Seguindo esse pensamento, podemos citar Diamond Head, Samson, Raven, Tygers of Pan Tang, Angelwitch, e, claro, o Demon. Desde o início, com dois álbuns muito bons e repletos de clássicos, o Demon, além da música, também chamava atenção pelo visual das capas, as performances ao vivo e até o próprio nome, que dava uma ideia de algo místico e sobrenatural. Mas a banda não se restringiu à fórmula desses primeiros anos, sempre acrescentando coisas novas ao seu Hard/Heavy repleto de riffs e refrãos memoráveis.
Mas o certo é que o seu forte, e a preferência dos fãs, é aquela base sonora desses primeiros álbuns, e, agora, ainda em plena divulgação de seu mais recente álbum, "Unbroken", isso se comprova, pois o disco, que está sendo aclamado como um dos melhores lançamentos da banda no últimos 20 anos, traz de volta muitos daqueles elementos, ressaltando também que desde seu retorno em 1998, vem lançando bons álbuns.
Chega de papo e vamos ao que interessa, conversamos com Dave Hill, vocalista e fundador da banda, durante uma pausa entre os compromissos do Demon (inclusive no Sweden Rock), para falar sobre "Unbroken" e um pouco de história!
RtM: Para começar, gostaria que você
comentasse o título e capa do novo álbum, "Unbroken", onde o logotipo
da banda aparece cercado por correntes.
Dave Hill: Simboliza, que depois de 30 anos, a
banda ainda continua intacta, continua forte!!
RtM: O "Demon" sempre apresentou diferenças, elementos novos
a cada álbum, como o Hard/Heavy de
"Night of the Demon", o progressivo e conceitual "The
Plague". Eu acho que nestes dois últimos álbuns, a banda tem muito dos
elementos que mais agradam seus fãs, o que significa riffs e refrões fortes,
aquele Hard/Heavy, os climas do teclado e as letras (a abertura com
"Prey" lembrou-me de canções como "Dont ' Break The Circle",
inclusive por causa da intro), letras que se deslocam entre a realidade e a
ficção. Você concorda?
DH: Sentimos que “Unbroken” traz de volta os
grandes hinos do rock clássico, letras mais comerciais e memoráveis rffs Heavy
Rock.
RtM: "Unbroken" tem sido
muito bem recebido, com muitos comentários positivos! Você está satisfeito com
os resultados e comentários até agora?
DH: “Unbroken” foi recebido com ótimas
críticas em todos os países em que foi lançado até agora. E até mesmo em
algumas resenhas disseram que é o melhor álbum da banda em 20 anos!
RtM: "Fill Your Head With Rock" e
"Still Believe" falam sobre o estilo de música que amamos, a "Fill
Your Head...", você fala sobre o Sweden Rock, onde a banda se apresentou novamente este ano, enquanto "Still Believe" parece até
autobiográfica! Você poderia falar um pouco mais sobre essas duas músicas?
DH: "Fill Your Head With Rock" é a história dos dias que passamos no Sweden Rock,
que é talvez um dos maiores festivais de rock clássico que já toquei, e por
isso escrevi sobre a nossa experiência. Eu acho que “Still Believe” é sobre
ainda acreditar, depois de 30 anos com
uma banda, que o rock clássico é uma das grandes formas de arte musicais e que se
torna mais forte a cada ano.
RtM: Recentemente, a banda sofreu novas mudanças na formação, mas vem mantendo um núcleo, e parece que essas mudanças não tem sido prejudiciais.
DH: Ao longo dos anos o Demon teve muitas
mudanças, mas eu sempre gostei de trabalhar com outras pessoas, e juntas, as minhas ideias e as deles, desenvolvem-se em novas idéias para a banda, e eu sinto , por experiência própria, que temos conseguido isso.
RtM: Continuando, eu gostaria de falar
também sobre Andy Dale, que
dedicou vários anos de "Demon", e deixou a banda há pouco tempo e, claro, sobre David Cotterill, que
está na banda desde 2007.
DH: Andy já trabalhou com a gente tanto diretamente, como indiretamente, ao longo dos últimos 20 anos, mas, recentemente, por causa de seus negócios e
compromissos familiares, ele foi incapaz de continuar com a gente. Dave
Cotterill tem estado conosco nos últimos 6 anos, e é um guitarrista
excelente e uma parte muito importante do som do Demon.
RtM: Eu sei que pode ser complicado, mas
você pode escolher suas músicas preferidas do novo álbum? Estou muito
indeciso também! vários refrãos e riffs excelentes! Wow! Mas eu acredito
que além da faixa-título, a trinca "Prey", "Wings of Steel" e "Still
Believe" são as que mais estão agradando os fãs e, certamente, serão solicitadas nos
shows!
DH: No momento estamos tocando nos shows "Unbroken", "Prey", "Fill Your Head With Rock", e "Still Believe", mas é difícil escolher alguma como favorita, eu gosto de todas elas.
RtM: Voltando um pouco ao passado, o álbum do Demon que mais ouvi foi "Unexpected Guest" e sempre quis
perguntar-lhe sobre a foto da capa do álbum, e também de
falar um pouco mais sobre minhas canções favoritas do álbum,
"Don't Break The Circle ", que é um clássico! e "Have You Been Here Before", a qual, para mim, deve estar sempre em seu set list nos
shows! heheh!
Dave Hill, em show nos anos 80 |
DH: A capa é, na verdade, o torso de um
homem musculoso, mas há uma imagem holográfica que surge como uma cara. "Don't Break The Circle" tornou-se um hino do Demon e está incluído em todos os Live
Shows, e a faixa foi "coverizada" e gravada pelo Blind Guardian, fato que, estou certo, ajudou a espalhar a popularidade da música em todo o mundo, e "Have You Been...", é uma música que apresentamos regularmente ao longo do tempo em nossos
shows ao vivo.
