miret comandando o ataque. Em menos de dois minutos, a banda prova que ainda sabe incendiar qualquer roda de mosh, em “You Say” mantém o pedal no máximo: punk direto, frenético e cheio de r aiva. O refrão gritado em coro é puro espírito CBGB, agressivo e libertador.
Em “Matter of Life & Death”, o grupo surpreende ao convidar Darryl McDaniels (Run-DMC). O groove é denso e urbano, lembrando o Biohazard dos anos 90. Um hino sobre sobrevivência e lealdade, duas marcas eternas do AF.
Já na faixa “Tears for Everyone” vem com pegada thrash e vocais duplos, evocando o Suicidal Tendencies da fase Lights… Camera… Revolution!, um petardo que mistura peso e caos. O álbum segue com “Divided” traz um inesperado solo de guitarra melódico e quase noventista. A canção fala sobre fragmentação social e pessoal, e o contraste entre melodia e brutalidade reforça essa mensagem.
Uma das faixas mais emocionantes é a “Sunday Matinee”, que é o coração do disco: uma homenagem nostálgica aos lendários shows de domingo no CBGB e Lower East Side. Dijan mantém a sujeira do hardcore viva, mas com produção moderna e vibrante. Enquanto isso a música “Turn Up the Volume” é puro combustível hardcore, lembrando o clássico Cause for Alarm (1986). Um refrão de arena que sintetiza a essência da banda: barulho, união e autenticidade.
O play é encerrado com uma pedrada, na rápida “Art of Silence”, com apenas 40 segundos, é uma explosão punk digna de Dead Kennedys e The Exploited, caos puro, rápido e essencial.
As demais faixas, curtas, diretas e intensas, eguem o mesmo espírito. O disco é todo pautado pelo lema “força e lealdade”, e cada riff soa como um manifesto contra a apatia. Mesmo com cerca de 30 músicas, nenhuma soa desnecessária; cada uma captura uma emoção específica, um desabafo, uma fagulha de vida, uma cicatriz das ruas.
Há quem diga que o Agnostic Front se repete, mas essa é justamente a beleza do hardcore: não se trata de inovação técnica, e sim de honestidade. Echoes In Eternity é um reflexo fiel de uma banda que criou um som próprio e continua defendendo-o com unhas, dentes e coração.
Com "Echoes In Eternity", o Agnostic Front não tenta reinventar a roda, eles a mantêm girando, veloz e furiosa. É um disco que mistura fúria, experiência e paixão de uma forma que poucas bandas com mais de quatro décadas de estrada conseguem.
Cada faixa soa como um chamado à união, um lembrete de que o hardcore ainda pulsa nas ruas, nas cicatrizes e na alma de quem nunca desistiu. O Agnostic Front não apenas sobreviveu, eles ainda lideram o exército.
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| An Maes |


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