RtM: Após a morte de Mal Spooner, em 1984,
muitos acreditavam que a banda poderia encerrar as atividades, a banda lançou
"Heart of Our Time" (85), que teve críticas negativas, não sendo
bem recebido. Certamente a perda de Mal Spooner afetou a banda. Fale sobre esse
período complicado, a perda de Mal, e sobre este álbum. Lembrando que depois de
tudo isso vocês lançaram dois ótimos álbuns, que receberam ótimas críticas,
"Breakout" e "Taking the World By Storm".
DH: Após a triste perda de um grande amigo
e co-escritor musical, a banda levou algum tempo para retomarmos o caminho e agir em conjunto novamente, mas em "Breakout", começamos a voltar ao ponto em que Mal e eu gostaríamos de estar. E em respeito a todo o esforço de Mal pela banda, seguimos em frente, como ele teria desejado.
A formação clássica, da esquerda para direita: Chris Ellis, John Wright, Dave Hill, Les Hunt e Mal Spooner |
RtM: Em 1992, a banda encerrou suas
atividades, tornando-se um longo período fora da cena. Conte-nos sobre as
razões dessa parada, e o que você fez durante o período em que a banda estava
"adormecida", além, é claro, do seu álbum solo?
DH: Em 1992, decidimos fazer uma pausa de
tocar e gravar como Demon, isso não foi um rompimento da banda, precisávamos de um tempo para se dedicar a outros projetos. Pode-se dizer que foi um
merecido descanso.
RtM: Em 2001, a banda retornou com o
excelente "Spaced Out Monkey", que trouxe uma roupagem mais moderna,
gostaria que você falasse um pouco do retorno, o que te motivou a voltar
com a banda, e fale um pouco sobre o referido álbum.
DH: Nós voltamos em 1998, para tocar
algumas datas ao vivo na Europa, e começamos a escrever novo material, para,
eventualmente, entrarmos em estúdio, e gravou "Spaced Out Monkey". A ideia era fazer um álbum de sonoridade mais moderna, coisa que o Demon sempre fez ao longo do tempo, e eu tenho muito orgulho desse álbum.
RtM: E a cena atual do Heavy Metal? Como
você vê isso? Muito se fala que ícones como Judas Priest, Iron Maiden, Purple, Ozzy e outros bandas/artistas tradicionais, estão ficando velhos, e pode ser que não exista uma nova geração capaz de substituí-los na cena Heavy Metal, e conseguir conquistar o que eles conquistaram. O que você acha? Há muitas e muitas bandas novas, mas ...
DH: Eu acho que as fundações que foram estabelecidas por essas bandas, inspiraram e vão inspirar uma nova geração de bandas de Rock, que estou certo de que envolverão e carregarão a tocha do Classic
Rock para o futuro e espero vivam para manter o grande padrão estabelecido por aquelas Bandas, incluindo-se aí o Demon.
RtM: A banda teve um hiato considerável
entre seus lançamentos atuais (Spaced Out Monkey -2001; The Devil You Know-2005 e
Unbroken-2012), entre eles a compilação "Time Has Come" e dois DVDs,
vocês planejam gravar alguns shows, no Headbangers Open Air e
Sweden para um lançamento em DVD, ou talvez algum box comemorativo dos 30 anos da banda? E um pedido: Não levem tanto tempo para lançar
outro álbum! hehheheeh!
DH: Esperamos que os shows ao vivo que
você mencionou possam ser gravados, juntamente com muitas gravações ao vivo
que temos em nossa posse, estamos esperando, como você disse, lançar um box abrangente da carreira do Demon, em algum momento num futuro próximo.
RtM: E shows no Brasil ou na América do
Sul? Você já recebeu alguma proposta? Pena que não temos aqui um festival como os
que existem na Europa, o Brasil tem muitos fãs de Heavy Metal, alguns pequenos
festivais estão crescendo, quem sabe um dia teremos algo grande! No ano
passado, tínhamos a esperança com o "Open Air Metal," que acabou por
ser um fracasso devido a alguns problemas e inexperiência dos organizadores.
DH: Chegamos a ser abordados em algumas ocasiões, por contatos na América do Sul, para fazer shows ao vivo, mas até o
momento, como você sabe, não aparecemos no Brasil, mas espero que tudo mude nos próximos anos.
RtM: Bem, Dave, obrigado pelo seu tempo, por esta entrevista, pela música, aqui no Road to Metal temos grandes fãs da banda, e é um prazer estar fazendo esta entrevista, espero um dia conhecê-lo pessoalmente! Eu preciso que
você autografe os meus álbuns do Demon!
DH: Só quero dizer que eu sinto muito essa
entrevista não ter sido feita antes, mas obrigado por dedicar seu tempo e ser
um fã de nossa música e espero que nos encontremos em algum momento no futuro, e eu
gostaria de desejar tudo de bom aos nossos fãs no Brasil e América do Sul.
Night of the
Demon (1981)
The Unexpected
Guest (1982) - UK Number 47
The Plague
(1983) - UK Number 73
Wonderland
(EP) (1984)
British
Standard Approved (1985)
Heart of Our
Time (1985)
Demon (EP)
(1986)
Breakout
(1987)
Taking the
World by Storm (1989)
Hold on to the
Dream (1991)
Blow-out
(1992)
Spaced out
Monkey (2001)
Better the
Devil You Know (2005)
Unbroken (2012)
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